Ori (yoruba)
Ori é um importante conceito metafísico espiritual e mitológico para os Yorubás, identificado no jogo do merindilogun pelo odu ossá e representado materialmente pelo candomblé, através do assentamento sagrado denominado Igba Ori. .
Ritual para Ori candomblé.
Ori, palavra da língua yoruba que significa literalmente cabeça, refere-se a uma intuição espiritual e destino.
Ori é o Orixá pessoal, em toda a sua força e grandeza.
Ori é o primeiro Orixá a ser louvado, representação particular da existência individualizada
(a essência real do ser).
É aquele que guia, acompanha e ajuda a pessoa desde antes do nascimento, durante toda vida e após a morte, referenciando sua caminhada e a assistindo no cumprimento de seu destino.
Ori em yoruba tem muitos significados - o sentido literal é cabeça física, símbolo da cabeça interior
(Ori Inu).
Espiritualmente, a cabeça como o ponto mais alto (ou superior) do corpo humano representa o Ori, não existe um Orixá que apóie mais o homem do que o seu próprio Ori.
Enquanto Orixá pessoal de cada ser humano, com certeza ele está mais interessado na realização e na felicidade de cada homem do que qualquer outro Orixá.
Da mesma forma, mais do que qualquer um, ele conhece as necessidades de cada homem em sua caminhada pela vida e, nos acertos e desacertos de cada um, tem os recursos adequados e todos os indicadores que permitem a reorganização dos sistemas pessoais referentes a cada ser humano.
Ijalá é responsável pela modelação da cabeça humana, e acredita-se que o Ori e o Odu - signo regente de seu destino que escolhemos, determina nossa fortuna ou atribulações na vida.
O trabalho árduo trará, ao homem afortunado em sua escolha, excelentes resultados, já que nada é necessário dispender para reparar a própria cabeça.
Assim, para usufruir o sucesso potencial que a escolha de um bom Ori acarreta, o homem deve trabalhar arduamente. Aqueles, entretanto que escolheram um mau Ori têm poucas esperanças de progresso, ainda que passem o tempo todo se esforçando.
O Ori, entidade parcialmente independente, considerado uma divindade em si próprio, é cultuado entre outras divindades, recebendo oferendas Ebori, e orações, Ori é o protetor do homem antes das divindades.
Referencias
Juana Elbein dos Santos em Os Nagô e a Morte
Reginaldo Prandi - Revista brasileira de Ciências Sociais,
Agô agô lonan: mitos, ritos e organização em terreiros de candomblé da Bahia M de Lourdes Siqueira - 1998 - Mazza Edições
ORÍ
O ORIXÁ MAIS IMPORTANTE
“Ko sí Òòsà tí i dá´ni gbè léhìn Orí eni”
“Nenhum Orixá abençoa uma pessoa antes de seu Orí”
Este oriki (verso sagrado) não deixa dúvida sobre a suprema importância desta divindade pessoal, inclusive, acima dos outros Orixás! Orí porém, continua sendo um enigma no conhecimento popular do culto.
Traduzindo da língüa Iorubana, Orí significa cabeça, entretanto quando se busca aprofundar algo mais os devotos hesitam, titubeiam, emudecem… Se Orí é a mais importante de todas as divindades, pq este desconhecimento? Principalmente de uma divindade q reside justamente dentro de nós? Pq, de todos os Orixás, Orí é o mais misterioso?
Para responder a esta questao temos de voltar às origens do nosso culto em África. No continente africano o culto, assim como no Candomblé, é iniciático e hermético.
Portanto os segredos, fundamentos e a sabedoria do culto está para apenas ser desvelado por seus iniciados ao decorrer de sua carreira religiosa e/ou sacerdotal. Desta forma, os segredos mais profundos e sérios do culto ficavam restritos aos mais altos sacerdotes.
Permitindo ao público e aos mais novos iniciados apenas pequenas centelhas desta sabedoria. Para se atingir os mais profundos conhecimentos e sabedoria eram necessários muitos anos de profunda dedicaçao e disponibilidade de transcender sempre os próprios limites.
Contudo, atualmente, vive-se na cultura das árvores impacientes q se dedicam a crescer tao apressadamente em detrimento do aprofundamento de suas raízes, e assim, estes profundos conhecimentos foram ficando restritos a um número cada vez menor de sacerdotes. Isto explica o desconhecimento geral deste supremo Orixá! Q é o ponto central do culto afro e afro-brasileiro! Dele depende a nossa existência, nosso sucesso, fracasso, saúde, doença, riqueza, pobreza, plenitude, felicidade. Sem a aprovaçao de Orí nenhum Orixá pode fazer nada pelo seu devoto. Por isso, para nós, Orí é o Orixá mais importante! É o único q nos acompanha na viagem dos mares sem retorno, como descrito no Itan de Ògúndá Méjì.
Voltando às Origens.
No princípio dos tempos da Criaçao, Odudua havia criado a Terra, Oxalá havia criado o homem, seus braços, pernas, seu corpo, Olórúm lhe insuflou o èmí(respiraçao divina), a vida. Mas Oxalá havia se esquecido da cabeça..Oxalá não fez a cabeça do Homem… Entao Olórúm pediu à Àjàlà, o oleiro divino, para confeccioná-la. Àjàlà quando foi confeccionar Orí pediu a ajuda de Odú, e assim todos os Odús ajudaram à Àjàlà a confeccionar Orí.
E assim nasceu Orí.
Orí é composto da matéria divina dos Odús, misturados em quantidade e organizados segundo a sabedoria de Àjàlà a pedido de Olórúm. Do material (òkè ìpònrí) q Àjàlà utiliza para confeccionar Orí se constitui èwò (tabu) para quem possuir esse Orí. E assim se determina as interdiçoes alimentares dos indivíduos, pois, comer do próprio material de q foi constituído, caracteriza ofensa séria à matriz da qual foi criado.
Todo o homem quando vai para o Aiyé, invariavelmente, deve passar na oficina de Àjàlà e escolher o seu Orí. Esta escolha se chama Kàdárà, oportunidade e circunstância, e ao fazê-la, está determinando sua natureza e destino.
Este momento ocorre da seguinte forma: A alma se ajoelha(posiçao fetal) diante dos pés de Olórúm (O Criador) e entao lhe faz um pedido – Àkùnlé yàn – pedido esse q estará relacionando ao seu desejo de crescimento moral e espiritual. Entao Olórúm lhe fixa o destino – Àyàn mó Ipín - q Orí deverá seguir, em q geralmente atende aos desejos do próprio Olórúm e e às necessidades das restituiçoes q Orí deve cumprir. E entao recebe – Àkùn légbà – as circunstâncias q possibilitarao os acontecimentos, geralmente ligado às questoes de tempo/espaço, meio e todo o entorno necessário ao melhor cumprimento do destino.
Neste momento a alma recebe os seus èwós (tabus), interdiçoes alimentares, de vestuário, de açao, etc.
Afirma compromisso com o seu ancestral e tutor espiritual (Orixá).
Afirma compromisso com o Bàbá Egún (Pai espírito) responsável pelo ìpònrí ancestral terreno q formou o seu corpo material, e q zela pelo desenvolvimento da família a q Orí fará parte. Todos os contratos são firmados e/ou reafirmados diante de Olórúm e de Orúnmilá, e à medida q o são o destino se lhe vai fixando.
Entao Orí se dirige à Àkàsò (a fronteira entre Orúm-plano espiritual, e Aiyé-plano físico) e pede passagem à Oníbodè (o porteiro), q lhe interrogará o q fará no Aiyé, Orí lhe contará e mais uma vez se fixará nele o seu destino.
ORÍ - A fisiologia divina.
Orí entao descerá e ocupará o seu lugar no Orí do corpo criado, através da chamada “moleira”, abertura no crânio do bebê q irá se fechando conforme se desenvolve ao longo dos anos, onde se dá a “armadilha para Orí”, uma vez encerrado lá Orí somente voltará a se libertar do corpo na última expiraçao, pela boca.
A princípio Orí assentar-se-á no cérebro (opolo) daquele corpo, onde comandará Orí Òde
(cabeça externa).
ORÍ ÒDE – a cabeça externa caracteriza-se pela cabeça física
(crânio, cérebro, sistema nervoso central, olhos, ouvidos, etc) e também pela personalidade e intelecto q resultará da interaçao daquele corpo com Orí Innú (cabeça interna), a cultura local onde se desenvolverá o indivíduo, e o aprendizado q receberá desde o seu nascimento.
Ou seja, Orí òde é, além da cabeça física, a nossa pessoa como nós a conhecemos e como os outros a conhecem. É o mecanismo criado por Orí innú para lidar com o mundo exterior. Orí Òde é o nosso “eu exterior”.
ORÍ INNÚ - a cabeça interna, é a nossa personalidade divina, ou nosso “eu verdadeiro”, ou nosso “eu supremo ou superior”. Em resumo, nossa alma.
Abaixo de Orí innú reside Elénìnìí (o opositor de Orí), no cerebelo (ipakó), responsável pelo esquecimento de Orí de sua missao, aquele q o vem atrapalhar a realizar, cumprir sua missao para com Olórúm e a Criaçao, conforme descrito no Itan do Odú Irosún Méjì. Este, constitui o último nó para a transcendência de Orí innú, e o cumprimento de sua missao original.
Ainda existe Ipín jeun – o estômago, e obo ati oko – os órgaos sexuais, q são os outros nós q Orí innú deve superar: medo, desejo, ambiçao, vaidade, ciúme, ira, egoísmo, etc…
Orín innú ainda se divide em:
Orí aperé: o caminho predestinado, fenômeno narrado acima. O destino do indivíduo vem escrito em sua cabeça. “sua cabeça, sua sentença!”
Aparí innú: o caráter (ìwà), a personalidade divina. Q é a essência de Orí innú, a alma, e sua missao original. É através do desenvolvimento de Ìwà Pèlé
(caráter reto, honesto, puro, bom) q Orí chegará à sua transcendência última! Enfim, como descreve o Odú Ogbè-Ègùndá: “Ìwà nikàn l´ó sòro o”
“ Caráter é tudo o que se precisa”.
Ìwà Pèlé (caráter reto) é o q conduzirá Orí innú até o Òrun rere (plano espiritual dos Orixás), em caráter definitivo.
Assim sabemos q nossa divindade pessoal é Orí innú ( cabeça interna-alma), responsável pelo nosso destino e felicidade. Que o nosso Orixá (orí- o primeiro) é o tutor espiritual de nosso Orí innú, mas q só poderá ajudar-nos se Orí o permitir.
Que em nosso Orí innú reside o nosso Odú (destino) e somente através de Orí e Odú podemos transmutar o nosso destino, e assegurar o cumprimento da missao confiada por Olodumaré.
Que devemos nos resguardar de Elénìnìí, o inimigo de nossa missao e alma, aquele q pode nos trazer sofrimentos. E que nossa verdadeira essência, que devemos buscar, reside em Orí innú (cabeça interna-alma) e não em nosso Orí òde (cabeça externa-personalidade) q é tao somente o veículo de Orí innú aqui no Aiyé.
E, o mais importante: a missao maior de Orí innú, à qual cabe ao nosso Orixá ajudar-nos, é o desenvolvimento de Ìwà Pèlé (caráter reto, bom), nosso passaporte para o encontro definitivo com Olórun!!
Orí o!! Ire o!
Ori é um importante conceito metafísico espiritual e mitológico para os Yorubás, identificado no jogo do merindilogun pelo odu ossá e representado materialmente pelo candomblé, através do assentamento sagrado denominado Igba Ori. .
Ritual para Ori candomblé.
Ori, palavra da língua yoruba que significa literalmente cabeça, refere-se a uma intuição espiritual e destino.
Ori é o Orixá pessoal, em toda a sua força e grandeza.
Ori é o primeiro Orixá a ser louvado, representação particular da existência individualizada
(a essência real do ser).
É aquele que guia, acompanha e ajuda a pessoa desde antes do nascimento, durante toda vida e após a morte, referenciando sua caminhada e a assistindo no cumprimento de seu destino.
Ori em yoruba tem muitos significados - o sentido literal é cabeça física, símbolo da cabeça interior
(Ori Inu).
Espiritualmente, a cabeça como o ponto mais alto (ou superior) do corpo humano representa o Ori, não existe um Orixá que apóie mais o homem do que o seu próprio Ori.
Enquanto Orixá pessoal de cada ser humano, com certeza ele está mais interessado na realização e na felicidade de cada homem do que qualquer outro Orixá.
Da mesma forma, mais do que qualquer um, ele conhece as necessidades de cada homem em sua caminhada pela vida e, nos acertos e desacertos de cada um, tem os recursos adequados e todos os indicadores que permitem a reorganização dos sistemas pessoais referentes a cada ser humano.
Ijalá é responsável pela modelação da cabeça humana, e acredita-se que o Ori e o Odu - signo regente de seu destino que escolhemos, determina nossa fortuna ou atribulações na vida.
O trabalho árduo trará, ao homem afortunado em sua escolha, excelentes resultados, já que nada é necessário dispender para reparar a própria cabeça.
Assim, para usufruir o sucesso potencial que a escolha de um bom Ori acarreta, o homem deve trabalhar arduamente. Aqueles, entretanto que escolheram um mau Ori têm poucas esperanças de progresso, ainda que passem o tempo todo se esforçando.
O Ori, entidade parcialmente independente, considerado uma divindade em si próprio, é cultuado entre outras divindades, recebendo oferendas Ebori, e orações, Ori é o protetor do homem antes das divindades.
Referencias
Juana Elbein dos Santos em Os Nagô e a Morte
Reginaldo Prandi - Revista brasileira de Ciências Sociais,
Agô agô lonan: mitos, ritos e organização em terreiros de candomblé da Bahia M de Lourdes Siqueira - 1998 - Mazza Edições
ORÍ
O ORIXÁ MAIS IMPORTANTE
“Ko sí Òòsà tí i dá´ni gbè léhìn Orí eni”
“Nenhum Orixá abençoa uma pessoa antes de seu Orí”
Este oriki (verso sagrado) não deixa dúvida sobre a suprema importância desta divindade pessoal, inclusive, acima dos outros Orixás! Orí porém, continua sendo um enigma no conhecimento popular do culto.
Traduzindo da língüa Iorubana, Orí significa cabeça, entretanto quando se busca aprofundar algo mais os devotos hesitam, titubeiam, emudecem… Se Orí é a mais importante de todas as divindades, pq este desconhecimento? Principalmente de uma divindade q reside justamente dentro de nós? Pq, de todos os Orixás, Orí é o mais misterioso?
Para responder a esta questao temos de voltar às origens do nosso culto em África. No continente africano o culto, assim como no Candomblé, é iniciático e hermético.
Portanto os segredos, fundamentos e a sabedoria do culto está para apenas ser desvelado por seus iniciados ao decorrer de sua carreira religiosa e/ou sacerdotal. Desta forma, os segredos mais profundos e sérios do culto ficavam restritos aos mais altos sacerdotes.
Permitindo ao público e aos mais novos iniciados apenas pequenas centelhas desta sabedoria. Para se atingir os mais profundos conhecimentos e sabedoria eram necessários muitos anos de profunda dedicaçao e disponibilidade de transcender sempre os próprios limites.
Contudo, atualmente, vive-se na cultura das árvores impacientes q se dedicam a crescer tao apressadamente em detrimento do aprofundamento de suas raízes, e assim, estes profundos conhecimentos foram ficando restritos a um número cada vez menor de sacerdotes. Isto explica o desconhecimento geral deste supremo Orixá! Q é o ponto central do culto afro e afro-brasileiro! Dele depende a nossa existência, nosso sucesso, fracasso, saúde, doença, riqueza, pobreza, plenitude, felicidade. Sem a aprovaçao de Orí nenhum Orixá pode fazer nada pelo seu devoto. Por isso, para nós, Orí é o Orixá mais importante! É o único q nos acompanha na viagem dos mares sem retorno, como descrito no Itan de Ògúndá Méjì.
Voltando às Origens.
No princípio dos tempos da Criaçao, Odudua havia criado a Terra, Oxalá havia criado o homem, seus braços, pernas, seu corpo, Olórúm lhe insuflou o èmí(respiraçao divina), a vida. Mas Oxalá havia se esquecido da cabeça..Oxalá não fez a cabeça do Homem… Entao Olórúm pediu à Àjàlà, o oleiro divino, para confeccioná-la. Àjàlà quando foi confeccionar Orí pediu a ajuda de Odú, e assim todos os Odús ajudaram à Àjàlà a confeccionar Orí.
E assim nasceu Orí.
Orí é composto da matéria divina dos Odús, misturados em quantidade e organizados segundo a sabedoria de Àjàlà a pedido de Olórúm. Do material (òkè ìpònrí) q Àjàlà utiliza para confeccionar Orí se constitui èwò (tabu) para quem possuir esse Orí. E assim se determina as interdiçoes alimentares dos indivíduos, pois, comer do próprio material de q foi constituído, caracteriza ofensa séria à matriz da qual foi criado.
Todo o homem quando vai para o Aiyé, invariavelmente, deve passar na oficina de Àjàlà e escolher o seu Orí. Esta escolha se chama Kàdárà, oportunidade e circunstância, e ao fazê-la, está determinando sua natureza e destino.
Este momento ocorre da seguinte forma: A alma se ajoelha(posiçao fetal) diante dos pés de Olórúm (O Criador) e entao lhe faz um pedido – Àkùnlé yàn – pedido esse q estará relacionando ao seu desejo de crescimento moral e espiritual. Entao Olórúm lhe fixa o destino – Àyàn mó Ipín - q Orí deverá seguir, em q geralmente atende aos desejos do próprio Olórúm e e às necessidades das restituiçoes q Orí deve cumprir. E entao recebe – Àkùn légbà – as circunstâncias q possibilitarao os acontecimentos, geralmente ligado às questoes de tempo/espaço, meio e todo o entorno necessário ao melhor cumprimento do destino.
Neste momento a alma recebe os seus èwós (tabus), interdiçoes alimentares, de vestuário, de açao, etc.
Afirma compromisso com o seu ancestral e tutor espiritual (Orixá).
Afirma compromisso com o Bàbá Egún (Pai espírito) responsável pelo ìpònrí ancestral terreno q formou o seu corpo material, e q zela pelo desenvolvimento da família a q Orí fará parte. Todos os contratos são firmados e/ou reafirmados diante de Olórúm e de Orúnmilá, e à medida q o são o destino se lhe vai fixando.
Entao Orí se dirige à Àkàsò (a fronteira entre Orúm-plano espiritual, e Aiyé-plano físico) e pede passagem à Oníbodè (o porteiro), q lhe interrogará o q fará no Aiyé, Orí lhe contará e mais uma vez se fixará nele o seu destino.
ORÍ - A fisiologia divina.
Orí entao descerá e ocupará o seu lugar no Orí do corpo criado, através da chamada “moleira”, abertura no crânio do bebê q irá se fechando conforme se desenvolve ao longo dos anos, onde se dá a “armadilha para Orí”, uma vez encerrado lá Orí somente voltará a se libertar do corpo na última expiraçao, pela boca.
A princípio Orí assentar-se-á no cérebro (opolo) daquele corpo, onde comandará Orí Òde
(cabeça externa).
ORÍ ÒDE – a cabeça externa caracteriza-se pela cabeça física
(crânio, cérebro, sistema nervoso central, olhos, ouvidos, etc) e também pela personalidade e intelecto q resultará da interaçao daquele corpo com Orí Innú (cabeça interna), a cultura local onde se desenvolverá o indivíduo, e o aprendizado q receberá desde o seu nascimento.
Ou seja, Orí òde é, além da cabeça física, a nossa pessoa como nós a conhecemos e como os outros a conhecem. É o mecanismo criado por Orí innú para lidar com o mundo exterior. Orí Òde é o nosso “eu exterior”.
ORÍ INNÚ - a cabeça interna, é a nossa personalidade divina, ou nosso “eu verdadeiro”, ou nosso “eu supremo ou superior”. Em resumo, nossa alma.
Abaixo de Orí innú reside Elénìnìí (o opositor de Orí), no cerebelo (ipakó), responsável pelo esquecimento de Orí de sua missao, aquele q o vem atrapalhar a realizar, cumprir sua missao para com Olórúm e a Criaçao, conforme descrito no Itan do Odú Irosún Méjì. Este, constitui o último nó para a transcendência de Orí innú, e o cumprimento de sua missao original.
Ainda existe Ipín jeun – o estômago, e obo ati oko – os órgaos sexuais, q são os outros nós q Orí innú deve superar: medo, desejo, ambiçao, vaidade, ciúme, ira, egoísmo, etc…
Orín innú ainda se divide em:
Orí aperé: o caminho predestinado, fenômeno narrado acima. O destino do indivíduo vem escrito em sua cabeça. “sua cabeça, sua sentença!”
Aparí innú: o caráter (ìwà), a personalidade divina. Q é a essência de Orí innú, a alma, e sua missao original. É através do desenvolvimento de Ìwà Pèlé
(caráter reto, honesto, puro, bom) q Orí chegará à sua transcendência última! Enfim, como descreve o Odú Ogbè-Ègùndá: “Ìwà nikàn l´ó sòro o”
“ Caráter é tudo o que se precisa”.
Ìwà Pèlé (caráter reto) é o q conduzirá Orí innú até o Òrun rere (plano espiritual dos Orixás), em caráter definitivo.
Assim sabemos q nossa divindade pessoal é Orí innú ( cabeça interna-alma), responsável pelo nosso destino e felicidade. Que o nosso Orixá (orí- o primeiro) é o tutor espiritual de nosso Orí innú, mas q só poderá ajudar-nos se Orí o permitir.
Que em nosso Orí innú reside o nosso Odú (destino) e somente através de Orí e Odú podemos transmutar o nosso destino, e assegurar o cumprimento da missao confiada por Olodumaré.
Que devemos nos resguardar de Elénìnìí, o inimigo de nossa missao e alma, aquele q pode nos trazer sofrimentos. E que nossa verdadeira essência, que devemos buscar, reside em Orí innú (cabeça interna-alma) e não em nosso Orí òde (cabeça externa-personalidade) q é tao somente o veículo de Orí innú aqui no Aiyé.
E, o mais importante: a missao maior de Orí innú, à qual cabe ao nosso Orixá ajudar-nos, é o desenvolvimento de Ìwà Pèlé (caráter reto, bom), nosso passaporte para o encontro definitivo com Olórun!!
Orí o!! Ire o!
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