Ajeje
- O ritual da morte -
Morrer é ir e voltar, não dentro de uma visão evolutiva e carmática cristã, mas dentro da ótica africana da realização.
Nascemos de novo na mesma família, voltamos de filhas e netas, porque viver é bom, aqui realizamos, plantamos nosso Axé para que o planeta Terra tenha continuidade.
O corpo do morto é lavado, untado e perfumado, vestido com sua roupa mais bonita, e a família se reúne para uma festa que vai preceder seu enterro.
Nossos mortos não são cremados, voltam à terra para serem transformados em matéria prima para novos seres humanos (cremos ser a argila esta matéria).
Morte de gente velha é socialmente aceita, dá em festa, com muita comida, bebida e tambores.
Morte de jovem, de criança, de mulher grávida, morte em circunstâncias trágicas, é encarada com tristeza e dor.
Mas, como rezamos cantando e dançando, mesmo assim o ritual mortuário e o enterro são uma festa.
Tudo que pertence ao falecido é distribuído aos parentes ou destruído durante as cerimônias fúnebres, que tem uma diversidade muito grande, dependendo do grau hierárquico e religioso do morto.
Não se dão pompas reais fúnebres a plebeus, mas todos, sem exceção, tem direito aos ritos religiosos.
Parte da força vital, como lascas de unhas, alguns fios de cabelos, roupas e objetos devem ser conservados em vasos de barro para que o "emi" (força vital, o que de imortal existe no ser humano) do parente morto seja louvado e relembrado por sua descendência.
E o local de repouso do morto, se possível, será uma terra sua, a sua casa, o quarto em que viveu.
Seus descendentes se regozijarão de sabê-lo próximo durante todos os atos de sua família.
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