CASA PODEROSA DOS FILHOS DE YEMANJÁ

CASA PODEROSA DOS FILHOS DE YEMANJÁ

sábado, 5 de junho de 2010

Orixá: Yewá

Yewá
Yewá


OROGBORO
A SERPENTE GUARDIÃ DO INFINITO








CONSTELAÇÃO DA SERPENTE



 Serpente vermelha, símbolo feminino.












1 África


2 Brasil


3 Cuba






















                                                                             








África


Yewa, Orixá do rio Yewa, que fica na antiga tribo Egbado (atual cidade de Yewa) no estado de Ogun na Nigéria.










Orixá identificada no jogo do merindilogun pelo odu obeogunda.










Verger conta que na Nigéria, Abimbola publicou um itan Ifá (história de Ifa), falando "que de certa feita estando Iyewa à beira do rio, com um igba (gamela) cheio de roupa para lavar, avistou de longe um homem que vinha correndo em sua direção. Era Ifá que vinha esbaforido fugindo de Iku (a morte).




Pedindo seu auxílio, Iyewa despejou toda roupa no chão, que se encontrava no igba, emborcou-o em cima de Ifa e sentou-se.


Daí a pouco chega a morte perguntando se não viu passar por ali um homem e dava a descrição.




 Iyewa respondeu que viu, mas que ele havia descido rio abaixo e a morte seguiu no seu encalço.






 Ao desaparecer, Ifa saiu debaixo do igba e levou Iyewá para casa, a fim de torná-la sua mulher."










                                          Yewa é a deusa da gravidade, patrona dos astros
Via láctea














 Brasil
céu cor-de-rosa é quando ela passa pela Terra












Ewá, Euá, Iyewa, Orixá feminino, é a divindade do rio e da lagoa Iyewà na Nigéria.








Uma das iabás, considerada ora irmã de Iansã, ora esposa de Oxumarê.








Seu nome significa maezinha do carater.






Verger em suas pesquisas diz: "Na Bahia é cultuada somente em três casas antigas, devido à complexidade de seu ritual.






As gerações mais novas não captaram conhecimentos necessários para a realização do seu ritual, daí se ver, constantemente, alguém dizer que fez uma obrigação para Iyewa , quando na realidade o que foi feito é o que se faz normalmente para Oxum ou Oyá."




Em 1981, houve uma saída de Iyewá no Ilê Axé Opô Afonjá, após mais de 30 anos da iniciação da anterior.






As cores de seus colares (fio-de-contas) são o vermelho e azul(tranparentes).




 A GEMA DE YEWA, O RUBÍ




 Usa como insígnias a âncora e a espada, ofá que utiliza na guerra ou na caça, brajás de búzios, roupa enfeitada com iko (palha da costa) tingida.



















Gosta de pato, também de pombos, odeia galinhas. Há um vodun daomeano com o mesmo nome, cultuado em São Luís do Maranhão. Saudação – "Riró!".












Lendas:


O seu grande ewó (coisa proibida) é a galinha.


Corre a lenda entre as casas antigas da Bahia que cultuam Iyewa, que certa vez indo para o rio lavar roupa, ao acabar, estendeu-a para secar.




 Nesse espaço veio a galinha e ciscou, com os pés, toda sujeira que se encontrava no local, para cima da roupa lavada, tendo Iyewa que tornar a lavar tudo de novo.




 Enraivecida, amaldiçoou a galinha, dizendo que daquele dia em diante haveria de ficar com os pés espalmados e que nem ela nem seus filhos haveriam de comê-la, daí, durante os rituais de Iyewa, galinha não passar nem pela porta. Verger encontrou esse ewó na África e uma lenda idêntica.






Conta-se que Iyewá era uma linda virgem que se entregou a Xangô, despertando o ciúme e a ira de Iansã. Para fugir da senhora dos ventos e tempestades, se escondeu nas florestas com Oxóssi, tornando-se uma guerreira e caçadora.






Rege as neblinas e nevoeiros na natureza.










Iyewá no Xambá


Cuba


Lydia Cabrera, antropóloga cubana escreve sobre Yewa e refere-se à Yemayá-Olokún.






Ewa não é uma orixá, sim uma eledá, como muitas outros que acreditamos ser um orixá.


Lembro que o titulo de orixá pertence ao orixá Ori, e a nenhum mais.


Yemanjá tem o de Yia-aja-ori, que não é a mesma coisa de orixá, como podemos pensar numa primeira idéia.


Mais é aparece nos itans de Ifá em certas ocasiões quando do nascimento, quando dos poderes dela, já mocinha, depois com o primeiro namoro e como amante se assim podemos dizer; quando ela começa uma vida sexual ativa que nos informa que tem ela um caso com: 3 oxalá novo o senhor dos Bambus amarelos, o oxalá que vem avisar que o tempo acabou, depois com Oxoguian, Exu, Oxumaré, com 2 dos Odes, Orunmilá e por ultimo ela aparece como esposa de Omolu.




Em seu nascimento ela aparece quando Ogun violenta Nana, na frente do povo dela, mostrando que ele invadiu a aldeia dela, lembramos que essa lenda começa quando não lhe proíbe a simples pelas terras dela, Nana faz a lama subir até quase matar Ogun, ele escapa e a fere com uma lança, razão pela qual ela não gosta de metal em suas coisas pois sua carne foi cortada por um metal.




Ogun se organiza e trava um guerra com Nana sem precedentes, onde sai vitorioso invadindo as terras dela e dominando tudo, por final junta todo o povo de Nana no meio da aldeia e ali tem relações com ela na frente do povo dela, num demonstração que havia subjugou a rainha.




 Desta relação nasceu Ewá. Uma linda menina, o único filho perfeito que Nana teve.


Daí ela mandar colocar acima da porta de sua aldeia um iba de Ogun.


Ewa não tem nada, pois Nana teria já dado distribuído aos seus filhos, Omolu e Oxumare, seus filhos doentes, mais Oxumare se apegou a irmã e com ela combinou que cada um iria dirigir o Arco-íris por um tempo, daí ser ele o arco íris um tempo dirigido por Ewa e outro por Oxumare (não é 6 meses). Oxumare dá a Ewa a cor branca do arco íris, pois ela é um santo balle.


Ewa tinha brigas de muitos querendo casar com ela, quando nova pela beleza. Ela seduziu Oxalufan que vivia com Nana.


Tendo ai o seu primeiro contato sexual. Ela tem suas cores o roxo e branco, enquanto Iku é roxo, preto e branco.


Conta-se que Ewá recebeu de Ogun o direito de usar uma lâmina que ela esconde entre os seios, cujo o cabo é madeira, que esse fica a mostra.


Ele mostra a pureza da morte onde devemos nos preparar, pois a vida é uma preparação para esse dia onde vamos prestar conta de tudo que fizemos dela é a expressão não deixe que outro tome seu lugar na morte, pois o julgamento dele será pior que o seu.


Ewá dá mais um tempo a pessoa para se aguardar uma pessoa de longe chegar antes de dar o sono da morte.


Ewá vem apenas para quem é digno, daí ter que ter a pureza diante dela.


Quem não é puro não merece a boa morte.


Ela é versátil em venenos, onde tentou envenenar alguns orixás, inclusive Exu, que não foi bem sucedida.


Consegui subjulgar Orunmilá e mante-lo como escravo dela por muito tempo, nesse período Oxumaré foi babalawô usando as cores, verde, amarelo e preto, ela travou varias guerra com seu irmão Omolu, onde por ultimo ele com um tapa a venceu tirando toda a carga de maldade dela.


E venceu a maldição dela dada por Oxalá da Bambuzal, onde ela de dia era uma velha e a noite era um linda mulher.


 Ela já casada com omolu, que ela tem muito medo até hoje foi mãe de todos os filhos dele.


 Já como esposa de Omolu ela ajudou um rapaz a fugir da morte.


Invocando ela ser esposa de Omolu. Ele rege o sono da morte.


Os venenos onde com ele matou os que a perseguia e quem ela não gostava.






Entretanto existe um fato em Ifá Xorokê, é um guerreiro feiticeiro, que não é Ogun e não é Exu.








No candomblé é cultuado como Ogun, que seria o Irominã (o Ogun que come com exu e o exu que come com Ogun, que a tradução seria meu nome é fogo) dizem que é um Ogun e um Exu rebaixando, Xoroke é um santo extremamente sagaz e ligado a torturas, desastres de grandes proporções.


Enquanto Ogun quer ver o inimigo olhos nos olhos o Xoroke não tem isso.


Ele tem requinte de maldade, gosta de acumular riquezas e bens materiais e é muito vaidoso.


E só gosta de coisas boas e que custem muito. Tem muita ostentação.


Coisas simples ofende o Xoroke. Pune seus filhos com grandes desgraças, daí muitos terem medo deste santo. Não aceita que seja questionado em nada. Suas cores e azulão e vermelho.


Ao contrário de Ogun que é verde. Pode usar um arpão, adaga, ofa, cabaças. Cobre o rosto. Em alguns barracões dizem ser ela filha de Obatalá. Entretanto em Ifá não achamos amparo para isso.


—Lydia Cabrera Mythologie Vodou, Piétonville, 1950


Egbado








A tribo Egbado (atualmente Yewa, é um sub-grupo do mais abrangente povo yoruba), que habita a área oriental da Distrito Senatorial de Ogun Oeste, no estado de Ogun, no sudoeste da Nigéria, África. Em 1995 mudaram seu nome para Yewa.








 História


O povo Egbado parece ter migrado, possivelmente de Ketu, Ile Ifé, ou Oyo, para sua atual área no início do século 18. As vilas Egbado mais importante Ilaro Ayetoro e Igbogila, foram criadas no século 18 para tirar partido das rotas do comércio escravo, do interior do império de Oyo até à costa em Porto-Novo. Outras vilas foram Ilobi e Ijanna, que eram estratégicas na proteção dos flancos das rotas da escratura. Os Egbados estavam sujeitos às regras do reino de Oyo, que eram controlados pelo governador Onisare de Ijanna. Os Oyo, não foram capazes de implantar sua força cavalaria para proteger as rotas, devido a mosca tsé-tsé e à falta de forragens de cavalo - e, portanto, teve de recorrer aos Egbados para gerenciar as rotas. Os historiadores Akinjogbin, Morton-Williams e Smith, todos concordam que pelo século 18 esta via para a costa foi fortemente engajada no comércio escravo, e que escravos foram o sustentáculo da economia de Oyo.






Os Egbados alcançaram posteriormente uma frágil independência após a queda do reino de Oyo, mas estavam sujeitos a frequentes ataques de outros grupos, tais como a invasão de escravo Dahomey (que apreendeu, entre outros, Sarah Forbes Bonetta), e várias tribos que pretendiam forçar a abertura de suas próprias rotas de comércio de escravos para o mar. As vilas Ilaro e Ijanna tinham sido destruídas nos anos 1830. Pelos anos 1840 chegaram a Egbado sob o controle das tribos adjacentes Egba, que utilizaram o território Egbado para forjar rotas para Badagry e o porto de Lagos. Pelos anos 1860 Egba abandona a rota, porque os ingleses estavam usando ativamente sua formidável marinha para tentar abolir o comércio de escravos. Como consequência, os Egbas expulsam os missionários britânicos e comerciantes da área em 1867.






Após 1890, Egbado solicitou um protetorado aos britânicos e tendo uma pequena guarnição armada, tornando-se independente da Egba. A área tornou-se parte da British Colony e protetorado da Nigéria em 1914, como Divisão Egbado na Província de Abeokuta. A sede administrativa foi mais tarde transferida, após a criação do novo Estado de Ogun incluído (no mesmo tipo) da velha Província de Abeokuta.






 A moderna Egbado/Yewa


Em 1995 os Egbado escolheram renomear-se para "Yewa", após o nome do rio Yewa, que atravessa a região em que habitam. Eles são principalmente agricultores, mas existe algumas transformações têxteis artesanais. Estão localizados principalmente nas áreas de: Ado-Odo/Ota, Ipokia, Yewa Sul, Yewa Norte, Imeko-Afon, e Abeokuta Norte. Há denúncias de que o sistema de patrocínio e nepotismo na política nigeriana tenha causado a área, ser negligenciada em termos de investimento.






A área desenvolveu um estilo de música popular, chamado Bolojo, na década de 1970.






O nível populacional é incerta, mas pode ser em torno de 300.000.




Bibliografia


Ogunsiji, O. (1988). Pastoralismo em Egbado divisão do Estado Ogun. Universidade Ahmadu Bello, Zaria.


Kola Folayan. (1967). "Egbado de 1832: o nascimento de um dilema", Revista da Sociedade Histórica da Nigéria, 4, pp. 15–34.








LENDAS DE YEWÁ




Ewá era uma linda mulher que morava num reino distante de Ifé. Com seu jeito de princesa, causava admiração por onde passava.






Vivia nas margens de um rio e podia invocar as forças dos ventos e das chuvas para favorecer as colheitas.






Um dia, quando se banhava no rio, um arco-íris se formou diante dela. A imensidão da luz impressionou Ewá, a qual sentiu que alguém a protegia e envolvia. Correu para contar aos outros habitantes da região o que presenciara, mas, assim que deixou a água, olhou para trás e viu que o arco-íris desaparecera, restando apenas algumas moedas no local.






No outro dia, a cena se repetiu. Ela seguiu então em direcção ao rio para ver onde terminava o arco-íris. Nadou por três dias e três noites, até chegar à outra ponta. Lá havia uma coroa de ouro, que Ewá, cheia da curiosidade, tomou nas mãos. Então Oxumaré, o orixá da riqueza, apareceu diante dela, dizendo-se encantado com sua beleza. Ewá se apaixonou pelo deus e pediu-lhe que a transformasse numa orixá. Assim transformou-se numa cobra, vivendo para sempre com Oxumaré.






II


Na Nigéria, Abimbola publicou um itan Ifá (história de Ifá), falando que de certa feita, estando Yewá à beira do rio, com um igbá (gamela) cheio de roupa para lavar, avistou de longe um homem que vinha correndo em sua direcção. Era Ifá que vinha esbaforido fugindo de iku (a morte). Pedindo seu auxílio, Yewá despejou toda a roupa no chão, que se encontrava no igbá, emborcou-o em cima de Ifá e sentou-se. Daí a pouco chega a morte perguntando se não viu passar por ali um homem e dava a descrição. Yewá respondeu que viu, mas que ele havia descido rio abaixo e a morte seguiu no seu encalço. Ao desaparecer, Ifá saiu debaixo do igbá e levou-a para sua, a fim de tornar-se sua mulher .






III


Depois do nascimento de Omolu, Nanan teve dois filhos gémeos. Um deles é Oxumaré; o outro é Ewá. De acordo com a maldição que caiu sobre Nanan, Oxumaré se tornou a serpente do arco-íris, ficando com todas as cores; para Euá restou o branco e por isso ela ficou governando a chuva que provoca as enchentes e a lua cheia que faz com que as chuvas sejam mais fortes. Mas ela ficou livre da maldição e, por isso, é o Orixá da beleza e da alegria.






IV


Yabá serena e misteriosa, é a senhora da intuição, comunicação e fertilidade. Ela foi perseguida na terra devido à sua forma (metade mulher metade serpente) e seu poder de fertilidade. Oxum deu-lhe a gruta de presente como moradia, em troca Ewá, como não podia ter filhos, deu a fertilidade a todas as mulheres e a intuição à Oxum.






Euá (do iorubá Ewá) é a deusa encarregada de encaminhar os espíritos para reencarnação.






Filha de Nanã com Oxalá, irmã gémea de Oxumaré, tem também como irmãos Ossayn e Omulu.






Protectora de todas as mulheres com dificuldades de engravidar e estéreis, das pessoas com deficiências e de todas as pessoas descriminadas.






V


Conta uma lenda, que Yewá era esposa de Omulu, e era estéril, não podendo conceder um filho ao seu grande amado, sofrendo muito por isso.






Numa bela tarde, a dona dos horizontes, estava a deleitar-se nas margens de um rio, juntamente com as suas serviçais que lavavam vários Alás (panos brancos). De repente, surge de dentro da floresta a figura de uma pessoa, que corria muito e muito assustado.






- Como ousas interromper o deleite da mulher de Omulu? Quem é você ? - indagou Yewá, sobre a irreverência do rapaz.






- Ewa ! não era minha intenção interromper tão sagrado acto, oh esposa de Omulu ! Porém Ikú (a morte), persegue-me há vários dias e preciso escapar dela, pois tenho ainda um grande destino a seguir. Peço sua ajuda Yewá, peço que me escondas para que Ikú não me pegue ?!






- Gostei de você e vou ajudá-lo. Esconda-se sob os Alás que minhas serviçais estão a lavar, e eu despistarei Ikú de seu caminho.






E assim foi feito. O jovem rapaz enfiou-se sob os panos brancos, a esconder-se de Ikú.


Alguns minutos se passaram, e eis que aparece Ikú. A morte !






- Como ousas adentrar nos domínios de minha morada? Quem es tu ? - pergunta Ewa com ar de indignada.






- Sou Ikú, e entro onde as pessoas menos esperam, entro e carrego comigo, dezenas, centenas e até milhares de pessoas ! Porém hoje estou a procurar um jovem rapaz, que está a escapar-me há dias. Você o viu passar por aqui ? - perguntou Ikú para Yewá.






- Eu o vi sim Ikú, ele foi naquela direcção. - Ewa apontava para uma direcção totalmente oposta ao das suas aldeãs, que estavam a esconder o jovem rapaz.






Ikú agradeceu e seguiu pelo caminho indicado.






Sendo assim, o rapaz pode sair do seu esconderijo e agradeceu a Yewá.






- Ewa, agradeço sua ajuda, terei tempo agora, de prosseguir meu caminho. Sou um grande adivinho, e em sinal de minha gratidão, a partir de hoje presenteio-lhe com o dom da adivinhação.






Ewa, agradeceu o presente dado pelo rapaz, que já havia se virado para ir embora, quando retornou e falou a Yewá:






- Sim eu sei, você não pode ter filhos, pois lhe dou isso também. A partir de hoje, poderá ter filhos e alegrar ao seu marido.






Então Yewá, agradeceu novamente muito contente e perguntou ao jovem rapaz:






- Qual é seu nome ?






E o rapaz respondeu:






- Meu nome é Ifá !






VI


Ewá é virgem, bela e iluminada. Apesar desta beleza e do assédio dos orixás masculinos, nunca quis se casar, sendo uma moça quieta e isolada, voltada para o conhecimento dos segredos das transformações.






Nanã, preocupada com sua filha, pediu a Orunmilá que lhe arranjasse um amor, um casamento, mas Ewá desejava viver sozinha, dedicada à sua tarefa de fazer cair a noite no horizonte, puxando o sol com seu arpão.






Como Nanã insistisse em seu casamento, Ewá pediu ajuda a seu irmão Oxumarê, o arco-íris, que a escondeu no lugar onde ele se acaba, por trás do horizonte, e Nanã não mais pôde alcançá-la. Assim, os dois irmãos passaram a viver juntos, para sempre inatingíveis. Ambos regem o intangível e Ewá também é compreendida como a energia que torna possível o abandono do corpo e a entrada do espírito numa nova dimensão.






No Brasil poucos candomblés cultuam Ewá, pois dizem que o conhecimento sobre as folhas necessárias ao seu culto foi perdido durante o processo de aculturação dos africanos escravos.






VII


ITAN TI ÌYÉWÁ


Ìyéwá é filha de Nanan, irmã de Obaluaiye, Osanyin e gémea de Oxumarê. Apesar de gémea, foi a segunda a nascer sendo, assim, a caçula dos filhos de Nanan. Cada um dos filhos regia algo; Obaluaiye, as pestes e moléstias contagiosas; Osanyin, as ervas e as plantas e seus segredos e mistérios; Oxumarê, o arco-íris e a riqueza.






Ìyéwá nada regia. Era apenas uma menininha bonita, formosa, cheia de encantos. E assim cresceu, bela e de brilho intenso. Pouco a pouco, os homens foram se interessando por ela, tal era a sua beleza. Muitos pretendentes chegaram, de todas as partes, com a intenção de desposar Ìyéwá, pois sua beleza era tão grande que sua fama chegou a todos os reinos.






Em pouco tempo o reino de Nanan estava cheio de supostos noivos que lutavam entre si para conquistar o coração da jovem Ìyéwá. As lutas foram crescendo e tomando proporções, a ponto de, em cada canto do reino, haver um grupo de luta, com um só objectivo: desposar Ìyéwá. Isso tudo fugiu ao controle de todos, pois o encanto da jovem parecia enfeitiçar os homens, a ponto de matarem-se uns aos outros.






A situação já passara dos limites e os pretendentes, que não paravam de chegar, foram até à própria Ìyéwá, obrigando-a a escolher um deles. Isto acontecia aos gritos, empurrões, exibições de força e poder, cobranças violentas, barulho, levando a jovem a um desespero que jamais sentira.






A pressão foi tão grande, mas tão grande que, de repente, ouviu-se um grande estrondo. Todos se calaram, voltando-se para Ìyéwá e ficaram imóveis, estáticos, e de olhos arregalados com o que estavam vendo.






Ìyéwá, impossibilitada de escolher um noivo, e atormentada por ver tanta morte e confusão por sua causa, começou a se transformar. Como um reflexo do sol, sua silhueta começou a perder a forma, até que restou apenas uma poça d’água no chão. Aos poucos, aquela poça foi evaporando e subindo em direcção ao céu. Os homens pretendentes, não se moviam, só acompanhavam a evaporação, bem visível e o vapor subindo.






Em pouco tempo uma enorme nuvem branca, contrastando com o azul-claro do céu, foi desenhando um coração, numa visão de raríssima beleza. Ìyéwá não se casou com ninguém, mas colocou na mente dos homens que o amor nasce naturalmente, não com disputas e guerras. Assim Ìyéwá transformou-se e recebeu o poder de ir ao céu, como nuvem e voltar à terra, permanecendo como o símbolo da beleza, do canto e da alegria.






VIII


Corre a lenda entre as casas antigas da Bahia que cultuam Yewa, que certa vez indo para o rio lavar roupa, ao acabar, estendeu-a para secar. Nesse espaço veio a galinha e ciscou, com os pés, toda sujeira que se encontrava no local, para cima da roupa lavada, tendo Yewa que tornar a lavar tudo de novo. Enraivecida, amaldiçoou a galinha, dizendo que daquele dia em diante haveria de ficar com os pés espalmados e que nem ela nem seus filhos haveriam de comê-la, daí, durante os rituais de Yewa, galinha não passar nem pela porta. Verger encontrou esse ewo na África e uma lenda idêntica.






IX


O destino de Ewá


Ewá, filha de Obatalá com Nanã, vivia em seu castelo como se estivesse numa clausura. O amor de Obatalá por ela era muito estranho. A fama da beleza e da castidade da princesa chegou a todas as partes, inclusivé ao reino de Xangô.






Mulherengo como era, Xangô planeou como iria seduzir Ewá. Empregou-se como jardineiro no palácio de Obatalá. Um dia Ewá apareceu na janela e admirou-se de Xangô. Nunca havia visto um homem como aquele. Não se tem notícia de como Ewá se entregou a Xangô, no entanto, arrependida de seu acto, pediu ao pai que a enviasse a um lugar onde nenhum homem a enxergasse.






Obatalá deu-lhe o reino dos mortos. Desde então é Ewá quem, no cemitério, entrega a Oyá os cadáveres que Obaluaiê conduz para que Orixá-Okô os coma.

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