Realizamos esse trabalho enquanto uma pesquisa aparentemente antropológica, mas que encarna, para usar uma palavra comum aos cultos afro-brasileiros, por inúmeros motivos viemos falar e que pela percepção das pessoas que acompanharam o trabalho desse bloguinho é bem percebível.
Primeiro, a Umbanda e o Candomblé, Umolocô, Mina Nagô, são cultos muito freqüentes em todos os bairros de Manaus; porém, são muito fechados devido a preconceitos de pessoas que não se aproximam ou que pela proximidade sem entendimento podem gerar alguma banalização prejudicial.
Neste caso, os maiores preconceitos são de grande parte das religiões cristãs, que não aceitam outra crença e introduzem elementos dos cultos afro-brasileiros para combatê-los como demoníacos, diabólicos, quando nenhuma relação têm com isso, estando em outro plano.
Outro ponto para realizarmos esse trabalho é a proximidade desses cultos com a Natureza, enquanto elementos a serem observados, não existindo basicamente uma moral de bem e mal, mas os desígnios originais da Natureza, que regem a vida das pessoas segundo sua capacidade de ação, independente de posição social e econômica.
Tudo isso vai gerar um culto diferente e livre de todos os preconceitos das outras religiões cristãs comuns em Manaus, sobressaindo-se na música e na dança, levando em conta o corpo e seus movimentos, a voz e suas performances, onde a mistificação não seguirá a ordem da sanção, mas sim da liberdade oral e gestual.
Com toda essa liberdade de crença e ação, é por isso que os cultos da Umbanda, Candomblé, Umolocô, Mina Nagô, todos os cultos afro-brasileiros sofrerão perseguição, no mesmo tempo em que se defende oficialmente a liberdade de crença e expressão.
Há um medo do que é diferente, desconhecido, pujante, vital.
A alta incidência de homoeróticos não é por outro motivo: são as únicas religiões conhecidas que não carregam qualquer forma de preconceito ou pecado individual.
Por todos esses motivos, as religiões afro-brasileiras se apresentam, dentro do painel religioso, como possibilidades de outras construções onde não permeiem o preconceito, o medo, a sanção, mas, ao contrário, o movimento, a voz, o canto, o grito, o corpo, a sexualidade, a subjetividade, a totalidade do ser.
No caso do Brasil, desconhecer ou ignorar isso é não levar em conta os enunciados de formação do povo brasileiro, recortando-o de sua autenticidade.
FONTE:http://afinsophia.com/2007/09/23/isto-e-candomble-e-umbanda-afin/
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