CASA PODEROSA DOS FILHOS DE YEMANJÁ

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quarta-feira, 20 de junho de 2012

ÈSÚ ÒLÓJÁ E A IMPORTÂNCIA DO MERCADO

Esu é o dono do mercado, o seu guardião, por isso todo comerciante e aqueles que lidam com venda devem agradar a Esu. As vendedoras de acarajé, por exemplo, sempre oferecem o primeiro bolinho a Esu, atirando-o a rua, não só para vender bem, mas também par afastar as perturbações, evitar assaltos etc., ou seja, pra que Esu seja de fato um guardião e proteja o seu negócio.

É evidente que Esu não precisa pagar no mercado, porque lá recebe muitas oferendas; nenhum comerciante deixa de agradar a Esu, A não ser os que desejam conhecer o seu lado perverso. É importante ressaltar que Esu não tem amigos nem inimigos. Esu sempre protege aqueles que o agradam e sabem retribuir os seus favores”.



"Desde quando o homem começou a organizar-se em sociedade, a necessidade do comércio passou a existir, pois a fixação numa terra deu origem à agricultura e tudo o que sobrava era comercializado, seja por troca ou venda. Partindo desse pensamento com a evolução humana o comércio expandiu. Para muitos religiosos o mercado tem importância vital porque ele simboliza o movimento da vida, a fartura, a igualdade social e racial, enfim todos vão às compras.


No Rio de Janeiro um dos mercados mais populares encontra-se no bairro de Madureira e sua história começa no inicio do século XIX. 


O interior da cidade era composto por propriedades rurais, conhecido como “sertão carioca”. Existia uma fazenda situada na Freguesia do Irajá (a do Campinho) tendo como proprietário o capitão Francisco Ignácio do Canto, e o arrendatário um boiadeiro de nome Lourenço Madureira. 


Com a morte do capitão houve uma disputa judicial entre Lourenço e a viúva Rosa Maria dos Santos, que perdeu a causa para o boiadeiro. 


Lourenço Madureira permaneceu na propriedade até seu falecimento em 1851. Em 1896 foi construída uma estação de trem na localidade que recebeu o nome de Madureira em homenagem ao boiadeiro.


No ano de 1914 foi inaugurada uma pequena feira livre, um ponto de venda de produtos agropecuários, localizado onde é hoje a quadra do Império Serrano ao lado da linha férrea junto à Estação de Magno. 


Esse pequeno comércio se transformou em 1929 no maior distribuidor de alimentos do subúrbio graças a uma obra de ampliação, com as vendas realizadas direta do produtor ao consumidor.


Em 18 de dezembro de 1959, no governo de Juscelino Kubitscheck em plena expansão do progresso que o Brasil atravessava, o mercado teve suas instalações e infra-estrutura ampliada e sua localização transferida para o local que até hoje se encontra. 


O bairro de Madureira se tornou um dos maiores arrecadadores de impostos do Rio de Janeiro e o Mercadão de Madureira como passou a ser chamado tornou-se símbolo do comércio da cidade. 


O Mercadão já não possuía as mesmas características do início, o que antes era destinado só a produtos alimentícios, abrigava todo o tipo de produtos como a demanda exigia. 


Desde sua criação o mercado funcionou como se esperava, um local de reunião, ponto de encontros e referências além do comércio é claro.


Mas no ano de 2000 uma calamidade veio interromper toda essa atividade, um incêndio destruiu por completo todas as dependências do mercado. 


Em 05 de outubro de 2001 o Mercadão surpreende e reabre suas portas, com uma nova estrutura, com uma variedade ainda maior de produtos atendendo o comércio local e fora do estado. 


 Uma história interessante e acreditamos ser pouco divulgada sobre o Mercadão, é contada por Luiz Antonio Simas sobre um episódio ocorrido na inauguração em 1959, ele fala da característica marcante do mercado que é a concentração de lojas de artigos religiosos como bodes, galinhas, patos, codornas, ervas diversas, obis, orôbos, pembas, efuns, sabões da costa trazidos da Guiné, atabaques, ibás, roupas de santo. Refere-se ao mercadão como o principal ponto do país de venda de artigos religiosos afro-brasileiros. 


Ele conta que no dia da inauguração estava o então presidente Juscelino Kubitscheck e sua comitiva e entre os cumprimentos foi surpreendido por uma entidade conhecida como boiadeiro que para espanto de todos o presidente aproximou-se, ouviu seus conselhos, tomou passes e seguiu com sua comitiva acompanhada dos jornalistas. 


Um dos jornalistas preferiu entrevistar a entidade, que se identificou como boiadeiro Lourenço Madureira e que estava ali para abençoar o mercado, e contou um pouco de sua história e da cidade. 


Luiz Simas diz que a matéria com o boiadeiro que deu passe em JK foi publicada na revista Umbanda de Luz e no jornal A Luta Democrática e comenta sobre o relato da entidade: O curioso - e impressionante - de tudo isso é que parte da sede da fazenda do boiadeiro foi destruída por um incêndio no dia 15 de janeiro de 1850. 


Exatamente 150 anos depois, em 15 de janeiro de 2000, o Mercadão de Madureira foi semi destruído por um incêndio de proporções catastróficas - e suspeitas, diga-se de passagem. Com certeza várias explicações surgem de acordo com a filosofia de cada religião.


O fato é que após os incêndios, no local ressurgiu um comércio mais próspero reforçando a mitologia africana que o Orixá Esu é quem governa e habita nos mercados, pois o mesmo é a força propulsora, simboliza o próprio movimento de tudo o que tem vida. 


Prova disso é a homenagem realizada todos os anos a “mãe” de Esu, como mostra uma reportagem do Jornal das Organizações Globo. -Há seis anos comerciantes do Mercadão de Madureira prestam homenagens à Iemanjá, a Rainha do Mar. 


A festa surgiu como uma forma de agradecimento à reabertura do Mercadão depois de um incêndio. Por isso, todo ano, no dia 29 de dezembro, uma carreata percorre as ruas do bairro. (RJTV 1ª Edição > 29/12/2008 > Reportagem) 


Como podemos concluir o mercado tornou-se essencial para sociedade não importando se tenha ou não conotação religiosa, ele faz parte da cultura de um povo". 

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