CASA PODEROSA DOS FILHOS DE YEMANJÁ

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sábado, 29 de dezembro de 2012

ENTREVISTA COM O PRESIDENTE DA FENACAB PRESIDENTE DA FENACAB FALA SOBRE O CÓDIGO DE ÉTICA E DISCIPLINA LITÚRGICA DA RELIGIÃO AFRO-BRASILEIRA


O Babalorixá Aristides Mascarenhas


 O Babalorixá Aristides Mascarenhas foi iniciado em 1970; é filho do Omon Orisá Ajagunã e filho-de-santo de Balbino Daniel de Paula, Obarain, neto do Ilê Axé Opô Afonjá. 

Assumiu, desde 02 de fevereiro de 2000, a administração da Federação Nacional do Culto Afro-Brasileiro na Bahia – FENACAB -, que agrega Terreiros de Candomblé, Casas de Umbanda, Centros de Caboclos e 2.900 Baianas vendedoras de Acarajé.
Sr. Aristides, há quanto tempo existe a FENACAB?

Aristides: A FENACAB foi fundada em 1946; completa agora sessenta anos. 

Seu maior objetivo é o resgate e a valorização das matrizes africanas na Bahia e no Brasil.
Quais têm sido as principais ações da FENACAB?

Aristides: Nós apresentamos um projeto ao Ministério da Previdência, aprovado em 2000, que é a aposentadoria dos titulares de terreiros. 

Depois, apresentamos ao Ministério do Trabalho e à Delegacia Regional do Trabalho os documentos necessários para conseguir o “CBO”, que é o Código Brasileiro de Ocupação. 

Hoje, o sacerdote está habilitado para atuar no mercado como se fosse um médico, um advogado ou um dentista. 

Pode declarar Imposto de Renda, ter sua comprovação de rendimentos e comprar aquilo que desejar; Além disso, temos trabalhado firmemente pelo tombamento dos terreiros.

Quantos terreiros existem hoje na Bahia?

Aristides: Na Grande Bahia nós temos 5.300 terreiros oficializados, cadastrados na FENACAB e cerca de 600 terreiros com sociedade constituída, Estatuto e CNPJ.
Qual o papel do Código de Ética criado pela FENACAB?

Aristides: Nas minhas idas ao Ministério Público e às Varas de Crime, sempre me falavam sobre a importância de um Código de ética para que pudéssemos ter uma base pra conversar. 

Por exemplo: O que é Ogan e o que é Ekede? 

O que é Babalorixá e Ialorixá?

 Por isso é importante ter um documento que explique tudo isso, para que o Juiz possa dar uma sentença ou arbitrar em cima de uma lei. 

Foi essa questão maior que nos fez criar o Código de Ética.

Quem escreveu o Código de Ética?

Aristides: Quem escreveu fui eu, com muita pesquisa. 

No Código Litúrgico, que hoje está na Câmara dos Deputados, tive a colaboração de membros dos terreiros. 

Aqui na Bahia, no Rio, Porto Alegre, Manaus, Curitiba, Recife, pegamos o Código que já estava escrito e realizamos discussões acerca do que já estava feito e o que precisaria ser mudado. 

Houve alterações feitas nesse primeiro código que foi escrito; hoje esse documento está pronto. 

As principais casas aceitaram as propostas e assinaram embaixo. 

Com o código pronto e em vias de se tornar lei, será possível arbitrar em cima dele sobre as principais questões no Ministério Público, para que sejam dadas as sentenças baseadas numa lei. 

Hoje nós temos a Lei 8213/91, que é a Lei do Ministro de Confissão Religiosa; quem são os Ministros de Confissão Religiosa? 

São os sacerdotes da Igreja Católica, sacerdotes Evangélicos e sacerdotes de Matriz Africana. 

Depois, veio o decreto 4079, de 09/01/2002, em que, no INSS, o Sacerdote Afro entra com a contribuição de 20 anos para a Previdência. 

Após 7 anos, depois de cumprir suas obrigações, ele pode contribuir com a previdência pelo código 10.007, que é o código individual, como Ministro de Confissão Religiosa. 

Quando tiver completado os vinte anos de contribuição, a FENACAB expede um documento, um atestado de competência religiosa que apresenta o currículo religioso do sacerdote.

Este documento pode ser expedido por qualquer instituição?

Aristides: Não, só a FENACAB pode expedir. 

Por esse processo de aposentadoria quem ficou responsável foi a FENACAB. 

Mas nós sempre repassamos aos coordenadores de outros Estados.

Mas existem outras instituições que já estão organizadas…
Aristides: Nessas questões nós fazemos parcerias. 

Em Curitiba nós não criamos uma coordenação; aproveitamos o trabalho do Dorival, que já é o Presidente da federação de lá e montamos uma parceria. 

Em Manaus e em Porto Alegre aconteceu a mesma coisa. 

Nos Estados em que já há um trabalho constituído, nós montamos parcerias.

E se alguém não aceitar esse Código de Ética e não quiser segui-lo?

Aristides: O que vale é o que está em vigor, é a lei. Porque a Constituição Federal, em seu art.5°, inciso VI, dá direito à liberdade de culto. Para dizer “Eu sou Babalorixá, sou Sacerdote de Matriz Africana”, alguém terá que falar por ele. 

Aqui na Bahia nós temos a Constituição Estadual que oficializa o Candomblé como religião. Essa lei assegura e reconhece o trabalho da FENACAB.

Quanto tempo o senhor acha que ainda demora essa resolução federal a respeito do Código de Ética?

Aristides: Por causa desses problemas todos que aconteceram no governo, não saiu ainda do papel, e a Raquel Teixeira, que estava à frente disso, me disse que seria melhor deixar para 2007, porque este é um ano de eleições e não há condições de colocar essa discussão em pauta. 

Mas há muitas chances de ser aprovado, e isso será muito importante para nossa religião.
As outras associações ou federações, deverão se integrar à FENACAB?

Aristides: Isso será importante, porque poderemos atuar diretamente aqui na Bahia, onde, segundo a Constituição Estadual, o Candomblé é reconhecido oficialmente como religião.
Quantos presidentes já passaram pela FENACAB?

Aristides: O primeiro foi o Monteiro dos Santos, depois foi Antônio Agnelo, da Casa Branca, Luiz Sérgio Barbosa, Eleutério de Santana; depois voltou Luiz Sérgio, que ficou mais onze anos, e eu já estou aqui no meu segundo mandato. Seis anos à frente da FENACAB.

Entrevista com o Presidente da Fenacab, texto e imagem retirados da Revista Espiritual de Umbanda, terceira edição especial – Cultos de Nação – Candomblés.

O Babalorixá Aristides Mascarenhas

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