CASA PODEROSA DOS FILHOS DE YEMANJÁ

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quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

Serão os Òrìṣà (Orixá) elementos da natureza ?


Existe um conceito generalizado que associa òrìṣà (orixá) a elementos da natureza e depois de me debruçar sobre esse assunto analisando referência teológicas e mais ainda textos de odù eu tenho uma opinião completamente divergente e gostaria de apresentar aqui. 

Na minha conclusão isso é um sincretismo europeu, ou seja, uma forma de expressar um conceito de outras visões religiosas, as quais inclusive eu já tive muito contato, com a religião africana.

Então veja, Ṣàngó (Xango) é um eborá, um òrìṣà (orixá) divinizado e não um dos òrìṣà (orixá) originais assim, como ele poderia ser o fogo ou o trovão, que é um elemento que existe desde o início dos tempos. 

O vento é ọya, mas ela também é divinizada, assim, o vento já existia antes dela ela não pode ser o vento,uma força da natureza. 

Ọ̀ṣun (Oxun) é uma irúnmalẹ̀ (irunmalé) um òrìṣà (orixá) original da criação e poderia sim estar ligada com a água ou ser água, como a gente mesmo diz, mas Ọ̀ṣàlá (Oxalá) é o ar, por que? 

Ele pode ser o firmamento ou o alá que cobre a todo o mundo, mas, de novo acho que é uma visão muito onírica dos òrìṣà (orixá), um sincretismo com religiões européias como a bruxaria tradicional, wicca, ocultismo, etc...

Assim, essa ligação de uma divindade com os elementos da natureza existe em algumas tradições religiosas, muitas delas politeístas puras de fato, mas não acho que seja consistente e repetitiva na religião africana. 

A mim me parece mais uma forma de sincretizar a religião africana com formas politeístas ou animistas com as quais a religião africana foi forçosamente comparada. 

Assim, de novo, como sempre eu digo é o sincretismo que de novo nos prejudica e enfraquece, só que as pessoas acham isso bonito e romântico e resolvem repetir a adotar.


É tipo assim se as religiões que foram classificadas como pagãs na europa tem como deuses as forças da natureza então como o a religião africana é pagã tem que ser o mesmo. 

Mas não necessariamente assim.

Por esta razão, dizer que os òrìṣà (orixá) são as forças da natureza como eu canso de ouvir é o mesmo que dizer que Ṣàngó (Xango) é São Jerônimo, Ọya é Santa Barbara, Ògún é São jorge. 

É o mesmo que ouvir babalorixá explicando a vida e a reencarnação usando a doutrina espírita.

Eu não parei muito tempo para aprofundar isso, até porque estou longe de ter esse tempo ou ter a competência para isso, mas acho que no caso da religião africana giramos em torno da energia vital, o àṣẹ (axé), aquilo que permeia tudo, que nos dá força, que nos movimenta, que nos traz saúde, prosperidade, etc. 

De novo nesse caso um conceito bastante amplo e com muitas facetas para designar uma só coisa, bem típico dos conceitos poderosos e profundos dessa religião mas muito pouco elaborado.

No caso do àṣẹ (axé) um dos aspectos importantes é a afinidade entre a energia de àṣẹ (axé) com as divindades e com odù. 

Existem combinações que fazem bem para o àṣẹ (axé), o amplificam, o diminuem ou o prejudicam. 

Assim tudo tem àṣẹ (axé) porque tudo tem energia e/ou vida. 

Assim òrìṣà (orixá) usam a energia de odù para atuarem e tanto podemos acreditar que qualquer òrìṣà (orixá) pode usar a energia de qualquer odù como também existe uma ligação mais forte entre determinados odù e òrìṣà (orixá), eu não sei a resposta mas sou mais pela primeira. 

Existe elementos da natureza que estão dentro do domínio de determinadas divindades e assim elas se manifestam junto com eles, mas tudo o que eu vi me mostra que não existe voo solo, e assim muitas divindades se manifestam em um mesmo fenômeno ou força. 

As oferendas contêm materiais que são do domínio de diferentes òrìṣà (orixá) e serão transformados em axé, mas existem muitos materiais comuns a vários ou muitos. 

As folhas certamente são um tipo especial de material porque é vida e contêm àṣẹ (axé) vivo assim existe uma ligação mais intima e fundamental. 

Mas montar essa matriz não é algo simples porque eu vejo sempre muitas superposições e complementaridades.

Essa ligação, com àṣẹ (axé), elementos, odu, òrìṣà (orixá), ori e nós é o que é importante. 

É o que nos fortalece ou nos enfraquece, mas isso acaba ficando prejudicado ou esquecido e as pessoas se lembram de ficar ligando òrìṣà (orixá) com elementos de natureza que não nos interessa. 

Pelo menos eu não consigo ver o sentido ou importância dessa ligação, exceto por uma curiosidade inconsistente que dá certo para algumas coisa e errado, acho que é somente um esforço sincrético uma deformação no nosso conhecimento. 

De novo, eu estou dizendo isso não só porque eu acho isso ou tenho antipatia por isso, mas, porque de fato eu não consigo encontrar essa ligação em nenhum texto de odù ou mito. 

Assim, sempre em muitas histórias existe a ligação de odù e òrìṣà (orixá) com um monte de elementos naturais, mas, e dos quatro elementos eu não vejo

FONTE: http://blog.orunmila-ifa.com.br/2008_06_01_archive.html


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