CASA PODEROSA DOS FILHOS DE YEMANJÁ

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sexta-feira, 30 de novembro de 2012

* Oráculos de confirmações !




Oráculos são oráculos. 

É o meio de comunicação entre nós e o divino, entre o Àiyé e o Órun (ọ̀run). 

Um oráculo implica em um mensageiro para receber as mensagens e manter a comunicação com o divino e também um instrumento para essa comunicação. 

O que ocorre é que alguns instrumentos são mais específicos ou objetivos no seu uso.

Oráculo de confirmação é um termo muito restrito para designar alguns tipos de instrumentos de oráculos que serão explicados aqui.

Contudo, por mais simples que seja o instrumento usado, será sempre o divino que estará respondendo a quem o consulta.

 Ifá é um oráculo complexo e o uso de Odù traz uma carga de responsabilidade muito grande. 

Uma consulta a Ifá sempre indicará um ebó (ẹbọ) a ser feito e isso torna o seu uso indicado para motivos especiais e importantes na vida das pessoas.

Dessa maneira existe a necessidade de uma forma mais direta e imediata de consulta ao divino, que não passe necessariamente por Órunmilá (Ọ̀rúnmìlà) e por Ifá e que possa ser feito por qualquer pessoa seja mesmo um Babaláwo ou um iniciado em Orixá (òrìṣà).

Existem situações que não vamos tratar do destino e da vida das pessoas. 

Precisamos de tratar de assuntos religiosos e de questões objetivas de nossa vida. 

Precisamos conversar com nosso Orixá (òrìṣà) ou Exu (èṣù). 

Precisamos confirmar a realização e o sucesso de liturgias.

É para isso que existem os ditos oráculo de confirmação.

Estes oráculo permitem-nos dialogar diretamente com o divino e suas divindades. 

Contudo estão longe de serem instrumentos apenas para apenas confirmar um trabalho. 

Esse uso restrito combina dois fatores. 

O primeiro, claro, é a falta de conhecimento. 

O segundo, é que no Candomblé não interessa ao Babalorixá (Bàbálórìṣà) usar um oráculo que não dependa exclusivamente da sua mediunidade e que as pessoas observem que podem dialogar com seu Orixá (òrìṣà) ou Exu (èṣù) sem que isso passe por ele.


Como já falei muitas vezes, o jogo de búzios no Candomblé é dominado pela mediunidade e não pela técnica ou pela capacidade. 

O Babalorixá (Bàbálórìṣà) joga seus búzios pirotecnicamente, poderiam ser moedinhas. 

O jogo de búzios no candomblé é um processo mediúnico. 

Isso é tanto uma restrição dos Babalorixá (Bàbálórìṣà) como também é uma estratégia de dependência.

Sim, dependência. 

Encontrar caráter e ética em um Babalorixá (Bàbálórìṣà) é algo no mundo real impossível. 

A questão do oráculo esta neste contexto. 

Eles fazem questão de dominar a comunicação com o divino e não dividirem isso com ninguém. 

O objetivo é impor tudo o que querem e não terem qualquer tipo de contestação. 

Assim ninguém pode ter ou usar um oráculo na sua casa e somente ele pode trazer mensagens do divino.

O que os iniciados devem entender é que eles podem fazer por sua conta a consulta ao divino.
Vou estar a seguir explicando 

 uso dos 4 búzios de Exu (èṣù), do Orogbo e do Obi. 

Não vou falar de cebolas que servem apenas para pessoas que não querem usar um oráculo. 

OWÓ-ẸYỌ MERIN – OS 4 BÚZIOS.

Este deve ser um dos mais tradicionais oráculos. 

Todo mundo conhece ou já ouviu falar.

Poucos devem ter visto esse oráculo em ação e muito menos sendo usado para confirmar uma liturgia, um bori ou uma matança. 

Mas esses búzios poderiam, ou melhor deveriam, ser usados para substituir a maldita Cebola na ausência do uso do Obi. 

Mas, não podemos esquecer que quem usa uma cebola não quer correr risco de receber um NÃO.

Os 4 búzios são um instrumento de consulta a Exu (èṣù). Eles serão preparados para um Exu (èṣù). 

O objetivo aqui não é explicar como se prepara isso e para que Exu (èṣù) se faz. 

sso é liturgia e é feito por quem sabe. 

Mas, o que interessa é que esses 4 búzios serão associados a Exu (èṣù) e será este que vai responder através do Owó-ẹyọ merin.

Apesar de ser dedicado a Exu (èṣù) ele não é destinado a somente tratar de assuntos de Exu (èṣù), como alguns tolos entendem. 

O Owó-ẹyọ merin responderá qualquer questão que Exu (èṣù) se disponha a responder lembrando o aspecto universal de Exu (èṣù).

O seu uso não é complicado. 

A primeira coisa que temos que lembrar é que o divino nos rodeia. 

Não precisamos estar em uma “igreja”, numa capela ou terreiro para que as divindades nos respondam. 

Não precisamos de uma pai-de-santo para falar com o divino ou ele falar com a gente. 

Melhor ainda, se somos uma pessoa sintonizada com as divindades o divino vai estar sintonizado no nosso contexto.

Dessa maneira se a consulta aos búzios for feita em um contexto em que sabemos que vamos precisar dele, que nos concentramos nesse assunto ao longo do dia, que temos a sua necessidade, então o divino, Exu (èṣù), estará junto de nós e irá nos responder.


O que estou dizendo é uma coisa muito evidente quando se é de Ifá e quando se é um Babaláwo. 

Ifá é o Babaláwo, Ifá acompanha oBabaláwo onde ele esta. A vida de um Babaláwo é ser o mensageiro de Ifá, por isso eles esta sempre conectado e por isso ele tem os seus cuidados com sua vida.

É importante observar que para se usar um Oráculo a pessoa deve ter a intimidade e a confiança no seu uso. 

Ele deve saber que o oráculo responde para ele e isso se obtêm com prática. 

A pessoa tem que ter confiança no seu oráculo e nas resposta que recebe. 

Seja sim seja não, seja favorável ou não, a pessoa tem que acreditar no seu oráculo. Essa confiança se adquire usando o oráculo sempre que necessário e em qualquer situação. Com a interação você passa a entender como seu oráculo responde.

Para iniciar a consulta, deve-se estar no contexto para o qual nos preparamos 
previamente. 

Devemos Mojubar Exu (èṣù) para abrir o processo.

Após isso, a primeira consulta que fazemos é solicitar uma resposta confirmativa de que os búzios estão respondendo. 

Neste momento esperamos um SIM, uma confirmação que esta respondendo.

Depois disso segue-se com as perguntas que se quer fazer.

Não recomendo seguir sem estar confiante de que os búzios já estão respondendo. 

Veja, ao lado da prática, do hábito e da intimidade, deve-se ter a certeza da sintonia do momento.

Os búzios serão usados respondendo conforme sera explicado a seguir. Tudo pode ser perguntado. 

De coisas simples a complexas.

Um dos usos mais importantes, na minha opinião, para o Owó-ẹyọ merin é seu uso junto com o owó ẹyọ mẹ́rìndínlógún. 

Isso mesmo, os 4 búzios são usados em conjunto com o eerindinlogun. Eles servem de apoio para o sacerdote, o olhador. Como é isso?

Em função da consulta que estamos realizando, podemos ter alguma dúvida sobre o que vemos, podemos querer tirar dúvidas ou confirmar nosso entendimento. 

Nesse momento usamos os 4 búzios para responder nossas questões. 

Todos devemos entender que o próprio oráculo nos ensina a usá-lo e o Owó-ẹyọ merin é uma dessas maneiras. 

Não sabemos tudo e o oráculo nos da a oportunidade de aprendermos, nos aperfeiçoarmos e de não errarmos.

Usando um oráculo, só erra quem quer.

Mas, mesmo de forma solitária o Owó-ẹyọ merin é uma oráculo eficiente para através de Exu (èṣù) nós dialogarmos como divino e falarmos com os Orixá (òrìṣà). 

Com ele podemos prescindir de usar o eerindinlogun para muitas situações.

Mas, muitos devem perguntar, se o Owó-ẹyọ merin é tão flexível e útil porque é ignorado pelos Babalorixá (Bàbálórìṣà)? Simples, os Babalorixá (Bàbálórìṣà) não usam um oráculo. 

Eles usam sua mediunidade e vidência. Assim sempre vão usar o seu jogo de búzios. Se eles usassem de fato um oráculo fundamentado, teriam a preocupação do tipo de consulta fazer.

Um Babaláwo que usa Ifá sabe o que significa abrir Ifá para alguém, ou mesmo para eles mesmos. 

Assim eles lançam mão de outros instrumentos que não carregam o peso, a energia e a responsabilidade de abrir Ifá.

Em relação a forma de usar, os búzios são usados da mesma forma como os búzios do eerindinlogun. 

Existe um lado que é o aberto e outro que é o fechado. 

O lado aberto sempre é o lado da abertura natural do búzio. 

A interpretação é feita pela quantidade de búzios abertos.

Os búzios devem ser abertos no seu fundo para que fiquem estáveis. 

Não existe impedimento para se usar os búzios fechados para a consulta, mas, fechados eles ficam um pouco instáveis no seu uso, tendem a gerar dúvida no olhador em relação a caída. 

Abrir o seu fundo é uma medida normal.

Mas, para a interpretação, o lado aberto de um búzio é sempre o lado da sua abertura natural. 

O outro lado, aberto artificialmente será o lado fechado.

As respostas são analisadas pelos lados abertos e fechados de acordo com o código que explicarei à seguir. 

Contudo, a primeira coisa a aprender é como seu pergunta para o oráculo.

Muita gente se atrapalha no uso de oráculo porque não sabe como começar. 

E não se tratar aqui de saber que rezas fazer para abrir o oráculo. 

As pessoas se preocupam em descobrir que rezas fazer, quais são as invocações secretas que existem e esquecem o mais simples que é ter intimidade com o oráculo e saber como se pergunta a um oráculo.

A pergunta deve sempre ser na afirmativa. 

A pergunta deve ser feita a somente permitir como resposta SIM ou NÃO. 

A resposta SIM é o que se quer saber, não se faz a pergunta na negativa de modo que a resposta não signifique o que ser quer saber.

Por exemplo, uma pergunta correta é:

Eu vou para o Rio de janeiro?

A pergunta permite somente SIM ou NÃO. 

A resposta SIM é o que ser quer obter.

Uma pergunta errada é:

Eu não vou para o Rio de Janeiro?

Qual é o certo? SIM quer dizer o que? Que você não vai para o Rio de janeiro e NÃO que vou vai.... muito confuso.

Pergunta-se o que se quer saber. 

A pergunta deve ser simples e objetiva, sendo que a resposta SIM é o que ser quer obter, ou seja, nós estamos querendo receber uma reposta positiva.

Dominando a pergunta devemos seguir para entender como interpretar as respostas.

As Caídas
O O X X
2 búzios abertos e 2 fechados.

Significa SIM.

É a caída que representa o equilíbrio. 

Dessa maneira é um SIM definitivo, que diz que não haverá dificuldades para atingir a resposta desejada. 

Não haverão obstáculos ou dificuldades, o que se quer atingir será realizado com rapidez e de forma direta.

O O O O
4 búzios abertos.

Significa SIM.

É a caída que mostra que todas as condições são favoráveis, mas o quer atingir poderá ter dificuldades. Transtornos ou barreiras podem surgir.

Este tipo de SIM não é o mais desejado. 

Os 2 búzios abertos é a resposta mais positiva. 

Os 4 búzios representam o SIM mas trazem a tendência a uma dificuldade.

Dessa maneira 2 abertos sempre é melhor do que 4 abertos.

Mas em alguns momentos o jogo responde para você com esses 4 búzios como se coroando uma sequencia de coisas e se auto-confirmando. 

É muito interssante isso, é um momento onde se entende os 4 búzios como um sim completo, uma confirmação absoluta. 

Com o tempo se aprende a diferenciar os 2 tipos de SIM e os momentos em que são usados pelo oráculo.


X O O O
3 búzios abertos.

É uma caída complexa. 

Eu considero uma das mais importantes do oráculo porque é a única que nos traz resposta complexas.

Muitas pessoas erroneamente entendem que ela seja um SIM. 

Não é. 

Também não é uma dúvida que deve ser esclarecida com outra caída.

Esta caída quer dizer que o oráculo esta te dizendo:

Não entendi a pergunta: você não formulou adequadamente a sua pergunta ou esta confuso. 

O Oráculo diz que não sabe o que quer perguntar.

você já sabe a resposta: quando você pergunta algo que já sabe ele pode responder com essa caída.

eu já respondi a esta pergunta: quando você faz pela segunda vez uma pergunta que já fez.

esta faltando algo: quando estamos fazendo a confirmação de uma liturgia, devemos perguntar se podemos iniciar ou se esta tudo OK. 

Esta caída significa que ainda falta algo e então você deve iniciar perguntas para descobrir o que esta faltando.


X X X O
1 búzio aberto.
Significa, Não.

X X X X
4 búzios fechados.

Significa, Não. 

Mas pode também ser entendido que o oráculo não quer responder.

Assim se abrimos o oráculo e recebemos essa resposta pode ser que o oráculo não queira responder. 

Ou se fazemos uma pergunta sobre um assunto que o oráculo não quer responder esta pode ser a resposta. A pergunta seguinte deve ser se o oráculo irá responder perguntas sobre o assunto.

OROGBO


O orogbo é similar ao Obi porque é uma espécie de castanha, mas, não traz de fato toda a base conceitual do Obi. 

Tem um uso muito específico para consultas para Xango (Ṣàngó). 

A forma de interpretá-lo é exatamente da mesma forma como interpretando os 4 búzios, ele oferece as mesmas possibilidades de resposta.

O que devemos aprender é como se trabalha com o orogbo.

A castanha deve ser cortada. 

Ela não vem preparada para ser aberta como o Obi. 

Nas não retire a casa, Também não use os orogbos nacionais, use os africanos, os nacionais não servem para o oráculo.

A forma de usá-la é:
Cortar as 2 pontas da castanha, formando 2 calotas.

Essas partes devem ser jogadas primeiro. 

Na posição que caírem ela ficam, não serão mais movimentadas.

Corte o restante da favam, um cilindro, no meio transversalmente, formando 2 metades compridas.

Essas metades são jogadas e a leitura é feita de acordo com o código nos 4 búzios.

Se for necessariamente jogar de novo, pegue apenas essas 2 partes e jogue, pode fazer isso tanto quanto necessário.
Em relação as posições de aberto e fechado, a parte interna da castanha, a parte branca, será o aberto, e a parte da casa a parte fechada.

Existe algumas técnicas de como se manipula a castanha nas mãos antes de deixá-la cair, mas não vou descrever aqui. 

O cuidado é o básico, não jogar, apenas deixar cair e a superfície deve ser lisa e ampla o suficiente para as partes caírem e se posicionarem.

Por último, pessoas de Xango (Ṣàngó) podem, ou devem fazer isso tudo com a boca. Cortar a castanha e deixa-la cair.

O CARA (INHAME DO NORTE).

Todos conhecem a importãncia do cara na Africa. 

Esta raiz é especialmente dedicada a Oxagiyan e na Africa existem festivais para comemorar a sua colheita. 

Nesta situação especial a própria raiz é usada como instrumento de confirmação.

O seu uso é igual ao do Orogbo.  

Cortam-se as pontas, fazendo a calota e a parte central em sentido transversal, formando dessa maneira 4 partes.  

Usa-se como o Orogbo.  

  

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