3.4. Emancipação e alienação.
"Toda a emancipação é redução do mundo humano, das relações, ao próprio homem". A emancipação religiosa liquidará a consciência imaginadora de deuses. A emancipação politica converterá o indivíduo em cidadão.
O homem individual ficará emancipado quando se tornar um ser com essência genérica (Gattungswesen ); quando reconhecer as suas forças como forças sociais e quando não mais separar a força social da política.
A ultrapassagem do Estado é uma questão de tempo, cuja estrutura se assemelha à ultrapassagem da religião:"A constituição política foi até agora a esfera religiosa, a religião da vida popular... o céu da generalidade em oposição à existência terrena...A vida política é a escolástica da vida popular.
A alienação é o passado, a emancipação o futuro. O homem auto-alienado perde-se no além religioso, político, social, etc. O cerne da filosofia marxiana da história consiste em prever o fim das vicissitudes nas relações entre homem e natureza.
O processo histórico comporta a origem animal do homem, as fases do processo de produção em que participa, a fase de auto-alienação e as possibilidades de emancipação revolucionária.
Os pressupostos reais da história crítica são os indivíduos reais, as suas acções e as condições materiais de vida.
O homem distingue-se dos animais ao produzir os meios de vida(Lebensweise) desde a reprodução sexual e a divisão de trabalho ao nível familiar, até ao nível local, tribal e mercado mundial.
O desenvolvimento das ideias é paralelo na política, direito, moral, religião e metafísica, A consciência é só ser consciente (bewußstes Sein).
As ideologias são produto do processo material. Não possuem história própria.
A história crítica deverá substituir a filosofia.
O processo material de produção é a substância irredutível da história.
O trabalho humano é alienado pela especialização decorrente dos conflitos inerentes à divisão de trabalho nas condições da produção industrial para um mercado mundial.
A consolidação do nosso produto em sachliche Gewalt é um notável factor de evolução.
O trabalho não produz apenas mercadorias; produz também o trabalhador como mercadoria.
O trabalhador torna-se servo do seu objecto, nega-se a si próprio no seu trabalho.
É apenas um meio de satisfazer necessidades exteriores ao seu trabalho.
O trabalhador poderá sentir-se livre no desempenho das funções animais de comer, beber, procriar, alojar e ornamentar-se.
Mas na função especificamente humana, permanece um animal.
Na abstracção que o separa da esfera de acção humana, torna-se tierisch.
Só a ciência e a beleza podem conferir forma ao que o homem produz.
A actividade produtiva que distingue e vida humana é degradada ao nível de meio de ganhar a vida.
A existência livre torna-se meio para existência física.
Esta alienação da produtividade humana é inerente à divisão de trabalho e não se resolve por aumentos salariais que nada mais são do que formas de melhorar a sorte de escravos; não conferem maior dignidade nem destino ao trabalhador.
Proudhon pede a igualdade de rendimentos: mas isso apenas tornaria a sociedade em capitalismo para todos e não só para alguns.
Nenhuma organização social consegue controlar as condições de existência em sociedade.
Estas considerações provam que Marx não estava particularmente impressionado pela miséria dos trabalhadores.
A reforma social não era um remédio para o mal que tinha em mente.
O mal é o crescimento da estrutura econÔmica da sociedade moderna até se tornar em poder objectivo ao qual o homem se submete completamente.
Entre esses males contam-se:1)
Separação entre operário e instrumentos.
2) Dependência do emprego face às empresas;
3) A divisão do trabalho tal como é praticada é um insulto à dignidade humana;
4) A especialização, para aumentar a produtividade destrói a qualidade do produtor
5) A interdependência económica gera acções fora do controle humano e social.
FONTE:http://www.olavodecarvalho.org/convidados/mendo2_2.htm
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