CASA PODEROSA DOS FILHOS DE YEMANJÁ

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terça-feira, 5 de junho de 2012

Candomblé, a origem da ecologia


“Kosi ewe, kosi orixá”


Sem folha não há vida, sem folha não há Orixá, diz a tradição yorubá importada para o Brasil com a mão-de-obra escrava, e que consubstancia a verdadeira experiência naturalista e panteísta da religião Candomblecista. 


Numa época em que o debate sobre a premência de salvaguarda do ecosistema se tornou transversal às sociedades modernas ocidentais, reforçado pelo protocolo de kyoto, é fundamental olhar as religiões afro-brasileiras, em particular as diversas nações do Candomblé, como exemplo de equilíbrio entre vivência religiosa/comunitária e ecosistema.


O ditado popular yorubá-nagô, kosi ewe kosi Orixá, representa o princípio fundamental de que a Natureza é a mãe de toda a vida, porque ela se liga diretamente com as divindades-Orixás, ao ser elemento e representação simbólica da matéria central da divindade. 


Os negros yorubás, fons e bantus, fundaram a sua religiosidade com base em dois princípios vitais: a memória dos gloriosos antepassados e a força divina da natureza. 


Esses dois pressupostos transformaram-se, ou melhor, conjugaram-se tornando-se numa mesma realidade. 


Os antepassados são também forças da natureza. 


Assim, Oxum (Oșùn) rainha de Ijexá, representa também o rio Oxum que passa na mesma terra, Nàná, divindade fon, representa as lamas como origem das águas, Ossaîn (Òsónyìn) representa as folhas (ewe, insabas), matéria fundamental no Candomblé, onde são chamadas de “sangue verde dos Orixás”.


Nesse sentido, compreender o equilíbrio entre a natureza e o candomblé, a divinização do elemento natural, representa um caminho fundamental na compreensão do comportamento ecológico africano antes da consciência ecológica globalizada. 


Porque no momento em que o ecosistema se findar, em que não existirem árvores, plantas, águas naturais e cristalinas, pássaros de múltiplas cores, deixará de existir o Candomblé.


A religião dos escravos anda de braço-dado com a preservação ecológica. 


Por isso, para o povo do candomblé e para a APCAB a preservação ecológica é uma questão de fé.




Ewé Gbogbo Kíki Oògùn.


Todas as folhas tem viscosidade que se tornam remédio.





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