CASA PODEROSA DOS FILHOS DE YEMANJÁ

CASA PODEROSA DOS FILHOS DE YEMANJÁ

sábado, 26 de junho de 2010

Ilê Axé Oju Onirê, São Paulo / SP ( Minha Casa de origem ! )

Mãe Ana de Ogum













Ana Maria Araújo Santos, mais conhecida como Mãe Ana de Ogun, filha-de-santo de Mãe Simplícia de Ogun da Casa de Oxumare, Iyálorixá do Candomblé Ilê Axé Oju Onirê localizado no Parque Jacarandá – Taboão da Serra, São Paulo. Iniciada para o culto aos Orixás (Candomblé) em 24 de maio de 1960, aos 16 anos de idade.






Se aprofundando e mantendo viva a tradição do candomblé, iniciou e ainda inicia inúmeras pessoas, ostenta em sua trajetória de vida vários premios e louvores religiosos, sociais, e preza pela harmonia e boa conduta na religião que se tornou parte integral de sua vida. No ano de 2010, completou 50 anos de iniciação (Odum Adotá), juntamente com suas irmãs de barco: Elza de Oxóssi, Walquíria de Oxum e Beth de Oxalá. Motivo de muita festa e celebração no Axé Oxumaré.






A Iniciação de Mãe Ana de Ogun




Em uma conversa informal com Mãe Ana de Ogun, eu André d´Osoosi deixo para que toda a comunidade de Candomblé e demais pessoas possam admirar o conteúdo:






André D´Osoosi: Quando e como a senhora foi iniciada para Ogun?






Ana D´Ogun: “Eu fui para a casa de Osumare com 9 anos de idade, então fui ficando lá. Na época não haviam muitos filhos na casa.....”










André D´Osoosi: Mas a senhora não tinha família, esse foi o motivo de ir morar na Casa de Osumare?


Ana D´Ogun: “Isso era 1954... Não, eu tinha família, eles moravam em Valência, interior da Bahia, onde nasci. Vim para Salvador trabalhar na casa de uma branca. Lá eu não me adaptei e fugi da casa da branca, que era na Barroquinha número 35. Então, quando estava passando pelo forte de São Pedro, havia uma tenda de Cosme e Danião, casa de Dona Leonor de Osumare, que era filha de Santo de Dona Simplícia... Então, quando estava eu passando pelo Forte de São Pedro, esta senhora Dona Leonor me viu sozinha e me perguntou se eu queria ir morar na casa dela, eu aceitei, e chegando lá era a Casa de Osumare. De minha parte, não havia interesse algum em me iniciar para seguir o Candomblé. Eu era uma menina muito arteira, me chamavam de ALABA e tudo... ...Chegando aos meus 15 anos, e ainda morando na Casa de Osumare, resolvi trabalhar em uma casa de família. Mãe Simplícia era contra e por duas vezes já havia me buscado a força para casa.






Ela não queria que eu trabalhasse tão nova e ainda mais em casa de família, sabe como é trabalho pesado, etc.. Quando Mãe Simplícia precisava eu ajudava ela nos egbos, e em muitas outras coisas, mas sem querer ser iniciada.






Naquela época, na Casa de Osumare, era proibido a entrada de mulheres na casa de Esu, quem cuidava de Esu era Tio Urbano, o Ogan Urbano filho de Iya Cotinha que faleceu com quase 100 anos em janeiro do ano passado (2003). Então, até quando Mãe Simplícia tinha um egbo que tinha que ser feito com a presença de Esu, ela fazia na porta mas não entrava. Não sei o porque mas resolveram que eu tinha que cuidar da casa de Esu, zelar, limpar, tratar, sabe...Então, foi o primeiro posto que eu ganhei foi de limpar a casa de Esu.”










André D´Osoosi: Então a senhora foi a primeira mulher a entrar na casa de Esu da Casa de Osumare?


Ana D´Ogun: “Sim, foi, foi eu a primeira mulher a entrar na casa de Esu da Casa de Osumare. Com certeza....






Foi então que senti falta de dinheiro e resolvi, mesmo contra a vontade de Mãe Simplícia, trabalhar fora. Saí da Casa de Osumare fugida, saí fugida da casa de Mãe Simplícia pra trabalhar, ela me achou duas vezes e me buscou pra casa, e eu voltava para o trabalho, na terceira vez ela largou de mão. Nisso, um belo dia Dona Angélica, uma senhora de Oba que era do Tumba Junsara, que é mãe da minha fomo, a de Osun, me encontrou e contou que havia me encontrado para Dona Simplícia. Então ela voltou onde eu estava trabalhando e me deu um recado dizendo que Mãe Francelina queria tratar de um assunto sério comigo. Isso era no dia 26 de abril de 1960. Depois de um tempo eu fui na roça querendo saber o que Dona Francelina queria comigo, e ela não estava na roça. Passei lá o dia todo e nada de dona Francelina chegar, então dona Simplícia disse que eu dormisse que amanhã eu falaria com Dona Francelina, e assim fui ficando. Mas na realidade, era já o preparo para ela me recolher e eu não sabia. Chegou a Valquiria de Osun, a Beth de Osala já estava na roça quando eu cheguei e por último chegou Elza de Osoosi. Nisso, estávamos nós quatro conversando e tal e daqui a pouco inventaram um tal de um Boori... meu filho, desse Boori já foi a feitura e dessa feitura eu só fui acordar dias depois já iniciada para Ogun. Então fiz santo, dia 24 de maio de 1960.






Depois de cumprir seis meses de kele, fiquei ainda mais seis meses na Casa de Osumare e depois fui trabalhar. Morava no emprego mas como é hábito de todo filho de santo, vinha na roça ficava vários dias.... essa é minha vida de santo...”










André D´Osoosi: E logo a senhora abre sua casa de Candomble?


Ana D´Ogun: “Fiquei na Bahia. Quando chegou em 1975 vim para São Paulo. Vim para trabalhar como domestica na Rua Tutóia e empenhada para tomar conta de uma “velha”. Também não me adaptei aqui e voltei para Salvador mas também já não me sentia bem naquela cidade, queria voltar para as bandas de cá. Então quando eu cheguei lá, minha irmã de santo de barco a Valquiria de Osun estava tomando obrigação de sete anos com Iya Nilzete, que era a mãe de santo da época da Casa de Osumare, minha mãe de santo, Dona Simplícia havia falecido a um ano no caso... e tal.. Logo depois decidi voltar de novo, voltei para Rio de Janeiro e como São Paulo e Rio de Janeiro é um pulo, ficava indo e voltando. Com pouco tempo aluguei um quartinho aqui em São Paulo e foi quando eu comecei jogando búzios, fazendo algumas coisas, e assim foi passando o tempo até hoje...”










André D´Osoosi: Aí a senhora voltava constantemente à Casa de Osumare para retomada de obrigações?










Ana D´Ogun: “Nós do Ase Osumare nunca abandonamos nossa casa raíz. Mas voltei para o Rio sim, logo que chegou minha época de Oye, fui tomar obrigação com Carlito, que era irmão carnal de minha mãe de santo, que se chamava Felippe Santiago da Encarnação.


Então fui tomar obrigação com ele mas sempre com os cuidados, apoio e atenção da Casa de Osumare.










Falar nisso, não sei se você sabe, mas no candomblé da Bahia, principalmente no meu, na Casa de Osumare, a gente não tira santo. Pra você ter idéia, o meu Orisa de feitura, meu Iba Ogun ainda está no Ile Ase Osumare até hoje.






O que eu tenho em minha casa é uma réplica feita para a casa, ou seja, um Ogun que é completamente igual ao meu de feitura, com os mesmos atos e fundamentos.






Em 1977 eu aluguei uma casinha aqui no Jardim Cultura Física e comecei a dar alguns candomblés. Ainda mudei depois para Itapecerica da Serra... Então um dia Ogun me deu possibilidade de comprar este terreno onde estamos agora, que foi fundado para o culto aos Orisas em 1980 e onde estou até hoje. E assim como você mesmo presenciou, realizamos no dia 11 de dezembro de 2004 os 44 anos de Ogun em minha vida. E é isso aí meu filho!”










André D´Osoosi: Eu, particularmente acho muito bonito este carinho, esta cumplicidade, o respeito para com a família, etc...que existe na Casa de Osumare. Sinceramente é de não deixar a desejar a nenhuma outra raiz existente em nosso país, visto que esta particularidade está se perdendo, a humildade com o Orisa e seus ancestrais se deixa levar pelo egocentrismo e modernismo existente....


Ana D´Ogun: “Não poderia ser diferente em nossa família, isso é o que mais prezamos!!!”






André D´Osoosi: Aproveitando nossa conversa Mãe Ana, gostaria que a senhora me autorizasse a colocar na internet a Casa de Ogun, sua história... poderia?






Ana D´Ogun: “Sim.. Com certeza.. eu não entendo muito dessas coisas não.. mas não vejo problemas...










André D´Osoosi: Obrigado Mãe Ana por me elucidar me contando sua história e atender a um pedido meu. Peço que a senhora me abençoe em seus louvores a Ogun.


Ana D´Ogun: “Oh meu filho... Ogum que lhe abençoe...Ogun que lhe dê sorte, Ogun que lhe dê saúde. Que Ogun lhe faça sempre feliz! Isso é o que lhe desejo.










André D´Osoosi: Ase Mãe!!!!




Entrevista realizada no dia 20 de dezembro de 2004, autorizada a publicação neste meio e posteriormente






na Revista Orixás onde se encontra na integra ou em parte, com direitos reservados.








Calendário de eventos do Ile Ase Oju Onire para o ano 2010







Qualquer informação, entre em contato conosco.






Águas de Osala e Pilão do Inhame Novo de Osojiyan


Data: 08/01/2010 e 09/01/2010






Homenagem: Homenagem aos Orisas Funfun. Osala, Orunmilá, Oduduwa, Orisa Oko, etc...






Observação: Na segunda sexta-feira e segundo sábado do mês de Janeiro














Festa de Osoosi


Data: 03/06/2010






Homenagem: “Homenagem a Osoosi aos demais Eboras caçadores, Deus divinizado dos Ketu






Observação: No mesmo dia de Corpus Christi do calendário Católico (Tradição).














Olubaje


Data: 02/08/2010






Homenagem: Senhor dos Tapa, Obaluaye-Omolu, ao Deus do Daome e patriarca do Ile Ase Osumare, Nana, Iyewa, Iroko”






Observação: A Primeira Segunda-Feira do mês de Agosto.














Festa de Ogun


Data: 11/12/2010






Homenagem: Homenagem ao Ebora Ogun, Senhor de Ire, senhor do Ile Ase Oju Onire






Observação: Comemoração ao Orisa anfitrião da casa – No segundo Sábado do Mês de Dezembro

Um comentário:

  1. Está ficando lindo seu espaço na net mano... Parabéns... Que Ogun, Esu e Iyemoja te iluminem sempre, é o que desejo.
    Bjs e felicidade.

    André de Ode.

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