CASA PODEROSA DOS FILHOS DE YEMANJÁ

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sábado, 2 de novembro de 2013

Onilé ocupa lugar central no culto da sociedade masculina secreta Ogboni.


Assentamento de Onilé em terreiro do Rio de Janeiro, anos 70. Robert Farris Thompson, Faces of the Gods: Altars of Africa and the African Americas. New York, The Museum for African Arts of New York, 1993, p. 202.


Na África ioruba, Onilé ocupa lugar central no culto da sociedade masculina secreta Ogboni. 

A escultura em bronze aqui mostrada, provavelmente do século XVIII, é originária dessa sociedade tem os olhos em semicírculos, que tudo observam em silêncio, e as mãos fechadas e alinhadas, uma sobre a outra, na altura do umbigo, num gesto que simboliza o conhecimento ancestral, conforme os símbolos Ogboni, sociedade que, até o século XIX, cuidava da justiça, julgava criminosos e feiticeiros e executava os condenados à morte.


Onilé, escultura em bronze, provavelmente século XVIII. Museu Nacional de Lagos, Nigéria. Foto em Ekpo Eyo e Frank Willett, Treasures of Ancient Nigeria. New York, Alfred A. Knopf, 1989, p. 155.


Narrado pelo oluô Agenor Miranda Rocha, em pesquisa de campo no Rio de Janeiro, em 1999. Fragmentos em Wande Abimbola, Ifá Divination Poetry. Nova York, Londres e Ibadan, Nok Publishers, 1977, pp. 111; idem, Ifá Will Mend our Broken World: Thoughts on Yoruba Religion and Culture in Africa and the Diaspora. Roxbury, Massachusetts, Aim Books, pp. 67-68. A versão aqui presente encontra-se em Reginaldo Prandi, Mitologia dos orixás. São Paulo, Companhia das Letras, no prelo.

Louvar Onilé é celebrar as origens. Por isso, quando aparecem junto aos humanos, os antepassados egunguns saúdam Onilé, lembrando-nos que ela é anterior a tudo o mais, mesmo às linhagens mais antigas da humanidade.


Onilé é assentada num montículo de terra vermelha, que representa o coração da Terra, podendo também ser montado com terra de cupinzeiro, que é trazida de dentro do solo pelos insetos trabalhadores, e que é vermelha. Dentro do montículo fixa-se uma quartinha com água, pois não há vida na terra desprovida de água. 

A quartinha dentro da terra simboliza que a água vem de dentro da Terra e que é assim a primeira dádiva de Onilé. 

A água que jorra do solo forma os regatos, rios, lagos e o próprio mar, de onde sobe para as nuvens e se precipita em chuva, voltando ao solo e subsolo, num ciclo permanente de propiciação da vida. 

O assentamento é coberto com moedas ou búzios, que entre os antigos iorubanos era dinheiro, representando toda a riqueza e prosperidade que está na Terra, que dela extraímos e na qual vivemos. 

Vermelhas e marrons cores da terra são as cores apropriadas para colares de contas que homenageiam Onilé. 

Na África, os sacrifícios feitos a Onilé incluem caracóis, aves fêmeas e tartarugas (Abimbola, 1977: 111). 

No Brasil a legislação pune como crime inafiançável o sacrifício de animais ameaçados de extinção e assim a tartaruga é substituída pela cabra. 

Aliás, matar um animal em extinção seria uma ofensa imperdoável a Onilé, que é a própria natureza, a grande mãe da ecologia.

Além desses animais, dá-se para Onilé tudo o que a terra produz e que o homem transforma: obis, orobôs e todas as demais frutas, inhame e outros tubérculos, feijões, milho, favas, mel, dendê, sal, vinho e tudo mais que vem da terra pela mão do homem.


Cultuada discretamente em terreiros antigos da Bahia e em candomblés africanizados, a Mãe Terra tem despertado recentemente curiosidade e interesse entre os seguidores dos orixás, sobretudo entre aqueles que compõem os seguimentos mais intelectualizados da religião. 

Onilé, isto é, a Terra, tem muitos inimigos que a exploram e podem destruí-la. 

Para muitos seguidores da religião dos orixás, interessados em recuperar a relação orixá-natureza, o culto de Onilé representaria, assim, a preocupação com a preservação da própria humanidade e de tudo que há em seu mundo. 

Pois é Onilé quem guarda o planeta e tudo que há sobre ele, protegendo o mundo em que vivemos e possibilitando a própria vida de tudo que vive sobre a Terra, as plantas, os bichos e a humanidade.

Referências bibliográficas ABIMBOLA, Wande. Ifá Divination Poetry. Nova York, Londres e Ibadan, Nok Publishers, 1977. ____. Ifá Will Mend our Broken World: Thoughts on Yoruba Religion and Culture in Africa and the Diaspora. Roxbury, Massachusetts, Aim Books, 1997. EYO, Ekpo e Frank Willett. Treasures of Ancient Nigeria. New York, Alfred A. Knopf, 1989. LÉPINE, Claude. As metamorfoses de Sakpatá, deus da varíola. In: MOURA, Carlos Eugênio Marcondes de (org.). Leopardo dos olhos de fogo. São Paulo, Ateliê Editorial, 1998. PRANDI, Reginaldo Prandi. Mitologia dos orixás. São Paulo, Companhia das Letras, no prelo. THOMPSON, Robert Farris Thompson. Faces of the Gods: Altars of Africa and the African Americas. New York, The Museum for African Arts of New York, 1993.

Resumo e breves considerações por Babalorixá Vagner D’Osun

Onilé é um Orixá que representa a base de toda a vida, a Terra-Mãe, tanto na vida como na morte, se caracteriza por ser o princípio e representação coletiva dos elegun e Egungun, é o primeiro a receber as oferendas e a ser evocado nos ritos dos sacrifícios.

Todo terreiro possui o acento de Onilé, um deles pode ser observado no centro do Barracão de (candomblé), denominado como o fundamento da casa ou simplesmente Axé da casa, onde todo sabiamente reverencia este local.

 Muitos axés plantam no centro do axé uma qualidade de Omulu (INTOTO)

Suas contas são vermelho e preto. 

É um orixá cultuado em seu assentamento e não vira na cabeça de ninguém. 

O Iyàwó é feito de Oxum ou Azoani. 

Dá-se comida a terra. 

Este orixá é Abìkú, portanto não se raspa, pois representa o fundo da terra. 

Come com Ewá, Oyá e Ikú. 

Seus assentos são cultuados ao lado de Nanã e Yemanjá. 

Portanto não confundi-lo com Onilé que é a propria terra. 

Porêm nos cantos de Obaluaye\Omulu, Onilé é muito saudada por ser a propria terra derivada deste orixá principalmente no Olubajé.

Também chamado pelo "Povo de santo" de Oluaye, Aiê, Ilê e Sakpatá
Em algumas tradições, Onilé é uma divindade feminina, representa a Mãe Terra (onde acolhe os ancestrais), Egungun. 

Conta-se que quando Olorum reuniu os orixás para dividir o poder sobre a criação entre eles, uma de suas filhas, Onilé, escondeu-se sob a terra.

E acabou ganhando por este motivo poder e autoridade sobre ela. 
A primeira parte de todos os sacrifícios de (Ejé) sangue é sempre derramada sobre a terra, independente de para qual entidade ou divindade seja o sacrifício, este gesto é uma forma de lembrar e reconhecer o poder de Onilé.
Tudo vem da terra e a ela retorna.

Axé a todos


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