CASA PODEROSA DOS FILHOS DE YEMANJÁ

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domingo, 18 de dezembro de 2011

Makota Celinha fala sobre o direito à prática religiosa

benção a todos os meus mais velhos e a meus mais jovens,



Gostaria de me posicionar nesse tema que nos é tão caro: nosso direito a poder ter


religião e pratica-la, sem que com isso, precise pedir permissão a quem quer que


seja. Concordo com Márcia, Erick e Mãe Rita.


Sacralizamos animais sim, porque para nós, nossos orixás, inkices e voduns precisam


ser celebrados em plenitude e para eles oferecemos o que há de melhor, em nossa


concepção de mundo. E com eles e elas também comemos pois a comida é sagrada e


agrada. Agora, vejamos que, se o que incomoda aos intolerantes cristãos, é o


sacríficio, basta lembrarmos que até eles sacrificaram animais em cerimônias


rituais, basta ler na bíblia que esta tradição, só se encerra quando Jesus Cristo se


imola Cordeiro e que até os dias atuais, a Homilia (para os católicos) e a Santa


Ceia (para os Evangélicos) é a cerimônia da celebração da distribuição do Corpo e


Sangue de Cristo (antropofagia teológica) e não é simbolismo. E que nem por isso,


deixa de ser um dos momentos mais ricos e belos da reflexão do significado da doação


de Cristo.


Se pegarmos nosso país também teremos outras denominações religiosas que sacrificam


animais, tem seus próprios açougues e sacerdotes para preparar sua alimentação.


Portanto, pergunto qual a diferença de nossos sacerdotes para todos os demais? O que


será que tanto incomoda aos intolerantes e racistas, já que há muito mais em comum


nas religiões do que querem assumir, senão a origem e a etnia de quem pratica a


tradição de matriz africana?


É a banalização de nosso sagrado em detrimento ao sagrado do outro. Aqui é de Deus,


no terreiro é do diabo, como se esse, a nós pertencesse. Desafio a qualquer um, a me


mostrar um ritual de expulsão demoníaca de nossos terreiros, tal como os praticados


por outros segmentos religiosos (que diga-se de passagem, se sustentam e se bancam,


apenas no fortalecimento e reconhecimento do diabo e de seu poder de destruição,


sendo que nesses espaços o diabo é muito tinhoso e não vai embora de jeito nenhum).


E o pior é que, há tanta ignorância em torno do que de fato é a tradição de matriz


africana que tentam nos impor o que não nos pertence e ainda por cima, buscam nos


levar a sentimentos de culpas, de pecados, etc, coisa que não coaduna com nosso modo


de ver o mundo.


Por isso, minha gente é preciso vermos estas relações com outros olhos, que eles não


nos peçam para assumir as neuroses de outras religiões, se eu tenho certeza de minha


fé eu não preciso provar nada para ninguém, o orixá, o Inkisse e o Vodum é nosso e a


forma como os louvamos só pertence a quem de fato é da tradição. É assim em todas as


religiões, onde há fundamentos tais como na nossa. Fundamentos que não são públicos,


mas respeitados. Cabe a nós, nesse momento nos repeitarmos e reconhecermos que nós


somos sim, da tradição de matriz africana, que nossa religião tem fundamentos e é


tão sagrada quanto todas as demais. Que queremos um Estado que respeite e valorize o


nosso rezar, sem rezar.


Makota Celinha



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