CASA PODEROSA DOS FILHOS DE YEMANJÁ

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quinta-feira, 6 de março de 2014

Pesquisa analisa simbologia do homem no Candomblé brasileiro

CARYBÉ


Responsável pela pesquisa destaca dificuldade e preconceito dentro da academia

Em simulação de entrevista coletiva, realizada no campus da UFRJ na Praia Vermelha, a doutoranda Waldelice Souza esclareceu os pontos principais de sua pesquisa, relatando a dificuldade de realizar trabalho com um tema africano, utilizando conceitos e autores europeus e ocidentais, assim como a falta de outros trabalhos sobre o tema. 

Waldelice é Mestre em Ciências da Literatura pela Faculdade de Letras da UFRJ.


A pesquisadora contou que as maiores dificuldades foram quando buscava fontes e autores para se basear durante o trabalho: “Parei e pensei: por que fazer uma nova análise sobre um tema recorrente? 

Mas o problema foi encontrar autores e estudos que dialogassem com o universo africano.

” Explicou que essa dificuldade ocorreu porque a maioria dos pesquisadores, mesmo quando tem seu objeto de estudo no continente africano, prefere e recorre a autores eurocentristas, “O ocidente detém essa tradição na academia.”, completou.

Uma das soluções que a pesquisadora encontrou foi traçar um paralelo que demonstrava claramente as diferenças entre a simbologia ocidental eurocêntrica do homem e a simbologia africana, objetivo da pesquisa. 

Ela analisou a escultura O Pensador, de Rodin e uma escultura difundida popularmente em Angola, que também retrata um pensador.

 “Enquanto a famosa obra em bronze de quase dois metros de altura demonstra introspecção e tensão, o trabalho típico de Angola se caracteriza pela harmonia da mensagem, simbolizando uma relação orgânica com a terra”, esclareceu a doutoranda.

Durante o desenvolvimento da pesquisa, ela explica que buscou observar a eficácia dos atos rituais e os fatos concretos conseqüentes da magia realizada na religião para assim legitimar o sistema de signos presente no Candomblé brasileiro. 

Apesar da ação explicativa da pesquisa, a doutoranda descartou qualquer caráter conclusivo, como um panorama geral, da religião estudada: “Algumas coisas eu não tive permissão de ver ou relatar, mas isso não foi uma barreira. Isso faz parte da cultura do grupo e meu objeto de análise está justamente voltado para o que eles querem mostrar.”


A autora também respondeu a perguntas sobre a relação das outras religiões com o Candomblé. Disse que há uma demonização feita pela igreja Católica. “Atualmente esse preconceito é mais por parte das pentecostais e neopentecostais, que praticam também a alegorização, principalmente dos rituais que incluem animais no Candomblé”, afirma.

 A mídia foi outro ponto de crítica, que, de acordo com a autora, ao invés de laica, assume posições claras de defesa a uma ou outra religião: “A Record é a igreja Evangélica, enquanto a Globo é a igreja Católica. Não há necessidade de um antagonismo entre religiões, isso é uma invenção, é fabricado”, resumiu.


Por Matheus Qualhas*
* Aluno do Ciclo Básico do Curso de Comunicação da ECO/UFRJ
FONTE: http://leccufrj.wordpress.com/2011/10/18/pesquisa-analisa-simbologia-do-homem-no-candomble-brasileiro/


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