Das duas velhas negras africanas que fundaram na Bahia o candomblé do Engenho velho, pai de todos os outros, uma era filha de Oxossi.
(A outra, de Xangô).
As filhas-de-santo desse candomblé trazem ao ombro um longo chicote de crina, atributo de Oxossi, como vimos acima.
E os cânticos desse orixá, observa Edison Carneiro, "revelam fortes revivências totêmicas e, por vezes, vestígios de culturas desaparecidas já, como o culto das árvores".
Também é a casa de Oxossi o ilustre candomblé do Gantois, que tem em Menininha (Escolástica Maria da Conceição Nazaré) a mais famosa iyalorixá da Bahia, que completou mais de meio século de "feita" e que já passou para o outro plano de existência.
Nas festas, manifestado, Oxossi apresenta-se com saiote armado e calças rendadas, na cabeça um chapéu ou gorro com enfeites de contas e outros.
Descreve Edison Carneiro: "Veste-se principescamente, de manto aos ombros. Algumas vezes tem o citado chapéu de couro, de feltro ou de veludo".
Além de empunhar seus símbolos, já citados, pode trazer, ainda, espingarda, aljava, capanga e bichos de penas dependurados no cinto.
No século XIX o reino de Kêto foi destruído e saqueado pelas tropas daomeanas. Seus habitantes, entre os quais adeptos de Oxossi, foram escravizados e vendidos para o Brasil e Cuba.
Eis por que o culto de Oxossi, muito propagado entre nós, hoje praticamente inexiste na África.
Observa Pierre Verger que ainda existem, em Kêto, os locais onde Oxossi recebia oferendas e sacrifícios, mas não há quem saiba ou deseje cultuá-lo.
Nos candomblés jejes existe um Oxossi denominado Aguê, filho de Mawu e Lissa(Nota: para os fon (Daomé), Naná Buruku é mãe do casal de gêmeos Lissa (homem) e Mawu (mulher), o Adão e a Eva dos negros, dos quais descende toda a humanidade).
Além do Erukêré, tem como insignia um pequeno bastão, encimado por um pássaro, pendentes dois pequenos cordões com um cacho de búzios na extremidade.
Aguê vive sempre nas matas e é o porta-voz de OSSÃE, orixá que raramente se incorpora numa filha-de-santo.
Outra forma de Oxossi é Inlê ou Ibualama, casado com Oxum. Incorporado, Inlê dança segurando o amparo, um açoite formado por três tiras largas de couro, com que se autocastiga.
Inlê e Oxum tiveram um filho, de nome Logunedê.
Durante a diáspora negra, muitos escravos que cultuavam Oxóssi não sobreviveram aos rigores do tráfico negreiro e do cativeiro, mas, ainda assim, o culto foi preservado no 0 e em Cuba pelos sacerdotes sobreviventes e Oxóssi se transformou, no Brasil, num dos orixás mais populares, tanto no candomblé, onde se tornou o rei da nação Ketu, quanto na umbanda, onde é patrono da linha dos caboclos, uma das mais ativas da religião.
Seu habitat é a floresta, sendo simbolizado pela cor verde, na umbanda e recebendo a cor azul clara no candomblé, mas podendo usar, também, a cor prateada nesse último.
Sendo assim, roupas, guias e contas costumam ser confeccionadas nessas cores, incluindo, entre as guias e contas, no caso de Oxóssi e, também, seus caboclos, elementos que recordem a floresta, tais como penas e sementes.
Seus instrumentos de culto são o ofá (arco e flecha), lanças, facas e demais objetos de caça.
É um caçador tão habilidoso que costuma ser homenageado com o epíteto "o caçador de uma flecha só", pois atinge o seu alvo no primeiro e único disparo tamanha a precisão.
Conta a lenda que um pássaro maligno ameaçava a aldeia e Oxossi era caçador, como outros. Ele só tinha uma flecha para matar o pássaro e não podia errar.
Todos os outros já haviam errado o alvo. Ele não errou, e salvou a aldeia. Daí o epíteto "o caçador de uma flecha só".
Come tudo quanto é caça e o dia a ele consagrado é quinta-feira.
No Brasil, Ibualama, Inlè ou Erinlè é uma qualidade de Oxóssi, marido de Oxum Ipondá e pai de Logunedé.
Como os demais Oxóssis é caçador, rei de Ketu e usa ofá (arco e flecha), mas se veste de couro, com chapéu e chicote.
Um Oxóssi azul, Otin, usa capanga e lança.
Vive no mato a caçar. Come toda espécie de caça, mas gosta muito de búfalo. A curiosidade e a observação são características das pessoas consideradas filhas de Oxóssi, orixá também da alegria, da expansão, que gosta de agir à noite, como os caçadores.
São faladores, ágeis e de raciocínio muito rápido. Oxóssi é o arquétipo daquele que busca ultrapassar seus limites, expandir seu campo de ação, enquanto a caça é uma metáfora para o conhecimento, a expansão maior da vida.
Ao atingir o conhecimento, Oxóssi acerta o seu alvo.
Por este motivo, é um dos Orixás ligados ao campo do ensino, da cultura, da arte.
Nas antigas tribos africanas, cabia ao caçador, que era quem penetrava o mundo "de fora", a mata, trazer tanto a caça quanto as folhas medicinais. Além, eram os caçadores que localizavam os locais para onde a tribo poderia futuramente mudar-se, ou fazer uma roça.
Assim, o orixá da caça extensivamente é responsável pela transmissão de conhecimento, pelas descobertas. O caçador descobre o novo local, mas são os outros membros da tribo que instalam a tribo neste mesmo novo local. Assim, Oxóssi representa a busca pelo conhecimento puro: a ciência, a filosofia.
Enquanto cabe a Ogum a transformação deste conhecimento em técnica. Apesar de ser possível fazer preces e oferendas a Oxóssi para os mais diversas facetas da vida, pelas características de expansão e fartura desse orixá, os fiéis costumam solicitar o seu auxílio para solucionar problemas no trabalho e desemprego.
Afinal, a busca pelo pão-de-cada dia, a alimentação da tribo costumeiramente cabe aos caçadores. Por suas ligações com a floresta, pede-se a cura para determinadas doenças e, por seu perfil guerreiro, proteção espiritual e material.
Òrìsà Odé
Rei da Nação de Ketu, seu nome significa: Oso = Feiticeiro, Osi = Um dos Irunmolé guarda da esquerda, na Nigéria é considerado um Òrìsà de Segundo plano. Na África é um Rei, Alaafin de Ketu. Dono da Caça.
Entre os Nagôs é tido como filho de Osalá e Iyemonja, em outras versões diz filho de Apaoká.
Osoosi vive no interior da floresta ou no alto da montanha sempre cercado de animais, as Abelhas são consideradas suas mensageiras.
Sua Kizila com o Mel
Por causa das Abelhas o Ewo de osoosi é o mel.
Ele recebeu-as como presente de sua Mãe Apaoká, pois no tronco da Jaqueira as Abelhas depositavam seu Mel.
Segundo os Nagôs os espíritos das Mulheres habitavam as Abelhas, enquanto os Espíritos dos Homens ficavam em determinado lugar do Órun.
Ossosi traz consigo os instrumentos da caça e da pesca, com os quais ensinou aos homens a arte da caça.
Para o Povo Yoruba, a Kizila do mel para com Osossy é porque para ele combater as forças maléficas de Iya Mi Ajè, Orisa N"la lhe deu um Egbó que continha muito mel e a partir daquela data, este elemento seria "eÓ" (kizila) do Orisa.
Osoosi tem o temperamento fechado, assim como as Florestas.
Òrìsà das Madrugadas e muito solitário muito ligado aos antepassados, tanto dos Homens quanto dos animais e das árvores, a sua ligação com a ancestralidade é representado pelo Erukere.
Eis também o motivo da sua ligação com o Òrìsà Oyá, o Erukere é confeccionado com pelos de Búfalo, suas nervuras simbolizam ancestralidades, os espíritos dos mortos.
Em algumas localidades da África, é considerada uma força Feminina, responsável pela caça.
Suas ferramentas são o Ofá, a Bilala, e o Erukere.
Quando Osoosi come, Ògún também come, pois são companheiros inseparáveis.
O povo Yorubano acredita que Osoosi não nasceu de uma mulher, mas que veio ao mundo sob a copa de uma árvore sagrada (Jaqueira), que abrigava os espíritos ancestrais das mulheres encarnados nas abelhas.
Havia ainda entre o Povo Yorubano a proibição imposta pelo Oráculo Local, de se caçar durante determinados dias, ou até mesmo penetrar no interior da Floresta.
Por que Osoosi não aceita cabeças.
Osoosi deu uma Grande festa na cidade em comemoração a uma Grande Caçada Vitoriosa, Matou um Boi.
A Carne todos comeram, quanto à cabeça ele colocou num alguidar a Porta do seu palácio.
Durante os festejos, estavam presentes todos os Òrìsàs.
Os Bandidos da Aldeia vizinha souberam do que estava ocorrendo e ficaram a espreita aguardando o momento para assaltar a cidade.
Mas quando chegaram à porta do Palácio de Odé a cabeça do boi mugiu avisando a presença dos bandidos.
Estes foram pegos e a Cidade salva do saque.
Os bandidos foram mortos e a festa continuou, daquela data em diante, osoosi, em consideração a aquele animal exigiu que não se oferecesse cabeças em seus sacrifícios e cultuou o Boi como animal Sagrado.
Por este motivo os Oris dos bichos de osoosi (após o Ita-gudipé) deverão ir para o mato, no caso do coelho, boi, preás, e demais bichos silvestres não se canta a cantiga de oferecimento da cabeça, ela vai despachada imediatamente, salvo a cabeça do Boi a qual se faz o ritual da procissão da mesma.
Apenas Odé Isambo não tem problemas com Ori.
É para este Òrìsà que realizamos o Ritual do Bateté, e o Ritual do Karú é feito por causa deste Odé.
Temos ainda o Ritual das Quartinhas de Osoosí e o Ritual do Agbado.
fonte: Autor: Mogba Klaudio
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