CASA PODEROSA DOS FILHOS DE YEMANJÁ

CASA PODEROSA DOS FILHOS DE YEMANJÁ

quarta-feira, 28 de março de 2012

Quem realmente é Iyami Òsòròngà, será a mãe dos Orisas? ( parte 4 )



1.2 HIPÓTESES


O silêncio que ronda o nome de Iyami Osoronga leva a supor:


1. Se Osoronga foi um mito matriarcal do período neolítico ­ época na qual o sistema familiar, conceito de posse e leis não eram definidos, então o pânico, terror e superstição existente entre os sacerdotes e devotos dos cultos africano e afro-descendentes poderiam ser resultantes do medo de um caos social.


2. Caso a devotas de Iyami Osoronga não pudessem cultuá-la abertamente, devido o sincretismo religioso católico-iorubano, então seria venerada sob os véus da Irmandade da Boa Morte, através da devoção a Nossa Senhora.


1.3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS


A escassez bibliográfica sobre o tema levou-nos a encontrar Iyami Osoronga sob as qualidades dos Orixás femininos retratados por Pierre Verger na Bahia e Nigéria, nos rituais nagô sobre a morte descritos por Juana Elbein, nos rituais axexê e mitos iorubanos comentados por Prandi e nos abiku, as crianças que nascem para morrer, pesquisados por Augras aprofundando- nos no Candomblé ­ percebendo-o enquanto fator de resistência política e cultural do negro - religião de origem africana estabelecida no País.


Nina Rodrigues1 foi o pioneiro no estudo da questão negra no Brasil, estudou as diferentes etnias africanas e sua religião com "um olhar de fora": distanciado da comunidade africana e afro-descendente estabelecida no País.


Alertados por Marco Aurélio Luz percebemos seu pensamento segregacionista-científico europeu, conseqüente de sua época:


"O critério científico da inferioridade da raça negra...
Para a ciência, não é esta inferioridade mais do que um fenômeno
de ordem perfeitamente natural, produto da marcha desigual do
desenvolvimento filogenético da humanidade".


Ìrété Òwánrín


Orunmilá consulta Ifá para ir a Otá e descobrir os segredos das Eleye. O babalaô pede-lhe para fazer uma oferenda. Ele faz o sacrifício e parte para a cidade das mulheres pássaro.


Exú o vê, e notamos que possivelmente Exú estava sob a forma de um pássaro (o grifo é nosso):
"Exu (que faz o bem e o mal, que faz todas as coisas).
Exu transforma-se rapidamente,
Tornou-se então uma pessoa.
Ele vai chamar todas as àjé que estão em Ota."
(Verger; 1992:42)


E conta para as Ajé que Orunmilá possui um pássaro tão poderoso quanto o delas. As donas do pássaro estranham:


"Elas dizem, este homem tem um pássaro?"
(Verger; 1992:42)


As Iabás foram avisadas por Exú que a divindade Orunmilá possuía um pássaro, porém elas referem-se ao Orixá como homem, ressaltando a relação de gênero. Ao se dar o confronto entre ele e as Ajé, ao verem Orunmilá sentado ­ o que indica uma falta de respeito - elas praguejam:


"elas dizem que não querem retirar
seus maus olhados do corpo de Orumilá.
Elas dizem que lutaram com ele.
Elas dizem que elas estão em cólera porque
ele conhece o segredo delas.
Elas dizem, eles querem assim conhecer seu segredo.
Elas dizem, se elas pegam Orumilá, elas o matarão."
(Verger; 1992:42)


Orunmilá consulta outro babalaô, Tèmáyè, que indica-lhe um ebó4 para ficar protegido da fúria delas. As Eleye comem o ofertado e tentam novamente perseguir Orunmilá, porém não conseguem mais vê-lo. Orunmilá fala:


"... àjé não é severa, ela não pode comer ekujebu, vós de modo algum, podeis matar-me.
Ele diz, o frango òpìpì não tem asas para voar sobre a casa, elas não podem matar-me.


Isto foi o que Òrúnmilá fez naquele dia, para que elas não sejam capazes de matá-lo, quando Òrúnmilà foi a Òtà para ver o segredo delas."
(Verger; 1994:39)




O ebó que Orunmilá ofereceu faz parte das proibições para as ajés.


Resenha:


Até então grandes mitos foram levantando sobre a Iyami Òsòròngà, por falta de dados que pudessem fornecer um embasamento para sua definição, contudo sabemos que ela é um orisá o mais antigo e famoso conhecido por todas as nações africanas cultuadas dentro do Brasil.



Qualquer definição que fuja deste referencial é um erro grave ao culto.
Iyami Òsòròngà é se sempre foi reverenciada pelos babalawos em seus itans e culto á Odu.



Nenhum comentário:

Postar um comentário