CASA PODEROSA DOS FILHOS DE YEMANJÁ

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segunda-feira, 24 de maio de 2010

PANO DA COSTA, PRA QUE ???

                                                                           GÈLÈ




Nós sabemos que o Candomblé é um culto matriarcal, ou seja, as mulheres escravas mantiveram os costumes religiosos africanos, dada as maiores facilidades que tinham para esses afazeres em relação aos escravos homens, pois estes labutavam na lavoura. Esse fato não pode justificar que, nos dias atuais, alguns "enganos" ainda sejam cometidos e mantidos. Hoje o Homem é mais ilustrado e encontra ricas fontes onde buscar informações. Se continuam errando é porque são preguiçosos e não desejam evoluir em seus conhecimentos. Mudar, naquilo que se julga importante mudar, é sinônimo de Evolução!






Vejamos o fato:


Os praticantes das Doutrinas Afro-brasileiras afirmam que praticam um Culto de Origem Africana e alguns deles sendo da origem do Povo Yorùbá, mas não adotam verdadeiramente os costumes desses povos. O fato de o Candomblé ter sido, no passado, mantido pelas mulheres, não obriga aos homens usarem trajes femininos.



O que causa larga estranheza irônica para quem chega dos Territórios Africanos e vê esse tipo de costume brasileiro.







O GÈLÈ / TURBANTE É "ACESSÓRIO DA VESTIMENTA FEMININA" para a cabeça, que aqui ficou conhecido como torso ou oja. HOMEM "NÃO USA" GÈLÈ !



Homem usa, na cabeça, FÌLÀ, ÀKETÈ /tipos de chapéu , ou ainda ELÉTÍAJÁ, FÌLÀ ÒFÌ ou ASO ÒKÈ.



Eu acho essa troca desagradável, de homem usar gèlè (torso, ojá), pois causa um aspecto transformista travestido aos homens.



O Pano da Costa




Presença e distintivo do posicionamento feminino nas comunidades religiosas afro-brasileiras, o pano – da - costa, não é apenas um complemento da indumentária da mulher; é a marca do sentido religioso nas ações da mulher como iniciada ou dirigente dos terreiros, aqui no Brasil, claro.




Observemos a profunda conotação sócio religiosa desse simples pedaço de tecido, que atua em tão diversificadas situações, desempenhando papéis dos mais significativos e necessários para a sobrevivência dos rituais africanos. O pano – da - costa é assim chamado por ter sido um tipo de tecido vindo da costa dos escravos, Costa Mina, Costa do Ouro. O tecido original foi substituído por outros tipos de tecidos, o que não diminui em nada as funções do pano – da - costa.



O pano – da - costa identifica a mulher feita, iniciada, aqui no Brasil, mesmo que ela não esteja de roupa de santo completa. Mas na realidade, esse pano, protege as costas das mulheres, e servem de “carrega bebê”. Nada mais que isso. Aqui no Brasil acabou virando indumentária religiosa. O que não é.




A situação do pano – da - costa é de maior importância, se colocarmos a presença da mulher como símbolo do poder sócio religioso e arquétipo dos valores mágicos da fertilidade, isso motivado pelas formas anatômicas características da mulher.









O sentido protetor do pano – da - costa é outro aspecto que merece atenção. As Yaos, ao terminar o período de feitura começam a travar seus primeiros contatos com o mundo exterior protegidas pelo pano – da - costa branco, que representa o prolongamento do Ala de Oxalá, envolvendo praticamente todo o seu corpo no grande pano - da - costa, procura manter os valores religiosos de sua feitura quando em contato com os valores profanos encontrados extramuros dos terreiros.







Nos sirruns / axexes, a mesma proteção ta, ateado como capa envolvente mágica, aparece guardando as mulheres das presenças de egum.



O pano – da - costa é de uso exclusivo da mulher nos cultos africanos, porque uma das principais funções do mesmo é proteger os órgãos reprodutores das mulheres, das Yamis.



Nos rituais de sirrum / axexe as mulheres usam dois panos-da-costas branco: um protegendo seus ventres e outro sobre os ombros como uma capa que envolve todo o seu colo e seios.



O pano – da - costa deve ter no mínimo 60 cm de largura para que possa proteger os órgãos que necessitam de proteção. As famosas mães de santo não usam o pano-da-costa na cintura nunca.



No Rio de Janeiro e outros estados, onde a chamada evolução está destruindo e recriando situações a bel prazer, convencionou-se que o pano – da - costa deve ser usado de acordo com a idade de santo, isto é, só usa preso acima dos seios aquelas que ainda são yaos. Esta errado, pano – da - costa é para ser usado dessa forma mesmo independente da idade de feitura, quando muito, pode-se enrolar até abaixo dos seios.



De alguns anos para cá os homens aderiram o pano – da - costa, mas nenhum deles até agora explicou o porquê de usá-lo e nem podem explicar, pois o mesmo é de uso exclusivamente feminino. E pior ainda, o usam na cintura. Para proteger o que?



Observem que as santas mulheres usam o pano – da - costa, os santos homens usam o pano - da - costa amarrados no ombro lembrando um Alaka (esse sim pertence ao homem) ou amarrado para trás, ou simplesmente ficam com o peito nu adornados pelas contas e brajas.



Em algumas casas encontramos abians usando pano da costa, esse procedimento esta errado. As abians ainda não tiveram seus pontos de energias abertos durante uma feitura, portanto as mesmas não necessitam dessa proteção ainda.

Um comentário:

  1. Muito bacana esse post. Eu cheguei aqui porque escuto em várias músicas referências ao "pano da costa". Não sabia o que era.

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