CASA PODEROSA DOS FILHOS DE YEMANJÁ

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segunda-feira, 24 de maio de 2010

MITO DA CRIAÇÃO YORUBA

                                                  MITO DA CRIAÇÃO YORUBA

big ben







                                                                        Obatalá




Segundo a concepção yoruba , todo o processo de existência se desenvolve no plano físico – o aiye – e no sobrenatural – o orun.



Tudo o que se manifesta no aiye tem a sua pré-existencia no orun. Tudo o que existe no plano material possui o seu doble no Orun.





Dentro da tradição yoruba, a existência dinâmica se deve à manifestação de uma força que se denomina Ase. Sem Ase não haveria possibilidade de existência e realização, pois dele decorre todo o processo vital, como essência e forma. Tanto as divindades como toda entidade animada estão impregnadas de Ase.





Como força vital, Ase é plantado, cultivado, renovado e compartilhado. Como toda energia no Universo manifestado, Ase é gasto e renovado. Receber Ase significa incorporar as representações matérias e simbólicas que representam os princípios vitais de tudo que tem existência no aiye como reflexo do orun.





Ase , como força, é neutro, mas detém qualidades e caraterísticas dos elementos que contém e veicula. Ase é a energia contida numa grande variedade de substâncias representativas dos reinos animal, vegetal e mineral, que se propõe movimentar.






Os elementos portadores de ase podem ser agrupados em três categorias, chamadas “sangues” – porque o sangue é o veículo energético por excelência:




Sangue vermelho



Sangue branco



Sangue negro





Todas as cores encontradas na natureza vinculam-se, em última instância, a uma das cores primordiais vermelha ( amarelo, laranja) ou negra (verde, azul, lilás, cinzento). O amarelo é, portanto, uma variedade do vermelho, como o azul e o verde são variações do negro.



O sangue vermelho compreende:


No reino animal – todo tipo de sangue, humano e animal



No reino vegetal – azeite de dendê, ossun, mel



No reino mineral – cobre, bronze, ouro







O sangue branco compreende:



No reino animal – o plasma do igbin, o sêmen, a saliva, o hálito, as secreções, o marfim, os ossos



No reino vegetal – a água, o álcool contido nas bebidas brancas, a manteiga de ori, o inhame



No reino mineral - efun, sal, prata, chumbo, conchas






O sangue negro compreende:



No reino animal – as cinzas dos animais



No reino vegetal – a terra, sementes, o sumo das folhas , o waji



No reino mineral – o carvão, o ferro, as pedras





Alguns lugares, objetos ou partes do corpo humano podem ser impregnados de ase: a língua, o coração, as vísceras, os órgãos genitais, os dentes e ossos, assim como também as raízes, árvores, sementes, as pedras e cristais, os rios, o mar, as florestas e o fogo.



A prática da religião yoruba consiste em atuação através da manipulação dos ase branco, vermelho e negro.



Como dogma, baseia-se na fé numa Divindade Absoluta – Olodumare, na crença na existência e na sobrevivência da alma como sopro divino – emi, nas conseqüências das ações humanas – ewo, e na Lei moral ditada pela consciência de cada um, que permeia a vida cotidiana – ifa aya.


A criação do Planeta Terra



Segundo os Itan (mitos), corpo da tradição oral que norteia todas as crenças e procedimentos da religião yoruba, Olodumare convocou Obatala / Orisa nla para elaborar o planeta Terra dentro da dimensão física.



Durante a caminhada, Obatala encontrou Esu, que indagou sobre oferendas que deveriam ser feitas para a consecução do trabalho. Obatala não deu importância ao fato e, sedento, extrapolou no consumo de bebida alcoólica. Conseqüentemente, caiu em sono profundo e foi suplantado por Oduduwa, que, tomando os elementos necessários, saiu para efetuar a tarefa da criação da Terra.



O local onde o trabalho teve início denominou-se Ife (aquilo que é amplo) . Segundo a tradição, daí proveio o nome da cidade sagrada de Ile Ife.



Oduduwa


Segundo a tradição de alguns clãs yorubas, Oduduwa teria sido um herói proveniente de reinos do oriente que atravessou todo o Egito, chegando ao local onde viria a ser fundada a cidade de Ile Ife.



Ali encontrou a população local, os Igbo, cujo rei era Obatala. Logo encontrou oposição por parte de Oreluere, ancestral guardião, partidário de Obatala. Esta oposição política à investida de Oduduwa fez nascer a Sociedade Secreta Ogboni, presevadora da justiça e dos ideais implantados ns primeiras instituições da Terra.



Em território yoruba há controvérsia sobre a figura de Oduduwa, visto tanto como divindade masculina, como feminina, associada à antiga tradição das deusas da fertilidade.



A controvérsia de mitos disputando entre Obatala e Oduduwa a criação da Terra revela dois momentos distintos que se complementam na memória política da civilização yoruba. Por uma lado, o mito da criação do planeta Terra e por outro, a incursão de povos estrangeiros que ali se mesclaram.



Disto resultou que, embora rendam, fìsicamente, tributo à ancestralidade de Oduduwa, reconhecem em Obatala – já intitulado Orisa nla, o Grande Orisa – a divindade regente do planeta Terra.















Outros itan já trazem a seguinte versão sobre a criação da Terra:







“Munido de uma concha com terra, uma galinha e um pombo, Obatala jogou a terra sobre a imensidão das águas que cobriam o planeta e, em seguida, enviou a galinha e o pombo para espalhar a terra.



Tarefa cumprida, Obatala informou a Olodumare, que enviou agemo, o camaleão, à fim de conferir o trabalho.



Da primeira vez, agemo informou que a terra ainda não estava suficientemente seca para a missão pretendida. Na segunda inspeção, comunicou que tudo estava à contento”.



De toda forma, tendo sido privado de cumprir a missão de criar a Terra, tornando-a habitável no plano físico - ou complementando a obra da criação - Obatala convocou Oreluere para trazer e fazer encarnar os seres que já aguardavam no Orun para concretizar a sua existência material.



Fato inconteste é que , por fim, Obatala recebeu a incumbência de criar as características físicas dos corpos que deveriam abrigar os habitantes humanos do planeta.



Com barro e água, Obatala confeccionou os corpos, aguardando que Olodumare complementasse com o emi – o sopro da vida que os animaria.



Segundo os mitos, no início orun e aiye eram mundos interligados, até que houve uma ruptura – relatada através de várias versões, que, no entanto mantém a constante de que o humano transgrediu contra o Poder Supremo e uma barreira se levantou entre os dois mundos.















O privilégio desta livre comunicação foi cortado, sendo substituído pelo oráculo, legado por Orunmila.















Texto Oluwo Willian de Almeida



Postado por Hunso Sueli de Vodun Abe às 02:55 0 comentários

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CRIAÇÃO DO MUNDO SEGUNDO A TRADIÇÃO BANTU



Texto:Tata Cassuté













Nzambi Npungu









Nzambi Npungu (deus poderoso) criou o mundo e tudo que nele existe, criou também uma mulher para ser sua esposa e para que por seu intermédio, pudesse ter descendência humana a fim de que esta povoasse a terra e dominasse todos os animais selvagens por ele criado. Ela se chamaria então Ná Kalunga, em virtude da filha que iria dar a luz se chamar Kalunga. Quando Kalunga atingiu a puberdade Nzambi decidiu sair para mostrar a Kalunga tudo que tinha criado e após 3 meses retornaria. Na viagem logo ao anoitecer Nzambi construiu uma Kubata (palhoça) com apenas uma cama, se recusando a dormir com o pai, Kalunga corre chorando.









Nzambi para convence-la a manda voltar para não ser devorada pelas feras. Voltou então e dormiu com seu pai toda viagem. Quando retornaram Ná Kalunga viu que sua filha estava grávida, enraivecida com o fato se enforcou em uma arvore perante Nzambi e Kalunga.









Nzambi nada fez para impedir, pelo contrário a achando indigna de continuar a ser sua esposa, não compreendendo os desígnios para povoar o mundo que ele tinha criado então amaldiçoou e a transformou num espírito maligno a quem deu o nome de Mulungi Mujimo (ventre ruim da primeira mãe que existiu na terra).









Nzambi passou a viver com Kalunga que passou a se chamar também Ndala Karitanga e com isso a segunda divindade.









Um dia Ndala Karitanga passou a sonhar com sua mãe a insultando, dizendo que iria devora-la.









Nzambi a tranquilizou dizendo que aquela que foi sua mãe agora era um espírito mau que estava apenas pedindo comida. Nzambi fez um montículo de terra na porta da Kubata e pediu para Ndala Karitanga buscar um animal para o sacrifício e para que a mesma disesse ao mesmo tempo, (minha mãe acabo de vir chorar-te, agora não voltes a ter comigo outra vez, porque se volto a ver-te, vou prender-te) (mam é nzanga kudila ni malamba kindala kana uiza kukala ni kuami akamúkua,nda o kudila o kujibisa), com o tempo Kalunga ou Ndala Karitanga deu a luz a Nkuku-a-Lunga (inteligente), passando este a ser a terceira pessoa da trindade divina. Quando cresceu Nzambi lhe deu o poder da adivinhação, Nzambi ordenou que se case com Kalunga (para se tornar pai de todas as tribos bantu) e concebeu 2 filhos primeiro masculino Sá Mufu segundo feminino Ná Mufu.









Nzambi ordenou que Sá Mufu casasse com sua mãe e Ná Mufu com seu pai informando-os que depois daquelas uniões as seguintes se fizessem só entre primos. Destas uniões nasceram do sexo masculino - Kitembu-a-Banganga, Ndundu, Ngonga Umbanda, Kanongena, Kambuji e outros. Do sexo feminino - Mujumbu, Ndumba au Tembu, Samba kalunga, Kasai, Lueji, Mukita e outras. Nzambi os ensinou a se multiplicar e a lutar contra doenças e feitiços que os seus descendentes viessem a possuir. Após deixarem a vida terrena cada um dentro da sua atribuição iria supervisionar o mundo que ele havia criado. Nzambi se despediu e levando um cão que sempre o acompanhava, se dirigiu para Sanzala Kasembe Diá Nazambi (aldeia encantada de deus) onde recompensa os bons e castiga os maus.









Naquela altura as rochas estavam moles por terem sido feitas recentemente, e até hoje no nordeste de Angola se pode ver as pegadas na rocha de Nzambi e ao lado do seu cão (segundo a tradição existem pegadas por toda a áfrica), comprovação feita pela seção de arqueologia e pré história do museu de Dundo - Angola (que são originais e não forjadas pelo homem) segundo as tradições a morada de Nzambi fica entre os rios (Luembe e Kasai) junto a nascente do Nbanze.























Postado por Hunso Sueli de Vodun Abe às 02:32 0 comentários

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A ÁRVORE QUE NÃO TINHA MEDO DO CÉU





A ÁRVORE QUE NÃO TINHA MEDO DO CÉU





O Céu não foi sempre alto assim, nem a floresta tão bonita e cheia de vida.



No começo, o Céu ficava muito perto da Terra e pesava sobre ela como se fosse uma grande tampa, de tal modo que as árvores só conseguiam crescer para os lados. Então seus galhos ficavam uns por cima dos outros, suas folhas varriam o chão tristemente, seus brotos se amarrotavam e secavam...

Era assim desde o começo dos tempos - e seria até hoje se uma sumaúma, cansada de viver apertada, não tivesse forçado seu destino.

"Quem sabe se não há mais espaço do outro lado do teto do mundo?", sonhava ela.

Firmando bem sua copa, a árvore tentou furar um buraco e então - mas que prodígio! - o Céu recuou alguns metros! Era o que bastava para que a valente sumaúma se endireitasse em todo o seu tamanho e passasse lá para cima, para aspirar o ar das alturas.

Espantadas ao verem que se afastava o tirano que as oprimia desde sempre, as outras árvores aproveitaram para se sacudir e se esticar, lançando seus galhos para o alto. Os troncos se firmaram, as raízes ancoraram majestosamente no solo, os brotos atrofiados se desdobraram, embriagados de felicidade, e deixaram assim nascer milhares de folhas. Em volta da sumaúna, em pouco tempo a Terra era uma vasta floresta virgem, que finalmente começava a respirar.

Enquanto isso, do outro lado do Céu, um jovem casal de órfãos avançava cautelosamente pelas grandes pradarias celestes. Ao avistar o que tanto procuravam, ficaram imóveis. Um lagarto grande , preguiçoso, tomava sol estendido sobre uma nuvem. O caçador ergueu sua azagaia, enquanto sua companheira punha uma flecha no arco. Consultaram-se com um olhar e fizeram pontaria... O lagarto deu um salto e rolou sobre si mesmo, no instante em que os dois projéteis fendiam o ar. Os órfãos não acreditaram no que viam: não apenas tinham errado o alvo, mas seus tiros haviam desaparecido num buraco! Esquecendo a presa, aproximaram-se da abertura...

Debaixo do assoalho do Céu, um estranho mar verde ondulava a perder de vista. Olhando mais de perto, descobriram a flecha e a lança fincadas no meio daquele oceano esquisito. Não era um mar líquido. O que seria então?

- E se nós descêssemos? - sugeriu a moça, fascinada.

Não precisou dizer duas vezes. Era isso mesmo o que ele queria. Pousou o pé num galho da sumaúma, para testar se era firme, e depois estendeu os braços para a companheira, a fim de ajudá-la. De galho em galho, penetraram assim no coração daquele reino verde, até pisarem em terra firme. Durante todo o dia, exploraram cada recanto da floresta, maravilhados com sua beleza e com o frescor que nela reinava. A mesma idéia lhes ocorreu, ao mesmo tempo: por que não se mudavam para viver ali embaixo?

O entusiasmo deles diminuiu quando, depois de muitas horas de buscas inúteis, tiveram de se render às evidências: não havia viv'alma naquele lugar... Nem um animal nos ocos, nem ao menos um inseto! Um silêncio mortal planava sobre a floresta desabitada.

Muito desapontados, os órfãos se sentaram num tronco de árvore para pensar. Mesmo que eles se alimentassem apenas de frutas e bagas, morreriam de tédio e solidão. E como começavam a ter fome, a moça de repente se lembrou de que tinha no bolso uma espiga de migo celeste. Ia dividi-la ao meio, mas mudou de idéia e a cortou em três pedaços. Deu um ao companheiro, guardou o outro para si e plantou o último na beirada do bosque. Talvez surgisse um campo de milho daquela terra semeada, num sinal de que pudessem ficar lá embaixo.

Enquanto as primeiras folhinhas do pé de milho apontavam timidamente em busca da luz, a sumaúna continuava a crescer, empurrando o Céu, lá nas alturas. Até que chegou um momento em que o Céu se cansou e não quis mais chegar para trás. Curvou-se todo para resistir ao ataque daquela insolente... mas a árvore acabou conseguindo transpassá-lo e sair do outro lado.

Foi assim que uma copa gloriosa e triunfante irrompeu bem no meio da pradaria do céu - para grande alegria dos animais que lá viviam e que vieram correndo se abrigar dentro dela. Até que enfim, aparecia um lugar fresco e sombreado!

Porém, mal tinham se metido pelo meio da folhagem, quando o Céu resolveu de uma só vez se afastar para bem longe da sumaúma, indo parar no lugar onde está até hoje.

Abandonados, sentindo-se presos numa armadilha, os animais não tiveram outro remédio: trataram de descer, de qualquer jeito, pelo tronco da sumaúma e foram viver na floresta. Os que não conseguiram, nem sabiam voar, tiveram de esperar que os órfãos fossem buscá-los, um a um.

Foi assim que o Céu mudou o mundo todo, graças a uma árvore que não tinha medo do Céu.



Texto de Franck Jouve

Tradução de Ana Maria Machado

Pesquisa Ekedi Rovena

Postado por Hunso Sueli de Vodun Abe às 00:13 0 comentários

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                                                   MITO DA CRIAÇÃO AFRICANO





                                                               A ÁRVORE DA VIDA




Naquele tempo - e faz tempo que ninguém sabe quando foi e nunca soube - não havia floresta, apenas colinas e planaltos a perder de vista, e um rio que atravessava estas terras desoladas. Perto do rio, onde a terra era branca, vermelha e preta, erguia-se a casa de Khmvum, o Criador de todas as coisas.



Foi lá que Mbere e Nkwa foram encontrá-lo um belo dia, para lhe suplicar que criasse uma grande floresta...



- Khmvum Bali, tu que dás a vida, bem que podia nos dar uma floresta, povoada por milhares de árvores... - pediu Mbere, com o coração cheio de esperança.



- Khmvum Kka, tu que és o mais forte entre os fortes, por favor, nos dê uma floresta povoada por milhares de animais... - pediu Nkwa, com o coração cheio de sonhos.



Khmvum ouviu em silêncio, e depois alisou a barba, olhando firme para eles, com seus olhos escuros como a noite.



- E por que os meus filhos pigmeus estão querendo isso?



- Nós somos tão pequeninos... Os menores dos menores... - começou Mbere. - Podíamos nos esconder na sombra das árvores...



- E colados aos troncos enormes - continuou Nkwa - podíamos escapar dos nossos inimigos gigantes...



- Os gigantes receberam a força, na divisão, mas vou dar algo muito melhor aos pigmeus...



E o Criador ergueu a mão.



- Dou a vocês a coisa vermelha, o fogo, para vocês não terem mais frio. E dou os animais que caminham, que pulam, que voam, que nadam, para que jamais a fome entre na barriga de vocês. E lhes dou todas as árvores, como abrigo e como amigas. Vocês serão os senhores da floresta e, no reino dela, os pigmeus estarão em casa, livres.



Mbere e Nkwa ouviam as palavras de Khmvum boquiabertos, com a impressão de estarem vivendo um sonho. Eles, os menores entre os homens, iam se tornar os reis da floresta!



Ardendo de impaciência e devorados pela curiosidade, viram o Criador entrar em casa e voltar em seguida, trazendo uma árvore minúscula, que acabara de se formar.



- Esta aqui é Tii, a ancestral da floresta. É a guardiã da coisa vermelha que esquenta, que cozinha e que ilumina.



E Khvum lhes ensinou a fazer o fogo nascer, esfregando dois pedaços de pau. Depois, plantou a arvorezinha na margem de três cores e foi se sentar, com os braços cruzados.



- Só isso? - perguntou Mbere, pensando que uma única árvore, mesmo se crescesse muito, não era uma floresta.



- Só isso? - repetiu Nkwa, pensando que os animais não nasciam em árvores.



O Todo-Poderoso tinha fechado os olhos.



- Depois da noite, o dia. Depois de uma nuvem, outra nuvem. Depois de uma árvore, outra árvore...



Os dois pigmeus não perguntaram mais nada. Curvados, com a testa apoiada no chão, rezavam para Khmvum, quando um barulho estranho estranho os fez levantar a cabeça.



Bem ali, diante de seus olhos, Tii começava a crescer com uma velocidade prodigiosa.



Em pouco tempo, seu tronco estava tão grande que seis pigmeus não bastariam para rodeá-lo com os braços. O sol do meio-dia desaparecera por trás da folhagem espessa que já enchia de sombra as duas margens do rio. E a árvore continuava crescendo.



Logo que a envergadura de seus galhos se estendeu pelo quatro cantos do horizonte, Khmvum Vali, aquele que dá a vida, aproximou-se e tocou a árvore com a palma da mão.



Tii tremeu com o choque e fez cair sobre a planície um dilúvio de grãos. Mbere e Nkwa caíram de joelhos, maravilhados. Num instante, cada grão dava vida a uma nova árvore. Onde antes não havia nada, nascia agora um mundo ao redor deles, uma floresta profunda, que crescia a olhos vistos!



Depois, Khmvum Kka, o mais forte entre os fortes, sacudiu com as mãos o tronco da grande ancestral e as folhas começaram a cair de uma a uma.



Mbere e Nkwa assistiram então, fascinados, ao nascimento do mundo animal: assim que uma folha tocava o solo, começava a se arrastar, a saltar, a andar ... e ia crescendo e se transformando em serpente, em macaco, em elefante... As que ficavam dando voltas no ar logo viravam pássaros de todo tipo, e as que caíam no rio tornavam-se peixes, tartarugas, crocodilos... E toda a vida da floresta nasceu da árvore Tii.

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