CASA PODEROSA DOS FILHOS DE YEMANJÁ

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segunda-feira, 28 de junho de 2010

Uma polêmica reflexão ( Restos de oferendas, religião ou sujeira? )

 
Restos de oferendas, religião ou sujeira?


Edições - Claro! no Escuro


Escrito por Francine Segawa


Qui, 13 de Maio de 2010 12:39


“São pessoas que se aproveitam da fé, da necessidade, da fraqueza e desespero das pessoas” Pai Guimarães

Passando pelas ruas, raras vezes, é possível encontrar uma combinação de potes de barro, alimentos, objetos.

Macumba?

Magia?

Despacho?

Oferenda?

Cada um dá um nome e o encontro com esses elementos sempre deixa no passante variadas impressões.

O que pouca gente vê é o momento e o rito dessas entregas, que são facilmente associadas às religiões afro descendentes umbanda e candomblé.


Pai Guimarães, da Associação Brasileira dos Templos de Umbanda e Candomblé, conta que “o ritual é uma atividade programada e definida para louvar e promover a invocação das energias dos orixás”.

Em rituais específicos são preparadas diversas oferendas que depois


são ofertadas em louvor a alguma das divindades.


Vera Regina Vaz, mãe-pequena do Centro de Umbanda Mané de Angola em Cotia e Cássio Ribeiro, Presidente da Federação de Umbanda e Cultos Afro-brasileiros de


Diadema, dizem que as entregas noturnas estão ligadas às entidades de esquerda, como a Pomba-Gira ou Exu.

 “As entidades da esquerda têm campo vibratório maior à noite”,


diz Cássio.


É consenso que nessas religiões se fazem oferendas, mas as entregas feitas à noite, nas calçadas, praças e ruas, é motivo de polêmica entre os religiosos.



O que os divide é o modo como o ritual é realizado e o que seria possível solicitar às entidades nessas entregas.


Vera afirma que é comum essas oferendas acontecerem por questões sentimentais, como um agrado para conseguir algo do namorado ou mesmo ter o objetivo de fazer uma maldade.

Além disso, afirma que se o ritual for feito na rua, deve ocorrer onde não passa muita


gente nas primeiras 24 horas, porque isso dispersa a energia.


Já Cássio orienta as pessoas a não colocar nada em vias públicas e nas esquinas em frente às casas das pessoas, para evitar incomodar os transeuntes.


Pai Guimarães vai mais longe e questiona a seriedade desses trabalhos.

Considera que as oferendas que se espalham por aí, é um “lixo religioso degradante”.

 “Até nós condenamos tais práticas absurdas”, diz.


Para ele, quem faz esses rituais “são pessoas que se aproveitam da fé, da necessidade, da fraqueza e desespero de algumas pessoas, que se permitem ser manipuladas para serem


atendidas em seus pedidos”.


O debate vai do material ao metafísico e envolve vários fatores, que vão desde a cobrança


em dinheiro - que para Pai Guimarães não seria feita por religiosos sérios-, até saber se a


oferenda feita à noite, na rua, seria mesmo capaz de chegar a Exu e se essa entidade poderia


ser usada pelos homens para qualquer objetivo.


Está colocada a polêmica e por trás da oferta depositada na calçada existe não só um pedido feito a uma divindade; há também toda uma discussão sobre a ética e a doutrina das religiões afro descendentes.

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