CASA PODEROSA DOS FILHOS DE YEMANJÁ

CASA PODEROSA DOS FILHOS DE YEMANJÁ

sexta-feira, 9 de junho de 2017

Ęgbé Ợrùn



O que é Ęgbé Ợrùn?

Ęgbé pode ser descrito como o grupo de pares celestiais de um ser humano. Ainda que biologicamente, o corpo humano seja conhecido por ser o resultado da união do óvulo com o espermatozoide, a maioria das religiões estão de acordo que a espirito humano vem do Ợrùn para nascer no Aye.

O nascimento do espirito humano e o seu duplo celestial.

Segundo Ifá, a viagem de cada homem na Terra começa no Ợrun. Ifá ensina que o hálito de Òlódùmarè no Ori modelado por Ợbàtálá significa a formação de um espírito que dá energia ativa ao barro. Nesse ponto Ifá diz que o espirito recém formado fica no reino dos Céus esperando os pais através dos quais nascerá na Terra. Então é quando nasce o Duplo Celestial. O Duplo Celestial é um gêmeo espiritual idêntico que nascerá na Terra como um ser humano. O ponto exato da ativação do Duplo Celestial não se conhece totalmente. O que é certo é que o Duplo Celestial está estritamente relacionado com Ęgbé Ợrùn e não é encontrado em nenhum poema de Ifá que declare o nascimento do Duplo Celestial
No entanto, existem várias teorias sobre como começa. Duas delas parecem ter mais sentido para mim (nota do Autor Ayo Salami).

A primeira teoria estabelece que quando Òlódùmarè respira no Ori feito por Ợbàtálá, um par se forma a partir da respiração única que conduz os dois espíritos que coabitam os mesmos Ori. A teoria explica que, dado que os espíritos recém formados não fazem a viagem para a Terra de imediato, ambos permanecem unidos e passam a se conhecer um ao outro, vão ao mercado de Ido e Ejigbomekun, juntos para escolher o Ori e Iwà respectivamente. Esperam para saber em qual linhagem vão nascer na Terra. Essa teoria afirma que imediatamente essa linha linhagem é determinada, a separação se produz com um espírito que vai migrar para a Terra e o outro ficará no Ợrun.

A segunda teoria difere unicamente em que a formação do Duplo não é produzida até a revelação dos pais terrenos. Isso significa que o espirito criado por Òlódùmarè se divide em dois com uma casa nova no Ợrun, como duplo celestial, com o outro vivendo na Terra.
O que é certo, é que cada homem na Terra tem um duplo espiritual no Ợrun. Essa entidade de acordo com Ifá é uma réplica exata do humano aqui na Terra, em seu caráter. A única diferença pode ser que o matrimonio celestial é superior espiritualmente.

Isso está apoiado pelos acontecimentos na Terra quando o corpo humano está possuído por outro espirito é forçado a sair pelo processo espiritual do exorcismo.

Também segundo Ifá, esse último, sendo maior na escala espiritual tem acesso as coisas materiais que podem ser benéficas para a contraparte na Terra.

O Duplo no Ợrùn é a forma mais simples de Ęgbé que é a soma de todos os Enikèjì Ợrùn (inclusive para aqueles seres que são conhecidos como espíritos que não morrem), que agora são conhecidos e chamados de Ęgbé. O duplo celestial o companheiro astral também compartilha essências espirituais com os companheiros de outros seres humanos que também vivem no Ợrun. As razões para que o companheiro astral fique no Ợrun são numerosas.

Ori: A essência espiritual, essencial
Isso pode variar, de atuante para ajudante de quem está na Terra, pois, ambos podem ter acesso a espiritualidade dos reinos do Ợrùn, o aproveitamento da espiritualidade do homem na Terra serve para poder viver melhor, para eliminar ou a gerir alguns rasgos que não são desejáveis na vida do homem.

Em um verso de Ọbàrà Òyèkú, Ifá diz:
Esta é uma das energias usadas por pessoas videntes.
Os filhos pequenos que usam os olhos como tochas na escuridão
Os modelos de adivinhação Ęgbé
Ęgbé veio do Ợrùn para o Aye
Foi pedido que cuidasse da Terra
E oferecesse sacrifício
Por favor, não deixe que nos desonrem
Em vez da desonra Ęgbé, na Terra que sofre desonra
Aquele que está no Ợrùn, não permita
Por favor, não deixem que nos humilhem
Outro verso de Ifá em Osa Meji também diz:
Foi lançado Ifá para Ęgbé na Terra.
Se trata de dois fugitivos que se saúdam sussurrando
Também vem em favor deles desde o Ợrùn. Os nobres no Ợrùn não permitiram que os da Terra se envergonhem. Deve sinalizar que Ęgbé é diferente de Ori, enquanto Ori é basicamente responsável pelo destino eleito pelos seres humanos e deve guia-los para onde eles quiserem ir. Ęgbé é responsável pelos padrões de comportamento humano das pessoas. O espirito que guia os rasgos lineares como a ira, o roubo, a malicia, a esperteza, os hábitos de trabalho e etc. Como existem padrões de comportamento humano incontáveis, há inúmeras formas de Ęgbé.
A maioria destes rasgos estão muito além do controle da pessoa.

Ire àláàfíà

Ęgbé Ợrun - Companheiros celestiais de todos os seres humanos 


terça-feira, 6 de junho de 2017

JUNHO O MÊS DE XANGÔ NA CASA DE YEMANJÁ: AGANJÚ !




Aganju é o Orisá da terra inculta, Senhor do Vulcão, o Senhor das Cavernas, pertence a familia de Sàngó. 

Aganju é um doador de força e da saúde.

É o transportador da carga (os ombros e as costas pertencem a Aganju) é o defensor dos menos favorecidos, oprimidos e escravizados.

Orisa, de uma força de vida que supera os obstáculos e faz o impossível acontecer.

Aganju fornece acesso ao reino do desconhecido, as profundezas do qual o mundo foi e é criado, (Okun, “A obscuridade”, o reino de Olokun).

Aganju é o governante que proporciona acesso a todas as áreas inexploradas, inacessiveis, que proporciona acesso a climas hostis e potencialmente hostil à existência humana deserto, floresta, Ártico, Antártico, a altura das montanhas, grutas, cavernas, abismos,minas, tem grande relacionamento com Orisá Oke. 

Aganju pode ser traduzido como: Agan = estéril, ju = deserto, ou mais precisamente como: local desconhecido, inexplorado, desabitado.

Aganju se encontra nas profundezas do oceano, nas profundezas do espaço, na energia que não foi explorada, na compreensão da mente e da emoção.

Aganju é o guardião o canal através do qual profundidades inexplicáveis das emoções humanas que são vividas e expressas, (boca e garganta são Aganju).

Obscuro, intestino com distúrbio doloroso, absurdo e irracional, medos paralisantes são do âmbito de Aganju, é através de Aganju que aprendemos a suprir nossos medos.

Aganju teve uma estreita relação com Osun.

Eles estão ligados de diversos modos:

Pela emoção Aganju é a profundidade da emoção em estado bruto, encarnação grosseiro, rude.

Enquanto Osun é a profundidade da emoção em sua comovente, doce ou amargo doce da encarnação.

Aganju explora, supera e vence o rio acima, Osun promove o comércio e as relações sociais, pelos mesmos meios.

Aganju supera barreiras e obstáculos para ver o que está do outro lado. Osun planta a cultura e traz à luz da civilização.

Aganju é o proprietário do rio. E o deu para Osun. Houve um tempo em que Osun não tinha lugar para viver e nenhum outro Orisa lhe ajudou.

Aganju viu que Osun necessitava de ajuda então ele deu o rio a ela como lar.

Aganju é a abertura a novas possibilidades inexploradas, inesperado. Aganju é a abertura do todas as riquezas do mundo as riquezas minerais de minas terrestres e a mineração de todos os tipos pertencem a Aganju (porem é através da tecnologia de Ogun que a humanidade pode acessá-la e buscá-la).

Aganju é o desafio, a luta de impedir, e desejo que leva para superá-los é primordial e não, o homem do fogo de todos os tipos, o Sol e outras estrelas e cometas.

Um dos nomes do louvor a Aganju é Irawo, que pode ser traduzido como estrela.

O fogo nas entranhas da terra, Vulcões (Oke onine, Montanhas de Fogo) é um símbolo importante de Aganju.



JUNHO O MÊS DE XANGÔ NA CASA DE YEMANJÁ: IBEJI !!!

IBEJIS

Na Africa as crianças representam a certeza da continuidade, por isso os pais consideram seus filhos sua maior riqueza.

a preocupação com o sustento delas é frequente entre os povos, a palavra Igbeji quer dizer duplamente duplo.

Na Africa é indispensavel em todos os cultos, porem em terras brasileiras foi associaso erroneamente aos erês de outros cultos, eles são a contradição, os opostos que caminham juntos a dualidade de todo o ser humano.

São filhos de Orunmilá e Osun, onde dá o nome de Taiwo ao primeiro gêmeo gerado e o de Khinde ao ultimo.


JUNHO O MÊS DE XANGÔ NA CASA DE YEMANJÁ: Òsun



Òsun

Rainha do mesmo nome de um rio que corre na Nigéria, em Osogbo aquela que da filhos as mulheres.

 Rainha do rio, do desenvolvimento da criança ainda no ventre de sua mãe.

Controla a fecundidade graças aos laços feitos com as ìyámi-àjé narrados no odu de ifá.

Um dos seus títulos conferidos a ela é Ìyálòóde, ou seja, a mulher mais importante do lugar,grande guerreira de coração bondoso, mas em sua fúria muito perigosa .

Rainha do equilíbrio, da oogun, da vaidade, aquela que rege qualquer ser humano até seus 3 anos de idade e só depois ela o entrega pra seu ELEDÁ, ou seja seu feixe de energia pessoal, que pode ser ela mesma ou não.

O nome Òsún significa "Fonte".
Òsún representa a fonte perpétua de renovação da vida.

Com o poder fundamental da água, é ela que torna a vida possível. Pensar em Òsún, é pensar na Rainha do rio, na Deusa da fertilidade.

Òsún transforma através da água. 
Ela é parte central da cultura Iorubá. Seu poder é Imensurável. Òsún é a guerreira feroz, defensora do seu povo, líder de revoluções e revoltas.
Ela pode ser a jovem bonita e envolvente, de fala mansa que consegue matar com bondade, ou a velha mortal, proprietária de poder espiritual; ela pode ser rica ou pobre, amando ou se vingando.

Ela é a Mãe Benevolente ou a guerreira feroz. Ela cura com suas águas ou destrói indiscriminadamente com as enchentes em fúria.

Òsún pode ser mansa como o leito dos rios e cachoeiras, mas pode ser devastadora como uma cabeça d'água que arrasta tudo à sua frente.
Poderosa e sedutora, ela sempre vai atrás do que deseja, sobrepondo os obstáculos, como uma verdadeira guerreira.
Òsún é a dona dos rios do planeta, onde o Omo-òrìsà deve ir, para se purificar antes da iniciação. 
É a divindade que habita as águas doces das nascentes dos rios, das cachoeiras, lagos e lagoas.

Água essa, que nos dá a vida e que também pode nos matar.
Òsún, foi o primeiro Irúnmolè feminino a vir para terra, pois ela participou da criação.

Òsún, é aquela que gerou a humanidade, é a Rainha da fecundidade, que nos dá a vida. Nada acontece sem Òsún ! 
Obàtálá molda o corpo dos seres humanos, Ajalá molda a cabeça, Olódùmarè fornece a respiração e Òsún fornece a água para que tudo seja feito.

Assim Òsún é parte integrante da criação.
Òsún é o temor e a magia de Iyami Osorongá. Ela é a líder e fundadora do culto das Ajé.

É o espírito dos mistérios, a magia é a sua mais poderosa arma. 
Òsún como líder das Iyami, tem o potencial da magia e da justiça.

Ela pode destruir à "noite", com o imenso poder de eleiye, ou durante o "dia", com o imenso poder das águas.

Ela é uma das fundadoras da Sociedade Ogboni, e ocupa o cargo de Erelú no conselho dos anciãos.
Òsún é o princípio feminino no universo, é a personificação do poder místico da mulher, o real poder da cosmologia Iorubá.

A capacidade de controlar as forças físicas e espirituais, para criar a vida através da gestação, é considerado como o poder supremo na cosmovisão Iorubá.

É esse poder mágico da mulher, que o homem jamais entenderá.
Òsún, na compreensão Iorubá, é a essência da beleza e do encantamento. Ela é sábia, compassiva e generosa.

Para entender Òsún é preciso a sensibilidade de reconhecer a inteligência, vitalidade, carinho e capacidade feminina.

Òsún é a personificação da riqueza, prosperidade, amor, beleza, elegância e sensualidade.

É o espírito do espelho, da dança e da sedução.
Não se pode esquecer que Òsún é também a proprietária de Mérìndílógún - jogo de dezesseis búzios. 
Òsún foi esposa de Òrúnmìlá, o profeta, e detentor do oráculo.

Òrúnmìlá deu a Òsún o Mérìndílógún e disse-lhe que a partir de então, ela possuiria o sistema orácular dos 16 búzios (cawries), para de comunicar com Olódùmarè, onde Esú seria o mensageiro.

Òsún partilhou o seu conhecimento com outros Òrìsà, começando por Obàtálá.
Òsún e Esú juntos, sustentam fortemente o universo.

Esú, energia dinâmica, presidi os ebós, apoiando e fortalecendo a eficácia de suas preparações e encaminhamneto, e está a frente dos rituais.

Òsún é a energia poderosa, que trás a magia e o àse para que tudo aconteça. A conexão entre Òsún e Esú é fantástica.

Ambos são capazes de conferir a maior das bênçãos; Esú concede o àse do movimento no Universo, e Òsún, a fertilidade.
É na Nigéria, mais precisamente em Òsogbo, no Estado de Òsún, que corre o rio Òsún, lugar de origem, culto e homenagem a Grande Divindade (Irúnmolè) regente das águas doces e dos nascimentos.

Òsún é a rainha do rio de mesmo nome e é adorada ativamente pela sua benevolência.
Òsún é uma Divindade muito respeitada e adorada no Panteão Iorubá. Todos os anos, no mês de agosto, é realizado seu Festival, em Osogbo, no Estado da Òsún, na Nigéria - Africa, onde temos um grande ritual e festejos às margens do rio Osogbo, onde fica o seu palácio.

É uma festa internacional onde comemora-se o aniversário da cidade e também o "pacto" firmado entre o Rei Laroye, fundador e primeiro rei da cidade, e a divindade do rio Òsún. 
"Diz a lenda que os primeiros moradores de Òsogbo vieram de uma cidade que hoje é chamada "Ìpolé" (sul de Ilésà) também na Nigéria.

Eles saíram de sua cidade por causa da seca e depois de muitos dias de viagem, chegaram à margem de um rio.

Felizes, eles decidiram instalar-se no local e começaram a cortar árvores para a construção de suas casas.

Aconteceu que uma das árvores caiu no rio e, de repente, eles ouviram uma voz dizendo: 
"ÒsóIgbó (de onde, provavelmente deve ter vindo o nome Òsogbo) pèlé o, gbogbo ìkòkò mi lé tí fo tan". 
"Feiticeiro da Floresta faça devagar, já quebrou todos os meus vasos". (Nas antigas comunidades Yorùbá, os vasos eram usados para guardar água para beber).
Como sinal de paz, o rei, sentado em uma rocha, ofereceu juntamente com seu povo, sacrifício à Divindade.

Esta rocha fica até hoje como referência significante na festa da Òsún. 

Òsún também é chamada de Iyalóòde, "Rainha de todos os rios".

Título conferido à pessoa que ocupa o lugar mais importante entre todas as mulheres da cidade.
Conta um Itan de Ifá, que Òsún ganhou a guerra para Ogún com sua magia, quando envenenou as águas do lago onde o inimigo iria saciar sua sede.
Òsún, rainha das águas, que assim como suas águas, ela nos transmite toda sua força e sua doçura e nos presenteia com seus encantos e magias; com sutileza, ela nos purifica e nos permite a concepção da vida em todos os sentidos.
Com as suas águas, Òsún vai a todos os cantos da terra; Òsún está em tudo.



JUNHO O MÊS DE XANGÔ NA CASA DE YEMANJÁ: OYÁ !!!



Oya

Divindade dos ventos, ciclones, tufões, vendavais, rainha guerreira e poderosa que enfrenta qualquer obstáculo.

Foi umas das mulheres importantes de Sàngó, que ia com ele para as lutas. 

Rainha dos ventos, do amor forte, e do ato impensado, sua cor é o vermelho. Herdeira do território de Ira  assumiu a liderança de seu povo, (Onira) em um período de muitas guerras e grandes dificuldades.

Oya foi orientada por seus conselheiros a unir-se ao seu povo, o grande exercito de OYO.

Já na audiência com o rei surge uma forte atração de ambos que movidos por uma intensa paixão unem se em matrimonio. Durante o relacionamento dos dois, a grande rainha teria tido alguns problemas para engravidar e que até teria tido a perda de alguns filhos, porém ficou gravida e por uma razão que não vem ao caso agora teria enviado seus filhos para serem criados longe do reino de OYO.

Em meio a conflitos, conspirações e golpes políticos o soberano Sangó é destronado e foge com Oya e alguns seguidores, chegando a Koso. 
Oya desesperada após o sumiço de seu grande amor, segue a fuga para a cidade de Ira e some também, dando origem assim ao culto.

Com esse relato simples e de fácil assimilação simplificamos a complexidade do que é descrever uma mulher fiel e apaixonada por seu marido e infinitamente dedicada ao seu rei.

Os sentimentos descritos acima determinam um comportamento extremista e agressivo para manter um compromisso, se é que podemos definir as descendentes de Oya por um arquétipo seria o da mulher confiável e dedicada a seu marido e aos seus filhos.

Para Oya a traição é impossível e a falta a um compromisso se iguala a morte, descrever Oya é descrever a fidelidade eterna.

Oya é um orisá ligado à cor vermelha, representada pelo osun (pó vermelho), em seu assentamento encontramos chifres de búfalos, etc. 

Esses relatos podem ser encontrados no odu Osa Owonrin e Okanran Meji, entre outros.

Oyá n’ilé, Oyá l’óko
Obinrin wó, bi ojo rò
Obinrin kátàkiti bii ji
A ji fà ‘ji
A ji rin l’ójò
Bèni o, Oyá nlá
Hépàripà Oyá o, he-hé-hé
Ajagajigi eégún inú afè´fé
Ajagajigi eégún ini Iná
Ajagajigi eégún inú ‘ji
Ajagajigi òòsà
Ti nba ni já lái y’owó
Ajagajigi òòsà ...




JUNHO O MÊS DE XANGÔ NA CASA DE YEMANJÁ: OBÀ A GUERREIRA DE FOGO !!!



Certa ocasião muito triste por ter perdido um de seus filhos, uma mulher adentrou-se na mata e pediu a Obá que o trouxesse de volta.

Adormecida na floresta, a jovem sonhou com sementes que lhes eram trazidas por um enorme pássaro. Acordada do sono, a mulher foi procurá-las.

Chegando a beira de um rio, mal pode conter a sua alegria ao deparar-se com as sementes que a noite havia sonhado, ao mesmo tempo em que se deu conta de que, era ela mesma o pássaro que a noite havia visto em sonho.

Das sementes plantadas pela mulher arrebentou uma planta que se transformou numa árvore de tronco escuro a partir da qual a humanidade melhor podia se representar, trazendo presente na forma de esculturas seus antepassados: o ébano.


Obá, dessa maneira é a “verdadeira deusa do ébano”, não somente da madeira escura, de brilho natural que tanto nos representa através das mãos dos artistas africanos, mas a verdadeira “deusa negra” presente em todas as mulheres, nossas irmãs e mães que hoje mais
 do que nunca vão ao enfrentamento para defender a sua dignidade através da garantia da integridade de seus filhos. Mulheres que embora tenham conquistado espaços nas sociedades contemporâneas ainda são aquelas mais estigmatizadas, violentadas e que tem seus direitos menos respeitados. 

Mulheres que como Obá amam, e por isso vão a luta pelos seus sonhos e são capazes não apenas de liderar quilombos, revoltas armadas, greves, movimentos sociais, mas grupos inteiros pois assim foi desde o inicio quando Obá saiu à frente convocando todas as mulheres para reconquistar o mundo.

Òbá

Ajúbà Oba s’ire,

Oba àjórún , 
Oba’ Láde Olómi ota t’oba-odò, 
B’omi layó wa, 
Oba s’ire!
Àse!



JUNHO O MÊS DE XANGÔ NA CASA DE YEMANJÁ: OBÀ A RAINHA DE XANGÔ !!!



Obà

Rainha guerreira, que para os iorubas é a patrocinadora dos conflitos, mulher enérgica, que não vê dificuldades, pois consegue superá-las.

Foi uma das primeiras e importantes mulheres de Sàngó,conhecedora não só da arte de vencer seus adversários com a guerra  como em suas poções.

Temida e respeitada em todo território ioruba, pela sua coragem, determinação.

Cultuada no rio com o mesmo nome seu, rainha de uma palavra somente, pouco cultuada devido a falta de conhecimento de seu culto.

Obá apresenta-se como caçadora ao lado de outras como Oyá e Iewá, daí a sua ligação direta com Odé, o caçador.

Outra imagem que reforça a antiguidade do seu culto é a de que tal orixá também é um rio do mesmo nome que ainda hoje corta uma parte do território iorubá.
Conta-se que, após vários dias de batalha, estando os orixás liderados por Ogum e Oxalá, fragilizados pela guerra, Obá não se contentando em reunir apenas as mulheres de seu tempo, convocou todas as fêmeas do mundo animal.

Ao ver Obá chegar rodeada de animais, aquela guerra foi vencida porque os inimigos fugiram de seus postos.

Obá mantém relações profundas com os animais, outra imagem antiga preservada do tempo em que os primeiros grupos humanos acreditavam encantá-los através de seus desenhos.

O tempo em que os caçadores e caçadoras confundiam-se com a própria caça.

Obá, além de desempenhar um papel como desbravadora, cabia a ela defender o grupo, o protegendo em todos os sentidos, fomentar seu sustento e garantir a sua integridade política.

Obà, Obà, Obà
Obá, Obá, Obá
Ojòwú Òrìsà,
Eketà aya Sàngó
O torí owú,
O kolà sí gbogbo ara
Olókìkí oko
A rìn lógànjó pèlú àwon ayé
Obà anísùru, ají jewure
Obà kò b'óko dé kòso,
O dúró, ó bá Òsun rojó obe
Obà fiyì fún apá oko rè
Oní ó wun òun ju gbogbo ará yókù lo

Asé



JUNHO O MÊS DE XANGÔ NA CASA DE YEMANJÁ: SANGO E SEU TEMPERAMENTO



SANGO E SEU TEMPERAMENTO

Sango era de uma natureza guerreira como seu pai, muito corajoso, intrépido e audaz. Ele gostava de aprender e fazer feitiços.
Geralmente quando falava, emitia fumaça e fogo, por isso Sango é chamado de rei do trovão.

Ele lutou e venceu muitas batalhas e ele foi temido em todo o redor, assim ele tornou-se Olu Tapa, isto é, Rei Nupe.

Às vezes ele tinha um feitiço preparado pelo qual trovões podiam ser puxados para danificar as casas de seus inimigos.

Ele estava preocupado em tentar o preparo, temendo que não fosse lento e inútil, de forma que ele fez o experimento inicialmente em sua própria casa.

O feitiço realizou-se, uma tormenta imediatamente formou-se e os trovões destruíram o palácio e os edifícios pegaram fogo.

Muitas de suas esposas e filhos pereceram nesta catástrofe.

Ele foi convidado a abdicar dentro de três dias por um grupo forte do estado e a ele foi assegurado de que, se não partisse no tempo indicado, ele seria morto a pedradas.

Por isso um período de três dias é consagrado a Sango onde é chamado “Jakuta” (o lançador de pedras).

Os iorubas tinham aversão de um Rei dado a fazer feitiços mortais; porque para alguém que já tinha poder absoluto investido por lei, este estranho poder poderia somente ser utilizado malevolentemente, de forma que ninguém próximo a ele estaria seguro.

Ele deixou a cidade com poucos seguidores que, antes de alcançarem um lugar chamado “Koso”, deixaram-no e voltaram para a cidade.

Ele alcançou Koso sozinho. Ali ele resolveu por um fim em sua vida.

As notícias alcançaram rapidamente a cidade e seus amigos vieram e enterram-no sob a árvore na qual ele tinha se enforcado.

Alguns de seus amigos seguiram seu líder e morreram como ele.

Tendo ouvido acerca da morte de seu marido, sua esposa favorita, Oya, enforcou-se também em Ira, sua própria terra natal.

Durante sua vida, ela foi brava e guerreira como seu marido.

Ela podia acompanhá-lo para o campo de batalha e lutar tão ferozmente quanto um homem.

Ela também gostava de usar feitiços e magias.

Sua fama viajou ao redor, e ela foi deificada, um rio foi dedicado à sua memória, sendo chamado “Odo-Oya”, também conhecido como o Rio Níger.
Após a morte de Sango, seus amigos foram expostos ao ridículo e à vergonha pública.

Eles tornavam-se constrangidos ao ouvirem a expressão “Oba so”,

que é, “O rei enforcou-se”.

A partir de pessoas inteligentes, os Ibaribas aprenderam o segredo do feitiço destruidor pelo qual relâmpagos poderiam ser atraídos para uma casa.

Eles tiveram sucesso em realizar o projeto.

Trovões tornaram-se freqüentes e as casas eram destruídas todos os dias na cidade.
As pessoas ficaram alarmadas e perplexas e, não sabendo o que fazer em sua confusão, elas corriam para ficarem seguras.

Este foi o momento supremo de exaltação para os amigos de Sango e eles não hesitaram em aterrorizar as pessoas dizendo que Sango era a causa dos trovões e do fogo e que apenas se eles mudassem sua expressão irreverente “Oba so” para “Oba ko so”, ele piedosamente olharia por eles e perdoaria sua irreverência.

Os Oyos são um povo tão diplomático que eles rapidamente alteraram a expressão “Oba so” para “Oba ko so, Sango wo’le ni”, significando

“O rei não se enforcou, Ele desceu para a terra”.

Todo o proprietário cuja casa foi destruída era convidado a levar oferendas com as quais pacificaria Sango.

As pessoas tomaram o conselho seriamente em seus corações e assim Sango tornou-se um deus idolatrado.

Os trovões e o fogo eram atribuídos a Sango: os violentos temporais e o despedaçamento de árvores para Oya.Oya não é para ser referida como tendo se enforcado, mas é melhor dizer que ela desceu para Ira.

Os objetos de adoração que representam ela são duas espadas e os chifres de um búfalo com madeira de ipê.

Os adoradores de ambos os deuses são distinguidos por um tipo de colar (com contas vermelhas).

Sango e Oya são mantidos juntos na mesma sala com Oranmiyan em alguns clãs, Yemonja e Dada são adorados juntos privativamente e publicamente.




JUNHO O MÊS DE XANGÔ NA CASA DE YEMANJÁ: Dadá o Rei pacífico !!!



DADA O IRMÃO MAIS NOVO DE SÀNGÓ

DADA e Sango tornaram-se Alaafin de Oyo e eram muito amigos.

Dada era de uma natureza muito pacífica e fez um reinado fraco; conseqüentemente, ele não reinou por um longo tempo.

Ele amava as crianças, a beleza e os adornos das mulheres eram muito ao seu gosto mas por isto, ele não deveria ser lembrado.

Dada abdicou o trono e entregou a coroa a seu irmão, Sango,

somente para pegar uma coroa inferior feita de conchas de búzios.

Ele foi deificado por sua bondade, elegância e pela peculiaridade de seu nascimento, tendo cabelos ondulados e uma cabeleira cobrindo sua cabeça.

O objeto de adoração representando-o é uma linda coroa feita de conchas de búzios conhecida como bayanmi.

Todos os seus adoradores são autorizados a usar esta coroa no culto público.

Ele é cultuado junto com Oranmiyan, e Sango.



JUNHO O MÊS DE XANGÔ NA CASA DE YEMANJÁ: Ewemilare a bela e jovem esposa de Xangô que o deixou !!!



ALAFIN DE OYO  E SUA ESPOSA POUCO CONHECIDA

 Sàngó, Orisá do fogo, também conhecido como Alaafin Oyo- rei da terra de Oyo e Oba Koso – rei da Cidade de Koso, teve muitas esposas todas elas Orisás.

Algumas famosas  outras quase desconhecidas em terras brasileiras.

Como Ewemilare, princesa real da Terra Nupe, que veio menina para Oyo, para casar com Sàngó. Chegou com grande comitiva e mesmo de pouca idade, era conhecida por sua beleza excepcional.

Sàngó era ciumento e profundamente devotado a duas de suas esposas, as irmãs Oya e Osun.

Uma terceira irmã das mesma chamada Oba trabalhava e guerreava por ele, mas nunca era prestigiada por ele.

Ewemilare amava e admirava aquele seu marido bonito, vaidoso, viril.

Aprendeu logo com as outras esposas os orikis da família de Sàngó, suas comidas prediletas, seus eewos.

Aprendeu o que era amar profundamente sem ser amada, a ter ciúmes de outras esposas e ter que se calar.

Ewemilare começou a conhecer o sofrimento, sempre jovem e bonita,  e mesmo assim o sofrimento tomou conta de sua vida.

Orunmila chamado também de Elerin Ipin, o testemunha do destino humano, viajava de um reino para o outro, acompanhado de seus principais discípulos Aseda e Akoda, suas mãos e seus pés.

Vinha de longe de Igeti e colocava o Ifá para os reis e chefes.

Seus instrumentos de adivinhação eram os mais eficazes que qualquer outro, e por isso era tão famoso.

Porem nem sempre Orunmila se identificava, passava por um humilde Babalawo, andando pelas estradas com dificuldade, apoiado em seu bastão Osun.

Reis agradeciam suas recomendações com roupas, animais, jóias, comidas, bebidas e servos.

No palácio real de Oyo, Orunmila conheceu Ewemilare, a principio arisca logo se acostumou àquela presença constante, daquele homem chegando todo quinto dia para prever como seria a semana do Alafin.

E um dia se descobriram apaixonados, porem Ewemilare temia a ira de Sàngó, pois era sempre descontrolado em suas emoções.

Mas a solidão, ciúme, e o amor não correspondido criaram um clima insuportável para ela dando forças para pensar em fugir.

Vendo-se amada, mais do que amando aceitou figir com Orunmila, mesmo esse sabendo através de Ifá que lhe custaria muito caro mais adiante.

Por algum tempo conseguiram serem felizes, ate que Sàngó descobriu o desaparecimento de sua esposa com o adivinho.

Passou a persegui-los com toda sua fúria e forças, jurando matá-los onde encontrasse, pois era impossível a ele perdoar a ofensa e o desprezo de alguma mulher.

Seu amor próprio foi ferido e toda sua ira aclamava por ação, aonde soubesse que estavam os dois enviava raios e trovões atrás deles, jogava pedras de raio e fazias as casas onde os abrigavam a virar cinzas.

Olodumare, o criador, penalizado com a situação, tomou uma decisão, transformou Ewemilare em uma bandeja entalhada de madeira, chamada Opon Ifá, onde Orunmila riscava os Odus Ifá no pó mágico yerosun.

Ewemilare, transformada em Opon Ifá viveria eternamente junto a Orunmila e não precisava ter mais medo de Sàngó.

Porem este descobriu o que Olodumare fez e passou a observar Orunmila, aonde ele parava para consultar seu Ifá mandava edun ara, as pedras de raio, além de fogo e trovões na tentativa de eliminar Ewemilare.

E Orunmila , indestrutível por ser um Orisá também conhecido como IBIKEJI OLODUMARE, ou seja a segunda pessoas após Olodumare, temeu pela mulher que tanto amava.

Instruiu todos os seus seguidores e discípulos a evitar a ira de Sàngó, nunca deixando o Opon Ifá aberto ao tempo principalmente em dias de chuvas, para que não fosse atingido por um raio, e as oogun de Sàngó.

E Ewemilare, a jovem e bela esposa de Sàngó, a única que teve coragem de abandoná-lo por amar sem ser amada, vive até hoje no culto a Ifá, transformada em Opon Ifá.



quinta-feira, 1 de junho de 2017

JUNHO O MÊS DA FAMÍLIA DE XANGÔ NA CASA DE YEMANJÁ: Torosi

Torosí 



Torosí é um orixá feminino (uma divindade do candomblé). 

Torosí foi filha de Elémpe, o rei da nação Tapá (ou Nupê), esposa de Oranian.

Juntos geraram Xangô, que, mais tarde, subiu ao trono de Oió, antes ocupado por seu pai. 

Torosí também é chamada de Iyamase e confundida com Iyemojá.



JUNHO O MÊS DA FAMÍLIA DE XANGÔ NA CASA DE YEMANJÁ: O Fundador de Oyó


ORANIAN (ÒRÀNMÍYÀN)

“Òrànmíyàn (Oranian) foi o filho mais novo de Odùduà e tornou-se o mais poderoso de todos eles; aquele cuja fama era a maior em toda a nação iorubá. 

Tornou-se famoso como caçador desde a juventude e, em seguida, pelas grandes, numerosas e proveitosas conquistas que realizou. Foi o fundador do reino de Oyó. 

Uma de suas mulheres, Torosí (Torosi), filha de Elempe, o rei da nação Tapa (ou Nupê), foi a mãe de Xangô, que mais tarde, subiu ao trono de Oyó. 

Oranian instalou um outro filho seu. Eweka, como rei em Benim, tornando-se ele próprio Óòni de Ifé.

Oranian foi concebido em condições muito singulares, que, sem dúvida, espantariam os geneticistas modernos. Uma lenda relata Omo Ogum, durante uma de suas expedições guerreiras, conquistou a cidade de Ogatún, saqueou-a e trouxe um espólio importante. 

Uma prisioneira e rara beleza chamada Lakanjê agradou-lhe tanto que ele não respeitou sua virtude. Mais tarde, quando Odùduà, pai de Ogum, a viu, ficou perturbado, desejou-a por sua vez e fez dela uma de suas mulheres. Ogum, amedrontado, não ousou revelar a seu pai o que se passara entre ele à bela prisioneira. Nove meses mais tarde. Oranian nascia. 

Seu corpo era verticalmente dividido em duas cores. Era preto de um lado, pois Ogum tinha a pele escura do outro, como Odùduà, que tinha a pele muito clara.

Essa característica de Oranian é representada todos os anos em Ifé, por ocasião da festa de olojo, quando o corpo dos servidores do Óòni é pintado de preto e branco. 

Eles acompanham Óòni de seu palácio até Òkè Mògún, a colina onde se ergue um monólito consagrado a Ogum. Essa grande pedra é cercada de màrìwò òpè, franjas de palmeiras desfiadas, e, nesse dia, os sacrifícios de cão e galo são aí pendurados. Óòni chega vestido suntuosamente, tendo na cabeça a coroa de odùduà, É uma das raras ocasiões, talvez mesmo a única do ano, em que ele a usa publicamente, fora do palácio. 

Chegando diante da pedra de Ogum, ele cruza por um instante sua espada com Osògún, chefe do culto de Ogum em Ifé, em sinal de aliança, apesar do desprazer experimentado por Odùduà quando descobriu que não era o único pai de Oranian.

Oranian, como já dissemos, foi o fundador da dinastia dos reis de Oyó. O mito da criação do mundo tal como é contado em Oyó atribui-lhe esse ato e não a Odùduà.

Estes dois personagem são os fundadores das respectivas linhagem reais de Oyó e de Ifé, o que bem demonstra que o mito da criação do mundo é, de uma lado e outro, o reflexo da lenha histórica da origem das dinastias que dominam nesses dois reinos.


A supremacia estabelecida por Oranian sobre seus irmãos nos é narrada em uma lenda recolhida no século passado Oyó:
“No começo, a terra não existia… No alto era o céu, embaixo era a água e nenhum ser animava nem o céu nem a água. Ora, o todo-Poderoso Olodumaré, o senhor e o pai de todas as coisas… criou, inicialmente, sete príncipes coroados… Em seguida… sete sacos nos quais havia búzios, pérolas, tecidos e outras riquezas. 

Criou uma galinha e vinte e uma barras de ferro. Criou, ainda, destro de um pano preto, um pacote volumoso cujo conteúdo era desconhecido. E, finalmente, uma corrente de ferro muito comprida, na qual prendeu os tesouros e os sete príncipes. Depois, deixou cair tudo do alto do cér… No limite do vazio só havia água… Olodumaré, do alto de sua morada divina, jogou uma semente que caiu na água. Logo, uma enorme palmeira cresceu até os príncipes, Oferecendo-lhe um abrigo grande e seguro, entre as suas palmas. Os príncipes se refugiaram ali e se instalaram com suas bagagens. Eram todos príncipes coroados e conseqüentemente, todos queriam comandar. Resolveram separar-se. Os nomes desses sete préncipes eram: Olówu, que se tornou rei do Egbá; Onisabe, que se tornou rei de Savé; Orangun, que reinou em Ila; Óòni, que foi soberano de Ifé; Ajero, que se tornou rei de Ijerô; Alákétu, que reinou em Kêto; e o último criado, o mais jovem, Òrànmíyàn, que se tornou rei de Oyó.


Antes de se separarem para seguirem seus destinos, os sete príncipes decidiram reparti entre eles a soma dos tesouros e das provisões que o Todo-Poderoso lhes havia dado. Os seis mais velhos pegaram os búzios, as pérolas, os tecidos e tudo o que julgaram precioso ou bom para comer. Deixaram para o mais moço o pacote de pano preto, as vinte e uma barras de ferro e a galinha… Os seis príncipes partiram à descoberta nas folhas de palmeira. Quando Oranian ficou sozinho, desejou ver o que continha o pacote envolto no pano preto. Abriu-o e viu uma porção de substância preta que ele desconhecia… sacudiu então o pano e a substância preta caiu na água e não desapareceu. Formou um montículo. A galinha voou para pousar em cima. Ali chegando, ela pôs-se a ciscar essa matéria preta, que se espalhou para longe. E o montículo se ampliou e ocupou o lugar da água. Eis aí como nasceu a terra.
Oranian apresou-se em descer para o domínio, assim formado pela substância negra, e tomou posse da terra. Por sua vez, os outros seis príncipes desceram da palmeira. Quiseram tomar a terra de Oranian, como já lhe haviam tomado, na palmeira, sua parte dos búzios, das pérolas, dos tecidos e dos alimentos… Mas Oranian tinha armas; suas vinte e uma barras de ferro haviam se transformado em lanças, dardos, fechas e machados. Com a mão direita, ele brandia uma longa espada, e lhes dizia: “Esta terra é só minha. Lá em cima, quando me roubaram, vocês me deixaram apenas esta terra e este ferro. A terra cresceu e o ferro também; com ele defenderei a minha terra! Vou matar todos vocês. Os seis príncipes pediram clemência, rastejaram aos pés de Oranian, suplicantes. Pediram-lhe que cedesse uma parte de sua terra para que pudessem viver, e continuar príncipes… Oranian poupou-lhes a vida e deu-lhes uma parte da terra. Exigiu apenas uma condição: esses príncipes e seus descendentes deveriam permanecer sempre seus súditos e de seus descendentes; deveriam, todo ano, vir presta-lhe homenagem e pagar os impostos na sua cidade principal, para demonstrar e lembrar que eles tinham recebido, por condescendência, a vida e sua parte de terra. Eis aí como Oranian tornou-se rei de Oyó e soberano da nação iorubá é, de toda a terra.”
Porém, Ifé reivindica a preponderância sobre Oyó. É em Ifé que está guardado o sabre de Oranian, chamado “sabre da Justiça”, que os reis de Oyó devem segurar nas mãos durante as cerimônias de entronização, para garantir sua futura autoridade.
Vêem-se ainda em Ifé duas outras relíquias de Oranian: um grande monólito, o Òpá Òrànmíyàn, seu escudo.

Texto:  Pierre Fatumbi Verger – Livro Os Orixás.




JUNHO O MÊS DA FAMÍLIA DE XANGÔ NA CASA DE YEMANJÁ: Império de Oyo

Cabeça em bronze do rei de Ifé no Museu Britânico


O Império de Oyo (c. 1400 - 1835) - em português também grafado Oió - foi um império da África Ocidental localizado no que é hoje o sudoeste da Nigéria e o sudeste do Benim. 

O império foi fundado por iorubás no século XV e cresceu ao ponto de se tornar um dos maiores estados do Oeste africano. Este crescimento deve-se ao comércio (sobretudo de escravos) e superioridade da sua cavalaria. 

Foi o estado mais importante na região de meados do século XVII ao fim do XVIII, dominando não só outros estados iorubás mas também de povos vizinhos, sendo o mais notável os Fons do Reino do Daomé, localizado no que é hoje o Benim.

Ilú-ọba Ọ̀yọ́
1400 – 1896


Império Oyo na sua mais longa extensão


Continente África
                      Região África Ocidental
           País Nigéria
     Capital Oyo-Ile
Língua oficial iorubá
            Religião religião iorubá
           Governo    Monarquia
Alaafin
     • circa 1400 Oranyan
                    • 1888-1905 Adeyemi I Alowolodu
                Legislatura Oyo Mesi e Ogboni
      Período histórico Idade Média
         Idade Moderna
         Idade Contemporânea
 • 1400 Fundação
 • 1896 Dissolução
Área
 • 1680 150 000 km2


A tropa de Oranyan não era suficiente para fazer um ataque com êxito, então vagaram pela costa sul até chegar a Bussa. Foi lá que o chefe local o recebeu e ofereceu-lhe uma grande serpente com um encanto mágico amarrado à sua garganta.


Origem Mítica

O segundo príncipe do reino iorubá de Ifé, Oranyan, fez um acordo com o irmão para lançar uma incursão punitiva contra os seus vizinhos do norte por estes terem insultado seu pai, oba Oduduwa, o primeiro Ooni de Ifé. A caminho, os irmãos desentenderam-se e o exército foi dividido.
O chefe orientou Oranyan a acompanhar a cobra até que esta parasse em algum lugar por sete dias e desaparecesse no solo. Oranyan seguiu os conselhos e fundou Oyo onde a serpente desapareceu. Oranyan fez de Oyo seu novo reino e tornou-se o primeiro oba com o título de Alaafin de Oyo (Alaafin significa "dono do palácio" em iorubá), deixando todos os seus tesouros em Ife e permitindo que Adimu tomasse o seu lugar como rei.

Oranyan, o primeiro oba (rei) de Oyo, foi sucedido pelo oba Dadá Ajaká, alaafin de Oyo. Este oba foi deposto porque era desprovido de força militar e porque permitiu demasiada independência a seus subchefes. A liderança foi, então, conferida ao irmão de Ajaka, Sango (também conhecido como Shango, Xangô, Chango, Nago Shango e Jakuta), que, mais tarde, foi divinizado como a deidade dos trovões e relâmpagos. Ajaka foi reabilitado após a morte de Sango. Ajaka retornou ao trono pronto para a luta e profundamente tirano. Seu sucessor, Kori, conseguiu conquistar o resto do que, mais tarde, os historiadores chamaram de "Oyo metropolitana"


Oyo-Ile

O coração da Oyo metropolitana foi a sua capital Oyo-Ile, também conhecida como Katunga, Velha Oyo e Oyo-oro.



Uma análise da velha área delimitada do Palácio de Oyo



 As duas estruturas mais importantes em Oyo-Ile eram o afin (palácio do oba) e o seu mercado. O palácio ficava no centro da cidade, perto do mercado do oba (Oja-oba). Ao redor da capital, havia uma alta muralha de terra com 17 portas. A grandeza das duas estruturas (o palácio e o Oja Oba) simbolizavam a importância do rei em Oyo.

Ocupação Nupe

Oyo cresceu com uma força interior formidável até o final do século XV. Durante mais de um século, o estado iorubá expandi-se à custa dos seus vizinhos. Depois, durante o reinado de Onigbogi, Oyo sofreu derrotas militares nas mãos dos Nupes conduzidos por Tsoede.

Por volta de 1535, os Nupes ocuparam Oyo e forçaram os seus governantes a refugiar-se no reino de Borgu.

 Os Nupes continuaram saqueando a capital, o que destruiu Oyo como potência regional até o início do século XVII.

Período Imperial
Oyo atravessou um interregno de 80 anos com sua nobreza exilada depois da sua derrota pelos Nupes. Oyo reemergiu então, mais centralizado e expansivo do que nunca. Não estavam mais satisfeitos simplesmente com a retomada de Oyo, mas com o estabelecimento do seu poder ao longo de um vasto império.
 Durante o século XVII, Oyo começou um longo intervalo de crescimento, tornando-se um grande império.Oyo nunca abrangeu todos os povos de língua iorubá, mas foi, de longe, o mais populoso reino na História iorubá.


Reconquista e expansão

A chave para a reconquista iorubá de Oyo foi um exército mais forte e um governo mais centralizado. Adotando o exemplo de seus inimigos tapas (o termo iorubá para "nupes"), os iorubas rearmaram-se não só com armaduras mas também com cavalaria. Oba Ofinran, Alaafin de Oyo, conseguiu recuperar a Oyo original do território dos Nupe. Uma nova capital, Oyo-Igboho, foi construída, e a original ficou conhecida como Velha Oyo. O próximo oba, Egonoju, conquistou quase totalmente a Iorubalândia. Depois disto, oba Orompoto conduziu ataques destrutivos ao reino Nupe para garantir que Oyo nunca fosse ameaçado por eles novamente.

Império Oyo e estados circundantes c. 1625


Durante o reinado de oba Ajiboyede, aconteceu o primeiro festival Bere, um evento que manteria muita significação entre os iorubás mesmo depois da queda de Oyo. E foi com o seu sucessor, Abipa, que os iorubás repovoaram Oyo-Ile.

 Apesar de uma tentativa falha de conquistar o Império do Benim entre 1578 e 1608,

 Oyo continuou a expandir-se. Os iorubás deram autonomia ao sudeste da Oyo metropolitana, onde as áreas não iorubás poderiam funcionar como um divisor entre Oyo e o império do Benim. Até o final do século XVI, os estados Ewe e Aja da moderna Benim foram pagadores de tributo a Oyo.


As Guerras Daomeanas
O revigorado Império de Oyo começou incursões em direção ao sul em meados de 1682.

 Até o final de sua expansão militar, as fronteiras de Oyo atingiriam aproximadamente 200 milhas para o litoral sudoeste da sua capital.

 Encontrou muito pouca oposição séria, depois do seu fracasso contra o Benim, até o início do século XVIII. Em 1728, o Império de Oyo invadiu o Reino do Daomé em uma grande e amarga campanha.

A força que invadiu Daomé foi inteiramente composta de cavalaria.

 O Daomé não possuía cavalaria, mas possuía muitas armas de fogo. Essas armas de fogo se revelaram eficazes, assustando os cavalos da cavalaria de Oyo e impedindo-lhes a carga.

 O exército do Daomé também construiu fortificações com trincheiras, que forçaram o exército de Oyo a lutar como infantaria. A batalha durou quatro dias, mas os iorubás foram finalmente vitoriosos depois que os seus reforços chegaram. O Daomé foi, então, obrigado a pagar tributo para Oyo. Este não seria o combate final, contudo, e os iorubás invadiriam o Daomé um total de sete vezes antes de que a pequena monarquia daomeana fosse totalmente subjugada em 1748.

Declínio
Muitos acreditam que o declínio do império começou em 1754 com as intrigas dinásticas e os golpes de estado patrocinados pelo primeiro-ministro Bashorun Gaha. Em 1796, uma revolta iniciada em Ilorin contra Awole (o Àláàfin, ou governante de Oyo) foi comandada por Afonjá (o Aare Ona Kakanfo, ou comandante supremo das forças armadas de Oyo). Esta revolta, que levou à separação de Ilorin, marcou o começo da desintegração do Império de Oyo, tão logo outros estados vassalos começaram a seguir o exemplo de Ilorin. Para assegurar apoio à sua causa, Afonjá recorreu à ajuda de um professor fula itinerante chamado Alim al-Sali, visando a garantir a adesão dos iorubas muçulmanos e voluntários hauçás e fulas do norte, levando eventualmente à destruição de Oyo Ilê pelos fulas em 1835 e consequentemente à extinção do Império de Oyo. Enquanto isso, em 1823, o reino do Daomé realizou incursões a territórios de Oyo visando a capturar escravos para serem vendidos. Oyo, então, exigiu um pesado tributo do rei Gezo do Daomé como reparação. O rei Gezo enviou seu agente brasileiro, Francisco Félix de Sousa, para negociar a paz. Na impossibilidade de se chegar a um acordo, Oyo atacou o Daomé e foi derrotado, o que encerrou a dominação de Oyo sobre o reino do Daomé. Este, por sua vez, continuou seus ataques sobre o território de Oyo.

Após a destruição da capital Oyo Ilê, a capital foi transferida para o sul, para a cidade de Ago d'Oyo. O oba Atiba tentou preservar o que restava de Oyo encarregando a cidade de Ibadan de proteger a capital dos ataques de Ilorin vindos do norte e do nordeste. Ele também tentou fazer com que a cidade de Ijaye protegesse a capital dos ataques dos daomeanos vindos do oeste. O centro iorubá de poder moveu-se então para o sul, para a cidade de Ibadan, que havia sido fundada pelos militares de Oyo em 1830. Porém os planos de Atiba fracassaram, e Oyo nunca mais readquiriu seu poder. Em 1888, se tornou um protetorado da Grã-Bretanha. A partir de 1896, perdeu qualquer forma de poder.

Cabeça em bronze do rei de Ifé no Museu Britânico