CASA PODEROSA DOS FILHOS DE YEMANJÁ

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quinta-feira, 21 de junho de 2012

Escravidão no mundo



Escravidão no mundo


A escravidão foi praticada por muitos povos, em diferentes regiões, desde as épocas mais antigas. 


Eram feitos escravos em geral, os prisioneiros de guerra e pessoas com dívidas, mas posteriormente destacou-se a escravidão de negros. 


Na idade Moderna, sobretudo a partir da descoberta da América, houve um florescimento da escravidão. 


Desenvolvendo-se então um cruel e lucrativo comércio de homens, mulheres e crianças entre a África e as Américas. 


A escravidão passou a ser justificada por razões morais e religiosas e baseada na crença da suposta superioridade racial e cultural dos europeus. 


Chama-se de tráfico negreiro o transporte forçado de africanos para as Américas como escravos, durante o período colonialista.


A escravidão na Bíblia
A bíblia traz vários preceitos sobre escravos e regulamenta aspectos da escravidão, mas em nenhum momento, condena a prática da escravidão em si, tanto no Velho Testamento, como no Novo Testamento. 


Israelitas homens deveriam ter a opção de liberdade após seis anos de trabalho com algumas condições.


Escravos estrangeiros e seus descendentes se tornavam propriedade perpétua da família que os possuia.


Deuteronômio 23:16 proíbe entregar um escravo fugitivo. 
Dt 23:17 proíbe enganar um escravo fugitivo. Levítico 25:39 proíbe utilizar um escravo hebreu em tarefas degradantes. 


Levítico 25:42 proíbe vender um escravo hebreu em leilão. Levítico 25:43 proíbe utilizar um escravo hebreu para trabalho desnecessário. 
Lev. 25:53 proíbe que se maltrate um escravo hebreu. 


Êxodo 21:8 proíbe a venda de escrava hebreia e proíbe privações a uma escrava hebreia que se desposou. 
Dt. 21:14 proíbe escravizar uma prisioneira depois de tê-la tomado. 


Êxodo 20:17 ordena: "Não cobiçarás a casa do teu próximo; não cobiçarás a mulher do teu próximo, nem seu escravo, nem sua escrava".
Deuteronômio 5:14 prescreve o descanso também do escravo no sábado: ”No sétimo dia da semana é o dia de descanso, dedicado a mim, o seu Deus. 


Não faça nenhum trabalho nesse dia, nem você, nem os seus filhos, nem as suas filhas, nem os seus escravos, nem as suas escravas, nem os seus animais, nem os estrangeiros que vivem na terra de você. 


Assim como você descansa, os seus escravos também devem descansar”, e Deuteronômio 5:15 acrescenta: “Lembre que você foi escravo no Egito e que eu, o SENHOR, seu Deus, o tirei de lá com a minha força e com o meu poder.”


A Torá também prescreve: Em Ex. 21:2 que quando um escravo hebreu deve ser alforriado 7 anos depois da compra. Em Ex: 21:8 ordena que se a escrava hebreia não agradar ao senhor que prometeu desposá-la, ele terá que permitir seu resgate. Em Lev. 25:46 e em Ex 21:26 diz que um escravo cananeu deve ser escravo para sempre salvo se "se alguém ferir o olho do seu escravo, e ele perder a vista, o escravo terá de ser libertado como pagamento pelo olho perdido" . 


Em Êx. 21:7 se ordena que "Se um homem vender sua filha para ser escrava, esta não lhe sairá como saem os escravos".


A escravidão e os negros vistos pela Igreja Católica


A Igreja Católica desde o século XV, pronunciou sua posição através de vários papas, condenando a escravidão.


Em 13 de Janeiro de 1435, através da bula Sicut Dudum, O primeiro documento que trata explicitamente da questão, é do Papa Eugénio IV, que mandou restituir à liberdade os escravos das Ilhas Canárias. Em 1462, o Papa Pio II (1458-1464) deu instruções aos bispos contra o tráfico negreiro que se iniciava, proveniente da Etiópia; o Papa Leão X (1513-1521) despachou documentos no mesmo sentido para os reinos de Portugal e da Espanha.
Nos séculos seguintes, contra a escravidão e o tráfico se pronunciam também os papas Gregório XIV (1590-1591), por meio da bula Cum Sicuti[16] (1591), Urbano VIII (1623-1644), na bula Commissum Nobis (1639) e Bento XIV (1740-1758) na bula Immensa Pastorum(1741). 


No século XIX, no mesmo sentido se pronunciou o papa Gregório XVI (1831-1846) ao publicar a bula In Supremo Apostolatus[19] (1839). Em 1888, o Papa Leão XIII, na encíclica In Plurimis, dirigida aos bispos do Brasil, pediu-lhes apoio ao Imperador (Dom Pedro II) e a sua filha (Princesa Isabel), na luta que estavam a travar pela abolição definitiva da escravidão.


África
As primeiras excursões portuguesas à África subsaariana foram pacíficas (o marco da chegada foi a construção da fortaleza de S. Jorge da Mina, em Gana, em 1482).
 Portugueses muitas vezes se casavam com mulheres nativas e eram aceitos pelas lideranças locais. 


Já em meados da década de 1470 os "portugueses tinham começado a comerciar na Enseada do Benim e frequentar o delta do rio Níger e os rios que lhe ficavam logo a oeste", negociando principalmente escravos com comerciantes muçulmanos.


Os investimentos na navegação da costa oeste da África foram inicialmente estimulados pela crença de que a principal fonte de lucro seria a exploração de minas de ouro, expectativa que não se realizou. 


Assim, consta que o comércio de escravos que se estabeleceu no Atlântico entre 1450 e 1900 contabilizou a venda de cerca de 11 313 000 indivíduos (um volume que tendo a considerar subestimado).


Em torno do comércio de escravos estabeleceu-se o comércio de outros produtos, tais como marfim, tecido, tabaco, armas de fogo e peles. Os comerciantes usavam como moeda pequenos objetos de cobre, manilhas e contas de vidro trazidos de Veneza. 


Mas a principal fonte de riqueza obtida pelos europeus na África foi mesmo a mão-de-obra barata demandada nas colônias americanas e que pareceu-lhes uma boa justificativa para os investimentos em explorações marítimas que, especialmente os portugueses, vinham fazendo desde o século XIV. 
Dessa forma, embora no século XV os escravos fossem vendidos em Portugal e na Europa de maneira geral, foi com a exploração das colônias americanas que o tráfico atingiu grandes proporções.


Entre o século XVI e o século XVIII estima-se que cerca de 1,25 milhões de Europeus cristãos foram capturados por piratas e forçados a trabalhar no Norte de África. Esta época foi particularmente marcada pelo reinado de Moulay Ismail.


BRASIL


A primeira forma de escravidão no Brasil foi dos gentios da terra ou negros da terra, os índios especialmente na Capitania de São Paulo onde seus moradores pobres não tinham condições de adquirir escravos africanos, nos primeiros dois séculos de colonização. A Escravização de índios foi proibida pelo Marquês de Pombal. 


Eram considerados pouco aptos ao trabalho.
No Brasil, a escravidão africana teve início com a produção canavieira na primeira metade do século XVI como tentativa de solução à "falta de braços para a lavoura", como se dizia então. Os portos principais de desembarque escravos eram: no Rio de Janeiro, na Bahia negros da Guiné, no Recife e em São Luís do Maranhão.


Os portugueses, brasileiros e mais tarde os holandeses traziam os negros africanos de suas colônias na África para utilizar como mão-de-obra escrava nos engenhos de rapadura do Nordeste. Os comerciantes de escravos vendiam os africanos como se fossem mercadorias, as quais adquiriam de tribos africanas que haviam feito prisioneiros. 


Os mais saudáveis chegavam a valer o dobro daqueles mais fracos ou velhos. 


Eram mais valorizados, para os trabalhos na agricultura, os negros Bantos ou Benguela ou Banguela ou do Congo, provenientes do sul da África, especialmente de Angola e Moçambique, e tinham menos valor os vindo do centro oeste da África, os negros Mina ou da Guiné, que receberam este nome por serem embarcados no porto de São Jorge de Mina, na atual cidade de Elmina, e eram mais aptos para a mineração, trabalho o qual já se dedicavam na África Ocidental. 


Por ser a Bahia mais próxima da Costa da Guiné (África Ocidental) do que de Angola, a maioria dos negros baianos são Minas.
Como eram vistos como mercadorias, ou mesmo como animais, eram avaliados fisicamente, sendo melhor avaliados, e tinham preço mais elevado, os escravos que tinham dentes bons, canelas finas, quadril estreito e calcanhares altos, em uma avaliação eminentemente racista. 


O preço dos escravos sempre foi elevado quando comparado com os preços das terras, esta abundante no Brasil. 


Assim, durante todo o período colonial brasileiro, nos inventários de pessoas falecidas, o lote (plantel) de escravos, mesmo quando em pequeno número, sempre era avaliado por um valor, em mil-réis, muito maior que o valor atribuído às terras do fazendeiro. 


Assim a morte de um escravo ou sua fuga representava para o fazendeiro uma perda econômica e financeira imensa.


O transporte era feito da África para o Brasil nos porões do navios negreiros. Amontoados, em condições desumanas, no começo muitos morriam antes de chegar ao Brasil, sendo que os corpos eram lançados ao mar. 


Por isso o cuidado com o transporte de escravos aumentou para que não houvesse prejuízo. As condições da tripulação dos navios não era muito melhor que a dos escravos.


A escravidão no Brasil levou a formação de muitos quilombos que traziam insegurança e frequentes prejuízos a viajantes e produtores rurais. 


Em Minas Gerais, por exemplo, em torno da Caminho de Goiás, a Picada de Goiás, único acesso ao atual centro oeste do Brasil, o Quilombo do Ambrósio, o maior de Minas Gerais foi assim descrito por Luís Gonzaga da Fonseca, em sua "História de Oliveira":
"Goiás era uma Canaã. 


Voltavam ricos os que tinham ido pobres. Iam e viam mares de aventureiros. 


Passavam boiadas e tropas. Seguiam comboios de escravos. 


Cargueiros intérminos, carregados de mercadorias, bugigangas, miçangas, tapeçarias e sal. 


Diante disso, negros foragidos de senzalas e de comboios em marcha, unidos a prófugos da justiça e mesmo a remanescentes dos extintos cataguás, foram se homiziando em certos pontos da estrada ("Caminho de Goiás" ou "Picada de Goiás"). 


Essas quadrilhas perigosas, sucursais dos quilombolas do rio das mortes, assaltavam transeuntes e os deixavam mortos no fundo dos boqueirões e perambeiras, depois de pilhar o que conduziam. Roubavam tudo. Boiadas. Tropas. Dinheiro. 


Cargueiros de mercadorias vindos da Corte (Rio de Janeiro). 


E até os próprios comboios de escravos, mantando os comboeiros e libertando os negros trelados. E com isto, era mais uma súcia de bandidos a engrossar a quadrilha. 


Em terras oliveirenses açoitava-se grande parte dessa nação de “caiambolas organizados” nas matas do Rio Grande e Rio das Mortes, de que já falamos. 


E do combate a essa praga é que vai surgir a colonização do território (de Oliveira (Minas Gerais) e região). Entre os mais perigosos bandos do Campo Grande, figuravam o quilombo do negro Ambrósio e o negro Canalho."


O DIA A DIA DO ESCRAVO


Nas fazendas de cana ou nas minas de ouro (a partir do século XVIII), os escravos eram tratados da pior forma possível. 


Trabalhavam muito, de quatorze a dezesseis horas, o que se tornou o principal motivo dos escravos fugirem; outro motivo eram os castigos e o outro era porque recebiam apenas trapos de roupa e uma alimentação de péssima qualidade (recebiam pouca comida e no máximo duas vezes por dia). 


Passavam as noites nas senzalas (galpões escuros, úmidos e com pouca higiene) acorrentados para evitar fugas.


Eram constantemente castigados fisicamente (quando um escravo se distraía no trabalho ou por outros motivos, eram amarrados em um tronco de árvore e açoitados, as vezes, até perderem os sentidos); torturando-os fisicamente e psicologicamente, os senhores e seus algozes buscavam destruir os valores do negro e forçá-lo a aceitar a ideia da superioridade da raça branca sendo que o açoite era a punição mais comum no Brasil Colônia para os escravos. 


Além de todos esses castigos havia uma máscara que impedia os escravos de beberem e fumarem deixando os vícios; essa máscara era chamada de "máscara de folha de flandres".
Por mais violentas que fossem as ações dos senhores, os torturados nada podiam fazer. 


A lei número 4 de 10 de junho de 1835 proibia os escravos de causar qualquer tipo de ofensa ou agressão ao patrão e aos companheiros que com ele moravam, punindo-os com acoites ou, na maioria dos casos, com a pena de morte (Lei número 4 de 10 de junho de 1835- pág. 5). 


Esta lei só seria parcialmente revogada em 1886 pela lei número 3.310 de 15 de outubro de 1886, dois anos antes da abolição da escravatura, quanto à imposição da pena de açoites. (Lei número 3.310 de 15 de outubro de 1886- pág. 52).


Afirmação oposta sobre como o escravo era tratado por seus senhores fez o cafeicultor e deputado estadual paulista Martinho da Silva Prado Júnior (Martinico Prado), na sessão da Assembleia Provincial de São Paulo de 16 de março de 1882. 


Condenando a proibição do comércio de escravos entre as províncias brasileiras, Martinico Prado relata, aos deputados paulistas, que muitos proprietários de escravos de Minas Gerais não queriam se separar de seus escravos, quando imigrassem para São Paulo:
 Ato esse (proibir a venda de escravo para outra província) que, para os pequenos proprietários de escravos da Província de Minas, é o mais atroz possível, pois v. excelência não ignora que o sertanejo mineiro estima e se torna afeiçoado ao seu escravo que se torna parte integrante de sua família, tributando-lhe pronunciada afeição. 


Relata então o que ouviu de mineiros que queriam vir para São Paulo e desejavam poderem trazer seus escravos: Tenho recebido pedidos instantes, súplicas pungentes, acompanhadas até de lágrimas, para que eles (os escravos) possam vir para esta província (São Paulo) dizendo: "Faça com que a Assembleia paulista nos abra as portas das províncias para não sermos obrigados à miséria ou a vendar aqueles que criamos desde a infância".! 


— Martinico Prado


Os discursos de Martinico Prado na Assembleia Provincial paulista foram transcritos no livro do "centenário de Martinico Prado", intitulado "In Memoriam, Martinico Prado, 1843-1943 editado em São Paulo pela Editora Elvino Pocai.


A pena de açoite para o escravo só foi abolida por lei imperial de 1885, pouco antes da Lei Áurea, o que ocasionou fugas em massas de escravos nos últimos anos da escravidão no Brasil, fato denunciado nos debates sobre a Lei Áurea:
 Os escravos fugiram em massa, prejudicando não só os grandes interesses econômicos, mas também interesses de segurança pública: houve mortes, houve ferimentos, houve invasão de localidades, houve o terror derramado por todas as famílias, e aquela importante província durante muitos meses permaneceu no terror mais aflitivo. Felizmente os proprietários de São Paulo, compreenderam que, diante da inação da Força Pública, melhor seria capitularem perante a desordem, e deram liberdade aos escravos.

— Andrade Figueira.


Aculturação e miscigenação
Grande parte dos escravos negros foram assimilados culturalmente assumindo a religião católica especialmente os provenientes de Angola e Moçambique, enquanto a maioria dos escravos embarcados no porto do Castelo de São Jorge da Mina, na atual Elmina, em Gana, e que se fixaram no nordeste do Brasil, especialmente na Bahia, permaneceram com suas religiões africanas.


Era usual na época da escravidão, fazendeiros ou seus filhos homens terem filhos com escravas, donde se originou grande parte da população mestiça brasileira, na época, chamados de pardos. 


Foram porém raríssimos os casos de mulheres brancas terem filhos com escravos.
Rebeliões, insurreições e mobilização pelo fim da escravidão
Ex-escravos fundaram sociedades secretas que financiavam as revoltas e fugas de escravos, e os escravos de origem africana começaram a atuar publicamente contra a escravidão. Escravos refugiados em quilombos atacavam fazendas, tornando a escravidão um perigo para os próprios fazendeiros.


Com a lei Eusébio de Queirós, o tráfico de escravos para o Brasil o tornou-se ilegal, e o preço destes passou a ser proibitivo para pequenos e médios fazendeiros. Tal fator, ao longo do tempo, fez com que a escravidão negreira se tornasse antieconômica. 


Os grandes fazendeiros, como solução, passaram a recorrer à mão-de-obra de imigrantes, resolvendo assim, o problema secular da "falta de braços para a lavoura". Depois que o Brasil se tornou uma república, os presidentes republicanos se limitaram a tomar medidas no máximo ínfimas para integrar os ex-escravos e seus descendentes à sociedade.


O fundamento econômico da escravidão
Vale lembrar que a escravidão veio para o Brasil através do mercantilismo: os negros africanos vinham substituir os nativos brasileiros na produção canavieira, pois esse tráfico dava lucro à Coroa Portuguesa, que recebia os impostos dos traficantes. 


Até 1850, a economia era quase que exclusivamente movida pelo braço escravo. 


O cativo estava na base de toda a atividade, desde a produção do café, açúcar, algodão, tabaco, transporte de cargas, às mais diversas funções no meio urbano: carpinteiro, pintor, pedreiro, sapateiro, ferreiro, marceneiro, entre outras, embora várias dessas profissões fossem exercidas principalmente por cristãos-novos.


ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA


A história da escravidão nos Estados Unidos da América inicia-se no século XVII, quando práticas escravistas similares aos utilizados pelos espanhóis e portugueses em colônias na América Latina, e termina em 1863, com a Proclamação de Emancipação de Abraham Lincoln, realizada durante a Guerra Civil Americana. Apesar de o tráfico de escravos ter sido proibido em 1815, o contrabando continua até o ano de 1860, enquanto no norte crescia a campanha pela abolição. 


A guerra civil que se segue deixa um saldo de centenas de milhares de mortos e uma legião de negros marginalizados. 


Nenhum programa governamental é previsto para sua integração profissional e econômica. 


O sul permanece militarmente ocupado até 1877, favorecendo o surgimento de sociedades secretas como os Cavaleiros da Camélia Branca e a Ku Klux Klan, que empregam a violência para perseguir os negros e defender a segregação racial.
Portugal
Na época anterior à formação de Portugal como reino existe registo da prática de escravatura pelos Romanos, pelos Visigodos e durante o Al-Andaluz a escravidão dos cristãos capturados e dos Saqaliba. 


Depois da independência de Portugal tem-se conhecimento de ataques de piratas normandos a vilas costeiras, das razias que Piratas da Barbária faziam entre a população costeira e das ilhas. 


As vilas ficavam geralmente desertas e a população era vendida no mercado de escravos do norte de África. Havia chefes corsários que vinham do norte de África até à península que eram elches, "renegados" da fé cristã ou mouriscos capturados que mudavam de "lado". Os prisioneiros de guerra capturados na península tornavam-se escravos. Só em 6 de julho de 1810 com a assinatura do primeiro tratado luso-argelino de tréguas e resgate, confirmado em 1813, com a assinatura do Tratado de Paz, acabou a razia nas vilas costeiras de Portugal e captura de portugueses para a escravatura no norte de África.


Antes de 1415, através do resgate de cativos portugueses fizeram-se os primeiros contactos com comércio de escravos na cidade de Ceuta. Resgatar familiares era obrigação cujo descumprimento poderia originar pesadas penas. As igrejas mantinham caixinhas de peditório para resgate dos cativos. Crianças e mulheres tinham prioridade de serem resgatadas.
Quando em 1415 Portugal conquistou Ceuta havia aí um importante centro comercial onde confluíam rotas de escravos trazidos da África subsariana por comerciantes beduínos. 


A conquista de Ceuta pelos portugueses, levou os traficantes de escravos a desviar as suas rotas de comércio para outras cidades. Ceuta perdeu então importância comercial, mas tornou-se importante ponto estratégico-militar de vigilância ao comércio de outras mercadorias entre as costas europeias do Atlântico e a península itálica. Com a presença portuguesa no ocidente do Norte de África, o comércio de escravos não mais recuperou a importância que havia tido sob o domínio muçulmano.




Os portugueses, nas viagens que fizeram ao longo da costa na direção do sul de África, contactaram também aí com o comércio de escravos. 


O primeiro lote de escravos africanos transportados para Portugal foram os que a tripulação do navegador Antão Gonçalves comprou na costa do Argüim (hoje Mauritânia) em 1441. 


Quando, passado cerca de meio século, os primeiros Portugueses começaram a chegar à Guiné, contactaram também com o tráfico negreiro aí existente, mas nessa altura o objectivo dos portugueses era já a Índia das especiarias. O desenvolvimento do comércio de escravos, com envolvimento de portugueses, só veio a acontecer no século XVII em competição com holandeses, ingleses e franceses, vindo a ter o seu auge no Século XVIII com o comércio dos escravos africanos para o Brasil.




No entanto, o corpo legislativo emanado das chancelarias régias portuguesas é abundante em diplomas destinados a reprimir a escravatura e a proteger os indígenas: provisões de D. João II, de 5 de Abril e 11 de Junho de 1492, e alvarás de 18 de Julho e 10 de Dezembro de 1493; a célebre lei de 20 de Março de 1570 sobre "a liberdade dos gentios das terras do Brasil, e mais Conquistas"; a provisão de 20 de Setembro de 1570, onde o rei D. Sebastião ordena que "Portugues algum nam possa resgatar nem catiuar Iapão; e sendo caso, que resgatem, ou catiuem alguns dos ditos Iapões, os que assim forem resgatados, ou catiuos, ficaram livres…". Os alvarás de 5 de Junho de 1605, de 3 de Julho de 1609, e o alvará com força de lei de 8 de Maio de 1758, vão no mesmo sentido.




No século XVIII foi aliás Portugal a tomar a dianteira na abolição da escravatura. Decorria o Reinado de D. José I quando, em 12 de Fevereiro de 1761, esta foi abolida pelo Marquês de Pombal no Reino/Metrópole e na Índia.


No Século XIX, em 1836, o tráfico de escravos foi abolido em todo o Império. 


Os primeiros escravos a serem libertados foram os do Estado, por Decreto de 1854, mais tarde, os das Igrejas, por Decreto de 1856. 


Com a lei de 25 de Fevereiro de 1869[24] proclamou-se a abolição da escravatura em todo o Império Português, até ao termo definitivo de 1878. 











Escravidão na Antiguidade






A escravidão era uma situação aceita e logo tornou-se essencial para a economia e para a sociedade de todas as civilizações antigas, embora fosse um tipo de organização muito pouco produtivo. 


A Mesopotâmia, a Índia, a China e os antigos egípcios e hebreus utilizaram escravos.


Na civilização grega o trabalho escravo acontecia na mais variada sorte de funções, os escravos podiam ser domésticos, podiam trabalhar no campo, nas minas, na força policial de arqueiros da cidade, podiam ser ourives, remadores de barco, artesãos etc. 


Para os gregos, tanto as mulheres como os escravos não possuíam direito de voto. 


Muitos dos soldados do antigo Império Romano eram ex-escravos.


No Império Romano o aumento de riqueza realizava-se mediante a conquista de novos territórios, capazes de fornecer escravos em maior número e mais impostos ao fisco. 


Contudo arruinavam os pequenos proprietários livres que, mobilizados pelo serviço militar obrigatório, eram obrigados a abandonar as suas terras, das quais acabavam por ser expulsos por dívidas, indo elas engrossar as grandes propriedades cultivadas por mão-de-obra escrava.


As novas conquistas e os novos escravos que elas propiciavam começaram a ser insuficientes para manter de pé o pesado corpo da administração romana. 


Os conflitos no seio das classes de homens livres começam a abalar as estruturas da sociedade romana, com as lutas entre os patrícios e a plebe, entre latifundiários e comerciantes, entre colectores de impostos e agricultores arruinados, aliados aos proletarii das cidades. 


Ao mesmo tempo começa a manifestar-se o movimento de revolta dos escravos contra os seus senhores e contra o sistema esclavagista, movimento que atingiu o ponto mais alto com a revolta de Espártaco (73-71 a.C.). 


Desde o século II a necessidade de ter receitas leva Roma a organizar grandes explorações de terra e a encorajar a concentração das propriedades agrícolas, desenvolvendo o tipo de exploração esclavagista.


Generaliza-se o pagamento em espécie aos funcionários com Diocleciano, utilizando o Estado directamente os produtos da terra, sem os deixar passar pelo mercado, cuja importância diminui, justificando a tendência dos grandes proprietários para se constituírem em economias fechadas, de dimensões cada vez maiores, colocando-se os pequenos proprietários sob a asa dos grandes.


Em troca da fidelidade e da entrega dos seus bens, os camponeses mais pobres passavam a fazer parte da família dos grandes donos que se obrigavam a protegê-los e a sustentá-los. deste modo, de camponeses livres transformavam-se em servos, começando a delinear-se assim os domínios senhoriais característicos da Idade Média.


Escravidão no Direito Romano


O Imperador Justiniano I publicou o edito Institutas, em 23 de novembro do ano de 533, no qual define a servidão e os servos:
TÍTULO III; DO DIREITO DAS PESSOAS:


"A divisão principal no direito das pessoas é que todos os homens ou são livres ou são escravos.


A liberdade (da qual vem a palavra livre) é o poder natural de fazer, cada um, o que quer, se a violência ou a lei não o proíbe.
A servidão é uma instituição do direito das gentes, pela qual é alguém submetido contra a natureza ao domínio de outrem.


Os servos são assim chamados porque os generais costumam vender os cativos e destarte conservá-los sem os matar. 


Eles têm também o nome de “mancipia” porque são tomados à mão dentre os inimigos.


Os servos, ou nascem tais, ou se fazem. 


Nascem das nossas escravas, ou fazem-se escravos pelo direito das gentes, mediante a captura, ou pelo direito civil, quando um homem livre, maior de vinte anos, consentiu em ser vendido para participar do preço.


Não há diferença na condição dos servos, e há muitas diferenças entre os livres; pois estes ou são ingênuos ou são libertos."




Escravidão na América Pré-Colombiana


Nas civilizações pré-colombianas (asteca, inca e maia) os escravos não eram obrigados a permanecer como tais durante toda a vida. 


Podiam mudar de classe social e normalmente tornavam-se escravos até quitarem dívidas que não podiam pagar. 


Eram empregados na agricultura e no exército. 


Entre os incas, os escravos recebiam uma propriedade rural, na qual plantavam para o sustento de sua família, reservando ao imperador uma parcela maior da produção em relação aos cidadãos livres.


Escravidão moderna e contemporânea


No Brasil, a escravidão começou com os índios. 
Os índios escravizavam prisioneiros de guerra muito antes da chegada dos portugueses; depois da sua chegada os índios passaram a comerciar seus prisioneiros com os europeus. Mais tarde os portugueses recorreram aos negros africanos, que foram utilizados nas minas e nas plantações: de dia faziam tarefas costumeiras, à noite carregavam cana e lenha, transportavam formas, purificavam, trituravam e encaixotavam o açúcar.


O comércio de escravos passou já tinha rotas intercontinentais na época do al-Andalus e mesmo antes durante o Império Romano. 


Criam-se novas rotas no momento em que os europeus começaram a colonizar os outros continentes, no século XVI e, por exemplo, no caso das Américas, nos casos em que os povos locais não se prestavam a suprir as necessidades de mão-de-obra dos colonos, foi necessário importar mão-de-obra, principalmente da África.




Nessa altura, muitos reinos africanos e árabes islâmicos, decorrente das chamadas guerras santas empreendidas pelos muçulmanos, os quais, sancionados por sua religião, se apossavam dos bens dos chamados "infiéis" submetidos, principalmente sua liberdade, vendendo-os ou trocando-os por mercadorias, como escravos para os europeus. 


Em alguns territórios brasileiros, o índio chegou a ser mais fundamental que o negro, como mão-de-obra. 


Em São Paulo, até ao final do século XVII, quase não se encontravam negros, dado a pobreza de sua população que não dispunha de recursos financeiros para adquirirem escravos africanos, e os documentos da época que usavam o termo "negros da terra" referiam-se na verdade aos índios, os quais não eram objeto de compra e venda, só de aprisionamento, sendo proibido inclusive que se fixasse valor para eles nos inventários de bens de falecidos. 


Esta posição fora defendida pelos Jesuítas no Brasil, o que gerou conflitos com a população local interessada na escravatura, culminando em conflito, na chamada "A botada dos padres fora" em 1640.


Com o surgimento do ideal liberal e da ciência econômica na Europa, a escravatura passou a ser considerada pouco produtiva e moralmente incorreta. 


Em 1850, no Brasil, pela Lei Eusébio de Queirós, passou-se a punir os traficantes de escravos, de modo a que nenhum escravo mais entrasse no país; em 1871 foi sancionada a Lei do Ventre Livre que declarava livre os filhos de escravos nascidos a partir daquele ano, e em 1885 a Lei dos sexagenários, que concedia liberdade aos maiores de 60 anos. 


E mais tarde fez surgir o abolicionismo, em meados do século XIX.


Em 1888, quando a escravidão foi abolida no Brasil,pela Lei Áurea, ele era o único país ocidental que ainda mantinha a escravidão legalizada. 


A Mauritânia foi, em 9 de novembro de 1981, o último país a abolir, na letra da lei, a escravatura, pelo decreto de número 81.234, porém, a escravidão segue existindo no Sudão.


A escravidão é pouco produtiva porque, como o escravo não tem propriedade sobre sua própria produção, ele não é estimulado a produzir já que isto não irá resultar em um incremento no bem-estar material de si mesmo.


Segundo a National Geographic, há mais escravos hoje do que o total de escravos que, durante quatro séculos fizeram parte do tráfico transatlântico. 


Embora, as denuncias de trabalho escravo no Brasil e em outros países têm sentido metafórico, já que se trata de proibição de sair os empregados de fazendas, mas não se trata de compra e venda de pessoas como ocorria no tempo da escravidão negra.







A escravidão


A escravidão

(denominada também escravismo, esclavagismo e escravatura) é a prática social em que um ser humano assume direitos de propriedade sobre outro designado por escravo, ao qual é imposta tal condição por meio da força. 

Em algumas sociedades, desde os tempos mais remotos, os escravos eram legalmente definidos como uma mercadoria. 

Os preços variavam conforme as condições físicas, habilidades profissionais, a idade, a procedência e o destino.

O dono ou comerciante pode comprar, vender, dar ou trocar por uma dívida, sem que o escravo possa exercer qualquer direito e objeção pessoal ou legal, mas isso não é regra. 

Não era em todas as sociedades que o escravo era visto como mercadoria: na Idade Antiga, haja visto que os escravos de Esparta, os hilotas, não podiam ser vendidos, trocados ou comprados, isto pois ele eram propriedade do Estado espartano, que podia conceder a proprietários o direito de uso de alguns hilotas; mas eles não eram propriedade particular, não eram pertencentes a alguém, o Estado que tinha poder sobre eles. 

A escravidão da era moderna está baseada num forte preconceito racial, segundo o qual o grupo étnico ao qual pertence o comerciante é considerado superior, embora já na 

Antiguidade as diferenças raciais fossem bastante exaltadas entre os povos escravizadores, principalmente quando havia fortes disparidades fenotípicas. 

Na antiguidade também foi comum a escravização de povos conquistados em guerras entre nações. 

Enquanto modo de produção, a escravidão assenta na exploração do trabalho forçado da mão-de-obra escrava. 

Os senhores alimentam os seus escravos e apropriam-se do produto restante do trabalho destes.

A exploração do trabalho escravo torna possível a produção de grandes excedentes e uma enorme acumulação de riquezas, contribuindo assim para o desenvolvimento económico e cultural que a humanidade conheceu em dados espaços e momentos: construíram-se diques e canais de irrigação, exploraram-se minas, abriram-se estradas, construíram-se pontes e fortificações, desenvolveram-se as artes e as letras. 

Nas civilizações escravagistas, não era pela via do aperfeiçoamento técnico dos métodos de produção (que se verifica aquando da Revolução Industrial) que os senhores de escravos procuravam aumentar a sua riqueza; e os escravos, sem qualquer interesse nos resultados do seu trabalho, não se empenhavam na descoberta de técnicas mais produtivas.
Opinião oposta sobre a produtividade do escravo teve o economista Molinaire, citado pelo deputado Pedro Luís, na sessão de 10 de maio de 1888, na Câmara dos Deputados do Brasil:

Molinaire diz que, em geral, o trabalho do liberto é um terço menos produtivo que o trabalho do escravo, sendo necessários dez libertos para os serviços que eram feitos por sete escravos. Dá as razões deste fato e conclui que, na melhor das hipóteses, continuando os libertos todos nos estabelecimentos rurais, teremos uma diferença de 1/3 para menos na produção!

História
História da escravidão

Há diversas ocorrências de escravatura sob diferentes formas ao longo da história, praticada por civilizações distintas.

No geral, a forma mais primária de escravatura se deu na medida em que povos com interesses divergentes guerrearam, resultando em prisioneiros de guerra. 

Apesar de na Idade Antiga ter havido comércio de escravos, não era necessariamente esse o fim reservado a esse tipo de espólio de guerra. 

Ademais, algumas culturas com um forte senso patriarcal reservavam à mulher uma hierarquia social semelhante ao do escravo, negando-lhe direitos básicos que constituiriam a noção de cidadão.



Revolta dos Malês


A chamada Revolta dos Malês foi uma mobilização de escravos de origem muçulmana, a qual registrou-se na noite de 24 para 25 de janeiro de 1835 na cidade de Salvador, capital da então Província da Bahia, no Brasil.


Constituiu numa sublevação de caráter social, de escravos africanos das etnias hauçá, igbomina e Picapó, de religião islâmica, organizados em torno de propostas radicais para libertação dos demais escravos africanos que fossem muçulmanos.


 "Malê" é o termo que se utilizava para referir-se aos escravos muçulmanos.


Foi rápida e duramente reprimida pelos poderes constituídos.

O plano de ação dos malês


Planejada por elementos que possuíam experiência anterior de combate, na África, de maneira geral, os malês propunham o fim do catolicismo - religião que lhes era imposta -, o assassinato e confisco dos bens de todos os brancos e mulatos e a implantação de uma monarquia islâmica, com a escravidão dos não muçulmanos (brancos, mulatos e negros).
De acordo com o plano de ataque, assinado por um escravo de nome Mala Abubaker, os revoltosos sairiam da Vitória (atual bairro da Barra) "tomando a terra e matando toda a gente branca". 


De lá rumariam para a Água dos Meninos e, depois, para Itapagipe, onde se reuniriam ao restante das forças.


Tinham como objetivo tomar o governo,e com isso professar suas crenças religiosas, conquistando seus direitos.

O passo seguinte seria a infiltração dos engenhos do Recôncavo e a libertação dos escravos.



A repressão pelas autoridades e o fim da revolta


Ao mesmo tempo, as autoridades também se organizaram com rapidez, conseguindo repelir os ataques aos quartéis de Salvador, colocando em fuga os revoltosos. 


Ao procurar sair da cidade, um grupo de mais de quinhentos revoltosos, entre escravos e libertos, foi barrado na vizinhança do Quartel de Cavalaria em Água dos Meninos, onde se deram os combates decisivos, vencidos pelas forças oficiais, mais numerosas e bem armadas.


No confronto morreram sete integrantes das tropas oficiais e setenta do lado dos revoltosos. 


Duzentos e oitenta e um, entre escravos e libertos, foram detidos no Forte do Mar e levados aos tribunais. 


Suas condenações variaram entre a pena de morte para quatro dos principais líderes, os trabalhos forçados, o degredo e os tacos.


Entre os pertences dos líderes foram encontrados livros em árabe e orações muçulmanas.


À época, os africanos foram proibidos de circular à noite pelas ruas da capital e de praticar as suas cerimônias religiosas.


Apesar de rapidamente controlada, a Revolta dos Malês serviu para demonstrar às autoridades e às elites o potencial de contestação e rebelião que envolvia a manutenção do regime liberal, ameaça que esteve sempre presente durante todo o Período Regencial e se estendeu pelo Governo diário de D. Pedro II.


VÉUS SOBRE A RUA HALFELD: UM ESTUDO SOBRE AS MULHERES MUÇULMANAS DA MESQUITA DE JUIZ DE FORA E O USO DO VÉU (PDF) pp. 39-40. Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da Universidade Federal de Juiz de Fora (Agosto de 2006). Página visitada em 16 de outubro de 2011. "No Brasil, os escravos muçulmanos ficaram conhecidos como Malês e, segundo Reis (2003), a origem desse termo tem sido muito discutida. Alguns autores sugerem que o termo derivasse de 'má-lei', que seria como os católicos consideravam o Islã; outros associam a palavra malê, com Malan, que significa mestre ou clérigo. Autores como Rodrigues (1982) e Bastide (1971) colocam que o termo malê vem de Mali para identificar os fundadores do Império Mali, reino muçulmano no vale do rio Niger. No Brasil, mas especificamente na Bahia, onde se concentrou a maioria dos escravos muçulmanos, malê denominava o africano que adotasse o Islã. Esses negros são assim descritos por Ramos (1972, p. 45): "Era altos robustos, fortes e trabalhadores. Usavam como outros negros muçulmanos, um pequeno cavanhaque, de vida regular e austera, não se misturavam com os outros escravos". Os malês procuraram, mesmo que de forma discreta, preservar aqui no Brasil a sua religião. Promoveram secretamente atividades de alfabetização e memorização do Alcorão. Foram esses escravos, agentes de revoltas e de movimentos de libertação na Bahia do século XIX. Para historiadores como Reis (2003), a identidade étnica e uma combativa religião convergiram na mobilização dos escravos malês como líderes rebelados. A insurreição de maior proporção ocorreu, em 1835, na Bahia e ficou conhecida por Levante Malê. Os insurgentes foram subjugados. Muitos muçulmanos foram deportados para a África a fim de diminuir sua influência sobre os outros negros. Muitos foram condenados à morte. Para sobreviver, alguns se mantiveram na clandestinidade. A religião islâmica passou por uma severa repressão, após 1835, diminuindo a possibilidade de difundir-se. Segundo Reis (2003, p. 180), antes da devassa havia um "forte movimento de proselitismo e conversão em curso na Bahia". Depois da supressão das revoltas, os cultos malês foram desestruturados."



Bibliografia


REIS, João José. Rebelião Escrava no Brasil - A história do levante dos Malês em 1835. São Paulo: Companhia das Letras, 2003. 680p. il. ISBN 9788535903942
FREITAS, Décio. A Revolução dos Malês. Porto Alegre: Movimento, 1985. 106p. il. ISBN?
FARELLI, Maria Helena. Malês: os Negros Bruxos. São Paulo: Madras, s.d.. 96p. il. ISBN 8573742402






Quizilas – Preceitos e Rituais (2ª Parte)



Alimentos de origem animalKetuIjexáJeje
OrixáOrixáVodum
Bichos de dois pésGalinhaOxum, Euá
Galinha brancaObá
Galinha, pedaços (carcaça e pescoço)Todos os filhos de “santo homem”
Galinha d’angolaObaluaiê, NanãObaluaiê, NanãSapatá (Obaluaiê)
Galinha d’angola (cabeça)TodosTodos
GaloLogunedé
PatoOssaim
PerdizGu (Ogum)
PomboOxalá, Oxum
OvosOxum, OxumaréOxumOxum, Bessém (Oxumaré)
Ovos, farofa de cabeça e pés de qualquer aveNanã, ExuExuLegba (Exu)
Bicho de quatro pésBode, cabritoOxóssi, OgumOxóssi, LogunedéOdé (Oxóssi)
Caça em geralOxóssi, Odé, Ossaim, Ogum, LogunedéOxóssi, LogunedéOdé (Oxóssi)
CarneiroXangô, IansãXangôSobô (Xangô)
PorcoObaluaiêObaluaiêSapatá (Obaluaiê)
Cabeça e pés de qualquer bichoExuExuExu
RépteisCágadoXangôXangôSobô (Xangô)
Lagarto (inclusive o corte de boi com esse nome)Oxóssi
“Tudo o que rasteja”OxumaréOxumaréBessém (Oxumaré)
Bichos de águaArraiaTodosTodosTodos
BagreOxaláOxaláLissa (Oxalá)
Camarão vermelhoIemanjá, Oxum
CaranguejoTodosTodosTodos
CavalinhaOxumOxum
Lula e assemelhadosTodosTodosTodos
Peixe de peleTodosTodosTodos
Peixe vermelhoIemanjá
NanãNanãNanã
SardinhaOxalá, ObaluaiêTodos
Sangue, miúdosFígadoIansã, Ossaim
Miúdos em geralIansã, Nanã
RabadaXangô
SangueTodosTodosTodos
TutanoNanã
OutrosMelOxóssi, Logunedé


Alimentos de origem vegetalKetuIjexáJeje
OrixáOrixáVodum
AbóboraIansãtodosTodos
AbacaxiObaluaiêObaluaiêSapatá (Obaluaiê)
AbobrinhaBessém (Oxumaré)
AmendoimOxumaré
Banana-d’águaOxóssiLegba (Exu)
Banana-figoIemanjá
Banana-maçãOxóssi
Banana-prataOxóssi, Obaluaiê
Batata-doceOxumaréBessém (Oxumaré)
BerinjelaNanã
BeterrabaNanã, IansãLegba (Exu)
CachaçaExu, OxaláExu, OxaláLissa (Oxalá)
Cajá-MangaOxóssi, OgumTodosTodos
CanaExu, Ogum
CarambolaOxóssi
CocoOxóssi, OssaimOxóssi
DendêOxaláOxaláLissa (Oxalá)
Feijão fradinhoOxum, Iansã, OxumaréOxum,IansãOxum
Feijão “mulata gorda”Oxóssi
Feijão pretoOgum
Folhas em geral (alface, salsa, etc.)Oxóssi, OssaimOxóssi,OssaimOdé (Oxóssi), Agué (Ossaim)
Frutas ácidas ( limão, etc.)ExuExuLegba (Exu)
Fruta-do-condeBessém (Oxumaré)
Fumo de roloOssaimOssaim
Grão de bicoBessém (Oxumaré)
InhameOgum, IemanjáOgum
Manga-espadaOgumOgum, Logunedé
MelanciaObaluaiê
Milho vermelhoOxóssi, OssaimOxóssiOdé (Oxóssi)
Milho derivados (fubá, etc.)OxóssiOxóssiOdé (Oxóssi)
Milho, pipocaObaluaiê, OxumaréObaluaiê, NanãBessém (Oxumaré)
Mostarda, folha deObaluaiê
OitiOxóssi
PolvilhoOxum
SapotiExu
TaiobaObá
TangerinaOxóssiTodos
TapiocaOxum
Uva brancaIemanjá
Uva pretaNanã