CASA PODEROSA DOS FILHOS DE YEMANJÁ

CASA PODEROSA DOS FILHOS DE YEMANJÁ

quinta-feira, 16 de maio de 2013

Modernidade ou tradição ?


“No tempo antigo não era assim”.

Essa frase hora e meia é repetida como um mantra nos candomblés, tanto nos recém abertos como naqueles de muito tempo de estrada.


Sempre com um saudosismo lacônico que deixa claro a dificuldade dos mais velhos, e dos mais novos, em lidar com as mudanças ocorridas na religião nestes últimos anos.

Mudar ou se reinventar nunca foi problema para o candomblé, uma religião que forçadamente precisou se adaptar  a qualquer circunstancia para sobreviver.

A questão principal, no meu entendimento, está muito mais nas mudanças ocorridas fora do candomblé e que vem forçando reformulações de padrões e pensamentos arraigados em nossas Casas de Axé.


As portas de nossas Casas precisam mudar seus cadeados.

 Há muito que precisa ser dito e discutido  hoje em dia nos terreiros. Diferentemente de alguns anos atrás, hoje as perguntas estão presentes no dia a dia das Casas de Axé deixando muito claro que as relações mudaram e que as hierarquias, aparentemente, mudaram também.

Mas algumas coisas chamam mais a atenção nestas perguntas e nesta aparente falta de hierarquia. Se de um lado é fato que há o despreparo de Zeladores para lidar com esse turbilhão de perguntas e questões novas de forma positiva e não impositiva. No outro extremo, o que  mais impressiona é justamente o teor destas novas questões que  tem sido trazidas para debates nas Casas de Axé.

 Assim como também impressiona  a forma como estas questões são colocadas no dia a dia das Casas. Muitas vezes de forma  nada educada, quase como a exigir respostas às suas dúvidas no imediatismo de um clique ou uma consulta ao google.

Ao longo desses anos de trabalho intenso principalmente na internet, desde 2008, primeiro no blog ocandomblé e agora aqui no blog.ori.net, além do programa Ori. Tenho me perguntado se toda essa vasta fonte de informações disponível, e de fácil acesso,  tem trazido de fato benefícios a nossa religião ou se tem criado fantasias,  dúvidas e até desinformação na nossa comunidade.
Nessa busca “pela verdade da religião” as pessoas estão recorrendo a todo tipo de leitura, a tudo e a qualquer um que se proponha lhes fornecer qualquer informação. Em geral o Dr Google tem se transformado numa “fonte inesgotável de sabedoria virtual”. Assuntos antes tratados com seus mais velhos, hoje são pesquisados na net.

Está tudo lá, desde como tratar de uma gripe ou de como preparar o seu bife acebolado, até como se faz/inicia seja lá o orixá que for,   com requintes de detalhes sobre como se faz qualidade por qualidade.


Esta busca solitária e desenfreada por informação é reflexo dos dias atuais, onde me parece haver uma certa desilusão ou descrença generalizada nas instituições e pessoas?

Ou é falta de competência das Casas de Axé em responder as dúvidas dos iniciados?

Neste embate, o abrigo do mundo virtual pode fornecer o espaço ideal para a formação de uma verdadeira colcha de retalhos de informações, das mais variadas cores, texturas e tamanhos, desde que satisfaçam e sejam de fácil entendimento e assimilação àquele leitor/buscador de informações rasas.
Mas se esta busca pode de alguma forma  justificar a criação de suas fantasias religiosas de um mundo perfeito, o dele. Onde de preferência não haja discussões mais profundas ou rebatimento de suas “teorias”, o  mundo virtual (fantasia) é perfeito.

Neste modelo de mundo religioso perfeito baseado no Google, muitos “buscadores” incluem várias soluções modernas de ritos mais “evoluídos”, como por exemplo, o não-sacrifício animal. Outros “buscadores” impõem a este mundo perfeito a eliminação das “barreiras hierárquicas” que,segundo suas pesquisas,  bloqueiam o conhecimento a que eles tem o direito  e férrea certeza de o merecem, pelo simples mérito de existirem nas Casas de Axé.
Esta é uma lógica de aprendizado em nada comparável aquela que os mais velhos, e de fato sábios, por vezes nos chamam atenção para perceber. Trata-se d a grandeza e a beleza do tempo. O verdadeiro senhor do conhecimento. Só o tempo, com seus  joelhos calejado pelo chão e a cabeça baixa aguardando a hora e o momento em que as perguntas seriam respondidas,  pode nos proporcionar um conhecimento sólido de fato.


No tempo antigo a maioria das respostas vinham em sussurros inaudíveis aos ouvidos desatentos, mas de certo vinham para todos os que ali estavam para “ouvir”. Não vinham em sons de teclado e letras numa tela fria. Havia, e há, o emí, que só conhece quem tem tempo para respirar o candomblé.
Mas para falar dessas buscas pela  informação e do conseqüente aprendizado baseado em múltiplas fontes, o que geralmente causa conflitos de interpretação, é preciso falar um pouco do “adequado comportamento social religioso”. Hierarquia e educação de Axé.


Hoje, talvez,  devido à fragmentação das famílias, ou aos novos modelos de família, as hierarquias são cada vez mais difíceis de serem aceitas e entendidas como algo positivo e necessário. Ela quase sempre é vista como  a imposição de normas velhas e caducas por velho e caducos que devem urgentemente  ser derrubadas ou abolidas em favor de um mundo novo, moderno e mais  justo e sem fronteiras.


 O problema complexo desta equação é conciliar  o mundo virtual na internet com a realidade do candomblé.
Porém o discurso de quebrar barreiras sociais e hierárquicas, em grande escala, me parece ter um alvo claro e certeiro, as egbé das Casas de Axé. Um certo inconformismo em aceitar aquilo que lhes parece uma organização familiar. Porém,  este sentimento é dicotômico, posto que ao mesmo tempo em que estes indivíduos quererem fazer parte de uma família de Axé, eles a rejeitam enquanto instituição mantenedora da religião, da própria egbé.


A dicotomia fica mais evidente ao olharmos atentamente o cotidiano das suas vidas reais, a hierarquia existe e geralmente aqueles que a criticam são aqueles que se utilizam dela em seu favor, seja na sua família ou círculo social.  Então me pergunto.

A hierarquia e as normas sociais são uma boa coisa somente fora dos muros das  Casas de Axé?


Em contra ponto temos os zeladores que vêem na hierarquização e disciplinarização das relações sociais da egbé a única forma de controle da sua comunidade religiosa.


Não estou lembrado onde ou de quem eu ouvi uma crítica severa sobre a frase:  “O que o filho faz do portão para fora não me interessa”. Mas me recordo que a pessoa que criticava esta frase me disse (ou eu li) que “este comportamento dos zeladores é um grande equívoco e um desserviço a nossa comunidade religiosa, afinal, o papel do zelador é cuidar de filhos, dentro ou fora da Casa de Axé”.


E neste contexto eu creio que seja papel do zelador informar o melhor possível sua comunidade para que seus filhos busquem no seu conhecimento (e da comunidade) as respostas para suas dúvidas e que se espelhem nos seus exemplos para aprender sobre regras de comportamento social e religioso (hierarquia).

A egbé é um organismo vivo, e muito complexo, que precisa de cuidados e ajustes constantes. Que o Zelador seja então como um jardineiro que apara hastes e flores, e quando necessário poda alguns ramos, reorganiza o jardim, coloca esteios para dar direção e suporte a nova árvore, mas que principalmente forneça um bom solo (base) parz que nele seus filhos possam plantar suas sementes.

Mas o jardineiro deve deixá-las crescer em busca do seu próprio sol.
Axé, Tomeje.

 

Postura dentro do Candomblé



Eis um tema bem complexo e muito vasto de se debater e se abordar,todos temos uma visão,sobre este assunto,mas devemos todos chegar a um só entendimento para que nossa religião não fique sendo alvo de maiores preconceitos os quais já se possuem. 

Vendo atualmente algumas fotos em sites de relacionamentos ,por sinal um bem famoso,pude notar uma situação bastante chocante a qual seria também um bom exemplo a citar, uma foto de um senhor bem gordo vestido de tranca rua,com seu devido assentamento diante dele,falta um bom senso enorme 

Devemos manter uma postura e nos privar de nos expor em certos assuntos até mesmo para manter o culto mais reservado e evitando assim comentários maldoso por aqueles que não conhecem o culto e na verdade não tem a intenção de conhece-lo,vivemos numa sociedade preconceituosa e perseguidora,nos preservar e uma forma de vivermos bem com todos que estão ao nosso redor,assim as comunidades logo iram nos respeitar,algumas critérios deveriam ser evitados tipos:

Não postar fotos de pessoas vestidas de Esú

Não postar fotos dos Igbás

Não postar fotos de suas matanças

Não postar fotos de oferendas

Manter os locais limpos

Evitar colocar suas oferendas em vias publicas

Manter sempre limpo os lugares de cultos

Ter postura ética 

 

DIFERENTES ORIGENS DE EXU, CECAA – Centro de Estudos da Cultura Afro Americana.



Diferentes origens de Exu são narradas em diversos itans de Ifá. Uma delas, que determina a ligação existente entre Exu e Orunmilá, contida no Odu Ogbehunle, conta que:

Quando Olodumare e Obatalá estavam começando a criar o ser humano, criaram, antes, a Exu.

Tendo visto Exu na casa de Obatalá, Orunmilá demonstrou o desejo de possuir um, mas foi-lhe recomendado que voltasse um mês mais tarde porque tudo o que vira estava ainda em fase experimental.

Inconformado, Orunmilá insistiu tanto que Obatalá resolveu atender à sua vontade, orientando-o para que pusesse as mãos sobre a cabeça de Exu e que, voltando para casa, fizesse sexo com sua mulher.

Tudo foi feito de acordo com a orientação de Obatalá e, doze meses depois, Yebìirú, mulher de Orunmilá, deu à luz um filho do sexo masculino e porque Obatalá dissera que a criança seria Alágbára (Senhor do Poder), Orunmilá resolveu chamá-lo de Elégbára.

Logo que seu pai pronunciou seu nome, a criança começou a chorar e a dizer: Iyá, iyá, ng o je eku - (Mãe, mãe, eu quero comer preás).

Ouvindo os apelos de seu filho, a mãe respondeu de imediato: Omo naa jeé! - Filho, come, come! Omo l'okùn, - Um filho é como contas de coral vermelho, Omo ni de - Um filho é como cobre, Omo ni jìngìndìnrìngìn, Um filho é como uma alegria inextinguível, A mu se yì, mù s'òrun - Uma honra apresentável, que nos Ara eni. - nos representará depois da morte.

O relato se estende mostrando como Exu, servido por sua mãe, devorou todos os quadrúpedes, aves e peixes e, não tendo mais nenhum animal sobre a face da terra, engoliu a própria mãe.

Assustado com o ocorrido, Orunmilá consultou o oráculo e lhe foi recomendado fazer um ebó composto de uma espada, um bode e quatorze mil caurís.

Feita a oferenda, Orunmilá aproximou-se de Exu, que não parava de chorar e de gritar. "Bàbá, bàbá, ng ò je ó ó! " (Pai, pai, eu quero comê-lo!) - berrou o menino.

Orunmilá, então, cantou a canção da mãe de Exu e quando este se aproximou para devorá-lo, atacou-o com a espada do ebó.

Exu foi então cortado em duzentos pedaços e cada pedaço transformava-se num novo yanguí, num novo Exu.

A perseguição se estendeu pelos nove oruns e, em cada um deles, Exu era seccionado em duzentas partes e cada uma delas se transformava num novo yanguí.

No último orun, depois de ser novamente retalhado, Exu propôs um pacto a Orunmilá: Cada Yanguí seria uma representação sua e Orunmilá poderia consultá-los e mandá-los executar trabalhos sempre que fosse necessário. Orunmilá, então, perguntou-lhe por tudo o que havia devorado, inclusive sua mãe, e Exu respondeu:

"Òrúnmìlá kí o maa kési oun bí ó bá féé gba gbogbo àwon nkan bi eran ati eye tí òun ó máà ràn án lówó láti gbà padà fún láti owo àwon Omo aràyé”.
(Orunmilá deveria chamá-lo se ele queria recuperar a todos e cada um dos animais e das aves que ele tinha comido sobre a terra; ele (Exu) os assistiria para reavê-los das mãos dos seres humanos).

O que a lenda ensina é que Exu é um só subdividido em incontáveis partes e desta forma, todos os seres humanos, animais e vegetais, assim como os próprios orixás possuem os seus Exus individuais. Exu é o comunicador, o intermediário, o policial, o juiz e o carrasco e, da mesma forma que castiga os malfeitores, premia aqueles que agem corretamente. Exu é, portanto, a divindade de maior atuação no contexto religioso do candomblé. Exu resulta da interação Obatalá-Oduduwa e como o primeiro elemento procriado seria a personalização da energia que reúne os átomos, possibilitando a diferenciação da matéria a partir de uma essência única.

Ele é o grande transformador, o comunicador, o intermediário entre os homens e as divindades e entre estas e o supremo criador. O termo "Esu" pode ser traduzido como esfera. Elegbara é um dos títulos honoríficos de exú que significa: "aquele que possui poder ilimitado", e bara, elegba e legba são sinônimos ou corruptelas desta palavra. Ambos os termos se referem ao orixá exu, do qual se desconhece a existência de uma manifestação ou de um aspecto feminino. Exu é sempre masculino e seus símbolos são fálicos. As estatuetas que o representam possuem sempre um grande pênis em permanente estado de ereção. Èsú, Elégbára, Elégba ou ainda Légba, seriam os nomes pelos quais é conhecido este poderoso Orixá, o primeiro criado por Obatalá e Oduduwa, tendo Ogun como irmão mais novo.

O culto de Exu é muito individual. Cada indivíduo, assim como cada coisa possui o seu Legba, podendo, portanto, edificar o seu assentamento, onde poderá cultuá-lo e apaziguá-lo. Por sua importância e atributos, Exu é sempre o primeiro a ser homenageado e cultuado em todos os procedimentos ritualísticos. Seu caráter é ambíguo e faz o mal ou o bem de acordo com sua própria conveniência. A atitude do africano diante desta divindade é de profundo respeito devido ao seu poder de atuação sobre a vida e a morte, o sucesso e o fracasso, a riqueza e a miséria, de acordo com as determinações de Olodumare, de quem é o executor de ordens. Por este motivo, todos os seguidores da religião procuram estar bem com ele, evitando desagradá-lo para não se exporem à sua ira. Exu possui muitos nomes ou títulos honoríficos.

Dentre estes destacamos:
LOGEMO ORUN: Indulgente filho do céu.
A N'LA KA'LU: Aquele cuja grandiosidade se manifesta em plena praça.
PÁPÁ WÀRÀ: Aquele que apressadamente, faz com que as coisas aconteçam de repente.

A TÚKÁ MA SE SA: O que ele quebra em pequenos pedaços jamais poderá ser reconstituído.

Exu possui muitos emblemas, como a laterita, imagens de madeira ou de barro sempre encimadas por uma lâmina ou ponta afiada, bastões fálicos, etc... O Orixá Exu é o único dentre todos os demais, que tem seu campo de ação ilimitado, podendo atuar em todos os níveis da existência universal, permitindo por este motivo, que seja classificado tanto como Funfun como também como Ebora, tamanho é o seu poder de agir livremente. Exu é um só, embora possa manifestar-se de diversas e diferentes formas, sempre de acordo com a função que esteja exercendo, o papel que esteja desempenhando. Deus dos desvalidos, protetor de ladrões, arruaceiro, saltimbanco e mágico por excelência, assim é Exu, que só é coerente com sua própria incoerência e cuja fúria se aplaca com facilidade, mas que não conhece o perdão nem a piedade. Exu pode fazer as coisas mais incríveis e este seu atributo se exprime em trechos de seus orikís, conforme cita Pierre Verger.

Exu faz o erro virar acerto e o acerto virar erro.
É numa peneira que ele transporta o azeite que compra no mercado e o azeite não escorre desta vasilha.
Ele matou um pássaro ontem, com uma pedra que só hoje atirou. Se ele se zanga, pisa nessa pedra e ela põe-se a sangrar. Aborrecido, ele senta-se na pele de uma formiga. Sentado, sua cabeça bate no teto; de pé, não atinge nem mesmo a altura do fogareiro.

Na África existem relatos históricos sobre a existência de um personagem chamado Èsú Obasin que teria sido um dos acompanhantes de Oduduwa quando de sua chegada a Ifé. Segundo Epega, este personagem viria, mais tarde, a ser coroado rei de Ketu sob o nome de Èsú Alákétu. Como Orixá, Exu é o guardião das cidades, das casas, dos templos e das pessoas, servindo também, de intermediário entre os homens e os deuses. Na África, assim como no Brasil e em Cuba, nada se faz sem que antes, oferendas lhes sejam feitas, antes mesmo de qualquer outro Orixá. Exu é representado, entre os yorubás, por uma pedra chamada Yanguí, por uma cabeça ou corpo humano modelados em barro com olhos, ouvidos e bocas marcados por búzios, por pequenas estatuetas de madeira enfeitada com fieiras de búzios ou por simples símbolos fálicos, como o ogó, bastão de madeira que porta sempre e que lhe atribui o poder de deslocar-se rapidamente para pontos distantes.

Os elégun de Èsú, na Nigéria, recebem o nome de "OLÚPÒNA", participam das cerimônias em louvor aos demais Orixás e, em Holi, dançam nas cerimônias realizadas a cada quatro dias em honra a Ogun. Nestas cerimônias, os oluponan dançam carregando nas mãos os seus ogós. No ex-Dahome, entre os fon, Exu tem o nome de Légba e é representado por um monte de barro endurecido com a forma de um homem acocorado, sempre dotado de um falo de tamanho exagerado. Os légbas guardiães dos templos, manifestam-se através dos légbasi (filhos de legba), título equivalente ao Oluponan Yoruba. Os legbasis vestem-se com uma saia de ráfia tingida de roxo debaixo da qual trazem, oculto, um enorme falo de madeira que levantam, de vez em quando, de forma erótica. Entre os fon, existem diversos Legbas ou diferentes manifestações de um mesmo Vodun, que recebem os seguintes nomes e características:
Asi-Légba: O Legba dos mercados e feiras.

Agbonosu (Rei do portal): Representado por uma pequena escultura em barro colocado nas portas de entrada. É um Legba individual.
To-Légba: Protetor de uma cidade ou aldeia. É um Legba coletivo.
Zãgbeto-Légba: Protetor dos caçadores noturnos. Segundo se afirma, possui cornos.

Hun-Légba: Defensor dos templos. É Legba individual de cada Vodun.
Légba Agbãnukwe: O que fala no jogo de búzios. Corresponde a Èsú Akesan.

É o protetor, servidor e executor de Ifá. É ele que recebe os sacrifícios determinados por Ifá e deve ser sempre servido em primeiro lugar. Não existe nenhuma diferença de atribuições de Agbonosu e Agbãnukwe. Se o primeiro protege a casa contra a possível entrada de malefícios, o segundo, que deve permanecer num quarto dentro de casa, protege contra a negatividade dos próprios habitantes da mesma.

Certos signos de Ifá tais como Ofun Meji, Ogbe-Fun, Oxetura e Ofun-Yeku, exigem que seja feito um assentamento muito especial, denominado Légba Jobiona, onde os dois Legbas citados são cultuados em conjunto com a função de proteger a casa e toda a sua periferia. Este Legba excepcional exige obís de tantos quantos o visitem. Segundo a tradição nagô, somente os grandes Babalaôs podem possuí-lo. Algumas informações indicam a existência de um Legba com quatro cabeças, denominado Légba Aóvi, surgido do Odu Jaga, nome dado aos Odus Oxe-Irete e Irete-Oxe, signos cujos nomes não devem ser pronunciados em decorrência da grande carga de negatividade de que são portadores.

Um outro nome usado para mencionar estes Odus é Gadeglido.


No Brasil, por influência do cristianismo, esta magnífica entidade foi comparada ao diabo e, deste sincretismo, criou-se a imagem de Exu provida de rabo e chifres, portando tridentes e por vezes dotado de asas como as dos morcegos. Nas práticas umbandistas encontramos um outro tipo de manifestação de espíritos aos quais, talvez por influência do sincretismo com o Diabo, convencionou-se dar o nome de Exú. Estas entidades, que se apresentam sob diversas denominações tais como, Marabô, Tranca-Ruas, Veludo, Caveira, Pomba Gira, Maria Padilha, Molambo, etc., são na verdade, eguns, que se manifestam em seus médiuns para cumprirem as missões que lhes foram impostas, da mesma forma que outras que se identificam como pretos velhos, caboclos, boiadeiros, ciganos, etc.


É necessário que se saiba a diferença entre Exú-Orixá e estes outros tipos de entidades que não se encontram na mesma categoria hierárquica e que devem ser tratados e reverenciados de forma diferente e específica. Independente de não serem Orixás, estes seres espirituais possuem força e poder para resolverem problemas e prestarem auxílio a tantos quantos a eles recorram. O fato de Exu ser sincretizado com o diabo não serve, no entanto, de motivo para que cause grande terror entre os adeptos que sabem que, uma vez tratado convenientemente, servirá de protetor trabalhando para o bem. Todavia, o sincretismo faz com que poucas pessoas sejam consagradas a este Orixá.

As oferendas de Exu são, geralmente, entregues nas encruzilhadas e que ele gosta de comer galos e bodes, de preferência pretos, assim como farofas de dendê e outros pratos preparados com este óleo, embora se saiba que Exu come de tudo, com exceção de um óleo denominado àdi extraído dos cocos existentes dentro dos caroços de dendê. Exu aprecia ainda, oferendas compostas de bebidas alcoólicas e charutos. No Brasil, seu colar é composto de contas pretas e vermelhas alternadas uma a uma ou de sete em sete.

Assim como na África, suas oferendas são entregues antes de qualquer Orixá, e, antes de cada festa ritualística é preceituado numa cerimônia denominada "Ipadê" termo que, em Yoruba, significa "reunião".

Na Bahia, afirma-se existirem 21 Exus dos quais destacamos os seguintes: Exu Alaketu, Exu Laalu, Exu Ijelu, Exu Akesan, Exu Lonan, Exu Agbô, Exu Barabô, Exu Inan, Exu Tiriri e Exu Odara. Em Cuba, da mesma forma que no Brasil, Exu também foi sincretizado com o Diabo embora, lá, o Culto de Orunmilá tenha melhor preservado a verdadeira identidade do Orixá.

O caráter ambíguo de Exu, assim como o seu poder ilimitado é plenamente reconhecido pelos adeptos cubanos, tanto no âmbito da santeria como também em Ifá. Os babalaôs cubanos afirmam existirem cerca de duzentas qualidades de Exu ou Elleguá - como o chamam - oriundas dos 256 Odu-Ifá, explicando que, o Exu individual de cada pessoa será sempre aquele que vier através de seu Odu pessoal. Dentre as muitas "qualidades" de Exu cultuadas entre os cubanos destacamos alguns que relacionamos a seguir com seus atributos específicos:

Laroye - Revolucionário e guerreiro.
Arayeyi - Porteiro de Olófin.
Ileloya - É o guardião das praças, seu habitat.
Laalu - O senhor dos quatro caminhos.
Marilaye - Possui quatro bocas e quatro olhos.
Ogunilebe - Anda nas estradas e provoca acidentes.
Laje - Vive num caramujo aje.
Obasinlaye - Acompanha Oduduwa.
Lode - Protetor do lado de fora da casa.
Wenke - Aquele que fala a verdade e a mentira.
Kakosa - Possui duas caras viradas em sentidos opostos.
Aloba - Vive no alto da montanha.
Oniburu - Acompanhante de Orixá Oko.
Egbasama - É maligno.
Alimu - Ajuda Oya no controle dos Eguns.

Os fios e contas de Exu em Cuba são inteiramente negros existindo variações de acordo com algumas "qualidades". Inúmeros itans de Ifá coletados em Cuba narram as aventuras de Exu, ao mesmo tempo em que ressaltam aspectos de seu caráter.


ESU - ELEGBARA

No maravilhoso panteão africano existem centenas de entidades espirituais, objeto de culto dos seguidores das religiões africanas. Todos esses deuses representam manifestações diferenciadas de um Deus supremo, Olodumare, e se encontram divididos em duas hierarquias distintas. Os orixás Funfun ou orixás do branco, pertencentes a mais alta escala hierárquica, teriam participado da criação do universo, conhecido e desconhecido, seu número é incalculável, como desconhecidos são, na maior partes das vezes, seus nomes e funções.
Numa hierarquia imediatamente abaixo, encontram-se os Ebóras, os mais conhecidos e cultuados pelos seres humanos em decorrência de sua maior proximidade. Estas entidades estão relacionadas aos elementos naturais, aos fenômenos e manifestações da natureza, como também aos reinos mineral, animal e vegetal. Acessam e influenciam também os planos sutis de existência, como o etérico, o astral, o mental, etc.
Desta forma, pertencem a categoria mais elevada orixás como OBATALÁ, ORUNMILÁ, ODUDUWA, OXAGUIAN, OXALUFAN, BABÁ AJALÁ, além de muitos outros, enquanto que os mais conhecidos e cultuados como OGUN, XANGÔ, OXÓSSI, OXUN, YEMANJÁ, IYANSAN, etc., fazem parte do grupo de Ebóras, embora recebam, também, a denominação de orixás.
Apesar da perfeita distinção hierárquica, nenhum deles é tão importante, tão poderoso e ao mesmo tempo tão injustiçado quanto Exú.
Desde o primeiro contato com os seguidores do culto aos orixás, os missionários cristãos, reconhecendo o grande poder e a enorme influência exercida por Exú sobre os povos aos quais pretendiam dominar pela imposição de suas religiões, trataram de desmoralizar esta entidade e a única forma que encontraram para isso foi associá-lo à execrável figura do seu próprio demônio.
A concepção de um ser inteiramente mau era, para o negro africano, absolutamente inexistente. O mal e o bem se confundiam e sua distinção ficava dependendo da posição ocupada por cada um diante de um acontecimento qualquer. O que era mal para um, poderia representar o benefício de outro e vice-versa.
A prática de maldades era atribuída à certas entidades possuidoras do poder da feitiçaria, denominadas AJÉS e que, independente de sua ação quase sempre maléfica, podiam também praticar o bem, sempre que isto lhes aprouvesse.
Quando o culto se estabeleceu nas Américas a confusão já estava estabelecida, muito embora os seguidores do verdadeiro candomblé tenham a plena consciência de que Exú não é o diabo cristão e nada tem a ver com aquela figura maléfica.
Com o surgimento da umbanda, a confusão tornou-se ainda maior. Determinadas entidades espirituais, dotadas de características próprias e "modus operandis" semelhantes, foram confundidas com Exú, quando na verdade são espíritos desencarnados, eguns, que através das manifestações mediúnicas visam cumprir missões que não me cabe explicar.
Não existe Exú fêmea e o Exú de qualquer orixá, seja este masculino ou feminino, será sempre um Exú orixá e, portanto, masculino.
As chamadas pomba giras, assim como os denominados Exús cultuados na umbanda e que, como já foi anteriormente dito, são na realidade eguns, não podem, portanto, ser cultuados como Bara individual de ninguém e, muito menos, assentados como Exús de qualquer orixá.
A verdadeira importância de Exú deve ser resgatada e seu status, enquanto Orixá, revelado, muito embora isto possa provocar tensões entre numerosos segmentos de adeptos, tanto da Umbanda, quanto do Candomblé.
Todavia, é necessário que se esclareça quem é Exú na realidade, e principalmente, qual a sua importância, não só na manutenção de toda a estrutura filosófica do culto, como também no que se refere à existência de todas as formas de vida manifestadas a nível material e espiritual.
EXÚ é, na realidade, um orixá de altíssima hierarquia e muitos são os seus atributos, podendo mesmo ser considerado como o alicerce sobre o qual se apóia todo o nosso sistema religioso.
É Exú quem transporta as oferendas destinadas à qualquer orixá e até mesmo à Iyámi Ajé e, nesta função recebe o nome de ÈSÙ OJISÉ ELÉBÓ.
Com o titulo de ELERU, assume a função de patrono do carrego e é ele quem transporta todas as restituições à terra em forma de oferendas feitas pelos homens.
No orí de cada indivíduo, Exú está associado ao destino e ao Iporí de cada um como o seu Exú ou Bara Pessoal. Está ligado, ainda, à boca e ao estômago, lugares por onde passam os alimentos e ai destaca-se sua função de ENUGBARIJÓ, a boca coletiva ou boca do mundo.
Ogum é o primogênito na constelação dos orixás, mas exu é o primogênito do universo, o primeiro procriado na interação dos dois princípios distintos de Olodumare: OBATALÁ E ODUDUWA.
Este é ÈSÙ AGBÀ, o Exu Ancestre, também chamado de ÈSÙ YANGÍ.
Yanguí, a representação mais importante de exu, é assim saudado nos terreiros: ÈSÙ YANGI OBA BABA ÈSÙ = EXU YANGUÍ, REI-PAI DE TODOS OS EXUS.

Diferentes origens de Exu são narradas em diversos itans de Ifá e uma delas, que determina a ligação existente entre Exu e Orunmilá, contida no Odu Ogbehunle, conta que “... quando Olodumare e Obatalá estavam começando a criar o ser humano, criaram, antes, a Exu. Tendo visto Exu na casa de Obatalá, Orunmilá demonstrou o desejo de possuir um, mas foi-lhe recomendado que voltasse um mês mais tarde porque tudo o que vira estava ainda em fase experimental”.
Inconformado, Orunmilá insistiu tanto que Obatalá resolveu atender à sua vontade, orientando-o para que pusesse as mãos sobre a cabeça de Exu e que, voltando para casa, fizesse sexo com sua mulher. Tudo foi feito de acordo com a orientação de Obatalá e, doze meses depois, Yebìirú, mulher de Orunmilá, deu à luz um filho do sexo masculino e porque Obatalá dissera que a criança seria Alágbára (Senhor do Poder), Orunmilá resolveu chamá-lo de Elégbára.
Logo que seu pai pronunciou seu nome, a criança começou a chorar e a dizer:
IYÁ, IYÁ, NG O JE EKU - (Mãe, mãe, eu quero comer preás).
Ouvindo os apelos de seu filho, a mãe respondeu de imediato:
OMO NAA JEÉ! - Filho, come, come!
OMO L'OKÙN, - Um filho é como contas de coral vermelho,
OMO NI DE, - Um filho é como cobre,
OMO NI JÌNGÌNDÌNRÌNGÌN. - Um filho é como uma alegria inextinguível,
A MU SE YÌ, MÙ S'ÒRUN - Uma honra apresentável, que nos.
ARA ENI. - nos representará depois da morte.
O relato se estende mostrando como Exu, servido por sua mãe, devorou todos os quadrúpedes, aves e peixes e, não tendo mais nenhum animal sobre a face da terra, engoliu a própria mãe.
Assustado com o ocorrido, Orunmilá consultou o oráculo e lhe foi recomendado fazer um ebó composto de uma espada, um bode e quatorze mil caurís. Feita a oferenda, Orunmilá aproximou-se de Exu, que não parava de chorar e de gritar.
"BÀBÁ, BÀBÁ, NG Ò JE Ó Ó! "
(Pai, pai, eu quero comê-lo!)
- berrou o menino. Orunmilá, então, cantou a canção da mãe de Exu e quando este se aproximou para devorá-lo, atacou-o com a espada do ebó. Exu foi então cortado em duzentos pedaços e cada pedaço transformava-se num novo Yanguí, num novo Exu.
A perseguição se estendeu pelos nove oruns e, em cada um deles, Exu era seccionado em duzentas partes e cada uma delas se transformava num novo yanguí.
No último orun, depois de ser novamente retalhado, Exu propôs um pacto a Orunmilá: Cada Yanguí seria uma representação sua e Orunmilá poderia consultá-los e mandá-los executar trabalhos sempre que fosse necessário.
Orunmilá, então, perguntou-lhe por tudo o que havia devorado, inclusive sua mãe, e Exu respondeu:
ÒRÚNMÌLÁ KÍ O MAA KÉSI OUN BÍ Ó BÁ FÉÉ GBA GBOGBO ÀWON NKAN BI ERAN ATI EYE TÍ ÒUN Ó MÁÀ RÀN ÁN LÓWÓ LÁTI GBÀ PADÀ FÚN LÁTI OWO ÀWON OMO ARÀYÉ.
(Orunmilá deveria chamá-lo se ele queria recuperar a todos e cada um dos animais e das aves que ele tinha comido sobre a terra; ele (Exu) os assistiria para reavê-los das mãos dos seres humanos).

O que a lenda ensina é que Exu é um só subdividido em incontáveis partes e desta forma, todos os seres humanos, animais e vegetais, assim como os próprios Orixás possuem os seus Exus individuais. Ele é o comunicador, o intermediário, o policial, o juiz e o carrasco e, da mesma forma que castiga os malfeitores, premia aqueles que agem corretamente.
Exú é, portanto, a divindade de maior atuação no contexto religioso do Candomblé.
Resultado da interação Obatalá-Oduduwa é o primeiro elemento procriado que, esotericamente, seria a personalização da energia que reúne os átomos, possibilitando a diferenciação da matéria a partir de uma essência única. É o grande transformador, o comunicador, o intermediário entre os homens e as Divindades e entre estas e o Supremo Criador. O termo "Esú" pode ser traduzido como esfera.
Elegbara é um dos títulos honoríficos de Exú que significa: "Aquele que possui poder ilimitado", e Bara, Elegba e Legba são sinônimos ou corruptelas desta palavra.
Ambos os termos se referem ao Orixá Exú, do qual se desconhece a existência de uma manifestação ou de um aspecto feminino. Exú é sempre masculino e seus símbolos são fálicos. As estatuetas que o representam possuem sempre um grande pênis em permanente estado de ereção.

Èsú, Elégbára, Elégba ou ainda Légba, seriam os nomes pelos quais é conhecido este poderoso Orixá, o primeiro criado por Obatalá e Oduduwa, tendo Ogun como irmão mais novo.
O culto de Exú é muito individual: cada indivíduo, assim como cada coisa possui o seu Legba, podendo, portanto, edificar o seu assentamento, onde poderá cultuá-lo e apaziguá-lo.
Os Odu-Ifá que falam exclusivamente de Legba são Odi-Gundá, Gunda-Di e Odi-Turukpon.
Por sua importância e atributos, Exú é sempre o primeiro a ser homenageado e cultuado em todos os procedimentos ritualísticos. Seu caráter é ambíguo e faz o mal ou o bem de acordo com sua própria conveniência.
A atitude do africano diante desta divindade é de verdadeiro pavor, devido ao seu poder de atuação sobre a vida e a morte, o sucesso e o fracasso, a riqueza e a miséria, de acordo com as determinações de Olodumare, de quem é o executor de ordens. Por este motivo, todos os seguidores da religião procuram estar bem com ele, evitando desagradá-lo para não se exporem à sua ira.

"BI Á BÁ RÚBO, KI Á MÚ T'ÈSÚ KURO”
(Quando qualquer sacrifício é oferecido, a parte que cabe à Exú deve ser depositada diante dele).

Esta regra deve ser sempre observada porque desta forma evita-se que, com atitudes maliciosas, Exú venha a ocasionar contratempos e confusões de todos os tipos.
Numa das mais importantes louvações de Exú, encontramos a expressão "ÈSÚ, OTÁ ÒRISÁ" - "Exú, o adversário dos Orixás" - o que reafirma os constantes problemas existentes entre eles, ocasionados pela disputa do poder e da autoridade.
Entre os muitos nomes ou títulos honoríficos de Exú, destacamos:
Logemo orun: Indulgente filho do céu.
A n'la ka'lu: Aquele cuja grandiosidade se manifesta em plena praça.
Pápá Wàrà: Aquele que apressadamente, faz com que as coisas aconteçam de repente.
A túká ma se sa: O que ele quebra em pequenos pedaços jamais poderá ser reconstituído.

Exú possui muitos emblemas, como a laterita, imagens de madeira ou de barro sempre encimadas por uma lâmina ou ponta afiada, bastões fálicos, etc...
O Orixá Exú é o único dentre todos os demais, que tem seu campo de ação ilimitado, podendo atuar em todos os níveis da existência universal, permitindo por este motivo, que seja classificado tanto como Funfun como também como Ebora, tamanho é o seu poder de agir livremente.
Exú é um só, embora possa manifestar-se de diversas e diferentes formas, sempre de acordo com a função que esteja exercendo, o papel que esteja desempenhando.
Deus dos desvalidos, protetor de ladrões, arruaceiro, saltimbanco e mágico por excelência, assim é Exú, que só é coerente com sua própria incoerência e cuja fúria se aplaca com facilidade, mas que não conhece o perdão nem a piedade.
Exu pode fazer as coisas mais incríveis e este seu atributo se exprime em trechos de seus orikís, conforme cita Pierre Verger:
Exu faz o erro virar acerto e o acerto virar erro.
É numa peneira que le transporta o azeite que compra no mercado; o azeite não escorre desta vasilha.
Ele matou um pássaro ontem, com uma pedra que só hoje atirou.
Se ele se zanga, pisa nessa pedra e ela põe-se a sangrar.
Aborrecido, ele senta-se na pele de uma formiga.
Sentado, sua cabeça bate no teto; de pé, não atinge nem mesmo a altura do fogareiro.

Exu na África.
Na África existem relatos históricos sobre a existência de um personagem chamado Èsú Obasin que teria sido um dos acompanhantes de Oduduwa quando de sua chegada a Ifé.
Segundo Epega, este personagem bem viria, mais tarde, a ser coroado rei de Ketu sob o nome de Èsú Alákétu.
Como Orixá é o guardião das cidades, das casas, dos templos e das pessoas, servindo também, de intermediário entre os homens e os deuses.
Na África, assim como no Brasil e em Cuba, nada se faz sem antes, oferendas lhes selam feitas, antes mesmo de qualquer outro Orixá.
Exu é representado, entre os yorubás, por uma pedra chamada YANGUÍ, por uma cabeça ou corpo humano modelados em barro com olhos, ouvidos e bocas marcados por búzios, por pequenas estatuetas de madeira enfeitada com fieiras de búzios ou por simples símbolos fálicos, como o ogó, bastão de madeira que porta sempre e que lhe atribue o poder de deslocar-se rapidamente para pontos distantes.
Os elégun de Èsú, na Nigéria, recebem o nome de OLÚPÒNA, participam das cerimônias em louvor aos demais Orixás e, em Holi, dançam nas cerimônias realizadas a cada quatro dias em honra a Ogun. Nestas cerimônias, os oluponan dançam carregando nas mãos os seus ogós.
No ex-Dahome, entre os fon, tem o nome de Légba e é representado por um monte de barro endurecido com a forma de um homem acocorado, sempre dotado de um falo de tamanho exagerado.
Os légbas guardiães dos templos, manifestam-se através dos légbasi (filhos de legba), título equivalente ao Oluponan yoruba.
Os legbasis vestem-se com uma saia de ráfia tingida de roxo debaixo da qual trazem, oculto, um enorme falo de madeira que levantam, de vez em quando, de forma erótica.
Entre os fon, existem diversos Legbas ou diferentes manifestações de um mesmo Vodun, que recebem os seguintes nomes e características:
Asi-Légba: O Legba dos mercados e feiras.
Agbonosu (Rei do portal): Representado por uma pequena escultura em barro colocado nas portas de entrada. É um Legba individual.
To-Légba: Protetor de uma cidade ou aldeia. É um Legba coletivo.
Zãgbeto-Légba: Protetor dos caçadores noturnos. Segundo se afirma, possui cornos.
Hun-Légba: Defensor dos templos. É Legba individual de cada Vodun.
Légba Agbãnukwe: O que fala no jogo de búzios. Corresponde a Èsú Akesan. É o protetor, servidor e executor de Ifá. É ele que recebe os sacrifícios determinados por Ifá e deve ser sempre servido em primeiro lugar. Não existe nenhuma diferença de atribuições de Agbonosu e Agbãnukwe. Se o primeiro protege a casa contra a possível entrada de malefícios, o segundo, que deve permanecer num quarto dentro de casa, protege contra a negatividade dos próprios habitantes da mesma.
Certos signos de Ifá tais como Ofun Meji, Ogbe-Fun, Oxetura e Ofun-Yeku, exigem que seja feito um assentamento muito especial, denominado Légba Jobiona, onde os dois Legbas citados são cultuados em conjunto, com a função de proteger a casa e toda a sua periferia. Este Legba excepcional exige obís de tantos quantos o visitem. Segundo a tradição nagô, somente os grandes Babalaôs podem possuí-lo.
Possuímos ainda informações da existência de um Legba com quatro cabeças, denominado Légba Aóvi, surgido do Odu Jaga (nome dado aos Odus Oxe-Irete e Irete-Oxe, signos cujos nomes não devem ser pronunciados em decorrência da grande carga de negatividade de que são portadores, um outro nome usado para mencionar estes Odus, é Gadeglido).

EXU NO BRASIL
No Brasil, por influência do cristianismo, esta magnífica entidade foi comparada ao diabo e, deste sincretismo, criou-se a imagem de Exú provida de rabo e chifres, portando tridentes e por vezes dotado de asas como as dos morcegos.
Nas práticas umbandistas encontramos um outro tipo de manifestação de espíritos aos quais, talvez por influência do sincretismo com o Diabo, convencionou-se dar o nome de Exú.
Estas entidades, que se apresentam sob diversas denominações tais como, Marabô, Tranca-Ruas, Veludo, Caveira, Pomba Gira, Maria Padilha, Molambo, etc., são na verdade, eguns, que se manifestam em seus médiuns para cumprirem as missões que lhes foram impostas, como também a outras que se identificam como pretos velhos, caboclos, boiadeiros, ciganos, etc.
É necessário que se saiba a diferença entre Exú-Orixá e estes outros tipos de entidades, que não se encontram na mesma categoria hierárquica e que devem ser tratados e reverenciados de forma diferente e específica, mas que, independente de não serem Orixás, possuem força e poder para resolverem problemas e prestarem auxílio a tantos quantos a eles recorram.
O fato de Exu ser sincretizado com o diabo, não serve, no entanto, de motivo para que cause grande terror entre os adeptos que sabem que, uma vez tratado convenientemente, servirá de protetor, trabalhando para o bem.
Todavia, o sincretismo faz com que poucas pessoas sejam consagradas a este Orixá.
Suas oferendas são, geralmente, entregues nas encruzilhadas e gosta de comer galos e bodes, de preferência pretos, assim como farofas de dendê e outros pratos cozidos com este óleo, embora se saiba que Exu come de tudo, com exceção de um óleo denominado àdi, extraído dos cocos existentes dentro dos caroços de dendê.
Exu aprecia ainda, oferendas com postas de bebidas alcoólicas e charutos.
No Brasil, seu colar é composto de contas pretas e vermelhas alternadas uma a uma ou de sete em sete.
Assim como na África, suas oferendas são entregues antes de qualquer Orixá, e, antes de cada festa ritualística é preceituado numa cerimônia denominada "padê" termo que, em yoruba, significa "reunião".
Na Bahia afirma-se existirem 21 Exus dos quais destacamos os seguintes:
Exu Alaketu, Exu Láàlú, Exu Ijelu, Exu Àkesán, Exu Lonan, Exu Agbô, Exu Barabô, Exu Inan, Exu Tiriri e Exu Odara.

EXU NO CARIBE
Em Cuba, da mesma forma que no Brasil, Exu também foi sincretizado com o Diabo embora, lá, o Culto de Orunmilá tenha melhor preservado a verdadeira identidade do Orixá.
O caráter ambíguo de Exu, assim como o seu poder ilimitado é plenamente reconhecido pelos adeptos cubanos, tanto no âmbito da santeria com também em Ifá.
Os babalaôs cubanos afirmam existirem cerca de duzentas qualidades de Exu ou Eleguá como o chamam, oriundas dos 256 Odu-Ifá, explicando que, o Exu individual de cada pessoa será sempre aquele que vier através de seu Odu pessoal.
Dentre as muitas "qualidades" de Exu cultuadas entre os cubanos destacamos alguns que relacionamos a seguir com seus atributos específicos:
Laroye - Revolucionário e guerreiro.
Arayeyi - Porteiro de Olófin.
Ileloya - É o guardião das praças, seu habitat.
Laalu - O senhor dos quatro caminhos.
Marilaye - Possui quatro bocas e quatro olhos.
Ogunilebe - Anda nas estradas e provoca acidentes.
Laje - Vive num caramujo aje.
Obasinlaye - Acompanha Oduduwa.
Lode - Protetor do lado de fora da casa.
Wenke - Aquele que fala a verdade e a mentira.
Kakosa - Possui duas caras viradas em sentidos opostos.
Aloba - Vive no alto da montanha.
Oniburu - Acompanhante de Orixá Oko.
Egbasama - É maligno.
Alimu - Ajuda Oya no controle dos Eguns.
Os fios e contas de Exu em Cuba são inteiramente negros existindo variações de acordo com algumas "qualidades".
Inúmeros itans de Ifá coletados em Cuba narram as aventuras de Exu, ao mesmo tempo em que ressaltam aspectos de seu caráter.
Apresentamos, aqui, um destes contos, constante de um trabalho a ser publicado em breve
A CABEÇA DO CARANGUEJO.
Quando o mundo foi criado, nenhum animal possuía cabeça.
Entretanto, Olofin havia prometido que um dia, todos seriam aquinhoados com cabeças, mas, como se tratasse de um número muito grande de pretendentes, não havia previsão de data para a entrega. A verdade é que todos andavam muito ansiosos pelo momento de poderem desfilar exibindo belas cabeça, dotadas, segundo se dizia, de olhos, boca, orelhas e tudo o mais que compõe uma boa e verdadeira cabeça.
Naquela época o caranguejo era um bom adivinho e vivia desta atividade. Todos os bichos da região eram seus clientes e ele orgulhava-se de jamais haver falhado numa previsão.
O caranguejo cultuava Exu, de quem era muito íntimo e com quem dividia, de bom grado, tudo o que recebia na sua função de adivinho. Desta forma, mantinha-se sempre, muito bem informado de tudo o que acontecia, tanto no Aye, quanto no Orun.
Sabemos, com certeza, que era Exu quem sustentava o dom de adivinhar do caranguejo.
Um belo dia, logo pela manhã, Exu foi à casa do amigo para lhe dar, em primeira mão, a grande e tão esperada notícia: no dia seguinte Olodumare, que já não agüentava mais tanta reclamação, distribuiria cabeças entre os animais. Havia, no entanto, um pequeno problema: o número de cabeças existentes não era suficiente para atender a demanda toda e, por este motivo, aqueles que chegassem por último ao Orun, continuariam acéfalos.
- "Não contes a ninguém o que te estou revelando. Trata de chegar primeiro e assim poderás escolher a melhor cabeça que estiver disponível. Depois podes espalhar a notícia entre todos". Disse Exu ao caranguejo.
Ora, como já sabemos, o caranguejo zelava muito bem por sua fama de adivinho e assim, não se sabe se por força de ofício ou por simples vaidade, logo que Exu foi embora, saiu batendo de porta em porta, espalhando a boa nova e sendo por isto, muito bem recompensado pelos vizinhos.
Atrapalhado com tantos presentes, caminhava cada vez mais lentamente, mas não parou até que o último dos bichos tivesse sido avisado.
Os animais, logo que sabiam da novidade, abandonavam o que quer que estivessem fazendo e corriam para o Orun, em cuja porta já se havia formado uma imensa fila.
A confusão era tão grande que senhas foram distribuídas para que a ordem de chegada fosse respeitada, já que alguns retardatários, usando de força, tentavam furar a fila.
Somente depois de voltar à sua casa, onde guardou os presentes que havia recebido em troca da informação, é que o caranguejo, após tomar um bom banho, dispôs-se a ir buscar sua própria cabeça. Contudo, quando finalmente chegou no Orun, era tarde demais, não existia mais uma cabeça sequer e, desta forma, por não saber guardar segredo, nosso herói ficou privado de adquirir uma cabeça.
Zangado e decepcionado com a atitude do amigo, Exu negou-se, para sempre, a ajudá-lo no ofício de adivinho e, desmoralizado e triste, o caranguejo internou-se no pântano onde vive até hoje enterrado na lama e... Sem cabeça, é claro!

Adilson de Oxalá – Awo BIBLIOGRAFIA:
Adilson de Oxalá – IGBADU A CABAÇA DA EXISTÊNCIA.
Adilson de Oxalá - LENDAS DE EXU (No prelo).
Autor desconhecido – NOTAS SOBRE A SANTERIA CUBANA – TRATADO DE ELEGBARA.
Idowu, E. Bolaji – OLODUMARE – GOD IN YORUBA BELIEF.
Verger, Pierre – ORIXÁS: DEUSES NA ÁFRICA E NO NOVO MUNDO.
Verger, Pierre - CULTO DOS ORIXÁS in ICONOGRAFIA DOS DEUSES AFRICANOS NO CANDOMBLÉ DA BAHIA.
Santos, Juana Elbein dos - OS NAGÔS E A MORTE.
















Bons Pensamentos



É muito triste para nós, que praticamos a Religião dos Òrìsà, ver a forma com que ela é tratada, com sinais pejorativos, nos meios religiosos e mais populares da imprensa. Uma grande maioria de pessoas nunca se preocupou em buscar informações adequadas quanto as Origens e Princípios desta Doutrina Religiosa para tecer suas opiniões.
Veja que refiro-me à Religião dos Òrìsà e não aos Cultos Afro-brasileiros que receberam o nome de Candomblé e Umbanda. Portanto, peço que não seja confundida pelo simples fato de possuir nomes parecidos, ou carregarem como estandarte o nome dos Òrìsà.
A Religião dos Òrìsà é Puramente Tradicional aos Costumes Religiosos do Povo Yorùbá, que vivem no Oeste Africano, em um território que compreende parte da República Federativa da Nigéria, República de Benin e Togo.
Há, na Religião dos Òrìsà, uma Filosofia de Vida Extremamente Pura, onde se busca conhecer, estudar, e utilizar as Forças e os Elementos da Natureza. Para vários Elementos, e Forças, da Natureza foram criados arquétipos humanos e transformados em Divindades, no intuito de buscar o auto conhecimento. Buscar o sentido de uma encarnação, de uma passagem pela vida terrena e também explicações para várias situações vividas.
Estudiosos e pesquisadores de origem Yorùbá, há aproximadamente 6.000 anos, vem analisando o comportamento humano, configurando os arquétipos da personalidade e caráter das Divindades, com base naquilo que vão presenciando e vivendo. Formaram uma configuração de 4096 lendas que recebem o nome de Odù, e que um Sacerdote, que deseja recebe o Título de Babaláwo deve conhecer profundamente, para poder dar diagnósticos dos acontecimentos vividos por aquele que tenha intenção de Consultá-los.
Sabem, estes Estudiosos Sacerdotes Babaláwo que, a vida é cíclica, e os fatos estudados, e configurados nas lendas dos Odù, vão se repetir na Vida de outros. Cientes disso preparam-se, pelo estudo e conhecimentos das lendas e, quando consultados, sabem de antemão o que esta previsto nos acontecimentos futuros, em decorrência da situação para que eram consultados. Aconselham então as mudanças de atitudes necessárias para que os fatos desagradáveis das lendas não tornem a acontecer. Aconselham que sejam feitas oferendas para as Divindades, a fim de que, Elas, como Emissárias de Deus na Terra, propiciem os acontecimentos desejados, ou a reversão de um fato desagradável apontado pela lenda do Odù, que o ciclo faria acontecer novamente.
Esta é a maneira de utilização dos sistemas Oraculares, que recebem o nome de Ifá. Várias são as formas dos Oráculos de Ifá, mas a sistemática para obtenção do aconselhamento Divino é uma só. A que sintetizei anteriormente. Quem estuda as Tradições Religiosas Yorùbá irá encontrar uma semelhança muito grande, posso até dizer que, exagerada é essa semelhança, com os estudos esotéricos e holísticos que hoje revolucionam o Planeta, onde a Ciência comprova, e atesta, a Fé.
A opinião pública popular transformou várias Figuras e gerou controversas, opostas a Tradição Religiosa dos Òrìsà. Uma dessas figuras deturpadas é a da Divindade Èsù (Exú).
Èsù é a Divindade da Vida, do Movimento e da Ação. Primogênito da Criação, portanto é o primeiro ser Criado por Elédùmarè. Elédùmarè é o Deus Único e Supremo. Onipotente, Onipresente e Onisciente. Na mitologia Yorùbá somente três Divindades são capazes de Suportar o Esplendor de Elédùmarè, são elas: Èsù, Òrúnmìlà (Divindade dos Oráculos Ifá) e Òséèturà. Nenhuma outra Divindade poderá estar "diretamente" diante, ou na presença, de Deus.
É Èsù quem forma a Santa Trindade Yorùbá, juntamente com Obàtálá e Odùduwà. Semelhantemente, o Cristianismo utilizou-se de uma Trindade parecida, onde citam: Pai, Filho e Espírito Santo. A Trindade Yorùbá é composta pelas duas primeiras figuras criadas "de" Elédùmarè, ou seja, Obàtálá, o princípio masculino da Criação, e Odùduwà, o princípio feminino. O terceiro elemento, como ser criado "por " Elédùmarè, é o Filho, Èsù, gerado de um montículo de barro, que Elédùmarè ficou fascinado pela beleza dele. Podemos então assemelhar a lenda da criação de Èsù, com a lenda da criação de Adão. Por este motivo, encontramos em Cuba, Èsù sincretizado com o Menino Jesus, pois em todas as lendas Èsù sempre é citado como um jovem adolescente, com todas as propriedades características de personalidade que essa faixa etária permite ter.
Assim, Èsù e Òséèturà são os Mensageiros de todas as outras Divindades, e é claro, são Eles que conduzem os pedidos dos Homens até Deus, e voltam com as "respostas". Também são os únicos que tem acesso livre do Òrun (o Além) para o Àiyé (O Mundo). Èsù leva o pedido, a solicitação, o desejo dos homens, e Òséèturà leva as oferendas, só formando esse par é que são aceitos na presença de Deus.
Notem que a concepção Religiosa da Divindade Èsù (Exú) está muito distante da concepção popular pejorativa formada, e divulgada, no Brasil. Com os conhecimentos que as Divindades Yorùbá são Forças e Elementos da Natureza, e não seres espirituais, e também cientes que o homem não gera somente seres humanos, de corpo físico, de carne e osso, os Sacerdotes Babaláwo observaram, por análise, que o homem também gera seres energéticos, que convivem a sua volta e coabitam suas residências. Muito semelhante ao que os esotéricos chamam, e denominam, por Egrégora.
Esse ser criado, a partir da Energia do Pensamento Humano, convive e mora nas residências dos homens. Para essa Egrégora, os Yorùbá dão o nome de Èsù Onílé. Ou seja, a tradução literal é Onílé = Dono da Casa. Portanto, Èsù Onílé é um ser energético criado a partir da Energia do Pensamento de Todas das Pessoas que habitam um lar. Èsù Onílé é merecedor de um Altar de Louvor, que recebe também o nome de Ojúbo, e é colocado o mais próximo da porta, ou passagem de entrada, das residências Yorùbá. Ali Ele recebe oferendas de comidas e rezas, no sentido de manter o equilíbrio, a paz, a harmonia, a saúde, a prosperidade, a fartura daquele lar. Porém, temos que notar: Èsù Onílé pode ser bom ou ruim, ágil ou estático, saudável ou doente, guerreiro ou pacífico, e assim sucessivamente, em decorrência da energia do "pensamento" das pessoas que habitam aquele lar, que o criaram, o desenvolvem, ou o mudam. Èsù Onílé está sempre em desenvolvimento e mutação, é óbvio que, em decorrência dos atos e pensamentos dos que o mantém, por isso ele é um Èsù, pois Èsù é Vida, é Movimento, portanto é tudo o que pode acontecer naquele ambiente. Èsù Onílé não muda de residência ou habitação. Quando uma família se muda de residência, Èsù Onílé permanece onde foi criado, e aqueles que vierem a residir futuramente naquela casa, irão estar sobre a influência do Èsù Onílé que a antiga família, ou pessoas, formaram e configuraram. Desta forma, toda casa, toda construção civil tem um Èsù Onílé, seja ela uma construção residencial ou comercial.
Posso também aproximar Èsù Onílé das chamadas Larvas Espirituais, velhas conhecidas pelos adeptos das Doutrinas de Kardec. Larvas que, segundo essa Doutrina, se movimentam vivas, pelas paredes das residências. Quando Èsù Onílé é criado a partir de uma energia ruim, pesada, desagradável, pessimista, inerte, configura-se parecidíssimo com as larvas, que deprimem os habitantes de uma casa, seja ela comercial ou residencial. Posso afirmar com toda segurança que, um imóvel que possua um Èsù Onílé ruim, mal formado, nunca será um imóvel claro, por mais lâmpadas que se mantenham acesas. Será um imóvel "doente" energéticamente, merecedor de terapias e tratamentos apropriados. Muito trabalho e dedicação é necessário por todos que vivem em uma casa, para manter Èsù Onílé equilibrado. Pior é quando se vai viver em uma casa onde os antigos moradores geraram um Èsù Onílé sobre bases de energias ruins e pesadas. A transformação dele requer extrema dedicação e perseverança, muita força do pensamento, muito otimismo, muita Fé na reversão do quadro. Mas é plenamente possível a mudança de estado emocional do Onílé.
O que pretende mostrar a Religião dos Òrìsà, com essa apresentação ritualística toda, é que, um Lar, ou um ambiente de trabalho, harmonioso, saudável e próspero, é formado pelos bons pensamentos e atitudes das pessoas que convivem nele. Pessoas alegres, sorridentes, otimistas, saudáveis, religiosas irão viver o progresso, tanto espiritual quanto material, em um equilíbrio quase perfeito. Com esse objetivo, essa Cultura Religiosa faz louvores e oferendas à Deus, através daquilo que convencionou chamar por Èsù Onílé.
Este conhecimento, do Povo Yorùbá, faz parte da Filosofia da Religião dos Òrìsà e que se assemelha com muitos outros estudos esotéricos, ou também filosóficos de outras Religiões. Essa é outra Verdade Religiosa envolvendo uma Doutrina Singular, que é a Doutrina dos Òrìsà, e não a versão pejorativa, mais conhecida popularmente, imposta pelos que nunca nela se aprofundaram.

Amèyìn Gbómo Ekùn -Luiz de Ògún

ORÍKÌ TI ÈSÚ

IYÌN O, IYÌN O ÈSÚ N MÁ GBÒ O
IYÌN O, IYÌN O ÈSÚ N MÁ GBÒ O
IYÌN O, IYÌN O ÈSÚ N MÁ GBÒ O
IYÌN O, IYÌN O ÈSÚ N MÁ GBÒ O
ÈSÚ LÁARÓYÈ, ÈSÚ LÁARÓYÈ
IYÌN O, IYÌN O ÈSÚ N MÁ GBÒ O
ÈSÚ LÁÀLÚ OGIRI ÒKÒ EBÌTÀ OKÙNRIN
IYÌN O, IYÌN O ÈSÚ N MÁ GBÒ O
ÈSÚ ÒTA ÒRÌSÀ
IYÌN O, IYÌN O ÈSÚ N MÁ GBÒ O
OSÉTÙRÁ L’ORUKO BÀBÁ MÓ Ó
ALÁGOGO ÌJÀ L’ORUKO ÌYÁ NPÈ O
IYÌN O, IYÌN O ÈSÚ N MÁ GBÒ O
ÈSÚ ÒDÀRÀ, OMOKÙNRIN ÌDÓLÓFIN
LÉ SÓNSÓ SÓRÍ ORÍ ESÈ ELÉSÈ
IYÌN O, IYÌN O ÈSÚ N MÁ GBÒ O
KÒ JÉ, KÒ JÉ KÍ ENI NJE GBE E MÌ
IYÌN O, IYÌN O ÈSÚ N MÁ GBÒ O
A KÌÌ LÓWÓ LÁÌ MU TI ÈSÚ KÚRÒ
A KÌÌ LÁYÒ LÁÌ MU TI ÈSÚ KÚRÒ
IYÌN O, IYÌN O ÈSÚ N MÁ GBÒ O
ASÒNTÚN SE ÒSÌ LÁÌ NÍ ÍTIJÚ
IYÌN O, IYÌN O ÈSÚ N MÁ GBÒ O
ÈSÚ ÀPÁTA SOMO OLÓMO LÉNU
FI OKÚTA DÍPÒ IYÓ
IYÌN O, IYÌN O ÈSÚ N MÁ GBÒ O
LÓÒGEMO ÒRUN A NLA KÁLÙ
PÀÁPA-WÀRÁ, A TÚKÁ MÁSE SÀ
IYÌN O, IYÌN O ÈSÚ N MÁ GBÒ O
ÈSÚ MÁSE MI, OMO ELÒMÍRAN NI O SE
ÈSÚ MÁSE, ÈSÚ MÁSE, ÈSÚ MÁSE
IYÌN O, IYÌN O ÈSÚ N MÁ GBÒ O


TRADUÇÃO

Èsú escute o meu louvor à ti
Èsú escute o meu louvor à ti
Èsú escute o meu louvor à ti
Èsú escute o meu louvor à ti
Èsú láaróyè, Èsú láaróyè
Èsú escute o meu louvor à ti
Èsú Láàlú Ogiri Òkò Ebìtà Okùnrin
Èsú escute o meu louvor à ti
Èsú inimigo de Orixá
Èsú escute o meu louvor à ti
Oxeturá é o nome pelo qual é chamado por seu pai
Alágogo Ìjà, é o nome pelo qual sua mãe o chama
Èsú escute o meu louvor à ti
Èsú bondoso, filho homem da cidade de Ìdólófìn
Aquele que tem a cabeça pontiaguda fica no pé das pessoas
Èsú escute o meu louvor à ti
Não come e não permite que ninguém coma ou engula o alimento
Èsú escute o meu louvor à ti
Quem tem riqueza reserva para Èsú a sua parte
Quem tem felicidade reserva para Èsú a sua parte
Èsú escute o meu louvor à ti
Fica dos dois lados sem constrangimento
Èsú escute o meu louvor à ti
Èsú, montanha de pedras que faz o filho falar coisas que não deseja
Usa pedra em vez de sal
Èsú escute o meu louvor à ti
Indulgente filho do céu cuja grandeza está em toda a cidade
Apressadamente fragmenta o que não se junta nunca mais
Èsú escute o meu louvor à ti
Èsú não me faça mal, manipule o filho do outro
Èsú não faça mal, Èsú não faça mal, Èsú não faça mal
Èsú escute o meu louvor à ti

ÈSÙ LÁÀLÚ

ÈSÙ LÁÀLÚ, OKIRI ÒKÓ, EBÌTÀ OKÙNRIN,
A BÁ NI WÓRÀN, BÍ À Ò RÍ DÁ.
OLÒPA ELÉDUNMARÈ LAELAE
O SÁN SÓKÓTÒ PÉNPÉ.
ONÍBODÈ OLÓRUN
O SÚN NÍLÉ FOGO TI KUN
ÈSÙ LÓ JÍ, OGO KÒ JÍ
EBORA TÍ NJÉ LÁTOPA
O BÁ ELÉKÚN SUNKÚN, KÉRÙ Ó BA ELÉKÚN
ELÉKÚN N SÚNKÚN
LÁARÓYÈ N SUN ÈJÈ.
O BÁ ONÍMÍMÍ MÍ
KÉRÙ Ó BA ONÍMÍMÍ
ONÍMÍMÍ N FIMÚ MÍ
LÁARÓYÈ N FI GBOGBO ARA MÍ BÍ ÀJÉRE.
ÈSÙ MÁ SE MÍ, OMO ELÒMÍRAN NI O SE
NÍTORÍ ENI ESÙ BÁ NSE KÌ Í MÒ
BÍ O BÁ FI OHUN, TIRÈ SÍLÈ
OHUN OLÓHUN NII MAA WÁ KIRI
ÈSÙ ÒDÀRÀ
ORÍ MÍ KÒ NÍ JÉ KÍ ÈMI RÍ ÌBÍNÚ RE

Èsù Láàlú, Okiri òkò, Ebìtà Okùnrin,
Èsú que causa problema ao homem, quando o homem não tem problema.
Inspetor de Elédùmarè desde os princípios dos tempos.
Èsù amarrou um pedaço de pano na cintura.
Porteiro do Dono do Céu
Ele dorme em casa e tranca a porta com seu porrete
É Èsù quem acordou, mas seu porrete não acordou
O venerável é que chamamos Látopa.
Ele que chora com a vítima até ela se amedrontar.
A vítima está derramando lágrimas
Láaróyè está derramando sangue.
Ele respira junto com a vítima
Até o ponto da vítima se amedrontar
A vítima está respirando pelas narinas
Láaróyè está respirando pelo corpo todo como uma peneira.
ÈSÙ NÃO ME CONDUZA AO MAL, CONDUZA AO MAL OS MEUS INIMIGOS
Pois quem estiver sendo conduzido ao mal por Èsù não sabe
Quando Ele deixa sua prosperidade
Vai atrás da prosperidade dos outros
Èsù Òdàrà
MEU ORI NÃO VAI PERMITIR QUE EU EXPERIMENTE SUA FÚRIA.

ORÍKÌ ÈSÙ LARÓYE
(Saudando ao Mensageiro Divino do Espíritu do Río)

ÈSÙ LARÓYE, K’ÉRU Ó BA ONÍMÍMÍ.
ONÍMÍMÍ NF’IMU MI ÈSÙ LARÓYE NFI.
GBOGBO ARA MI MI AJERE.
ÈSÙ MA SE MI OMO ÈLOMIRAN NI O SE.
‘TORI ENI ÈSÙ BA NSE KI ÍMÒ.
B’O BA F’OHUN TIRÈ S’ILE.
OHUN OLÓHUN NI IMÁÀ WÁ KIRI. ASE.

Esu Laroye, encontre um lugar para esta carga que levo sobre minha alma. Saúdo a Esu Laroye com toda minha alma. Meu corpo inteiro se bendiz. Esu não me reprove nada. Ao Mensageiro Divino é o primeiro que saúdo por sua profunda sabedoria. Ele tem a voz do poder. Ele tem a voz que vaga pelo Universo. Asé.

ORÍKÌ ÈSÙ ÒDÀRÀ
(O Mensageiro Divino da Transformação)
* Osetura, pode usar-se para encerrar una cerimônia.

MO JUBA BABA.
MO JUBA YEYE.
MO JUBA AKODA.
MO JUBA ASEDA,
MO JUBA ARABA BABA WON N’ILE IFE.
MO JUBA OLOKUN.
MO JUBA OLOSA.
MO JUBA EYIN IYAMI OSORONGA.
EWI AYE WI NI EGBA ORUN I GBA,
BIABA GE’GI NINU IGBO OLUGBOUN A AGBA A,
KI ORO TI OMODE BA NSO LE MA SE L’OMODE BA M’OSE LOWO A NI KI O SE!
BI AGBALAGBA BA MOSE LOWO A NI;
KI O S E! KO S E KO SE NITI ILAKOSE. ASE.
WA NITI IREKE, BI ILAKOSE BA KOLA A DE’NU OMO RE,
IRE OYOYO IRE GODOGBO MBE L’ENU IENU ILAKOSE.
IRE TI A WI FUN ILA TI ILA FI NSO OGUN.
IRE TI A WA IROKO TO OPOTO LA IGI IDI RE.
IRE TI A WI FUN ERE TI ERE NTA ISU.
IRE TI A WI FUN AGBADO – OJO TI AGBADO – OJO NPON OMO JUKUJUKE OSE L’EKU ALAKE,
AFERUBOJO L’EKU OLAWE.
KI OJO O MA TI ORUN RO W’AIYE WELEWELE KI A MA RI ISU,
KI A MA RI EJA GBOROGBORO GBO’RI OMO.
ASE.

Respeito aos Pais. Respeito as Mães. Respeito a Akódá. Respeito a Àsedá. Respeito ao Sacerdote Principal de Ilé Ifé. Respeito a Olókun. Respeito ao Espírito da Lagoa. Respeito ao Espírito das Mães dos pássaros. A abundância na terra vem desde o Céu. O chefe do bosque abastece aos filhos da Terra com a abundância. Os velhos principais dão elogio a Ose, eles elogiam a casa de Ose a boa fortuna chega a aqueles que elogiam a casa de Ose. A boa fortuna provém da luz de Ogún. A boa fortuna vem dos espíritos da árvore do Iroko. A boa fortuna de Àgbàdo nasceu no dia em que recebeu um filho de Ose, o dia em que não houver nenhuma morte mais. Eu elogio o dia em que a boa fortuna viajou desde o Céu para a Terra. Asé.


Èsú
Èsú yè, Laróyè !
(Viva Èsú! Ou Salve Èsú!)

Ritmos Cantigas
Bata 01 a 06
Agere 07 a 12
Ilu 13 a 16, 19 e 24
Ego 17, 18, 20 e 23

01
A PÀDÉ OLÓÒNÒN E MO JUBA ÒJÍSÈ.
ÀWA SÉ AWO, ÀWA SÉ AWO,
ÀWA SÉ AWO, MO JÚBÀ ÒJISÈ.

A padê olonã ê mo juba ojixé
Auá xê auô, auá xê auô, auá xê auô
Mo juba ojixé.

Vamos encontrar o Senhor dos Caminhos,
Meus respeitos àquele que é o mensageiro,
Vamos cultuar, vamos cultuar, vamos cultuar
Meus respeitos àquele que o mensageiro.

02
ELÉGBÁRA RÉWÀ, A SÉ AWO.
ELÉGBÁRA RÉWÀ, A SÉ AWO.
BARÁ OLÓÒNÒN ÀWA FÚN ÀGÒ.
BARÁ OLÓÒNÒN ÀWA FÚN ÀGÒ

Êlêbára réuá a xê auô
Êlêbára réuá a xê auô
Bará olonã auá fum agô
Bará olonã auá fum agô

O Senhor da Força é bonito, vamos cultuá-lo,
O Senhor da Força é bonito, vamos cultuá-lo
Exu do corpo, senhor dos Caminhos dê licença.

03
A JÍ KI IRE NI ÈSÚ, ÈSÚ KA BÍ KA BÍ.
A JÍ KI IRE NI ÈSÚ, ÈSÚ KA BÍ KA BÍ.

A ji qui irê ni Exú, Exú cá bi ca bi
A ji qui ire ni Exu, Exu cá bi cá bi.

Nós acordamos e cumprimentamos felizes a Exu,
E Exu conta como nascemos, Exu conta como nascemos.

04
ELÉGBÁRA ÈSÚ Ó SÁ KÉRÉ KÉRÉ.
ÈKESAN BARÁ ÈSÚ Ó SÁ KÉRÉ KÉRÉ.

Élébára Exu ô xá querê quere
Ékésã bará Exu ô xá quere quere.

Exu, o Senhor da Força (do poder)
Faz cortes profundos e pequenos,
Ekésan Exu do corpo, faz cortes profundos
E pequenos (gbéré).

05
E ELÉGBÁRA ELÉGBÁRA ÈSÚ ALÁYÉ.
E ELÉGBÁRA ELÉGBÁRA ÈSÚ ALÁYÉ

Ê élébára élébára Exu alaiê
Ê élébára élébára Exu alaiê

Senhor da Força, Senhor do Poder
Senhor da Força, Senhor do Poder
Cumprimentamos o Chefe (dono do mundo)

06
Ó WÁ LÉSÈ L’ABOWO LÉ S’ORÍ ÀGBÉKÓ ÌLÈKÙN, Ó WÁ LÉSÈ L’ABOWO LÉ S’ORÍ ÀGBÉKÓ ÌLÈKÙN.

Ô uá lésé labóuólê sôrí abêcó ilêcum
Ô uá lésé labóuólê sôrí abêcó ilêcum

Ele está de pé na entrada sobre os gonzos da porta
Ele está de pé na entrada sobre os gonzos da porta.

07
ÈSÚ WA JÚ WO MÒN MÒN KI WO ODÁRA,
LARÓYÉ ÈSÚ WA JÚ WO MÒN MÒN KI WO ODÁRA.
ÈSÚ AWO.

Exu a ju uô mã mã qui uô ódara
Larôiê Exu a ju uô mã mã qui uô ódara
Exu auô.

Exu nos olha no culto e reconhece, sabendo que o culto é bom,
Larôie Exu nos olha no culto e reconhece sabendo que o culto
É bonito, vamos cultuar Exu.

08
ODÁRA LÓ SÒRO, ODÁRA LÓ SÒRO LÓÒNÒN.
ODÁRA LÓ SÒRO E LÓ SÒRO
ODÁRA LÓ SÒRO LÓÒNÒN.

Ôdára lô xorô Ôdára lô xorô lónã
Ôdára lô xorô ê lô xorô Ôdára lô xorô lónã.

Odara pode tornar o caminho difícil,
Ele é o Senhor dos caminhos.




09
ÒJÍSÉ PA LÊ FÚN AWO, ODÁRA PA LÊ SOBA.
ÒJÍSÉ PA LÊ FÚN AWO, ODÁRA PA LÊ SOBA.

Ôjixé pa lê fum auô Ôdára pa lê sóbá
Ôjixé pa lê fum auô Ôdára pa lê sóbá.

O Mensageiro mata para a casa de culto e
Odára mata para a casa do Rei.

10
ELÉGBÁRA LÉWÁ LÉGBÁRA ÈSÚ A JÚ WO MÒN MÒN KI A AWO
ELÉGBÁRA LÉWÁ LÉGBÁRA ÈSÚ A JÚ WO MÒN MÒN KI A AWO.

Élébara lêuá lébara Exú a ju uô mã mã qui a auô.
Élébara lêuá lébara Exú a ju uô mã mã qui a auô.

O Senhor da Força é belo, Senhor do Poder,
Exú nos olha reconhecendo e sabendo que o estamos cultuando.

11
KÒ MO NRÍ ÌJÀ RÈ Ó ÌJÀ RÈ Ó ÈSÚ OLÓÒNÒN. KÒ MO NRÍ ÌJÀ RÈ Ó ÌJÀ RÈ Ó ÈSÚ OLÓÒNÒN.

Cô mo um rí ijá ré ô ijá ré ô Exú olonã.
Cô mo um rí ijá ré ô ijá ré ô Exú olonã.

Que jamais eu veja a sua briga, a sua briga, Exú Senhor dos Caminhos.
Que jamais eu veja a sua briga, a sua briga, Exú Senhor dos Caminhos.

12
Ó JÍ GBÁLÈ Á KÀRÀ Ó, ÈSÚ SORÒKÈ.
Ó JÍ GBÁLÈ Á KÀRÀ Ó, ÈSÚ SORÒKÈ

Ô ji bálé a cara ô Exú Xôroquê
Ô ji bálé a cara ô Exú Xôroquê

ELE ACORDA E VARRE OS PEDAÇOS DE SUA CABAÇA QUEBRADA, ELE É O EXÚ QUE ESTÁ NO ALTO DA MONTANHA.

13
A JÍ KÍ BARABO E MO JÚBÀ, ÀWA KÒ SÉ.
A JÍ KÍ BARABO É MO JÚBÀ,
E OMODÉ KO ÈKÒ ÈKÓ.
KI BARABO E MO JÚBÀ,
ELÉGBÁRA ÈSÚ L’ÓÒNÒN.

A ji qui Barabô é mo jubá auá cô xê
A jí qui Barabô é mo jubá ê omódê có é có qui
Barabô mô jubá Élébára Exú lonã.

Nós Acordamos E Cumprimentamos Barabo, A Vós Eu Apresento Meus Respeitos, Que Vós Não Façais Mal. Nós Acordamos E Cumprimentamos Barabo A Vós Eu Apresento Meus Respeitos. A Criança Aprende Na Escola (É Educada, Ensinada) Que A Barabo Eu Apresentou Meus Respeitos, Ele É Senhor Da Força, O Exú Dos Caminhos.

14
BARÁ Ó BEBE TIRIRÍ L’ÒNÒN
ÈSÚ TIRIRÍ,
BARÁ O BEBE TIRIRÍ L’ÒNÒN
ÈSÚ TIRIRÍ.

Bará ô bébé tirirí lónã Exú tirirí
Bará ô bébé tirirí lónã Exú tirirí

Exú, ele realiza proezas maravilhosas,
Tirirí é o Senhor dos Caminhos, Exú Tirirí.

15
GÓKÉ GÓKÉ ODÁRA, ODÁRA BÀBÁ EBÓ. GÓKÉ GÓKÉ ODÁRA, ODÁRA BÀBÁ EBÓ. (GÓKÉ GÓKÉ NIDÁNÓN, ODÁRA BÀBÁ EBÓ)

Goquê goquê ôdara ôdara babá ebó
Goquê goquê ôdara ôdara babá ebó
(Goquê goquê nidanã ôdara babá ebó)

Odara Sobe, Sobe (Ascensão), Odara É O Pai Dos Ebós. Odara Sobe No Fogo Que Ele Próprio Acendeu, Odara É O Pai Dos Ebós.

16
INÓN INÓN MO JÚBÀ E E MO JÚBÀ
INÓN INÓN MO JÚBÀ E ÀGÒ MO JÚBÀ

Inã inã mo jubá ê é mo jubá
Inã inã mo jubá ê agô mo jubá.

Exú do Fogo, fogo, meus respeitos,
A vós meus respeitos.
Exú do Fogo, fogo, meus respeitos,
Peço licença e apresento-vos meus respeitos.

17
E MÁ WON LÉÉBÁ NÓN , KÒ RÍ ÌJÀ.
E MÁ WON LÉÉBÁ NÓN , KÒ RÍ ÌJÀ.
E MÁ JÉKÌ, KÒ RÍ IJÀ. E MÁ JÉKÌ, KÒ RÍ IJÀ
É má uom léébá nã, cô rí ijá
É má uom léébá nã, cô rí ijá
É má jéqui, cô rí ijá
É má jéqui, cô rí ijá

Que O Senhor (Exú) Não Ponha Fogo Neles, E Que Suas Cabeças Não Vejam Vossa Briga, E Não Permitais Que Vossas Cabeças Vejam A Vossa Briga.

18
OLÓÒNÒN ÀWA BARÁ KÉTU. OLÓÒNÒN ÀWA BARÁ KÉTU

Ólónã auá bará quêtu
Ólónã auá bará quêtu

Senhor Dos Nossos Caminhos, Exú Do Povo De Ketu. Senhor Dos Nossos Caminhos, Exú Do Povo De Ketu.

19
ÈSÙ SO SORÒKÈ, ELÉGBÁRA KÍ A AWO
ÈSÙ SO SORÒKÈ, ELÉGBÁRA LÉGBÁA Ó.

Exú só xoroquê élébara qui a auô
Exú só xoroquê élébara lébá ô.

Exú fala do alto da montanha,
Senhor poderoso a quem cultuamos.

20
KÉTU KÉ KÉTU E ÈSÚ ALÁKÉTU,
KÉTU KÉ KÉTU E ELÉGBÁRA KÉTU

Quêtu quê quêtu é Exú alaquêtu
Quêtu quê quêtu é Exú alaquêtu

Ketu Grita Alto, Ketu, Sois Vós Exú O Senhor De Ketu (Rei) Ketu Grita Alto, Ketu, Sois Vós O Senhor Poderoso De Ketu.

21
YEMONJA KÓ NTA RÓDÒ, ÈSÚ A INÓN KÒ.
YEMONJA KÓ NTA RÓDÒ, ÈSÚ A INÓN KÒ

Iémanjá côntá rôdô, Exú a inã cô
Iémanjá côntá rôdô, Exú a inã cô

Yemanjá Mergulha Rapidamente No Rio, Exú Do Fogo Não.

22
ÀGÒLÓÒNÒN ÀWA PÉ NBO, ÀGÒLÓÒNÒN E,
ÀGÒLÓÒNÒN ÀWA PÉ NBO, ÀGÒLÓÒNÒN E.

Agôlonã auá puê umbó, agôlonã ê
Agôlonã auá puê umbó, agôlonã ê

Pedimos licença ao Senhor dos Caminhos
Nos dizemos que o estamos cultuando,
Com licença, Senhor dos Caminhos.

23
ÀGÒ NBO NBO LARÓYÉ
ÀGÒ NBO NBO LARÓYÉ

Agô umbó umbó larôiê
Agô umbó umbó larôiê

Nós pedimos licença cultuando, Larô iê.
Nós pedimos licença cultuando, Larô iê.

24
SÓNSÓ ÒBE, SÓNSÓ ÒBE ODÁRA KÒ L’ORÍ ERÙ, LARÓYÉ
SÓNSÓ ÒBE, ODÁRA KÒ L’ORÍ EBO.

Xônxô óbé, xônxô obé
Ôdara cô lôrí êrú larôiê
Xônxô óbé, Ôdara cô lôrí ébó.

Faca pontiaguda, faca pontiaguda,
Exú Odara não tem sua cabeça para
Levar carrego, Larô iê, tem faça pontuda,
Exú Odara não tem sua cabeça para levar ebó.

25
ALÁKÉTU RÈ KÉTU BARÁ
ÈSÚ MÁA LÓ.

Aláquêtu ré quêtu bará
Exú máa ló.

O Senhor Supremo de Ketu
É o Exú do povo de Ketu e
Exú irá embora.

26
BÁRA JE N’TAN Á NLO, BÁRA JE N’TAN MÁA LÓ ILÉ.

Bára jé untam a unló
Bára jé untam máa ló ilê.

Bára já comeu, está satisfeito e irá embora,
Bara já comeu, está satisfeito e irá embora da casa.