A ciência, entretanto, pesquisa e já chega até a afirmar que nosso planeta pode, sim, findar-se um dia.
O planeta Terra é um ser vivo, e como todo ser vivo está sujeito a vários tipos de transformações.
Esse é um assunto tão sério e profundo que me parece ser específico dos cientistas.
A nós, “pobres mortais”, resta-nos viver.
Se algo temos que pensar é o que fazer com a vida que nos resta e que tipo de pessoa queremos ser nesta vida.
São muitas as opções.
O ser queixoso, que faz de um pequeno incidente uma tragédia; o eterno insatisfeito, que por mais que receba sente-se como um saco vazio incapaz de ser preenchido; o “palpiteiro”, que parece entender de tudo, mas pouco sabe e o que sabe é superficial; o carente, o adulto infantil que insiste em não crescer para poder estar sempre pedindo colo, esquecendo-se que já está na idade de oferecer o seu; o misterioso, que faz de seu simples dia a dia uma arca de segredos profundos, facilmente decifráveis.
Outros tipos de opções também existem: o ser disponível, cuja presença é traduzida como atuação positiva; o grato, que ao valorizar os favores recebidos ajuda a não desestimular as pessoas doadoras; o flexível, que absorvendo a diversidade permite que o colorido possa ser apreciado; o alegre, que torna os fardos leves como plumas; os guerreiros, que mesmo perdendo as batalhas entendem que têm guerras a serem vencidas.
Será uma atitude esperada que o leitor se veja em uma dessas opções, e ainda procure encaixar nelas seus conhecidos.
Creio ser essa uma atitude saudável, caso o leitor consiga fugir da tendência de se ver como um tipo considerado positivo, enquanto seus pares são colocados no lado oposto.
É uma grande tentação, da qual se deve procurar sempre escapar.
Não é só a culpa que colocamos nos outros, os defeitos também.
Quando não temos como culpar ninguém, o sistema, os governos e até os deuses passam a ser os vilões.
Hoje, ao assistirmos e lermos os jornais, gostamos de comentar sobre a violência que assola o mundo.
Entretanto, esses mesmos meios de comunicação já noticiaram pesquisas científicas comprovando que o período que vivemos é o menos violento pelo qual passa a humanidade.
Parece incrível, mas é verdade, basta dar um passeio pelos livros de História Universal que encontraremos barbaridades.
A diferença parece estar clara, é que hoje tomamos conhecimento diariamente do que acontece no mundo.
Não comento esse fato para nos conformarmos com a violência, mas sim para que ao entendermos que ela já foi muito pior, possamos ter a esperança que ela continuará diminuindo, caso cada parcela da sociedade e cada indivíduo faça a parte que lhe é devida.
Os seres vivos, todos, carregam em si o instinto da agressividade.
Podemos ver isso em nós mesmos, nos animais, nas plantas e na natureza como um todo.
Raios, tufões, vulcões não podem ficar invisíveis aos nossos olhos.
A agressividade sempre existiu e sempre existirá na natureza, e é claro no homem. Afinal, não existe a natureza e o homem, e sim “a natureza” da qual o homem faz parte.
É interessante observarmos que essa “agressividade” varia de intensidade não só de pessoa para pessoa, como até mesmo entre os vulcões, por exemplo.
Quando o instinto já é forte e o meio ainda o estimula, a situação fica pior.
Aos cientistas cabe a tarefa de criar mecanismos para prever as tragédias naturais, a fim de que a destruição causada por elas sejam minimizadas, além de ampliar os estudos sobre cérebro e comportamento humanos; os governos precisam concentrar esforços para aprender a não apenas coibir, mas fornecer condições favoráveis para que a agressividade não domine o homem.
Digo e repito, todos os instintos com os quais nascemos devem ser usados para nossa sobrevivência.
Devemos ter controle sobre eles, e não o contrário.
Não podemos nem devemos permitir que nada nem ninguém nos domine, nem mesmo nossos instintos.
O inverso também é uma verdade: não podemos, nem devemos desejar dominar nada nem ninguém, nem mesmo nossos instintos.
A permanente busca pela convivência harmônica é a chave.
Maria Stella de Azevedo Santos é Iyalorixá do Ilê Axé Opô Afonja. Quinzenalmente, ela escreve em A TARDE, sempre às quartas-feiras
FONTE:http://mundoafro.atarde.uol.com.br/?tag=candomble
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