Por Glauco Lessa*
Por razões históricas, culturais e até econômicas, o Brasil nunca deu a devida atenção a uma das mais originais formas de religiosidade em território nacional: o Candomblé.
Hoje, embora a tolerância religiosa seja bastante defendida, ainda se mostra necessário lutar por um espaço mais democrático, principalmente para as crenças de origem africana.
Esse foi o assunto da entrevista coletiva, simulada pela doutoranda em Teoria da Literatura, da Faculdade da UFRJ, Waldelice Souza, no campus universitário da UFRJ na Praia Vermelha.
Para a pesquisadora, o ódio religioso continua perseguindo crenças como o Candomblé e a Umbanda. Um dos motivos é que instituições das igrejas neopentecostais usam a liberdade religiosa para atacar outras formas de crença, estigmatizando-as.
Waldelice observou que apesar de fazer parte da história do país, as religiões afro-brasileiras nunca foram devidamente valorizadas, provavelmente por serem praticadas por grupos sociais menos favorecidos.
A pesquisadora ainda atenta para o fato de que há uma certa persistência em considerar válidas apenas correntes de fé monoteístas, como se as outras formas de fé fossem ilógicas e folclóricas demais. “O Candomblé não é algo distante do brasileiro, muito pelo contrário. As pessoas é que o isolam – ou até pior, tentam diminuí-lo”, declarou.
Para Waldelice, atentados contra terreiros são conseqüência da propagação da intolerância por parte de outras instituições religiosas. “A diversidade de pensamento precisa existir. Por isso, não é certo que um sistema simbólico tente subjugar o outro. Todos têm o mesmo direito de existir e de praticar sua fé”, disse.
A doutoranda explicou ainda que o Exu é um bom exemplo de como a demonização do Candomblé é feita.
Enquanto para uns, ele é a personificação do demônio e do espírito ruim, para os candomblecistas é o espírito mensageiro, que carrega o fluxo da vida.
“Não existe modo de pensamento absolutamente certo.
A melhor forma de minar a intolerância religiosa é ouvir o que o outro lado tem a dizer, em vez de simplesmente julgá-lo pela sua visão de mundo”, concluiu.
*Aluno do Ciclo Básico do Curso de Comunicação da ECO/UFRJ
FONTE: http://leccufrj.wordpress.com/2011/10/18/porque-o-candomble-e-importante-e-merece-respeito/
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