CASA PODEROSA DOS FILHOS DE YEMANJÁ

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terça-feira, 11 de março de 2014

As aves sagradas





Três são os pássaros africanos que emprestam suas penas para conceder aos iniciantes a proteção contra as influências das energias das Àjẹ́, as Ìyàmi Òṣọ̀rọ̀ngà. 

Daí a importância da pintura do ìyawó com as cores que representam estes pássaros sagrados. 

Estas cores, por outro lado, possuem tamanho significado e tamanha importância que se tornaram efetivamente as cores do Candomblé de “Nação Ketu”.

Vejamos um pouco sobre eles:
O agbè, (Tauraco porphyreolophus), conhecido como Turaco-de-crista-violeta é multicolorido, mas é ele quem nos concede a pena azul-violácea de sua cauda. 

É tido nos mitos como o pássaro que carregava a boa sorte e a riqueza para Olokun, divindade dos oceanos, esposa de Odùduwà para o Yorubá de Ifẹ́.






Já o alukò, (Tauraco ruspolii), possui penas de cor púrpura entre escarlate e violeta, porém nos fornece a bela pena vermelha (não confundir com a pena vermelha do odidẹ, chamada ìkódidẹ, dos quais falaremos em breve). 

Segundo os mitos, é o pássaro que carregava a riqueza para Ọ̀lọ́ṣa, divindade masculina das águas doces. 

É de extrema importância destacar que a pena do alukò somente tem seu poder ativado estando junto à pena do agbè. 

Os pássaros agbè e alukò são agentes intermediários do poder da imensidão das águas:
                                                aluko

Agbè ni i gbe’re k’ Olokun
Alukò ni i gbe’re k’ Ọ̀lọ́ṣa
O agbè carrega a benção de Olokun
O alukò carrega a benção de Ọ̀lọ́ṣa

Por fim, o lékeléke, (Bubulcus ibis), é o pássaro que possui apenas penas brancas e é conhecido popularmente por garça-vaqueira ou garça-boieira. 

Nos mitos é o pássaro que carregava a sorte para Òrìṣà Nla. 

Símbolo de nobreza de todos os Òrìṣà Funfun.



Observem as cantigas abaixo:

Agbè lo laró
Kí raun aró
Alukò lo lósùn
Kí raun osùn
Lékeléke lo lẹ́fun
Kí raun ẹ́fun
Emi ni yio léke ọ̀ta mi o

Agbè tem penas azuis
Que nunca lhe falte o azul
Alukò tem penas vermelhas
Que nunca lhe falte o vermelho
Lékeléke tem penas brancas
Que nunca lhe falte o branco
Que eu fique acima de meus inimigos

Ojúure l’agbè fi í w’aró
Agbè won jí t’aró t’aró
Ojúure l’alukò fi í w’osùn
Alukò won jí t’osùn t’osùn
Ojúure l’lékeléke fi í w’ẹ́fun
Lékeléke won jí re pel’ẹ́fun.

O agbè desperta com aró
O agbè olha com bondade para aró
O alukò desperta com osùn
O alukò olha com bondade para osùn
O lékeléke desperta com ẹ́fun
O lékeléke olha com bondade para ẹ́fun.

Ifá relata a ligação das aves agbè, alukò e lékeléke com as pinturas sagradas aró, osùn e ẹ́fun. 

As aves sagradas carregam em si a força e a essência de três Odù primordiais da existência universal: Éjì Ogbè relacionado com o ẹ́fun, Ọ̀yẹ̀kú Méjì e sua relação com o osùn e a ligação de Ìwòri Méjì com o aró.

Em breve, uma publicação sobre o odidẹ e sua pena, o ìkódidẹ.






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