CASA PODEROSA DOS FILHOS DE YEMANJÁ

CASA PODEROSA DOS FILHOS DE YEMANJÁ

terça-feira, 29 de junho de 2010

A des-moralização das religiões

A des-moralização das religiões



Entrevista


Na disputa por novos seguidores, muitas religiões, em sua atual expressão, estão deixando de ser fontes de valores éticos, transformando-se em pontos de oferta de serviços de cunho mágico. A esse fenômeno recente, o sociólogo Antônio Flávio Pierucci, professor do Departamento de Sociologia da USP, está chamando de "des-moralização" das religiões. Sua visão sobre o assunto foi apresentada na mesa-redonda "A falência ética das religiões no Brasil de hoje", durante o IX Congresso Brasileiro de Sociologia, realizado na UFRGS (Univsersidade Federal do Rio Grande do Sul, Brasil), em setembro passado. Na entrevista que concedeu aos jornalistas Ademar Vargas de Freitas, Arlete de Oliveira Kempf, Clóvis Ott e Ida Stigger, Pierucci falou sobre o aumento do chamado "mercado religioso", sobre a crescente busca de experiências religiosas pelas pessoas e sobre o abandono da reflexão teológica nas religiões que mais crescem hoje no Brasil. Tomamos a liberdade de publicar neste site a entrevista, considerado seu papel relevante para os objetivos do nosso trabalho.


JU - As religiões estão desmoralizadas?


FP - Há que entender o que estou querendo dizer com isso. Meu trabalho se chama "a desmoralização das religiões no Brasil" por uma razão muito simples e empiricamente constatada. As religiões que estão crescendo no Brasil são em primeiro lugar as igrejas protestantes de estilo pentecostal. Entre as pentecostais, as que mais crescem são as que se convencionou chamar de neopentecostais, como Igreja Universal do Reino de Deus, Igreja Internacional da Graça Divina, Renascer em Cristo, Deus é Amor, e por aí vai. Elas oferecem um tipo de religião que é muito pouco exigente eticamente. Ou seja, as religiões estão deixando de propor pautas de conduta, de dizer o que é certo, o que é errado e estão oferecendo serviços que na linguagem de sociologia da religião se chamam de serviços mágicos.


JU - O que são esses serviços mágicos?


FP - São serviços tópicos. Você resolve problemas, aqui e agora: dor, desemprego, um filho drogado, um problema pessoal de droga. Mas não é só isso. O mercado religioso no Brasil ficou muito competitivo, é por isso que você tem a impressão de que as religiões são muito dinâmicas. Elas não podem deixar de ser dinâmicas, porque estão competindo entre si. Com isso, elas passam a oferecer, além dos serviços mágicos, sensações: a missa tem de ser agradável, o culto tem de ser emocionante, tem que ter algum transe, alguma chamada experiência religiosa, êxtase, calor no coração, uma certa corrente social de solidariedade que passa entre as pessoas. Também nesse sentido as religiões passam a oferecer sensações imediatas às pessoas. Tudo isso é um quadro de desmoralização das religiões. As religiões deixam de ser religiões moralizantes e passam a ser religiões mágicas. Elas não exigem que você necessariamente mude de vida e aprenda a se comportar independente de estar em estado de graça, em contato com Deus ou não. O processo de passagem da magia para a ética, das religiões mágicas para as religiões éticas, foi um processo de moralização.


JU - A intensa proliferação de seitas também não é uma forma de desmoralização das religiões?


FP - Quero explorar um pouco mais a palavra desmoralização. Entendo que, além de as religiões estarem desmoralizadas no sentido em que falei antes, como estão muito midiatizadas, como estão se expondo em excesso, começam a ficar banalizadas. Você liga a televisão, o rádio, a qualquer hora, tem alguém falando alguma coisa. Há uma hiperexposição da religião. Isso representa um risco de desmoralização da religião, que passa a ser algo importante, mas nem tanto... Porque os próprios agentes passam, agora, a disputar fiéis de todas as formas possíveis, e as religiões ficam cada vez menos exigentes. Hoje quem é exigente é o seguidor religioso. Ele procura uma religião que funcione. E encontra um mercado amplo aí. Se, digamos, a Igreja Católica não está resolvendo os problemas dele, ele pode sair. Se ele entrou numa igreja evangélica ou num culto afro-brasileiro e não está gostando, vai procurar outro melhor. Agora, na competição por fiéis, são os profissionais da religião que passam a ser menos exigentes. E oferecem uma religião que exige menos rigor na conduta pessoal, portanto menos ética, e proporciona mais festa, mais prazer. Tem um sociólogo polonês chamado Siegmund Bauman que diz que na pós-modernidade nós nos transformamos em "sensations gatherers", ou seja, coletores de sensações. Nós todos queremos sempre sensações novas. Por exemplo, na culinária, você quer sempre experimentar coisas novas. E as religiões oferecem um pouco isso, um cardápio razoável de possibilidades de fazer uma visitinha numa, uma visitinha noutra, dependendo do seu periscópio.


JU - Afinal, qual é o objetivo das religiões?

FP - Para responder a essa pergunta, parto do ponto de vista da tendência da sociologia da religião desenvolvida nos Estados Unidos, sobretudo. A pergunta que se fazia era: por que essa igreja cresce e aquela outra não cresce? Era um problema eterno para os sociólogos. Nós, no Brasil, durante muito tempo tentamos ver se as religiões estavam respondendo às necessidades da população. Dizia-se que certas religiões cresciam porque atendiam populações do campo, migrantes, que se desenraizavam, perdiam as referências, nas cidades grandes, demandando um senso maior de comunidade, um senso maior de transcendência. Isso acabava explicando no atacado e não no varejo. Por que algumas religiões crescem e outras não? Nós, sociólogos da religião, estamos agora, mais materialistamente, tentando deslocar a análise da demanda religiosa para a oferta religiosa. Com isso o enfoque não é o fiel, aquele que busca, mas o padre x, o pastor y e pai-de-santo z. São eles que vão responder por que a religião deles cresce, se eles estão oferecendo bem, se eles estão ativos, se não estão de braços cruzados esperando as pessoas chegarem, se eles vão à luta. Fica um pouco mais fácil entender por que a Igreja Universal do Reino de Deus cresce e por que a Igreja Católica ou a Igreja Luterana demora mais a crescer. A Igreja Luterana não cresce porque os pastores luteranos não querem crescer. Se eles querem crescer, eles devem ir à luta.


JU - Os luteranos são mais éticos...


FP - Não só são mais éticos, mas são também mais tradicionais. Ou seja, você nasce luterano. Eles fazem pouco esforço no sentido de se expandir para fora de seu universo religioso.


JU - A Igreja Luterana tem uma história, criou uma nova profissão de fé, a partir da separação da Igreja Católica. É algo ideológico, filosófico. Já as seitas nascem de um dia para o outro e arrastam multidões.


FP - Isso ocorre porque são pouco exigentes eticamente e são pouco exigentes intelectualmente. Existe um livrinho do Edir Macedo chamado "A libertação da teologia", o contrário da "Teologia da libertação". Quando ele diz "libertação da teologia", o que está querendo dizer? Que os pastores não precisam estudar sete anos de latim, hebraico etc..., para ler as escrituras no original. Com isso, liberta-se as igrejas também da teologia, desse fardo intelectual que é custosíssimo, caríssimo. Por outro lado, um quadro de pastores da Igreja Universal do Reino de Deus pode ser formado com treinamento de videocassete. É um processo de clonagem à imagem de Edir Macedo. É como um processo de franquia, com formação de quadros ágil e barata. Voltando ao que eu dizia antes, a minha hipótese teórica central é que as igrejas crescem dependendo dos profissionais que elas têm, e se eles estão dispostos a arregaçar as mangas, entrar no mercado competitivo. O Brasil ficou, em termos de religião, um mercado muito competitivo. A Igreja Católica, em alguns cochilos do governo, ainda consegue impor um pouco de sua influência, mas podemos dizer que o mercado está desregulado, ou seja, o estado se retirou desse campo mesmo.


JU - O padre Marcelo não é uma reação da Igreja Católica a esse quadro?


FP - Claro, e bem sucedido. Não sei se ele vai ter duração. É um tipo de catolicismo que oferece para as pessoas um culto alegre, interessante, suave, no sentido das exigências éticas e da pregação. Antigamente ia-se à igreja para ouvir uma pregação que era moralizante: não faça isso ou aquilo; isso é pecado, leve ou grave. Isso as religiões não falam mais.


JU - Então parece que não é difícil ser católico?


FP - Não é difícil ser um bom católico. Isso o Max Weber já dizia. Era difícil ser protestante. Hoje não é mais difícil ser protestante. Essa é a grande mudança. Não é muito difícil ser católico porque há o sacramento da confissão, o Weber já dizia isso. As regras são conhecidas, se a pessoa cair em pecado há a absolvição à disposição, é só entrar na igreja e ajoelhar diante de um confessionário. Por isso o Max Weber já dizia que o catolicismo é uma religião pouco ética, pois não engata na estrutura da personalidade: você peca, se arrepende e é absolvido; peca de novo, se arrepende de novo e é absolvido, e assim por diante. Toda a luta da Igreja Católica para proibir a pilula anticoncepcional é conhecidíssima. As mulheres católicas usam pílula; as mulheres católicas fazem aborto, que é proibidíssimo, mas têm esse alívio imediato que é um sacramento. O Calvino chamava a confissão de magia, questionando como um padre poderia tirar de uma pessoa a culpa por ter desobedecido a Deus. O catolicismo é uma religião muito mágica, pois tem sacramentos, tem água benta, a chave do sacrário, a hóstia, relíquias. O que é novo é que o protestantismo brasileiro, esse recente ,está virando mágico. O protestantismo não tinha essas coisas. Hoje, em várias igrejas, os pastores abençoam a água pelo rádio. Os protestantes têm água benta, têm relíquias, como vidrinhos com um pouco de terra de Jerusalém, cerimônias onde se jogam lençóis sobre as pessoas, como perdão dos pecados, os dias certos para concessão de graças: segunda-feira, prosperidade, terça-feira, expulsão dos demônios, e assim por diante. Os fiéis acabam levando para casa, pedacinhos de pano, relíquias, coisas pelas quais os protestantes verdadeiros - luteranos, presbiterianos, metodistas, calvinistas, puritanos - tinham o maior desprezo. Isso não existia no universo protestante. O protestantismo brasileiro atual, que é esse que cresce, é muito mágico, com pontos de apoio concretos, amuletos, que se levam no bolso, na carteira, para dar prosperidade. Isso não é protestantismo.


JU - Esse fenômeno está ocorrendo no mundo ocidental apenas?


FP - Não apenas. A expansão das liberdades democráticas trouxe a liberdade religiosa. A partir do momento em que o estado se separa da religião, há o que eu chamo de desregulação do mercado. A única coisa que que estado não tolera é a violência entre os grupos religiosos, como a que se ensaiou no Rio e São Paulo entre os neopentecostais e os umbandistas, quando crentes chegavam a agredir mães-de-santo com a Bíblia, e se falava em "guerra santa". Quanto ao resto, tudo é livre, livre no sentido de busca de fiéis.


JU - O senhor fala em desmoralização. E não se pode falar também em comercialização da religião? O dízimo alimenta as seitas, que por sua vez crescem vertiginosamente, adquirem redes de emissoras de rádios e televisão, prédios valiosíssimos em todas as cidades, inclusive em capitais européias. A religião não virou uma fábrica de dinheiro?


FP - Comercialização não é novo, sempre houve. Lutero se revoltou contra a Igreja Católica pela venda de indulgências. Um exemplo atual são os locais de peregrinação, onde se comercializam bens religiosos: o santinho, a medalha, o espelhinho, terços etc. Existe um mercado especificamente de bens religiosos. Isso a umbanda tem, o candomblé tem, o catolicismo tem e agora, algo mais diversificado, que vem com os novos evangélicos, que não só produzem cultos e pregações, mas discos, vídeos, música gospel etc. São dados empíricos que contribuem para a compreensão da nova teoria sobre a religião, que é a teoria da oferta. O outro lado desse fenômeno de desmoralização das religiões, no sentido em que proponho, é a magificação das religiões. A magia sempre teve como legítimo a troca econômica. O feiticeiro, o mago, sempre vendeu seus serviços. Os chamados "desafios" a Deus, dos neopentecostais, também têm uma característica mágica. O pastor intima o fiel a desafiar a Deus dando uma grande soma de dinheiro.


JU - A religião resolve problemas?


FP- A religião sabidamente resolve problemas neuropsicológicos. Num país onde as pessoas ganham pouco mais de 100 reais por mês, grande parte dos problemas são neuropsicológicos, que se resolvem com milagres... Resolve, às vezes, mais do que o médico, do que os serviços de saúde...


JU - Se as religiões deixaram de ser referências de sentido e de moral para as pessoas, o que preencheria esse espaço, qual seria a fonte de valores éticos para a população?


FP - Eu estou convencido de que quem busca o sentido de alguma coisa são as pessoas mais intelectualizadas. Quem está sofrendo problemas muito crônicos, muito imediatos, quer soluções. Quem já está mais sossegado tem mais tempo livre, tem leitura, começa com essa busca de sentido. Eu acho que as religiões ainda podem oferecer e oferecem isso. Elas têm um núcleo mais intelectualizado que oferece isso.


JU - Por que as pessoas, na sua busca religiosa, querem mais saber das "experiências" ditas espirituais e importam-se menos com o fundamento teológico daquilo que estão seguindo?


FP - Hoje a religião faz um esforço para se libertar da teologia, da busca intelectual, da reflexão intelectual, que é uma coisa exigente. É uma tendência que se confirma, de as pessoas quererem, hoje, na religião, a experiência religiosa. Elas não querem doutrina religiosa: querem uma visão, um sentimento, uma sensação, um êxtase. Isso pode ser obtido usando meios químicos, fumando maconha em Alto Paraíso, dançando, repetindo mantras, usando técnicas de inibir o pensamento, para se desligar da realidade, transcender a realidade. As pessoas querem experiências religiosas, porque as igrejas estão oferecendo essas experiências. E a experiência religiosa, por definição, é uma coisa irracional. A teologia é algo racional, exige fôlego intelectual.

O amor pelo candomblé

O amor pelo candomblé





Minha amada Filha:
 Juliana de Oxaguiã
um fiel  exemplo de Amor pelo Candomblé !





Candomblé


Significa amor


Entrega total.






Candomblé


Significa adoração


Sem querer ou


desejar algo em troca.






É amar incondicionalmente


Sem interesse.


É simplesmente amar e pronto.






É caminhar na retidão


Com responsabilidade.


É ajudar seus irmãos de santo


quando necessário.






É cuidar dos Orixás que são


nada mais nada menos que


forças da natureza.






Cada um representando uma


força tais como: Omolú a


terra; Oxum as cachoeiras;


Iansã os ventos; Xangô, o fogo;


Iemanjá o mar e assim sucessivamente.






É cuidar do seu Axé, da sua raiz,


juntamente com seu babalorixá.






É cuidar da sua energia


quando sentimos que algo não


vai muito bem.






Enfim, é ter fé e acreditar sempre
 
 
 
FábiaRJ




Publicado no Recanto das Letras em 24/07/2007


Código do texto: T577800






Alegoria da fé, por L.S. Carmona (1752–53). O véu simboliza a impossibilidade de conhecer directamente as evidências.


Fé (do [[grego] fides, fidelidade e do grego pistia) é a firme convicção de que algo seja verdade, sem nenhuma prova de que este algo seja verdade, pela absoluta confiança que depositamos neste algo ou alguém.


A fé se relaciona de maneira unilateral com os verbos acreditar, confiar e apostar, isto é, se alguém tem fé em algo, então acredita, confia e aposta nisso, mas se uma pessoa acredita, confia e aposta em algo, não significa, necessariamente, que tenha fé. A diferença entre eles é que ter fé é nutrir um sentimento de afeição, ou até mesmo amor pelo que acredita,confia e aposta.


É possível nutrir um sentimento de fé em relação a um pessoa, um objeto inanimado, uma ideologia, um pensamento filosófico, um sistema qualquer, um conjunto de regras, uma crença popular, uma base de propostas ou dogmas de uma determinada religião. A fé não é baseada em evidências, e portanto as alegações da fé não são reconhecidas pela comunidade científica. É geralmente associada a experiências pessoais e pode ser compartilhada com outros através de relatos, principalmente no contexto religioso, usada frequentemente como justificativa para a própria crença em que se tem fé, o que caracteriza raciocínio circular.


A fé se manifesta de várias maneiras e pode estar vinculada a questões emocionais e a motivos nobres ou estritamente pessoais. Pode estar direcionada a alguma razão específica ou mesmo existir sem razão definida. Também não carece absolutamente de qualquer tipo de evidência racional.


Contexto Social
Garantir, por encargo legal, a verdade ou a autenticidade do texto de um documento ou de um relato, de uma assinatura, etc. No contexto social podemos identificar vários tipos de fé:


Má fé
Designa-se Má fé quando um indivíduo, ou um grupo de indivíduos, age intencionalmente com o interesse de prejudicar alguém. Como exemplo poderíamos citar uma propaganda enganosa, um contrato desonroso, entre outros.


Boa fé
Designa-se Boa Fé quando alguém age de maneira honrosa e com boa conduta.Pessoa que faz o possível para cumprir seu dever. Honrada, Honesta, não engana, não age com dolo. Como exemplo podemos citar um contrato oral, em que as partes se comprometem com algum serviço, e ambas concluem suas partes e aceitam de acordo comum que está realizada.


Fé pública
Presunção legal de autenticidade, verdade ou legitimidade de ato emanado de autoridade ou de funcionário devidamente autorizado, no exercício de suas funções. Tudo o que for registado possui fé pública. O registador age em nome do Estado quando usa a expressão "Dou fé", significando que, o afirmado, transcrito e certificado, é verdadeiro. Visa proteger o terceiro, que contrata, confiando no que o registo publica. Em sentido geral, esse princípio possibilita que o terceiro, realize de boa-fé um negócio oneroso, passando a ter a presunção de segurança jurídica.


Tipos variados
Normalmente a expressão popular "dar fé" significa acreditar em, crer. Em termos gerais "dar fé" é afirmar como verdade, testificar, autenticar, prestar testemunho autêntico.


Em Cabo Verde o termo Tomar fé é o mesmo que tomar conhecimento, notar.


Contexto religioso
No contexto religioso, "fé" tem muitos significados. Às vezes quer dizer lealdade a determinada religião. Nesse sentido, podemos, por exemplo, falar da "fé católica" ou da "fé islâmica".


Para religiões que se baseiam em crenças, a fé também quer dizer que alguém aceita as visões dessa religião como verdadeiras. Para religiões que não se baseiam em credos, por outro lado, significa que alguém é leal para com uma determinada comunidade religiosa.


Algumas vezes, fé significa compromisso numa relação com Deus. Nesse caso, a palavra é usada no sentido de fidelidade. Tal compromisso não precisa ser cego ou submisso e pode ser baseado em evidências de carácter pessoal. Outras vezes esse compromisso pode ser forçado, ou seja, imposto por uma determinada comunidade ou pela família do indivíduo, por exemplo.


Para muitos judeus, por exemplo, o Talmud mostra um compromisso cauteloso entre Deus e os israelitas. Para muitas pessoas, a fé, ou falta dela, é uma parte importante das suas identidades.


Muitos religiosos racionalistas, assim como pessoas não-religiosas, criticam a fé, apontando-a como irracional. Para eles, o credo deve ser restrito ao que é directamente demonstrado por lógica ou evidência, tornando inapropriado o uso da fé como um bom guia. Apesar das críticas, seu uso como justificativa é bastante comum em discussões religiosas, principalmente quando o crente esgota todas as explicações racionais para sustentar a sua crença. Nesse sentido, geralmente as pessoas racionais acabam aceitando-a como justificativa válida e honrosa, provavelmente devido ao uso da palavra ser bastante impreciso, e geralmente associado a uma boa atitude ou qualidade positiva.


Permanece um ponto merecedor de discussão saber se alguém deve ou não usá-la como guia para tomar decisões, já que essas decisões seriam totalmente independentes das de outras pessoas e muitas vezes contrárias às delas, gerando consequências potencialmente danosas para o indivíduo e para a sociedade de que faz parte. Um exemplo de consequências danosas, curiosamente também fornecido por pessoas que aceitam o uso da fé (em seus casos particulares), são os ataques terroristas, onde a suposição de que a fé é um motivo válido para a crença e a admissão de que o terrorista pode alegar a fé como justificativa do atentado deixa patente a gravidade do problema.

Fé em Deus
Algumas vezes, fé pode significar acreditar na existência de Deus. Para pessoas nesta categoria, "Fé em Deus" simplesmente significa "crença de alguém em Deus".


Muitos Hindus, Judeus, Cristãos e Muçulmanos alegam existir evidência histórica da existência de Deus e sua interacção com seres humanos. No entanto, uma parte da comunidade de historiadores e especialistas discorda de tais evidências. Segundo eles, não há necessidade de fé em Deus no sentido de crer contra ou a despeito das evidências, eles alegam que as evidências são suficientes para demonstrar que Deus certamente existe, e que credos particulares, sobre quem ou o quê Deus é e por que deve-se acreditar nele são justificados pela ciência ou pela lógica.


Consequentemente a maioria acredita ter fé em um sistema de crença que é de algum modo falso, o qual têm dificuldade em ao menos descrevê-lo. Isso é disputado, embora, por algumas tradições religiosas, especialmente no Hinduísmo que sustenta a visão de que diversas "fés" diferentes são só aspectos da verdade final que diversas religiões têm dificuldade de descrever e entender. Essa tradição dizem que toda aparente contradição será entendida uma vez que a pessoa tenha uma experiência do conceito Hindu de moksha. O que se é acreditado em referência a Deus nesse sentido é, ao menos no princípio, somente a confiança como evidência e a lógica por qual cada fé é suportada.
Finalmente, alguns religiosos - e muitos dos seus críticos - frequentemente usam o termo fé como afirmação da crença sem alguma prova, e até mesmo apesar de evidências do contrário. Muitos judeus, cristãos e muçulmanos admitem que pode ser confiável o que quer que as evidências particulares ou a razão possam dizer da existência de Deus, mas que não é essa a base final e única de suas crenças. Assim, nesse sentido, "fé" pode ser: acreditar sem evidências ou argumentos lógicos, algumas vezes chamada de "fé implícita". Outra forma desse tipo de fé é o fideísmo: acreditar-se na existência de Deus, mas não deve-se basear essa crença em outras crenças; deve-se, ao invés, aceitar isso sem nenhuma razão. Fé, nesse sentido, simplesmente a sinceridade na fé, crença nas bases da crença, frequentemente é associado com Soren Kierkegaard e alguns outros existencialistas, religiosos e pensadores.William Sloane Coffin fala que fé não é aceita sem prova, mas confiável sem reserva


Judaísmo
A teologia Judaica atesta que a crença em Deus é altamente meritória, mas não obrigatória. Embora uma pessoa deva acreditar em Deus, o que mais importa é se essa pessoa leva uma vida decente. Os racionalistas Judeus, tais como Maimónides, mantêm que a fé em Deus, como tal, é muito inferior ao aceitar que Deus existe através de provas irrefutáveis.


Na Tanakh
Na Bíblia Hebraica a palavra hebraica emet ("fé") não significa uma crença dogmática. Ao invés disso, tem uma conotação de fidelidade (da forma passiva "ne'eman" = "de confiança" ou "confiável") ou confiança em Deus e na sua palavra. A Bíblia hebraica também apresenta uma relação entre Deus e os filhos de Israel como um compromisso. Por exemplo, Abraão argumenta que Deus não deve destruir Sodoma e Gomorra, e Moisés lamenta-se por Deus tratar os Filhos de Israel duramente. Esta perspectiva de Deus como um parceiro com quem se pode pleitear é celebrada no nome "Israel," da palavra Hebraica "lutar".


Cristianismo
Segundo a mentalidade cristã, todo o conjunto dos ensinos transmitidos por Jesus Cristo e seus discípulos constitui a "fé". (Gálatas 1:7-9) A fé cristã baseia-se em toda a Bíblia como a Palavra de Deus, que inclui as Escrituras Hebraicas, as quais Jesus e os escritores das Escrituras Gregas Cristãs frequentemente citaram em apoio das suas declarações. Segundo estas Escrituras, para ser aceitável a Deus, é necessário exercer fé em Jesus Cristo, e isto torna possível obter uma condição justa perante Deus.


Novo Testamento
Ver artigo principal: Novo Testamento
Fé é acreditar em coisas que se esperam, a convicção de fatos que se não vêem, independentemente daquilo que vemos, ou ouvimos".


—Hebreus 11:1.
Na Bíblia, a palavra fé transmite a ideia de confiança, fidúcia, firme persuasão. A fé é "o firme fundamento das coisas que se esperam e a prova das coisas que não se vêem" (Hebreus 11:1), é a convicção de algo subjacente a condições visíveis e que garante uma posse futura, sendo a base de esperança para se ter convicção a respeito de realidades não vistas. Segundo Romanos 10:17 a fé vem pelo aprendizado da bíblia.
Comentando a função da fé em relação ao convénio com Deus, o escritor das cartas aos Hebreus traduz fé com a mesma palavra que geralmente aparece em antigos papiros oficiais de negócios, dando a ideia que um convénio é uma troca de garantias que garantam que futuras transferência de posses descritas no contrato. Nessa visão, Moulton e Milligan sugerem a rendeção: "Fé é o título da ação esperada.".[5] Sintetizando o conceito, no Novo Testamento a fé é a relação sobre a auto-revelação de Deus, especialmente no sentido de confidência com as promessas e medo de ameaças que estão nas escrituras. Os escritores evidentemente supõem que os seus conceitos de fé estão enraizados nas escrituras hebraicas. No mais, os escritores do Novo Testamento igualam fé em Deus com crença em Jesus.


Catecismo da Igreja Católica
Segundo o Compêndio do Catecismo da Igreja Católica (CCIC), a fé "é a virtude teologal pela qual cremos em Deus e em tudo o que Ele nos revelou e que a Igreja nos propõe para acreditarmos, porque Ele é a própria Verdade. Pela fé, o homem entrega-se a Deus livremente. Por isso, o crente procura conhecer e fazer a vontade de Deus, porque «a fé opera pela caridade»" (Gálatas 5:6).


Catecismo de Westminster
Ver artigos principais: Breve Catecismo de Westminster e Catecismo Maior de Westminster.


Nas palavras do Catecismo de Westminster: "Fé em Jesus Cristo é a graça da salvação, por meio de qual nós recebemos e repousamos sobre ele para a salvação, como ele é ofertado para nós no evangelho". O objecto da fé salvadora é toda a revelação da palavra de Deus. Fé aceita e acredita nisso como verdade mais certa. Mas o ato especial de fé que une a Cristo tem como seu objecto a pessoa e o trabalho do Senhor Jesus Cristo. Esse é o ato específico de fé que um pecador é justificado perante Deus

segunda-feira, 28 de junho de 2010

O Candomblé e a Natureza !


O Candomblé é uma das religiões afro-brasileiras que se desenvolveram em terras brasileiras. Seus seguidores cultuam os orixás – panteão de divindades africanas – e se consideram conectados a objetos, animais ou plantas ancestrais, conhecidos como totens. Esse culto também se estende pelo Uruguai, Argentina, Venezuela, Colômbia, Panamá e México e por alguns países europeus.







Esse culto primitivo nasceu aqui nas senzalas, fruto dos costumes e práticas dos negros trazidos como escravos para o Brasil. Ironicamente, pode-se dizer que o Candomblé é conhecido hoje em nosso país às custas de muitos afro-brasileiros mortos, torturados, perseguidos em nossas terras pelos escravocratas e pela Igreja. Da resistência cultural e religiosa deste povo brotou em terras brasileiras esta religião afro-brasileira, aqui modificada por uma questão de sobrevivência dos negros, que dissimularam seu culto sob a forma do famoso sincretismo religioso local.










O Candomblé foi construído com base no que se pode chamar de alma da Natureza, sendo assim considerada uma religião anímica. Assim como os negros em geral, os praticantes dessa cultura religiosa, proibida pelo Catolicismo, foram perseguidos e criminalizados. Mesmo assim ela cresceu consideravelmente ao longo de quatro séculos, desde a abolição da escravatura, em 1888, graças aos seus adeptos, provenientes das mais diversas classes sociais, que durante este período construíram dezenas de milhares de templos. Atualmente pelo menos três milhões de brasileiros revelam-se praticantes deste culto. Salvador é o grande centro desta prática, com aproximadamente 2230 terreiros oficialmente registrados pela Federação Baiana de Cultos Afro-Brasileiros. Isso sem levar em conta o sincretismo brasileiro, que leva uma grande parte da população a praticar mais de uma religião ao mesmo tempo, incluindo o Candomblé.






Tradicionalmente os orixás, rituais e festas do Candomblé são hoje considerados patrimônios culturais brasileiros, e parte essencial do folclore brasileiro. Para melhor compreender esta religião, é preciso ter em mente que os negros trazidos para o Brasil não eram culturalmente padronizados, nem todos eram incultos ou semidesenvolvidos. Alguns povos tinham uma estrutura social de certa forma complexa, com hierarquias que incluíam reis, rainhas, sacerdotes, príncipes, generais, exércitos, e outros mais. Certas tribos tinham a religião e o comércio em estágios avançados, algumas sendo até herdeiras de culturas egípcias, gregas e persas. Muitas destas culturas foram infelizmente enfraquecidas, até mesmo destruídas, tanto pela escravidão quanto pela opressão cristã e até mesmo a muçulmana.






Os orixás eram entidades ligadas à Natureza e também à Humanidade. Os discípulos do Candomblé são adeptos do que se chama de mediunismo – seus médiuns não dão passividade a Espíritos ‘mortos’, conhecidos como ‘eguns’, mas somente a estas divindades chamadas de orixás. Os negros cultuam sete Orixás Maiores e vários Orixás Menores. Os primeiros orixás são os deuses voltados para o lado mais espiritual e sagrado da vida. Os outros são ligados aos interesses mais materiais.






Os homens atraem determinados orixás de acordo com a vibração que apresentam em sua natureza – podem assim sintonizar-se com os mais elevados ou com os de condição inferior, mais materializados. Cada um é então considerado como proveniente de uma ou outra freqüência psíquica, ou chamado de “filho de Santo”. Os orixás maiores são: Oxalá -representa a natureza mais espiritualizada, é o instrumento dos desígnios divinos, Jesus para os umbandistas; Iemanjá – simboliza o feminino e as águas do mar, é a imagem de Nossa Senhora; Xangô – a justiça terrena, com a efetivação da lei de causa e efeito; Ogum – simboliza o conceito de trabalho, de luta, na natureza representa os metais; Oxóssi – a natureza juvenil da humanidade e as matas; Iorimá – símbolo da maturidade e da humildade, está conectada ao movimento das águas; Iory – é o aspecto infantil, a inocência da criança, a alegria da Natureza.






Há, porém, outra face da espiritualidade, o lado do mal, do desequilíbrio, o reino de Elegbara, na Umbanda considerado como o universo de Exu e no Catolicismo como o espaço do Demônio. Ao contrário dos Espíritos aos quais se ligam, os orixás não estão submetidos ao processo evolutivo, são apenas executores da vontade do Grande Pai.





Em que consiste uma oferenda para o orixá?





Em que consiste
uma oferenda para o orixá?



Para os praticantes do candomblé a força dos orixás é compreendida como a energia contida dentro e fora de cada um de nós, sendo que todo e qualquer possível desequilíbrio entre estas duas dimensões deve ser corrigido mediante a prática ritual de um significado o sentido do sacrifício e da oferenda.

O ebó serve então como elemento propiciatório, prevenindo desequilíbrios, invocando a proteção para que não faltem amor, saúde, trabalho e paz.

Ou seja, a pratica do ebó nos auxilia a superar com equilíbrio as dificuldades de nosso dia-a-dia.








Sacrifício


 
Sacrifício


Sacrifício é a prática de oferecer como alimento a vida de animais, humanos ou não, aos deuses, como acto de propiciação ou culto.

O termo é usado também metaforicamente para descrever atos de altruísmo, abnegação e renúncia em favor de outrem.


 Teologia do sacrifício


A teologia do sacrifício permanece uma questão em aberto, não apenas para as religiões que ainda realizam rituais de sacrifício, mas também para as que não mais os praticam, ainda que suas escrituras, tradições e histórias façam menção a sacrifício de animais.

As religiões apresentam diversas razões pelas quais os sacrifícios podem ser realizados.


Os deuses necessitam do sacrifício para seu sustento e para a manutenção de seu poder, que diminuiria sem o sacrifício.


Os bens sacrificais são utilizados para realizar uma troca com os deuses, que prometeram favores aos homens em retribuição pelos sacrifícios.


A vida e o sangue das vítimas dos sacrifícios contêm mana ou algum outro poder sobrenatural, cuja oferenda agrada os deuses


A vítima do sacrifício é oferecida como bode expiatório, um alvo para a ira dos deuses, que de outra maneira recairia sobre todos os homens.


Os sacrifícios privam as pessoas de comida e de outras comodidades, e como tal constituem uma disciplina ascética.


Coisas sacrificadas geralmente se tornam parte da renda da organização religiosa, por vezes base da economia para sustentar padres e templos.


O sacrifício é, na verdade, parte de uma cerimónia. Por vezes é consumido pelos fiéis. Habitualmente incorpora uma forma de redistribuição em que os pobres obtêm parcela maior do que sua contribuição.


Na Bíblia hebraica, Deus ordena que os israelitas ofereçam sacrifícios de animais no santuário, ou tabernáculo.

Quando os israelitas já haviam chegado à terra de Canaã, ordenou-se que todos os sacrifícios terminassem, exceto os que aconteciam no Templo de Jerusalém.

Na Bíblia, Deus pede sacrifícios como um sinal de sua aliança com povo de Israel. O sacrifício também era feito para que Deus perdoasse os pecados, uma vez que o animal estaria sendo punido no lugar do pecador.


 Sacrifício na Grécia Antiga


Na religião da Grécia Antiga o templo não seriva de lugar ao culto onde os fiéis se reuniam para celebrar os ritos, o tempo é a casa do deus a que se consagrou. O lugar de reunião dos devotos era o altar exterior, o bomos, bloco de cantaria quadrangular onde se desenrolava o rito central da religião grega, o sacrifício.


Representação de um sacrifício oferecido em conjunto com uma libação num vaso da Grécia Antiga. Figuração Ática em negativo de preto sobre o vermelho do barro oinochóe, ca. 430-425 BC (Louvre).

O sacrifício era de origem alimentar, envolvendo um animal doméstico como os que hoje nos servem de alimento, que seguia numa procissão ritual até ao bomos.

A cabeça era cortada com uma espada curta, a machaira, que até ali estava dissimulada debaixo de cereal no cesto ritual, o kanun. O sangue que jorrava sobre o altar era recolhido num recipiente, tal como ainda se faz num açougue ou matadouro, e abria-se o animal para se examinar as entrenhas, e em especial o fígado, de modo a concluir se o sacrifício era aprovado pelos deuses.

No caso afirmativo, a vítma é esquartejada e dividida nas suas diversas partes, tarefa que actualmente se faz num talho. As gorduras e os ossos maiores, completamente descarnados, eram deixados no altar para serem cremados, processo pelo qual se enviava o produto sacrificial aos deuses.

Alguns dos pedaços internos, os splanchna, eram grelhados em espetos neste fogo, pelos executantes do rito, e posteriormente distribuidos pelos mesmos, garantindo assim o contacto entre os deuses e os executantes do rito.

O resto da carne era cozida e dividida em partes iguais para ser consumida no local, como consumação geral da festa sacrificial por todos os participantes. As peles e a língua eram entregues ao sacerdote, ou cidadão imaculado, que procedera ao sacrifício.


O que no sacrifício grego é, para os deuses, uma oferenda, para os homens é uma refeição de festa que desde a imolação ao repasto estava envolvida numa atmosfera de fausto e alegria. Toda a encenação ritual era conduzida de modo a velar quaisquer traços de violência e assassinato, para fazer ressaltar a solenidade pacífica de uma festa feliz.

O animal do sacrifício não chegava a perceber qual era o seu destino e ninguém se horrorizava com o prospecto da sua morte. Ainda hoje, nos açougues industrializados, procura fazer-se a matança sem que o animal perceba, para que não liberte as toxinas produzidas pela ansiedade anterior ao golpe que o leva à morte, que infestam e muitas vezes inutilizam a sua carne.

Na sociedade grega antiga não se comia outra carne que não a dos sacrifícios.






 Sacrifício no Judaísmo


No Judaísmo, o sacrifício é conhecido como Korban, palavra oriunda do hebreu karov, que significa "vir para perto de Deus".


Judeus medievais como Maimônides reinterpretaram a necessidade de sacrifícios. Em sua visão, Deus sempre colocava os sacrifícios abaixo de orações e da meditação filosófica. No entanto, Deus entendia que os israelitas estavam acostumados aos sacrifícios animais, que as tribos pagãs realizavam como forma de comunicação com seus deuses. Assim, na visão de Maimônides, era natural que os israelitas acreditassem que o sacrifício fosse necessário na relação entre o homem e Deus. Maimônides concluiu que a decisão de Deus de permitir sacrifícios era uma concessão às limitações psicológicas do homem. Era esperado que os israelitas passassem de sacrifícios à adoração pagã em pouco tempo.






 Sacrifício no Islão


O sacrifício de um animal, em língua árabe, se diz Qurban (قُرْبَان). No entanto, a palavra possui em certas regiões uma conotação pagã. Na Índia, porém, a palavra qurbani é utilizada para o rito islâmico de sacrifícios de animais.


No contexto islâmico, o sacrifícios de um animal é comumente referido como Udhiyah (أُضْحِيَّة), significando sacrifício. Udhiyah, como um ritual, é oferecido apenas em Eid ul-Adha. Os muçulmanos dizem que isso não tem nada a ver com sangue e ferimentos (Corão 22:37: “Não é a sua carne tampouco seu sangue que alcança Alá, mas sim a sua fé que o alcança...”). O sacrifício é feito para ajudar os pobres, e para recordar o profeta Abraão que não se opunha a sacrificar o filho (de acordo com os muçulmanos, seria Ismael) a pedido de Deus. O animal a ser sacrificado pode ser um cordeiro, uma ovelha, uma cabra, um camelo ou uma vaca. Deve ser saudável e estar consciente.


O rito islâmico de sacrifício é chamado Dhabĥ (ذَبْحٌ). Em nome de Alá, a garganta e as veias jugulares são cortadas rapidamente com faca bem afiada. A espinha dorsal e o pescoço não devem ser quebrados até que o animal pare de se mover, evitando dor ao animal. São explicitamente proibidas outras formas de sacrifício de animais como morte a pauladas, eletrocussão e perfuração do crânio com lança.


A razão por que se invoca o nome do Criador no momento do sacrifício é por alguns considerada aquivalente à aceitação do direito do Criador sobre todas as criaturas. Trata-se de um tipo de permissão garantida ao autor do sacrifício, resulta em sentimento de gratidão por poder comer a carne do animal sacrificado. A carne é normalmente distribuída entre os parentes necessitados. No entanto, dependendo do propósito ou da ocasião, pode ser consumida pela pessoa que sacrificou o animal. Todos os animais devem ser sacrificados dentro das formas acima, não se importando se a carne será utilizada em comemoração religiosa ou consumo pessoal. Será então considerada Halal, e própria para consumo.


Sacrifício - vem da palavra sacrificar que no sentido religioso é oferecer em holocausto por meio de cerimônias próprias. Sua origem etimológica é sacr (de origem provavelmente judaica) e a palavra latina ofício).


No candomblé, esta parte do ritual denominada de sacrifício não é propriamente secreta; porém não se realiza senão diante de um reduzido número de pessoas, todos fiéis da religião. Deve-se temer que a vista do sangue revigore, entre os não iniciados, os estereótipos sobre a barbárie ou o caráter supersticioso da religião africana.


Uma pessoa especializada no sacrifício, o Axogun, que tem tal função na hierarquia sacerdotal, é quem o realiza ou, na sua falta o babalorixá. O Axogun não pode deixar o animal sentir dor ou sofrer porque a oferenda não seria aceita pelo Orixá. O objeto do sacrifício, que é sempre um animal, muda conforme o Orixá ao qual é oferecido; trata-se, conforme a terminologia tradicional, ora de um animal de duas patas, ora de um animal de quatro patas, galinha, pombo, bode, carneiro. Na realidade não se trata de um único sacrifício: sempre que se fizer um sacrifício a qualquer Orixá, deve ser antes feito um para Exú, o primeiro a ser servido.


Esse sacrifício não é só uma oferenda aos Orixás. Todas as partes do animal vão servir de alimento, nada é jogado fora. O couro do animal é usado para encourar os atabaques, o animal inteiro é limpo e cortado em partes, algumas partes são preparadas para os Orixás e o restante é destinado aos demais. Tudo é aproveitado: até a porção oferecida aos Orixás é posteriormente distribuída entre os filhos da casa como o inché do Orixá. É usada para confraternização: unem-se os filhos a comer com o pai ou mãe, havendo repartição do Axé gerado pelo Orixá. (Acredita-se que após algum tempo que a comida esteja no Peji ela fica impregnada pelo Axé do Orixá). O sacrifício no candomblé é a renovação do Axé, feito uma vez por ano para cada Orixá da casa ou em circunstâncias especiais.


Sacrifício animal


É o ritual em que se mata um animal como preceito de uma religião. Praticado por muitas religiões como maneira de se agradar a Deus/deuses ao mudar o curso da natureza. Sacrifícios animais surgem em quase todas as culturas, dos hebreus aos gregos e romanos.


Sacrifício humano


Ver artigo principal: Sacrifício humano


Sacrifícios humanos foram praticados desde a Antiguidade, quando matavam-se pessoas ritualisticamente de forma que agradasse algum deus ou força espiritual. Muitas civilizações tiveram ou ainda têm práticas de sacrifício humano em suas culturas, como por exemplo o caso da civilização asteca.


Ocasiões em que se sacrificavam homens:


Para a criação de um novo templo ou ponte;


Quando da morte de um rei ou membro do alto clero, para que o sacrificado servisse ao morto na próxima vida;


Em tempos de desastres naturais. Secas, terremotos, erupções vulcânicas, maremotos, etc, seriam sinais de fúria dos deuses - sacrifícios eram a forma de acalmá-los.


 Sacrifícios em jogos


Sacrifício também é usado metaforicamente para descrever determinada jogada em vários tipos de jogos. Sacrifícios, nesse sentido, são jogadas que deliberadamente eliminam peças ou oportunidades para obter alguma outra vantagem.


No xadrez, várias jogadas são descritas como sacrifício. Geralmente implicam a perda de uma peça ou um peão para quebrar o posicionamento do oponente e dar início a um ataque. As jogadas de abertura que envolvem sacrifícios são denominadas gambitos pelos jogadores de xadrez; nesses gambitos, geralmente é perdido um peão; os gambitos eme que perdem uma peça (de maior valor) são raros e arriscados.


No basebol, um sacrifice fly é uma jogada em que o batedor deixa-se deliberadamente eliminar para que outro jogador numa base possa fazer um ponto.


Sacrifice é ainda o nome de um jogo de computador produzido pela empresa "Shiny entertainment" no ano de 2000. Para mais informações veja Sacrifice (PC game).


Leituras Adicionais


Jean Pierre Vernant, O Mito e a Religião na Grécia Antiga, Lisboa, Teorema, 1991.


John Lancaster, In India, case links mysticism, murder, Washington Post, 11/29/2003


Nigel Davies, Human Sacrifice: In History and Today, Dorset Press, 1981. ISBN 0-88029-211-3

Oferenda ou sujeira??? - Artigo retirado do site do Santuário Nacional de Umbanda – dia 04/04/2007.

I N T E R E S S A N T E







Oferenda ou sujeira???








Faz tempo... Faz muito tempo.


Eu apenas um garoto, Pai Joãozinho - o Babalaô consagrado - e dezenas de filhos da casa. As mulheres com suas nunangas engomadas (alvas como leite) cobertas pelo arco-íris colorido das roupas de santo e nosso destino: a Floresta da Tijuca.


Kelês, guias e brajás brilhando ao sol, já quase se pondo. Tudo o mais limpo, o mais colorido e mais caprichado para servir ao Caboclo da Pedra Preta, em meu primeiro trabalho na mata.


Na primeira encruzilhada o marafo, a farofa e o charuto “pro Sinhô da Encruza”. O padê foi servido e não faltaram os sete cravos vermelhos, pois que não se oferecem rosas “pra Exu Home”, assim como não se oferecem cravos pra “Bombo-Gira muié”.


Entre cantigas e ingorossis, ouvíamos as explicações de Pai Joãozinho que era, na verdade, “uma grande mãe” para todos nós:


-“Mininu, aqui num é buteco! Num joga pinga no chão. Faça oferenda... Faça despacho... Num faça sujeira!!!”


E ninguém, por mais pobre que fosse, tinha coragem de “arriar um agradinho sequer” que não fosse em alguidar de barro para comidas ou em um cuité para bebidas, tendo ainda que “botar toalha no chão”, pois Santo exige respeito!


Nem mesmo para Oxosse servia-se algo no chão. Para Ogum então, tinha que ter prato de ferro (os esmaltados eram os mais comuns) e as obrigações exigiam um esmero ainda maior. Lembro-me bem que nem folha de mamona era usada para Oxosse, mas sim a de taioba. Até mesmo a folha de inhame nova, tinha que ser bonita e sem rasgado, ou corríamos o risco de não serem aceitas.


Era uma época de ritos singelos e, ao mesmo tempo, elaborados. Serviam-se verdadeiras iguarias aos Orixás e aos Encantados. Os abebés, e as coroas não conheciam paetês nem lantejoulas. Eram de cobre, lata ou latão. Tudo muito singelo e bem mais autêntico.


Umbandista ou Candomblecista que se prezasse, tratava com o devido respeito as “coisas sagradas” e tudo o que era do Santo, do Orixá e até mesmo do Exu.


Lembro-me que a expressão “Macumbeiro” tornou-se pejorativa quando, em qualquer encruzilhada de terra, encontrava-se um alguidar com um frango ou galo (geralmente preto) e uma garrafa de marafo, cercados de sete velas e um charuto. Em lugares como Coelho da Rocha, Rocha Miranda e, principalmente, na porta do Cemitério Israelita de São João do Meriti da década de 70 em diante, víamos e percebíamos que oferendas feitas de qualquer maneira, sem cuidados e sem princípios, traziam (tanto para os Terreiros de Umbanda como para as Roças de Candomblé) um grande desprestígio.


Pensamos que isso havia acabado, mas se hoje encontramos oferendas bem cuidadas, com tudo que é devido à tradição afro, por outro lado, também encontramos verdadeiros absurdos. Por exemplo, no Reino dos Exus do SANTUÁRIO NACIONAL DA UMBANDA, já encontramos:






1. Copos descartáveis com salsichas e embalagens do McDonald’s com hambúrgueres;


2. Sem falar dos que chegam aos pés de Ogum e esvaziam no chão, sacolas de supermercado com feijão preto cozido;


3. Arroz e feijão aos pés de Oxum;


4. Aos pés de Iemanjá uma tainha e, às vezes, uma mísera sardinha, sem um pedaço de morim branco, sem um prato de louça ou barro. Tudo jogado no chão sem o menor cuidado. Outras vezes, entregam oferendas de Exu nos pés da cachoeira (a Casa de Oxum).






Será que não sabem a diferença entre Exu e Oxum??? Ou será que nunca aprenderam o que é a verdadeira Umbanda ou o verdadeiro Candomblé? O culto afro exige e merece respeito. Copos plásticos e/ou descartáveis e sacolas de plásticos não combinam com a milenar tradição Candomblecista e nem com a centenária Umbanda.


- “Mininu faça oferenda, não faça sujeira! Tratemos com respeito as divindades.”


Seja você Umbandista ou Candomblecista, não faça e nem permita que os seus façam sujeira na mata, na cachoeira, nos rios, nas vias públicas. Lembre-se do que dizia, com sua voz anasalada, o Rei do Candomblé:


-“Mininu... faça oferenda...não faça sujeira!”






Babalaô Ronaldo Antonio Linares


- Artigo retirado so site do Santuário Nacional de Umbanda – dia 04/04/2007.

Uma polêmica reflexão ( Restos de oferendas, religião ou sujeira? )

 
Restos de oferendas, religião ou sujeira?


Edições - Claro! no Escuro


Escrito por Francine Segawa


Qui, 13 de Maio de 2010 12:39


“São pessoas que se aproveitam da fé, da necessidade, da fraqueza e desespero das pessoas” Pai Guimarães

Passando pelas ruas, raras vezes, é possível encontrar uma combinação de potes de barro, alimentos, objetos.

Macumba?

Magia?

Despacho?

Oferenda?

Cada um dá um nome e o encontro com esses elementos sempre deixa no passante variadas impressões.

O que pouca gente vê é o momento e o rito dessas entregas, que são facilmente associadas às religiões afro descendentes umbanda e candomblé.


Pai Guimarães, da Associação Brasileira dos Templos de Umbanda e Candomblé, conta que “o ritual é uma atividade programada e definida para louvar e promover a invocação das energias dos orixás”.

Em rituais específicos são preparadas diversas oferendas que depois


são ofertadas em louvor a alguma das divindades.


Vera Regina Vaz, mãe-pequena do Centro de Umbanda Mané de Angola em Cotia e Cássio Ribeiro, Presidente da Federação de Umbanda e Cultos Afro-brasileiros de


Diadema, dizem que as entregas noturnas estão ligadas às entidades de esquerda, como a Pomba-Gira ou Exu.

 “As entidades da esquerda têm campo vibratório maior à noite”,


diz Cássio.


É consenso que nessas religiões se fazem oferendas, mas as entregas feitas à noite, nas calçadas, praças e ruas, é motivo de polêmica entre os religiosos.



O que os divide é o modo como o ritual é realizado e o que seria possível solicitar às entidades nessas entregas.


Vera afirma que é comum essas oferendas acontecerem por questões sentimentais, como um agrado para conseguir algo do namorado ou mesmo ter o objetivo de fazer uma maldade.

Além disso, afirma que se o ritual for feito na rua, deve ocorrer onde não passa muita


gente nas primeiras 24 horas, porque isso dispersa a energia.


Já Cássio orienta as pessoas a não colocar nada em vias públicas e nas esquinas em frente às casas das pessoas, para evitar incomodar os transeuntes.


Pai Guimarães vai mais longe e questiona a seriedade desses trabalhos.

Considera que as oferendas que se espalham por aí, é um “lixo religioso degradante”.

 “Até nós condenamos tais práticas absurdas”, diz.


Para ele, quem faz esses rituais “são pessoas que se aproveitam da fé, da necessidade, da fraqueza e desespero de algumas pessoas, que se permitem ser manipuladas para serem


atendidas em seus pedidos”.


O debate vai do material ao metafísico e envolve vários fatores, que vão desde a cobrança


em dinheiro - que para Pai Guimarães não seria feita por religiosos sérios-, até saber se a


oferenda feita à noite, na rua, seria mesmo capaz de chegar a Exu e se essa entidade poderia


ser usada pelos homens para qualquer objetivo.


Está colocada a polêmica e por trás da oferta depositada na calçada existe não só um pedido feito a uma divindade; há também toda uma discussão sobre a ética e a doutrina das religiões afro descendentes.

O que é Macumba ?

Macumba




A primeira definição de Macumba que se encontra em qualquer dicionário é de: antigo instrumento musical de percussão, espécie de reco-reco, de origem africana, que dá um som de rapa (rascante); e Macumbeiro é o tocador desse instrumento.



O conceito da macumba está tão arraigado na cultura popular brasileira, que são comuns expressões como "xô macumba" e "chuta que é macumba" para demonstrar desagrado com a má sorte. As superstições nesse sentido são tão grandes, que até mesmo para a Copa do Mundo foram criados sites para espantar o azar. São também muito comuns amuletos que vão desde adereços até objetos que remetem aos utilizados nos cultos religiosos.



Popularmente, a palavra macumba é utilizada para designar genericamente os cultos sincréticos afro-brasileiros derivados de práticas religiosas e divindades dos povos africanos trazidos ao Brasil como escravos, tais como os bantos, como o candomblé e a umbanda.



Entretanto, ainda que macumba seja confundida com o candomblé e a umbanda, os praticantes e seguidores dessas religiões recusam o uso da palavra para designá-las.



Outras acepções para o termo macumba são:



Macumba, na acepção popular do vocábulo, é mais ligada ao emprego do ebó, feitiço, "despacho", coisa-feita, mironga, mandinga, muamba;

Palavra usada no sentido pejorativo para se referir ao candomblé ou à umbanda;

Diz-se mais comumente macumba que candomblé, no Rio de Janeiro, e mais candomblé do que macumba, na Bahia.

Câmara Cascudo: "Ainda ao tempo das reportagens de João do Rio os cultos de origens africanas no Rio de Janeiro chamavam-se, coletivamente, candomblés, como na Bahia, reconhecendo-se contudo, duas seções principais: os orixás dos cultos nagôs e os alufás dos cultos muçulmanos (malês) trazidos pelos escravos. Mais tarde o termo genérico 'macumba', foi substituído por Umbanda. Meio século após a publicação de 'As Religiões do Rio', estão inteiramente perdidas as tradições malês e em geral os cultos, abertos a todas as influências, se dividem em terreiros (cultos nagôs) e tendas.



No livro de 1904 As Religiões no Rio Paulo Barreto, sob o pseudônimo de João do Rio escreveu: “Vivemos na dependência do feitiço, dessa caterva de negros e negras de babaloxás e yauô, somos nós que lhes asseguramos a existência, com o carinho de um negociante por uma amante atriz. O feitiço é o nosso vício,mas o nosso gozo, a degeneração. Exige, damos-lhe; explora, deixamo-nos explorar e, seja ele maitre-chanteur, assassino, larápio, fica sempre impune e forte pela vida que lhe empresta o nosso dinheiro.” Macumba era definida por toda e qualquer manifestação mediúnica de curandeiros, pais-de-santo, feiticeiros, charlatões, e todos aqueles que se dispunham a intervir junto às forças invisíveis do além apenas em troca de dinheiro e poder. Ver:marmoteiro.



Prandi, 1991 "E a macumba carioca, portanto, pode bem ter se organizado como culto religioso na virada do século, como aconteceu também na Bahia. Não vejo, pois, razão para pensá-la como simples resultante de um processo de degradação desse candomblé visto no Rio no fim do século por João do Rio, essa macumba sempre descrita como feitiçaria, isto é, prática de manipulação religiosa por indivíduos isoladamente, numa total ausência de comunidades de culto organizadas. Arthur Ramos fala de um culto de origem banto no Rio de Janeiro na primeira metade do século, cultuando orixás assimilados dos nagôs, com organização própria, com a possessão de espíritos desencarnados que, no Brasil, reproduziram ou substituíram, por razões óbvias, a antiga tradição banto de culto aos antepassados (Ramos, 1943, v.1, cap. XVIII). São cultos muito assemelhados aos candomblés angola e de caboclos da Bahia, registrados por Edison Carneiro, que já os tratava como formas degeneradas (Carneiro, 1937. Para uma análise atual da questão da pureza nagô, ver Beatriz Góis Dantas, 1982 e 1988)."