CASA PODEROSA DOS FILHOS DE YEMANJÁ

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segunda-feira, 14 de junho de 2010

Orixá: Osanyin



Orixa Osanyi



África

Osanyin é a entidade das folhas sagradas, ervas medicinais e litúrgicas, identificado no jogo do merindilogun pelo odu iká e representado materialmente e imaterial pela cultura Jeje-Nago, através do assentamento sagrado denominado igba ossaim.

Sua importância é primordial.

Nenhuma cerimônia pode ser realizada sem sua interferência.
O seu sacerdote é o Babá Olosayin.

É o detentor do axé (força, poder, vitalidade), de que nem mesmo os Orixás podem privar-se.


Esse axe encontra-se em folhas e ervas específicas.


O nome dessas folhas e o seu emprego é a parte mais secreta do ritual do culto dos Orixá, Vodun e Inkice.




O símbolo de Osanyin é uma haste de ferro de cuja extremidade superior partem sete pontas dirigidas para o alto.

A do centro é encimada pela imagem de um pássaro.


Osanyin é o companheiro constante de Ifá.

É representado por uma sineta de ferro forjado, terminada por uma haste pontuda enfiada em uma grande semente.


A haste é fincada no chão, ao lado do osun (o asen dos fon) do babalawo.

Por sua presença, Osanyin traz a influência das folhas para as operações da adivinhação.


Brasil

Ossaniyn, Ossaim, Ossãe, Ossain (como se escreve habitualmente), ou Ossanha (na Umbanda) que é o Orixá das ervas, no candomblé Jeje é chamado de Agué é o Vodun da caça e das florestas e conhece os segredos das folhas, no Candomblé Bantu é chamado de Katendê, Senhor das insabas (folhas).


Seria de ambos os sexos assim como Oxumarê, segundo alguns pesquisadores 6 meses seria homem e 6 meses seria mulher.

Ossaniyn, Oxumarê e Obaluayê são filhos de Nanã com Oxalá.


Comanda as folhas medicinais e litúrgicas, chamadas de folha sagrada, que são utilizadas numa mistura especial chamada de abô.

Muitas vezes, é representado com uma única perna.


Cada orixá tem a sua folha, mas só Ossaim detém seus segredos.

E sem as folhas e seus segredos não há axé, portanto sem ela nenhuma cerimônia é possível.

Ferramenta: sua ferramenta tem uma haste central com um pássaro na ponta, do meio dessa haste saem sete pontas.

Cores: Verde e branco

Fio-de-contas verde, branco com lista vermelha.

Animais: Bode e galo

Saudação: Ewê ô!



Itan de Osanyin


Osanyin recebera de Olodumare o segredo das folhas.


Ossanyin sabia que algumas delas traziam a calma ou o vigor.

Outras, a sorte, a glória, as honras ou ainda, a miséria, as doenças e os acidente.


Os outros orixás não tinham poder sobre nenhuma planta.


Eles dependiam de Ossanyin para manter sua saúde ou para o sucesso de suas iniciativas.

Xangô, cujo temperamento é impaciente, guerreiro e impetuoso, irritado por esta desvantagem, usou de um ardil para tentar usurpar Osanyin a propriedade das folhas.

Falou dos planos à sua esposa Iansã, explicou-lhe que, em certos dias, Osanyin pendurava, num galho de Iroko, uma cabaça contendo suas folhas mais poderosas.

Desencadeie uma tempestade bem forte num desses dias, disse-lhe Xangô. Iansã aceitou a missão com muito gosto.

O vento soprou a grandes rajadas, levando o telhado das casas, arrancando árvores, quebrando tudo por onde passava e, o fim desejado, soltando a cabaça do galho onde estava pendurada.

A cabaça rolou para longe e todas as folhas voaram.
Os orixás se apoderaram de todas.
Cada um tornou-se dono de algumas delas, mas Osanyin permaneceu "senhor/senhora do segredo" de suas virtudes e das palavras que devem ser pronunciadas para provocar sua ação.

E assim, continuou a reinar sobre as plantas como senhor absoluto.

Graças ao poder (axé) que possui sobre elas.


Babalosaim

Na África o Babalosanyin ou Olosanyin da mesma forma que o Babalawo e o Babaogé não conhece o transe, é a pessoa encarregada de colher as ervas, também chamada de folhas sagradas usadas tanto na religião de Orisa, na de Orunmila-Ifa e no Culto aos Egungun.


Para ser um Babalosanyin a pessoa precisa de muitos anos de dedicação no aprendizado, ter memória privilegiada para guardar os nomes das plantas, formatos, horário da colheita, cântigas de cada folha, segredos, efeitos e aplicações. Kosí Ewé, Kosí Orixá Não tem folha, não tem Orixá.


O babalosanyin aqui mencionado não é um babalorixá, é um cargo específico, é o Sacerdote de Osanyin, não se refere ao iaô de Osanyin, que caso tenha o cargo de babalorixá terá a função diferente por entrar em transe.


No Brasil, poucas casas tem seu próprio babalosaim ou olosaim. Normalmente essa função é dada a um filho de Ossaim, a um Ogan ou o próprio babalorixá a executa.



                       Ferramenta de Osanyin





Etnobotânica Iorubá

A cultura Iorubá assim como qualquer outra dos povos ditos primitivos possuem um sistema próprio para classificação das plantas.

De acordo com Levi-Strauss em Pensamento Selvagem, em muitas culturas esse saber é dominado por todos os integrantes da tribo e relaciona-se diretamente com os sistemas de parentesco e nomeação.

Naturalmente na medida em que aumenta sua complexidade formam-se os especialistas, a existência deste, representado pelo Babalossaim na referida cultura expressa a multidimensão do uso de folhas na medicina, alimentação, rituais religiosos, ou simplemente descrição da natureza.

Segundo Verger o sistema iorubá de classificação botânica, por ser diverso do elaborado por Lineu (1707-1778) usa diferentes características para identificação e classificação das plantas, sua nomeação leva em conta, seu cheiro, sua cor, a textura de suas folhas, sua reação ao toque e a reação provocada por seus contatos, entre outras.


Bastide, baseado na interpretação do mito em que Iansan espalha com o vento as folhas que Osain guardava e estas, a partir desse instante ficam de posse dos diversos Orisás, propõe a utilização da características dos orixás (relações com as partes do corpo, cores, elementos da natureza, etc.) como critério para o sistema etnobotânico de classificação iorubá incluindo entre estas as propriedades farmacológicas e medicinais de cada espécie.

O referencial simbólico sobre cada planta contudo não se limita a ser uma versão mítica de um conjunto de características botânicas e farmacológicas, os cânticos e palavras associados a estas podem modificar o seu efeito e mesmo trazer o seu efeito sem a sua presença física.


É preciso não esquecer que estamos numa encruzilhada entre a fé (religião, intuição) e a ciência (percepção, explicação lógica).

 

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