CASA PODEROSA DOS FILHOS DE YEMANJÁ

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domingo, 18 de dezembro de 2011

“Sacrifícios e Sacrificados”



Gilberto de Exu e Dr. Anivado

 - Lei do Abate

“Sacrifícios e Sacrificados”



“Tenho tentado ficar a margem dessa discussão que a meu ver é estéril e ao invés de nos ajudar apenas prejudica a todos aja visto que os debatedores da questão são meros aproveitadores rudes e ignorantes da questão fundamental em si, o “SACRIFÍCIO”.

São a meu ver meros oportunistas que se arvoram a defender nossa religião sem ao menos nos ter consultado, por outro lado outros não menos autorizados promovem debates promocionais futuros em locais de notoriedade com finalidades declaradamente eleitoreiras, arvoram-se em defender algo que não compreendem e muitas vezes não praticam, nem ao menos são iniciados, porem são apoiados por Baba/Iya que por sua vês buscam a notoriedade religiosa fora da religião, em movimentos ditos de preservação ou defesa de nossa religião, quando na verdade preservam ou defendem apenas eles mesmos.


“Os nossos “INCALTOS” ou seriam “INCULTOS” defensores nem ao menos conseguem discutir de forma “INTELIGIVEL” o que é sacrifico e porque são feitos, muito menos a historicidade do tema, quem pratica e porque pratica atualmente aja visto que não é só as religiões de matriz africana que o praticam, muitas outras o praticam nos dias de hoje, alias de forma aberta e fartamente divulgadas pelas mídias.


Mas antes vamos ver o que temos sobre o tema:


Sua origem etimológica é sacr (de origem judaica) e a palavra latina ofício), da junção das duas palavras temos


1- Sacro oficio = aquele que pratica uma determinada religião(sacerdote), um profissional a serviço de “Deus”


2- Sacrifício = Ato de através de um animal ou produto de sua renda oferecer a deus ou ao templo (dizimo)


1-A teologia do sacrifício permanece uma questão em aberto, não apenas para as religiões que ainda realizam rituais de sacrifício, mas também para as que não mais os praticam, ainda que suas escrituras, tradições e histórias façam menção a sacrifício de animais. As religiões apresentam diversas razões pelas quais os sacrifícios podem ser realizados.


2-Sacrifício é a prática de oferecer como alimento a vida de animais, humanos, colheitas e plantações, aos deuses, como acto de propiciação ou culto. O termo é usado também metaforicamente para descrever atos de altruísmo, abnegação e renúncia em favor de outrem.


Os deuses necessitam do sacrifício para seu sustento e para a manutenção de seu poder, que diminuiria sem o sacrifício.


Os bens sacrificiais são utilizados para realizar uma troca com os deuses, que prometeram favores aos homens em retribuição pelos sacrifícios.


A vida e o sangue das vítimas dos sacrifícios contêm mana ou asé ou outro poder sobrenatural, cuja oferenda agrada os deuses


A vítima do sacrifício é oferecida como bode expiatório, um alvo para a ira dos deuses, que de outra maneira recairia sobre todos os homens.


O sacrifício é, na verdade, parte de uma cerimônia. Por vezes é consumido pelos fiéis. Habitualmente incorpora uma forma de redistribuição em que os pobres obtêm parcela maior do que sua contribuição.


Sacrifício na Grécia Antiga


Na religião da Grécia Antiga o templo não servia de lugar ao culto onde os fiéis se reuniam para celebrar os ritos, o templo é a casa de deus a que se consagrou. O lugar de reunião dos devotos era o altar exterior, o bomos, bloco de cantaria quadrangular onde se desenrolava o rito central da religião grega, o sacrifício


O sacrifício era de origem alimentar, envolvendo um animal doméstico como os que hoje nos servem de alimento, que seguia numa procissão ritual até ao bomos. A cabeça era cortada com uma espada curta, a machaira, que até ali estava dissimulada debaixo de cereal no cesto ritual, o kanun. O sangue que jorrava sobre o altar era recolhido num recipiente, tal como ainda se faz num açougue ou matadouro, e abria-se o animal para se examinar as entrenhas, e em especial o fígado, de modo a concluir se o sacrifício era aprovado pelos deuses. No caso afirmativo, a vítma é esquartejada e dividida nas suas diversas partes, tarefa que actualmente se faz num talho. As gorduras e os ossos maiores, completamente descarnados, eram deixados no altar para serem cremados, processo pelo qual se enviava o produto sacrificial aos deuses. Alguns dos pedaços internos, os splanchna, eram grelhados em espetos neste fogo, pelos executantes do rito, e posteriormente distribuidos pelos mesmos, garantindo assim o contacto entre os deuses e os executantes do rito. O resto da carne era cozida e dividida em partes iguais para ser consumida no local, como consumação geral da festa sacrificial por todos os participantes. As peles e a língua eram entregues ao sacerdote, ou cidadão imaculado, que procedera ao sacrifício.


O que no sacrifício grego é, para os deuses, uma oferenda, para os homens é uma refeição de festa que desde a imolação ao repasto estava envolvida numa atmosfera de fausto e alegria. Toda a encenação ritual era conduzida de modo a velar quaisquer traços de violência e assassinato, para fazer ressaltar a solenidade pacífica de uma festa feliz. O animal do sacrifício não chegava a perceber qual era o seu destino e ninguém se horrorizava com o prospecto da sua morte. Ainda hoje, nos açougues industrializados, procura fazer-se a matança sem que o animal perceba, para que não liberte as toxinas produzidas pela ansiedade anterior ao golpe que o leva à morte, que infestam e muitas vezes inutilizam a sua carne. Na sociedade grega antiga não se comia outra carne que não a dos sacrifícios.


Sacrifício no Judaísmo


No Judaísmo, o sacrifício é conhecido como Korban, palavra oriunda do hebreu karov, que significa "vir para perto de Deus".


Judeus medievais como Maimônides reinterpretaram a necessidade de sacrifícios. Em sua visão, Deus sempre colocava os sacrifícios abaixo de orações e da meditação filosófica. No entanto, Deus entendia que os israelitas estavam acostumados aos sacrifícios animais, que as tribos pagãs realizavam como forma de comunicação com seus deuses. Assim, na visão de Maimônides, era natural que os israelitas acreditassem que o sacrifício fosse necessário na relação entre o homem e Deus. Maimônides concluiu que a decisão de Deus de permitir sacrifícios era uma concessão às limitações psicológicas do homem. Era esperado que os israelitas passassem de sacrifícios à adoração pagã em pouco tempo.


Na Bíblia hebraica, Deus ordena que os israelitas ofereçam sacrifícios de animais no santuário, ou tabernáculo. Quando os israelitas já haviam chegado à terra de Canaã, ordenou-se que todos os sacrifícios terminassem, exceto os que aconteciam no Templo de Jerusalém. Na Bíblia, Deus pede sacrifícios como um sinal de sua aliança com povo de Israel. O sacrifício também era feito para que Deus perdoasse os pecados, uma vez que o animal estaria sendo punido no lugar do pecador.


Sacrifício no Islão


O sacrifício de um animal, em língua árabe, se diz Qurban (قُرْبَان). No entanto, a palavra possui em certas regiões uma conotação pagã. Na Índia, porém, a palavra qurbani é utilizada para o rito islâmico de sacrifícios de animais.


No contexto islâmico, o sacrifícios de um animal é comumente referido como Udhiyah (أُضْحِيَّة), significando sacrifício. Udhiyah, como um ritual, é oferecido apenas em Eid ul-Adha. Os muçulmanos dizem que isso não tem nada a ver com sangue e ferimentos (Corão 22:37: “Não é a sua carne tampouco seu sangue que alcança Alá, mas sim a sua fé que o alcança...”). O sacrifício é feito para ajudar os pobres, e para recordar o profeta Abraão que não se opunha a sacrificar o filho (de acordo com os muçulmanos, seria Ismael) a pedido de Deus. O animal a ser sacrificado pode ser um cordeiro, uma ovelha, uma cabra, um camelo ou uma vaca. Deve ser saudável e estar consciente.


O rito islâmico de sacrifício é chamado Dhabĥ . Em nome de Alá, a garganta e as veias jugulares do animal são cortadas rapidamente com faca bem afiada. A espinha dorsal e o pescoço não devem ser quebrados até que o animal pare de se mover, evitando dor ao animal. São explicitamente proibidas outras formas de sacrifício de animais como morte a pauladas, eletrocussão e perfuração do crânio com lança.


A razão por que se invoca o nome do Criador no momento do sacrifício é por alguns considerada aquivalente à aceitação do direito do Criador sobre todas as criaturas. Trata-se de um tipo de permissão garantida ao autor do sacrifício, resulta em sentimento de gratidão por poder comer a carne do animal sacrificado. A carne é normalmente distribuída entre os parentes necessitados. No entanto, dependendo do propósito ou da ocasião, pode ser consumida pela pessoa que sacrificou o animal. Todos os animais devem ser sacrificados dentro das formas acima, não se importando se a carne será utilizada em comemoração religiosa ou consumo pessoal. Será então considerada Halal, e própria para consumo.


Sacrifício no Candomblé


Sacrifício - vem da palavra sacrificar que no sentido religioso é oferecer em holocausto por meio de cerimônias próprias. No candomblé, esta parte do ritual denominada de sacrifício não é propriamente secreta; porém não se realiza senão diante de um reduzido número de pessoas, todos fiéis da religião. Deve-se temer que a vista do sangue revigore, entre os não iniciados, os estereótipos sobre a barbárie ou o caráter supersticioso da religião africana.


Uma pessoa especializada no sacrifício, o Axogun, que tem tal função na hierarquia sacerdotal, é quem o realiza .O Axogun não pode deixar o animal sentir dor ou sofrer porque a oferenda não seria aceita pelo Orixá. O objeto do sacrifício, que é sempre um animal, muda conforme o Orixá ao qual é oferecido; trata-se, conforme a terminologia tradicional, ora de um animal de duas patas, ora de um animal de quatro patas, galinha, pombo, bode, carneiro. Na realidade não se trata de um único sacrifício: sempre que se fizer um sacrifício a qualquer Orixá, deve ser antes feito um para Exú, o primeiro a ser servido.


Esse sacrifício não é só uma oferenda aos Orixás. Todas as partes do animal vão servir de alimento, nada é jogado fora. O couro do animal é usado para encourar os atabaques, o animal inteiro é limpo e cortado em partes, algumas partes são preparadas para os Orixás e o restante é destinado aos demais. Tudo é aproveitado: até a porção oferecida aos Orixás é posteriormente distribuída entre os filhos da casa como o ASÉ Orixá. É usada para confraternização: unem-se os filhos a comer com o pai ou mãe, havendo repartição do Axé gerado pelo Orixá. (Acredita-se que após algum tempo que a comida esteja no Peji ela fica impregnada pelo Axé do Orixá). O sacrifício no candomblé é a renovação do Axé, feito uma vez por ano para cada Orixá da casa ou em circunstâncias especiais.


Voltando ao tema, como podemos ver acima em especial as linhas por mim sublinhadas o sacrifico ainda é praticado pela maioria das religiões ditas modernas de alguma forma, senão vejamos:


Os Judeus e os muçulmanos ortodoxos as praticam em matadouros especiais, os animais são mortos de forma ritual por um sacerdote sacrificador autorizado, como podemos ler abaixo:


“Cashrut ou kashrut (em hebraico: כַּשְרוּת), também conhecido como kashruth ou kashrus na tradição asquenazita, é o termo que se refere às leis alimentares do judaísmo. A comida, de acordo com a halachá (lei judaica) é chamada de kosher, do termo hebraico כשר (kashér), que significa "próprio" (neste caso, próprio para consumo pelos judeus, de acordo com a lei judaica). Os judeus que seguem o kashrut não podem consumir comida não-kosher, porém existem exceções quanto à utilização não-alimentícia de produtos não-kosher, como, por exemplo, numa injeção de insulina de origem porcina ministrada a um diabético.


A comida que não estiver de acordo com a lei judaica é chamada de treif ou treyf (em iídiche: טרייף, do hebraico
טְרֵפָה, transl. trēfáh). Num sentido mais técnico, treif significa "rasgado", "dilacerado" e se refere à carne que veio de qualquer animal que contenha algum defeito que o torne impróprio para o abatimento. Um animal que tenha morrido por qualquer meio que não o sacrifício ritual é chamado de neveila, que significa literalmente "coisa suja"


Muitas das leis básicas do cashrut derivaram de dois livros da Torá, o Levítico e o Deuteronômio, com a adição dos detalhes estabelecidos pela lei oral (a Mishná e o Talmude) e codificadas pelo Shulkhan Arukh e pelas autoridades rabínicas posteriores. A Torá não afirma explicitamente o motivo da maioria das leis cashrut, e diversas razões foram apresentadas para estas leis, desde filosóficas e ritualísticas, até práticas e higiênicas.


Por extensão, a palavra kosher passou a significar "legítimo", "aceitável", "genuíno" ou "autêntico", num sentido mais amplo.


O islamismo também tem um sistema relacionado, embora diferente, chamado de halal, e os dois possuem um sistema comparável de sacrifício ritual (shechita no judaísmo e dhabihah no islã).


Conforme podemos observar os sacrifícios são realizados no mundo todo onde judeus e muçulmanos vivam, da mesma forma que os praticantes das religiões de matriz africana, no Brasil, existem matadouros religiosos que servem essas religiões em São Paulo e nos demais estados.


Portanto qual seria a diferença entre os sacrifícios?


Nós os praticantes de religiões de matriz africana somos diferentes?


Judeus e Muçulmanos podem sacrificar e nós não?


Segundo as leis brasileiras somos iguais perante todos ou será que não ?


Seria a religião praticada pelos Judeus e Muçulmanos considerada superior?


A proibição do sacrifico de animais no estado de São Paulo será estendido a todas as religiões ou apenas aos de matriz africana?


A igreja católica apostólica romana deixaria de comer o corpo de cristo e beber seu sangue e distribuí-lo aos cristãos? Isso a meu ver á antropofagia ou não ?


Ao beber o vinho(sangue de cristo) durante a missa, deixaria de faze-lo na frente de crianças? Isso a meu ver é apologia ao alcoolismo, ou não ?


Vamos proibir as crianças de irem as igrejas aja visto que são o prato principal dos padres católicos no mundo todo?


Vamos proibir os incautos de irem aos templos neo-pentecostais e sacrificarem seu dinheiro ?


Senhores Deputados Estaduais e Federais, Senhores da Sociedade de Proteção aos animais, Senhores de bom senso desta terra brasilis, por favor temos tantas coisas mais importantes a fazer, vamos gastar nosso tempo com a educação, a saúde, a corrupção que assola nosso país. Deixem nossa religião em paz.


Oga Gilberto de Esu


Fontes de pesquisa:


O sagrado e o Profano-Mircea Eliades


Wikipédia


Ogã Gilberto (Giba),


Acerca do assunto, respondi a uma consulta feita pelo Dr. Isaías


Secretaria de Justiça, que abaixo copio:


"Vejo no PL a mesma fragilidade de fundamentação que havia no PL de


Jundiaí. Lembra? A argumentação utilizada em relação ao desequilíbrio ecológico (fauna


e flora) não se sustenta, por sí só, não encontrando respaldo fáticonem Constitucional, quando oposto à liberdade religiosa..


Basta verificar que a Lei 11.343/2006 (anti drogas), com todo seu rigor, no seu artigo 2º excetua o plantio, colheita, etc.., para fins religiosos.


Se existe ressalva no caso de drogas, com muito mais razão haverá em relação a sacrifícios de animais, mesmo porque, não ocorre em escala que possa desequilibrar o ecossistema, muito menos não se impõe meios cruéis como tentam "vender". Não vejo como tal projeto passar pela CCJ da Assembleia Legislativa.


De qualquer forma coloco-me a sua disposição para ajudar no que julgar cabível." Assim Giba, não vejo como prosperar este tipo de PL, por flagrante inconstitucionalidade. Você conhece bem este tipo de coisa, o que tem de PL esdrúxulo tramitando no Legislativo, típicos de parlamentares que não têm o quefazer...


Abraço


Anivaldo (dos Anjos)



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