CASA PODEROSA DOS FILHOS DE YEMANJÁ

CASA PODEROSA DOS FILHOS DE YEMANJÁ

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Quem escolhe a religião dos nossos filhos ?



O abismo do Paraíso.

Assim a Bíblia explica como Deus expulsou Adão e Eva do Paraíso, logo após terem comido do fruto proibido. Será que isso faz parte da evolução da humanidade?


Se perceberem, essa passagem cita que a obra-prima de Deus foi enxotada do Paraíso logo após desobedecer a seu Criador. Ela deixa claro que Deus não foi misericordioso e também não perdou... Será este o legado cristão que nossos filhos deverão receber?


Quem escolhe a religião dos nossos filhos? O governo ou eles próprios?


O sistema brasileiro se preocupa em dividir cotas para brasileiros afros descendentes e não em igualar esta diferença, nunca chegaremos à igualdade favorecendo classes se todos são iguais e têm seus direitos. Não faremos uma democracia favorecendo grupos, devemos dar direitos e deveres iguais a todos.


O problema cresceu e atingiu a escola. O estado do Rio de Janeiro está se organizando para uma cruzada religiosa, que fere a constituição federal. Aproveitando a brecha aberta pela lei estadual 3.459/2000, que regulamentou o Ensino Religioso como confessional no Rio de Janeiro, no final do ano passado foram lançados os livros “As Obras de Deus Criador”, “O fato Cristão”, “A Igreja de Cristo” e “Os sinais do Espírito”, organizados pela Arquidiocese e coordenados por Dom Filippo Santoro, Bispo da Educação e do Ensino Religioso.


São livros católicos que favorecem a fé cristã, justo no inicio da formação da personalidade do aluno, destinados ao 1º, 2º, 4º e 5º anos do Ensino Fundamental. Com base nas escrituras, eles preparam o estudante para uma vida religiosa, desrespeitando a Constituição, burlam a própria lei do Ensino Religioso, discriminam religiões afro-descendentes e representam um retrocesso em importantes conquistas de educadores e educadoras preocupados (as) com a diversidade do país.

Presbiterianos e eleitos com grande apoio das igrejas evangélicas, o “casal Garotinho” aproveitou a chance. Em setembro de 2000, o marido sancionou a Lei 3.459, do ex-deputado católico Carlos Dias (PP-RJ) que estabelece o ensino religioso confessional na rede estadual. Em 2004, a esposa Rosinha, já governadora, realizou concurso público e contratou 500 professores de Ensino Religioso. A relação é: Católicos (68,2%); evangélicos (26,31%) e “outras religiões” (5,26%). Não existem professores de candomblé, por exemplo. Para explicar porque o candomblé ficou de fora, a Coordenação de Ensino Religioso (órgão ligado à Secretaria de Educação) informa que não há registro na pesquisa realizada em 2001 de alunos que praticam essa religião, mas garante que não há proselitismo na disciplina.


A redação do Portal Sosni procurou alguns representantes da religião afro-brasileiras para conversar sobre o assunto.


Mãe Fernanda de Oxum Docô


Sosni - Como se sente perante um movimento organizado que sufoca a liberdade religiosa?


Mãe Fernanda de Oxum Docô - Em alguns momentos acabo me sentindo um tanto impotente por não enxergar representantes com força e liderança nas bancadas parlamentares em todas as esferas de governo, para que possam proteger a nossa liberdade de culto. Ao mesmo tempo não temos grande espaço na mídia, onde poucos Babalorixás/Yalorixás conseguem uma comunicação direta com o público em geral e onde podemos ver uma grande propagação das religiões atualmente mais fortes no Brasil, a Católica e a Evangélica. Por enquanto esse movimento não teve maiores resultados práticos em minha vida religiosa, mas o futuro torna-se uma incógnita a partir da força que o mesmo vem tomando.


Sosni - Os sacerdotes das religiões afro-brasileiras estariam dispostos a fazer palestras e material didático gratuito para as escolas publicas?


Mãe Fernanda de Oxum Docô - Acredito que muitos estariam dispostos a isso, mas para tanto tem de haver um interesse do governo em criar esse espaço e um grupo de religiosos envolvidos nesse propósito. Quanto ao material didático gratuito, aí já não saberia responder, pois tudo que gera despesa tem de ter uma fonte de fundos. Acredito que deveria ser promovida pelas entidades africanistas tal movimentação, para a qual todos nós colaboramos, inclusive para não ficar rotulada como uma atitude isolada de determinados sacerdotes.


Sosni - Os senhores já pensaram em fazer doações de livros afro-brasileiros para as escolas e faculdades?


Mãe Fernanda de Oxum Docô - Seria um bom procedimento, mas não acredito que apenas a doação de material informativo fosse o suficiente para que essa informação chegasse à sociedade como um todo. Acredito que um movimento forte e consistente, de informação e conscientização seria o melhor caminho.


Mãe Fernanda de Oxum Docô,


filha de Pai Pedro de Oxum Docô


Nação Ijexa-Jeje, de Porto Alegre-RS


E-mail: fernandapc@ceee.com.br


Mãe Edna de Yemanjá


Sosni – Conte o trabalho que opera com crianças da comunidade da região do Guarapiranga?


Mãe Edna de Yemanjá - Convivemos com 25 crianças aqui na associação. Sem ajuda do governo, eu dependo da doação dos voluntários e uma aposentadoria que mal recebo já foi toda. Como as crianças são filhas dos membros que freqüentam a minha casa, eu posso educá-las e ensiná-las os conceitos básicos da religião afro-brasileira.


Sosni – Como a religião afro-brasileira ajuda no seu projeto com crianças?


Mãe Edna de Yemanjá - A Umbanda a qual eu fui iniciada e que hoje comando uma pequena casa aqui no Guarapiranga me ajuda a ensinar aos menores o básico da vida. Já vi resultado, pois eles mudaram seu comportamento e estão a cada dia recebendo elogios. Até uma professora da escola que freqüentam veio conhecer o nosso trabalho.


Sosni – Estaria disposta a fornecer conteúdo para as escolas? Como?


Mãe Edna de Yemanjá - Estamos sempre à disposição para ajudar a comunidade. Mesmo sendo poucos os voluntários, já fizemos algumas apresentações de danças folclóricas afro-brasileiras como representação dos orixás, maculelê e samba de roda. Quem quiser, nos procure, pois só necessitamos de transporte para 25 crianças.


Mãe Edna Negreiros


Dirigente espiritual do templo Mãe Janaina – Umbanda.


SP – bairro Guarapiranga


Site da associação que ela dirige – WWW.meninosdoguarapiranga.com


FTU


"Enviamos três perguntas para a faculdade de Teologia Umbandista e não foi respondido até o presente momento, deixamos aqui o espaço para sua resposta"


1 – Vocês são a favor ou contra do ensino religioso nas escolas?


2 – É possível apresentar algum projeto que possa ser aplicado nas escolas públicas?


3 – Como quebrar o preconceito religioso sem criar atrito com os militantes?


FACULDADE DE TEOLOGIA UMBANDISTA (F.T.U.) formaliza o saber religioso, por meio de seu credenciamento como instituição de ensino superior, obtido junto ao MEC


http://www.ftu.edu.br/




Pai Guimarães


Sosni – Como proteger os direitos dos alunos?


Pai Guimarães - Temos a necessidade urgente de promover ações que possam identificar, qualificar e indicar representantes das religiões de Matriz Africana e Afro brasileira para, assim, promover o ensino religioso e atuar em outras áreas da sociedade, assim como já acontece com as demais vertentes religiosas.


O ideal seria que não houvesse esta atividade educacional nas escolas, pois o Estado deveria ser laico e não desenvolver nenhuma facilidade que pudesse dar oportunidade para que as religiões estabelecidas e com estrutura política definida e, bem representadas, se aproveitassem destas situações para impor suas ideologias religiosas. Mas diante de tal situação, não nos resta outra alternativa. E o MOVIMENTO CHEGA!!! GUERREIROSDOAXE, que é um movimento de conscientização e mobilização que visa promover ações em defesa dos direitos das comunidades Afro-brasileiras, está se preparando para mobilizar e forma quadros, assim como já vêem fazendo com os Operadores do direito e da segurança pública. Estamos atrasados e desorganizados, por isto vivemos à margem das ações sociais e projetos que são ocupados pro outras vertentes, não somos excluídos, estamos excluídos por nossa própria falta de iniciativa e interesse em buscar soluções. Estamos limitados e reféns de nossa própria incapacidade e falta de união e participação nas iniciativas que querem abrir caminho para uma nova realidade.


Sosni – Qual o caminho para preservar o espaço das religiões afro-brasileiras nas escolas?


Pai Guimarães - Como dito, temos que mudar nossa forma de pensar e agir.


Não podemos mais ficar limitados às reclamações e a indignações que assistimos dentro das nossas casas e encontros. É gritante e está se tornando algo desesperador, a nossa falta de organização e envolvimento nas questões políticas, sejam elas, política social, cultural, educacional, saúde e até eleitoral.


As atividades de cunho social e todas as políticas públicas estão atreladas à política eleitoral. Sem uma voz em nossa defesa, sem alguém que de fato seja o nosso representante político, que não esconda seu vínculo e seu compromisso com as comunidades de Matriz Africana e Afro-brasileira, muito pouco será feito, conquistado ou preservado. Eu acredito que sem uma representatividade política, podemos continuar a gritar, berrar e espernear que ninguém vai se incomodar ou vir em nosso socorro. Somente uma pessoa comprometida e que vivencia a nossa realidade terá coragem de promover as ações afirmativas e tomar decisões que, de fato, venham amenizar as injustiças pelas quais sofremos.


Hoje, podemos dizer que, existe uma esperança e uma motivação muito grande nascendo em nossa comunidade. Acreditamos que num futuro bem próximo, muito coisas irão mudar.


As mobilizações e as reuniões seguidas de adesões importantes junto ao “Movimento Chega!!! Guerreiros do Axé”, nos mostra que estamos no caminho certo e que em breve teremos em nossa comunidade não só grupos organizados e conscientes da sua missão de representar e defender os direitos sociais a que temos direito, mas também o representante político, eleito pelo povo do axé, que irá utilizar os grupos que estão sendo preparados para atuar junto às administrações públicas e da própria sociedade.


O melhor caminho a ser seguido é o da união a favor dos esforços que possam gerar benefícios e facilidades para o coletivo. Temos que romper com um passado que só nos traz lembranças de divisão, intrigas, fofocas e disputas que têm nos levado a comemorar somente derrotas sociais e privação de direitos. Chegou a hora de UNIÃO, na qual os que ainda não aderiram ou tomaram conhecimento de como podem somar estas iniciativas sintam-se motivados e passem a se interessar em participar. Este é o caminho.


Pai Guimarães,


sacerdote da religião Umbanda e diretor do grupo Guerreiros do Axé.




*A redação do Portal Sosni não favorece nem um dos partidos entrevistados e afirma que toda e qualquer matéria aqui publicada é imparcial.


Buscamos o parecer de cada um deles pelo fato de serem representantes dos segmentos religiosos afro-brasileiros.

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