CASA PODEROSA DOS FILHOS DE YEMANJÁ

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segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Outubro o mês de Ossanym: Ossain - Osaín Escrito por Okanbi / Omo Aggayú

Ossain - Osaín


Escrito por Okanbi / Omo Aggayú


A palavra Osaín significa conhecedor, médico, começo da vida e eternidade.

Isto é assim, porque ele é o espírito que vive em tudo que tem vida na terra e porque é o médico desta religião.

Ele é o dono de todas as plantas, ervas, animais de este mundo.

Não há nada de Santo se não passa pelos banhos de ewes (ervas) de Osaín.


Osain tem uma só perna, um só braço e um só olho.

Este espírito não é visível para nada, só a traves das suas plantas e animais, e numa só palavra, a vida na terra.

Ele se comunica com os seus filhos da terra mediante um guizo bem confeccionado e elaborado.

O asseguro a quem o receba ele falará e comunicará com ele, pois esta é a virtude de Osaín.

A pessoa que prepara Osaín é considerado Osainista e tem que ter um conhecimento muito amplo das plantas, ervas e insectos da terra. Se diz que Osaín é um caminho de Changó, por isso os filhos de Changó tem o ache para dar a Osaín.


Dia da semana…………Quinta-feira
Cores……………………Verde e rosa, ou amarelo, marron
Animais…………………..Pássaros
Domínio…………………..O axé das ervas
O que faz……………….Dá força curativa às ervas medicinais.
Quem é………………….O curandeiro, o mago dono da força das plantas.
Onde recebe oferendas…………..Na floresta
Saudação……………………………Euê ô !
Presentes predilectos……….Frutas, velas, suas comidas e bebidas.


Lendas
Desde garoto, Osaín gostava mais de ficar sozinho vagando pela floresta do que na companhia da família. Muito cedo, ele saiu de casa e foi morar no meio da floresta, onde se dedicou a estudar os poderes mágicos e medicinais das plantas. Depois de algum tempo, ele sabia tudo sobre o assunto e, quando alguém precisava de um remédio ou feitiço, recorria a ele. Mas ele guardava as folhas numa cabaça e não mostrava para ninguém. Os outros Orichas ficaram aborrecidos por dependerem dele. Decidiram fazer alguma coisa, e Iansã se dispôs a resolver o problema. Foi ao encontro de Ossain e fez soprar uma ventania que derrubou a cabaça e espalhou as folhas. Então, cada Orixá correu e pegou um pouco para si. Ossain só conseguiu guardar as mais secretas, mas continuou dono do poder mágico, e por isso todos têm de lhe pedir licença para usar as folhas.


Lendas (2)
Houve um rei que tinha três filhas muito bonitas. Quando elas chegaram à idade de casar, o rei disse que a mais velha casaria com quem adivinhasse o nome das três. Muitos pretendentes apareceram mas todos fracassaram; até que um dia chegou à cidade um rapaz que todos chamavam de Aroni, o aleijado, porque tinha uma só perna. O aleijado se apaixonou pela filha do rei e se apresentou como pretendente. O rei lhe deu um prazo de três dias. Passeando perto do palácio, o aleijado descobriu um arvoredo onde as princesas passeavam. Subiu num pé de obi e, quando elas apareceram, fingiu ser o deus da árvore e deu a cada uma noz de cola em troca delas dizerem seus nomes. No dia marcado, foi à presença do rei, matou a charada e casou com a princesa. Só então revelou que era Ossain, o deus das folhas.


Lendas (3)
Quando Osaín nasceu, os pais o deixaram nu. Por isso, ele cresceu cheio de ressentimento contra eles. Vivia mais na floresta que em casa, e assim aprendeu os segredos das folhas. Um dia, jogou um feitiço sobre o pai, que não conseguia respirar, e só o curou quando o pai lhe deu uma roupa e um gorro; e assim Ossain não precisou mais se vestir de folhas. Depois, jogou um feitiço na mãe, que ficou com dor de barriga; e só a curou quando ela lhe deu um pano listado. Quando teve um filho, Ossain teve medo de que ele o tratasse como ele tratara o pai; então, matou-o e fez um pó de seu corpo. Mais tarde, usou esse pó para curar o rei, que em recompensa o cobriu de honrarias.




Lendas (4)
Quando Osaín trabalhou para Olorum, recebeu a função de ajudante do adivinho Orumilá. Mas como ele sabia muito sobre ervas medicinais, não quis ser inferior ao outro. Para testá-los, Olorum resolveu enterrar os filhos dos dois por 7 dias; o que respondesse primeiro quando fosse chamado, venceria. Orumilá consultou Ifá, que o aconselhou a fazer oferendas a Exú. Orumilá obedeceu e Eshú mandou um coelho levar comida para Sacrifício (o filho de Orumilá) e Remédio, o filho de Ossain, usou seu poder mágico para falar com Sacrifício, a quem pediu comida; este lhe deu, com a condição de que Remédio não respondesse quando o chamassem. Ele assim fez e Orumilá venceu a prova. Em agradecimento, compartilhou o poder de adivinhação com Exú.


O Senhor das Folhas e das Ervas
Ossain é Orichá masculino de origem nagô (Iorubá) que, como Oxossi habita a floresta. É bastante respeitado e adorado na Venezuela e Brasil, recebendo diversos nomes como Ossânin, Ossonhe, Ossãe Ossanha, uma das formas mais populares. Por causa do som feminino é frequentemente confundido como figura feminina. É um Orixá cujos filhos são raros, bem menos numerosos do que Oggún, Changó ou Ochún. É Oricha da cor verde, do contacto mais íntimo com a natureza. As áreas consagradas a Ossâim não são os jardins cultivados de maneira tradicional, mas sim os recantos, onde só os sacerdotes podem entrar, nos quais as plantas crescem de maneira selvagem, quase sem controle. Orixá de grande significação, pois todos os rituais importantes utilizam o “sangue-escuro” que vem dos vegetais, seja em forma de amassis, infusões ou para uso de bebida ritualística. É comum dentro da Santaria existir um certo preconceito com dois Orichas que muitas vezes são esquecidos, mais existem, e se faz necessário o culto: Osaín e Ochumare. O primeiro está presente em todos os rituais através das folhas e o segundo presente em quase todos os rituais por ser o Orixá das cores e dos aromas.

Dois Orichas de grande valia dentro do culto da Santeria. Segundo lendas, Ossâim era o dono de todas as folhas e era necessário que os Orixás dependessem dele para obter certas folhas e certos sumos. Como os Orichas raramente se submetem a qualquer tipo de autoridade, a rebelião se fez e Oyá Iansã com seus ventos espalhou as folhas de Osaín, fazendo com que cada Oricha pegasse a sua de acordo com sua esfera de atribuições. Mas muitas ervas e plantas ainda continuam sob o domínio de Osaín, e mesmo as que hoje estão sob domínio dos outros Orichas, ainda necessitam de certas rezas e preceitos que só Ossâim conhece. Nesse contexto o poder de Osaín foi dividido, mas permanece paradoxalmente com ele, realçando outra característica do Panteão Africano: a dependência dos Orixás. Apesar de cada Orixá reinar sobre uma área específica do conhecimento e da actividade humana, acaba influindo genericamente sobre os domínios dos outros Orichas. Por isso um filho de Iansã deve manter boas relações espirituais com Osaín para poder realizar os trabalhos e obrigações devidos à própria Iansã ou a Eshú, como também deve invocar Oxum quando tiver problemas sexuais ou relativos a paternidade ou maternidade. Se cada ser humano é individualizado pela soma das características e presenças energéticas de seus próprios Orixás – o primeiro (eledá) e o segundo (ajuntó) Orixá, também troca energias com as outras fontes de Axé que regularizam e ditam as normas de seu relacionamento com outras áreas do conhecimento.


É a convivência dos diferentes, mas complementares, que viabiliza a mitologia dos Orichas e a existência do ser humano em sociedade. Não é Orixá das lutas, do fogo, dos grandes amores e das guerras incontroláveis. É Orixá da técnica, do uso das folhas que são empregadas quando necessárias, usadas de forma condutora da busca do equilíbrio energético, do contacto do homem com a sua divindade, que nada mais é do que a sua essência. Não faz parte das lendas de Osaín um número de relações familiares e sexuais de destaque, pois geralmente é apresentado como um ser solitário, vagando nebulosamente pela floresta e não habitando lar específico. Em algumas histórias é apresentado como uma figura de uma perna só. Em outras é chamado de Aroni, um anãozinho que como o saci pererê da mitologia, traz sempre na boca um cachimbo. Para alguns pesquisadores, a diferença existente entre Osaín e Omolu-Obaluaiê, seria de que um traz a doença e o outro traria a cura. Mas tal definição não é adequada já que Omulu-Obaluaiê também traz a cura. Classificar Ossâim como Orixá da medicina seria uma visão parcial de sua real potencialidade mítica. Ossâim seria aquele a quem se pede a ajuda para libertação de diferentes problemas, seja a doença, sejam os encantamentos. Asowuano (ou Omulu-Obaluaiê) é a quem se pede a cura, depois que ele mesmo muitas vezes envia a doença.


Outra diferença seria que Ossâim é mais invocado nas doenças e problemas individuais enquanto Asowuano é o que castiga socialmente, dizimando colheitas ou populações inteiras. Osaín seria também o curandeiro do ponto de vista da magia e dos encantamentos, enquanto Asowuano seria o curandeiro do ponto de vista das rezas e da manifestação de espíritos curadores que trabalhariam a seu mando. Como tantos outros magos, vive sozinho, em estreita e diária ligação com as plantas, com os pássaros com quem parece se comunicar, é misterioso e solitário ermitão.


O Arquétipo dos seus filhos


O arquétipo dos filhos de determinado Oricha, é um estudo profundo e que muitas das vezes não condiz com o que o Orixá apresenta. Vale lembrar que os Arquétipos são dados a essa ou aquela pessoa por características que são predominantes nos seus Orixás (eledá e ajuntó). Para facilitar o entendimento, geralmente o tipo físico é dado a partir do físico do Orixá (Ochún, Yemanjá – Predominância por gorduras localizadas e alguma tendência a engordar – Oggún, Ochosi – Pessoas esguias e ágeis que tem no pisar o silêncio dos guerreiros que se faz necessário para não afastar a vítima ou a presa). Do ponto de vista emocional e psicológico, Ochún e Yemanjá seriam pessoas mais controladas e menos dadas a rompantes e combates, como seria Oggún, Ochosi e Oyá Iansã. Changó seria a figura do homem velho que nem sempre resolve tudo a ferro e fogo. Mas essas características são contra balanceadas pelos ajuntós. Geralmente o Eledá ou Eleri (cabeça) traz alguma característica que muitas das vezes são acentuadas, desacentuadas ou mudadas pelas características do ajuntó. Portanto pode se ver uma filha de Yemanjá magra, visto que o ajuntó é Ochosi e vice-versa.


Os filhos de Osaín são aqueles que não permitem que suas simpatias e antipatias subjectivas e individuais intervenham em suas decisões ou influenciem as suas opiniões sobre pessoas e acontecimentos. Ossâim é reservado, pouco intervindo em questões que não lhe digam respeito. Não é introvertido, mas não se faz notar pela actividade social. Os filhos de Osaín são individualistas no sentido de não se preocuparem com o que acontece fora da sua esfera. São pessoas muito ligadas a religiosidade e pelos aspectos ritualistas. A ordem, os costumes, as tradições e os gestos marcados e repetitivos o fascinam. São pessoas meticulosas, nunca se deixando levar pela pressa ou pela ansiedade, pois é caprichoso. Por isso as profissões dos filhos de Osaín são aquelas que não requeiram pressa. São pessoas que não gostam de trabalhar em conjunto, há não ser quando somente o conjunto pode gerar o resultado esperado. Pela necessidade de isolamento e independência, os filhos de Osaín podem abraçar profissões artesanais, que exijam o trabalho lento e meticuloso, como um ritual que quando não feito de maneira correcta e meticulosa podem deitar tudo a perder.


Em termos físicos, são pessoas elegantes e esguias, mesmo quando tem como ajuntó Yemanjá ou Oxum. Não aparentam grande força física, mas detém uma grande energia reservada para uso quando necessário. Uma particularidade física muito comum são os cabelos lisos e compridos. São capazes de amar, mas não o tempo todo. O silêncio, porém, não pode ser entendido como sinónimo de falta de carinho: é apenas seu gosto pela ausência de sons, pois, quando há algum problema, ele dificilmente esconde seu ponto de vista.


O Culto ao Oricha
Assim como os Orixás das florestas, Osaín é adorado nas quintas-feiras, se bem que alguns santeiros apresentem seus dias de culto de maneira diferente. Como é um Oricha voltado ao culto em si e à religião como forma organizada de comunicação entre os homens e o sobrenatural, todos os seus ritos exigem muitos detalhes e inúmeros cuidados para não se quebrar as regras de como se colhe uma folha de uma árvore ou se arrumam os ingredientes para uma obrigação de Ossâim.


Em algumas áreas do Brasil, Ossâim é sintetizado em São Benedito, alguns zeladores e zeladoras dão a este Orixá o sincretismo de Santo Expedito, visto que o mesmo segura um ramo de folha em uma das mãos. Mas em geral é sintetizado na figura do Saci Pererê, figura mitológica que traduziria a função de encantado da mata, aquele que existe e ao mesmo tempo não. Sua filiação é Yemanjá e Obatalá (alguns historiadores dão Nanã e Obatalá), sua actuação seria na cura e na liturgia, suas cores variam de vermelho e azul, verde e branco e preto e amarelo (mais comum).


Okanbi
Com a bênção de Meu Pai Aggayú e Yemanjá


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