CASA PODEROSA DOS FILHOS DE YEMANJÁ

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sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

* Ancestralidade ( quinta parte ) Culto a Egungun

Culto a Egungun


O Egun é a morte que volta a Terra em forma espiritual e visível aos olhos dos vivos.

Ele nasce através de ritos que sua comunidade elabora e pelas mãos dos Ojés ( sacerdotes ) munidos de um instrumento invocatório, um bastão chamado ixan, que, quando tocado na terra por três vezes e acompanhado de palavras e gestos rituais, faz com que a morte se torne vida, e o Egungun ancestral individualizado está de novo vivo.

O culto de Egungun é originário de Oyó e teoricamente foi criado por Xangô que foi o primeiro Ojé e se tornou o primeiro Alapini ( Sumo-sacerdote do culto de Egungun ).



Apenas os homens podem prestar culto a Egungun. Xangô é o representante máximo dos mortos, Egungun.


A aparição dos Eguns é cercada de total mistério, diferente do culto aos Orixás, em que o transe acontece durante as cerimônias públicas, perante olhares profanos, fiéis e iniciados.

O Egungun simplesmente surge no salão, causando impacto visual e usando a surpresa como rito.



Apresenta-se com uma forma corporal humana totalmente recoberta por uma roupa de tiras multicoloridas, que caem da parte superior da cabeça formando uma grande massa de panos, da qual não se vê nenhum vestígio do que é ou de quem está sob a roupa. Fala com uma voz gutural inumana, rouca, ou às vezes aguda, metálica e estridente, característica de Egun, chamada de séégí ou sé, e que está relacionada com a voz do macaco marrom, chamado ijimerê na Nigéria.


A roupa do Egun, chamada de eku, ou o Egungun propriamente dito, é altamente sacra ou sacrossanta e, por dogma, nenhum humano pode tocá-la.

Todos os mariwo usam o ixan para controlar a "morte", ali representada pelos Eguns.

Eles e a assistência não devem tocar-se, pois, como é dito nas falas populares dessas comunidades, a pessoa que for tocada por Egun se tornará um assombrado", e o perigo a rondará.

Ela então deverá passar por vários ritos de purificação para afastar os perigos de doença ou, talvez, a própria morte.


Ora, o Egun é a materialização da morte sob as tiras de pano, e o contato, ainda que um simples esbarrão nessas tiras, é prejudicial.

E mesmo os mais qualificados sacerdotes, como os Ojé atokun, que invocam, guiam e zelam por um ou mais Eguns, desempenham todas essas atribuições substituindo as mãos pelo ixan.


Os Egun-Agbá (ancião), também chamados de Babá-Egun (pai), são Eguns que já tiveram os seus ritos completos e permitem, por isso, que suas roupas sejam mais completas e suas vozes sejam liberadas para que eles possam conversar com os vivos.

Os Apaaraká são Eguns ,ainda mudos e suas roupas são as mais simples: não têm tiras e parecem um quadro de pano com duas telas, uma na frente e outra atrás.

Esses Eguns ainda estão em processo de elaboração para alcançar o status de Babá; são traquinos e imprevisíveis, assustam e causam terror ao povo.


ISURE EGUNGUN


IBA EGUNGUN ILE


ILE MOPE O O,


AKISALE MO PE O O,


ETIGBURE MO PE O O,


ASA MO PE O O,


ETI WERE NI TI EKUTE ILE,


ASUNMAPARADA NI TIGI AJA


EMI OMO RE NI MO PE O,


JEKI NWA LAAYE,


MAA JEKI NKU,


MAA JEKI NRI IJA IGBONA,


MAA JEKI NRI IJA ÒGÚN,


JOWO WA JEMI LONI,


KI O FIRE FUN MI


ÀSE TI ELEDUNMARE


ELEDUNMARE ÀSE.




Egungun eu te saúdo.
Terra te chamo,
Akisale eu te chamo,
Etigbure eu te chamo,
Asa eu te chamo,
Rato de casa sempre alerta,
Asunmaparada (uma espécie de animal) nunca seu lugar,
Eu seu filho, esta chamando,
Deixa me viver,
Não me deixa morrer,
Me proteja da fúria de Ògún,
Ouça meu clamor
Para você me dar bondade.
Axé do Senhor Supremo.
Benção do Senhor Supremo.






Gbàdúrà ti Éégun


Ikú ayé, a kí ì bo òrun!


Mo júbà re Éégun mònrìwò

Hei! Hei! Hei! Bàbá l’èsè awo ìfé.


Ikú l’onon, Ikú l’èhin,


Ikú ó, Ikú o!


Salve Ikú, Nós o saudamos e cultuamos no òrun!
Meus respeitos a ti Éégun ao ouvirmos o som de tua voz.
Hei! Hei! Hei! Pai que estás aos pés do culto do amor.
Ikú no caminho adiante, Ikú no caminho atrás,
Salve Ikú, Salve Ikú.




Gbàdúrà si Egúngún
Ìkú ònòn Ìkú lé èhin, Hei! Hei! Hei!
Bábá l’èsè awo ìfé
Pèlé-pèlé ó dára
A wò sílé, a dúpé,
Omo ni won dára
A wé Olúwa ìkú ó bàbá
A wúre, a wúre, Bàbá Olúkòtún.
A wúre, a wúre, Bàbá Alápáàlà.
A wúre, a wúre, Bàbá Igi.
A wúre, a wúre, Bàbá Igi-S’àwórò
A wúre, a wúre, Bàbá Alápoyò.
A wúre, a wúre, Bàbá Erin rin.
A wúre, a wúre, Bàbá Omo Orò ó mi tótóo.
A wúre, a wúre, Bàbá Isota isso.
A wúre ré èrin.
A wúre rìn rere.
Àse!


A Morte no caminho adiante, a Morte no caminho atrás, Hei! Hei! Hei!
Pai, estamos aos seus pés do culto de amor.
Gentilmente Eu vos saúdo, sois o bem.
Olhai para Nós e para nossa casa, agradecemos.
Façai com que vosso filhos estejam bem.
Envolvei-nos, Senhor da Morte e Pai.
Desejai-nos o bem, desejai-nos o bem, Pai, Senhor do Lado Direito.
Desejai-nos o bem, desejai-nos o bem, Pai, que tem o àlà ao seu lado.
Desejai-nos o bem, desejai-nos o bem, Pai, Senhor das árvores.
Desejai-nos o bem, desejai-nos o bem, Pai, Senhor das árvores a quem fazemos culto tradicional.
Desejai-nos o bem, desejai-nos o bem, Pai, Senhor que traz alegrias.
Desejai-nos o bem, desejai-nos o bem, Pai que caminha como o elefante.
Desejai-nos o bem, desejai-nos o bem, Pai, Filho de Orò, perdoai-nos Senhor.
Desejai-nos o bem, desejai-nos o bem, Pai, Pedra resistente que frutfica.
Desejai-nos o bem e façai-nos sorrir.
Desejai-nos o bem para que caminhemos no bem.
Assim seja!


Nkí Bàbá Olúkòtún
(Saudando o Senhor do Lado Direito)
K’òtún bájà dé o
K’òtún oba
K’ó sìn nkon se
Éégun ò pààràká
K’òtún nbo a’re
Gbà rú Olúsemòn
Olúkòtún Olóri Éégun
Éégun e ki to lésè Olórun
E Olúkòtún bàbá Éégun
N won nílé wa ní
N ará àiyé tàbí araalé
E Olúkòtún!


Saudamos o Senhor do Lado Direito, que chegou e lutou.
Saudamos o Rei do Lado Direito.
Saúdo aquele a quem servirei e farei as coisas.
Como um Éégun menos importante, que segue o mais importante.
Saudamos o Senhor do Lado Direito, cultuando-o estamos bem.



Faremos oferendas ao Senhor que tem a Sabedoria.
Senhor do Lado Direito, Cabeça (chefe) dos Egúngún.
Éégun, saudamos aquele que está aos pés de Deus.
Senhor do Lado Direito, Pai Éégun.
Que com os demais está em nossa casa,
Com os espíritos da Terra ou com os Ancestrais da Família.


Nkí Bábá Éégun
(Saudando Bàbá Éégun)
Éégun a yè, a kíì gb’òrun,
Mo júbà re Éégun mònrìwò
Í dé mi ó kí e Egúngún


Ìkú gbálé sálè


A si ìwà


Ìkú tu gon


Àse fún wa.


Salve Éégun, saudamos aqueles que vivem no céu.
Meus respeitos a ti Éégun ao ouvirmos o som de tua voz.
Chega-te a mim, aquele que te saúda Egúngún.
Que a Morte seja varrida para a terra.
Que vejamos a existência.
Que a Morte seja acalmada (aplacada) e cortada.
Que assim seja, para nós!



Gbàdúrà ti Éégun


(Reza de Éégun)


Ìkú són a lè
Níbi Bàbá Alápáàlà.
Ìkú don ohun bàbá
Ó kí s’àlà ojú wa
Ní ìfé agà to ní gbè
Osó Ìkú a fó a wé to
Ìkú á lè, ìkú á lè, Ìkú àjò!

Morte, fique amarrada na terra
Aqui, Pai que tem o àlà (o pano branco) ao seu lado
Contra feitiços, a Morte e outras coisas.
Pai, ponha o àlà e o olhar sobre nós.
Tenha amor e que estejamos aptos à proteção
Contra os feitiços da Morte, eleve-nos e envolva-nos bastante.
Morte na terra, Morte na terra, Morte viaje (vá embora)!


Gbàdúrà ti Egúngún
(Reza de Egúngún)
Bàbáláàse se yìn se Ìkú
Olúwà kòtún
K’òtún a sáà nun gó-n-gó
Ìkú a dé.
Pai detentor do axé, podeis quebrar (abrandar) a Morte.
Senhor da existência, saudamos o Lado Direito.
Saudamos o Lado Direito certamente ficaremos limpos.
Que a Morte nos seja branda.


O criador de Culto a Egungun


Xangô é o fundador do culto aos Eguns, somente ele tem o poder de controlá-los, como diz um trecho de um Itã:


"Em um dia muito importante, em que os homens estavam prestando culto aos ancestrais, com Xangô a frente, as Iyámi Ajé fizeram roupas iguais as de Egungun, vestiram-na e tentaram assustar os homens que participavam do culto, todos correram mas Xangô não o fez, ficou e as enfrentou desafiando os supostos espíritos. As Iyámis ficaram furiosas com Xangô e juraram vingança, em um certo momento em que Xangô estava distraído atendendo seus súditos, sua filha brincava alegremente, subiu em um pé de Obi, e foi aí que as Iyámis Ajé atacaram, derrubaram a Adubaiyni filha de Xangô que ele mais adorava. Xangô ficou desesperado, não conseguia mais governar seu reino que até então era muito próspero, foi até Orunmilá, que lhe disse que Iyami é quem havia matado sua filha, Xangô quiz saber o que poderia fazer para ver sua filha só mais uma vez, e Orunmilá lhe disse para fazer oferendas ao Orixá Iku (Oniborun), o guardião da entrada do mundo dos mortos, assim Xangô fez, seguindo a risca os preceitos de Orunmilá.


Xangô conseguiu rever sua filha e pegou para sí o controle absoluto dos mistérios de Egungun (ancestrais), estando agora sob domínio dos homens este culto e as vestimentas dos Eguns, e se tornando estritamente proibida a participação de mulheres neste culto, caso essa regra seja desrespeitada provocará a ira de Olorun. Xangô , Iku e dos próprios Eguns, este foi o preço que as mulheres tiveram que pagar pela maldade de suas ancestrais."



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