CASA PODEROSA DOS FILHOS DE YEMANJÁ

CASA PODEROSA DOS FILHOS DE YEMANJÁ

quinta-feira, 1 de junho de 2017

JUNHO O MÊS DA FAMÍLIA DE XANGÔ NA CASA DE YEMANJÁ : A DINASTIA DOS ALAFINS DE OYÓ


 O perceber a morte iminente, aos sessenta anos, Oranyan teria resolvido voltar a Ifé para lá esperar o fim da vida. 

O grande rei deixaria dois herdeiros: Ajaca e Xangô.

Ajaca, o mais velho, teria assumido o trono de Oyo, mas era fraco e foi deposto por Xangô.

Segundo a tadição, Xangô seria filho de Oranyan com Torosi, filha de Elempe (um rei nupe). Xangô teria sido criado com a mãe e depois ido morar na cidade de Kosso, onde se impôs pela força.

Depois de destronar o irmão Ajaca em Oyo, Xangô foi para Oko, de onde iniciou sua trajetória mítica. Narra-se que ele venceu o rei de Owo lançando chamas e fumaça pela boca, iludindo os inimigos enquanto sua tropa e seus arqueiros massacravam o exército local.

Xangô adquire fama de poderoso guerreiro e mágico. Seu governo foi conhecido pela tirania e pela violência.

Um itan até hoje mencionado em Oyo, relata que certa vez Xangô subiu ao monte de Ajaka e convocou os relâmpagos. Em razão disso, um raio teria caído sobre uma casa e matado todos que lá estavam, inclusive alguns filhos e mulheres do próprio Xangô. Após a tragédia, Xangô teria se tornado depressivo e desgostoso, vindo a abdicar do trono e suicidar-se enforcado em uma árvore.

Verger discorda da teoria do suicídio de Xangô, atribuindo esta versão a missionários europeus no século XIX interessados em abalar seu culto denegrir Xangô, que já havia se tornado um ancestral divinizado na região.

Outra vertente indica que Xangô não teria se matado, mas simplesmente abandonado Oyo e dasaparecido, face ao desgosto pela morte da família.

Matando-se ou não, o fato é que Xangô por sua história singular, tornara-se um personagem épico. Sua vida foi como uma tragédia grega: filho de menor importância de um grande rei, criado distante da côrte; um estrangeiro que marcha contra o próprio irmão e se torna rei; um obá que em um curto governo de apenas sete anos, estende seus domínios como jamais houvera acontecido; um tirano apaixonado que se mata ao ter provocado acidentalmente a morte de sua família... 

Controverso ou não, foi Xangô quem introduziu a realeza sagrada em Oyo. Foi ele quem instituiu o culto do trovão e do relâmpago como crenças oficiais de Oyo.

Após o desaparecimento de Xangô, os oyós mandaram buscar Ajaca, o irmão destronado, para novamente fazê-lo Alafin.

Desta vez, Ajaca se mostra um rei mais forte. Lança-se à guerra contra contra os nupes e estende seu reino por sobre várias cidades e aldeias iorubans. A tradição conta que Ajaca sozinho matou 1.600 inimigos, cortando suas cabeças e fazendo uma grande pilha para que fossem veneradas.

Os filhos de Ajaca, como Aganju, perpetuaram o mito dos Alafins de Oyo. Diz-se que Aganju domava cobras, leopardos e outras feras perigosas.

Quando Aganju morreu, seu filho e sucessor Cori, ainda estava no ventre de sua mãe Ijaium. A rainha ocupou a regência até a maioridade do filho. Mas foi Cori que estendeu o território de Oyo até as margens do rio Oxum, onde fundou a cidade de Edé.

No final do século XV, quem assumiu o poder foi Oluaso. Reza a lenda que o Oluaso mandou construir 44 palácios, sendo que o principal deles chegava a ter 120 espigões.

Pelo poderio de Oyo, a essa altura, muitos reinos haviam sido dominados e outros tantos buscado espontaneamente a fusão com Oyo para protegerem-se contra a ameaça dos baribas e dos nupes.

A dinastia dos obás de Oyo já era reconhecida. O Alafin (soberano de Oyo) era um rei sagrado, que vivia recluso no palácio, fora do contato com os súditos. Apenas vinha a público em datas festivas e religiosas, mas sempre com o rosto coberto pelo adê, e protegido por um delicado protocolo cerimonial.

Oyo hoje não é mais um reino independente: é uma cidade da Nigéria, com seu território bastante diminuído em relação ao que era. O Alafin não é mais o governante político, pois é Nigéria é uma república. Mas até os dias de hoje, seu poder é reconhecido como uma dádiva dos Orixás. É tido como um símbolo religioso, como um baluarte dos ancestrais de Oyo. 

O Alafin, além de descendente dos obás, é o sumo sacerdote de Xangô e seu poder garante romarias de turistas de várias localidades para verem e serem abençoados pelo Xangô vivo, o herdeiro direto da dinastia mítica dos Alafins de Oyo.



Nenhum comentário:

Postar um comentário