CASA PODEROSA DOS FILHOS DE YEMANJÁ

CASA PODEROSA DOS FILHOS DE YEMANJÁ

quarta-feira, 11 de setembro de 2013

O conflito iniciado-iniciador



Quando estava escrevendo o texto anterior, sobre o controle da prática da religião e também depois em um comentário do Erik, surgiu a questão das competências não realizadas de iniciador e iniciado. 

No momento do texto eu me desviei dessa questão senão ficaria um texto enorme, um assunto sem fim, mas o comentário posterior deu uma motivação adicional para fazer alguns comentários estruturados e não somente replicar a postagem.

No caso do Candomblé existem 2 regras que estão sendo negligenciadas e que trazem a causa para muitos os problemas ligados à necessidade de controlar a prática sem ética da religião. 

O mundo é complexo e longe de mim querer simplificar essa questão a apenas isso, mas, é um componente importante, ou uma causa raiz poderosa.

A primeira regra que esta sendo negligenciada é a falta de legitimidade de pessoas que estão abrindo casas. 

A maior parte das pessoas que são "donos" de casas abertas no Candomblé e mesmo na Umbanda, são pessoas que não foram legitimadas pelo divino, pelo seu Orixá para ser um babalorixá ou Iyalorixá.  

São pessoas que trocaram de casa para dar obrigação com outro que "desse" ou "anunciasse" esse direito que ela não receberia ou recebeu na sua casa original. Além disso existe o caso de muitos que nem a isso se deram o trabalho (de fato não faz muita diferença mesmo) e simplesmente abriram suas casas se autoproclamando babalorixá ou Iyalorixá.

Posso ainda citar um caso extremamete comum que afeta pessoas consideradas famosas, presentes em rádios, jornais e revistas do meio, que são as pessoas que nem iniciação fizeram. Saíram da Umbanda e foram "virando" do Candomblé e hoje se dizem e se comportam como se fossem de fato sacerdotes.

Claro que não estou comentado nenhuma novidade. E o objetivo desse texto não é ficar dando espaço a estas fofocas de beco, mas, apenas explicar o que e como isso acontece.

A formação no Candomblé é muito difícil e rígida. O correto é uma pessoa escolher com cuidado a casa onde vai se iniciar e escolher quem será o zelador do seu Orixá. Essa é a escolha de uma vida, ou melhor, deve ser a escolha de uma vida. Ninguém deve ser obrigado a tomar nenhuma decisão ou fazer uma escolha que não esteja completamente segura e confortável. 

Não deve haver pressa do iniciado ou pressão do iniciador para essa decisão. Este é um processo natural de escolha e não de falta de escolha.

Uma vez decidido a iniciação, a feitura, é um processo longo, caro e de muito sacrifício pessoal. Serão uns 35 dias dentro de uma casa, além de meses de preparação e 1 ano de dedicação ao que foi feito. 

O processo de feitura somente se encerra na obrigação de 1 ano e a vida religiosa obrigatoriamente ligada aquela casa por mais 6 anos.

A vida de um iniciado, um Iyawo, é muito difícil, muito dura. A pessoa abre mão de muitas facilidades e se submete a infindáveis regras. Mesmo depois de seu 1 ano, ser Iyawo é uma submissão à humildade. De fato a pessoa tem que nascer de novo após sua feitura, porque sua vida jamais será como antes. Seja por regras impostas seja pela própria mudança que a pessoa vai passar, do seu interior para o exterior.

Isso não é para qualquer um. Eu não consigo ver qualquer pessoa passando por todo esse processo com facilidade.

O período de Iyawo de um iniciado dura até seus 7 anos, mas, observe, não necessariamente de tempo cronológico. No Candomblé o tempo só é contado quando se "paga" os anos através de fazer as obrigações de 1, 3 e 7 anos.  

Se você cumpre o período mas não faz a obrigação, os anos não são contados e o seu ciclo se encerra. De fato o que importa não é o tempo e sim a obrigação. 

O ciclo somente se encerra quando se faz a obrigação de 7 anos que somente pode ser realizada, no mínimo, 7 anos depois da feitura.

Durante o período de Iyawo a pessoa não pode nada. Segue as regras e pouco aprende. Somente vai aprender o que observa, e isso exige discrição e interesse, ou o que participa sendo que sua participação nos ritos é muito restrita. 

O período de Iyawo é um período de sacrifício e de exercício da humildade. Eu admiro muito as pessoas que cumprem esses anos como devem ser.

Uma pessoa que entra em uma casa deve cumprir todo o seu período de Iyawo na mesma casa. Não se sai de uma casa para outra, dando uma obrigação com qualquer pessoa. As pessoas que fazem isso são ignorantes, ou devem ser de Umbanda, onde lá, na Umbanda não existe ligação enter o médium e a casa. No Candomblé, a feitura cria uma ligação eterna entre o iniciado e o iniciador, entre o Iyawo e o Babalorixá.  

Durante a feitura o axé da casa recebe o axé do iniciado e o iniciado recebe o axé da casa e do iniciador. 

No Ketu e nações que similares ou que o copiam essa ligação é visceral, mas isso já não é assim no Jeje porque o processo é diferente, contudo não sei nada de Jeje (o de verdade não essa coisa qualquer que temos aqui no Sudeste).

Não se tira "mão" de gente viva de nossa cabeça. 

O que uma pessoa faz pulando de uma casa para outra é sobrepor mão em sua cabeça e problemas também.

A primeira quebra de regra que tem ocorrido muito, são as pessoas que tomam decisões apressadas de se iniciar e mudam de casa.  

A decisão foi apressada inadequadamente por zeladores despreparados ou pela própria pessoa que decide sem ter informação ou influenciada por informações falsas e erradas ou mesmo por vaidade. 

Um zelador preparado não deixar isso acontecer, mas, nesse caso já estamos falando do segundo problema.

Mas, a pessoa depois de se iniciar "descobre" de repente que não gosta do zelador, ou que acha a casa é longe ou feia, ou que as demais pessoas da casa são antipáticas e implicam com ela.  Assim, fazem o que acham normal nesse nosso mundo onde todo mundo pode tudo, vão embora para outra casa.

Errado.
Não é assim.  
Se tivesse tido o mínimo de orientação iria aprender que isso não se faz, que não é o correto. Teria entendido de fato o que significa ser Iyawo ou o que significa a opção que fez de se iniciar em uma religião iniciática. Ela teria entendido o compromisso que estava assumindo e compreendendo de fato os vínculos eternos que iria estabelecer.

Todo mundo tem uma opinião, claro, baseado naquilo que aprendeu, que viu e viveu. A minha opinião é que uma vez feito esse vínculo ele esta estabelecido. Mudar de casa por um motivo fútil qualquer é apenas trazer problemas para sua vida. Existem motivos fortes que podem obrigar uma pessoa a sair de uma casa, principalmente ligados à relação da pessoa com o zelador e que tenham origem em falhas de ética e caráter muito sérias.

Mas as pessoas mudam por motivos fúteis, por não entenderem o que é hierarquia, por não entenderem o que é humildade, por não entenderem que não estão ali para terem vontades. 

Se uma pessoa sai e vai para outra casa eu entenderia que o normal seria primeiro o zelador dessa casa que recebe procurar o da anterior para saber o que aconteceu lá.  Ele deveria apurar os motivos que levou aquela pessoa a abandonar o lugar que escolheu para ser iniciado e onde tanto sacrificios passou. 

Acho que a vaidade de ser escolhido em detrimento de outra, como se fosse um melhor, é apenas uma coisa que significa burrice, estupidez. Se você não sabe que motivos levaram aquela pessoa a sair da casa anterior como pode presumir que isso não vai ocorrer na sua e você seja o próximo da lista.

Isto além de mais inteligente chama-se ÉTICA e RESPEITO. Não só pelo outro babalorixá como também pela religião. Significa também SERIEDADE.

Garanto que a taxa de movimentação de pessoas entre casas seria muito menor se as pessoas adotassem isso e mais, se verificassem as credenciais da pessoa que estão recebendo, considerando como credenciais se a pessoa tem as obrigações e o tempo que diz ter.

Também, a pessoa que recebe um Iyawo deveria raspá-lo de novo e submetê-lo aos ebós e rituais da sua casa para estabelecer o vínculo de axé. 

Não significa fazer uma pessoa de novo, porque não se nasce 2 vezes, mas, de internalizar a pessoa a nova casa transformando-o em um igual.

Também se isso fosse adotado, mais ainda reduziria o número de pessoas que trocam de casas.

As pessoas tem que entender que a relação iniciado-iniciador é pautada pela paciência, respeito e continuidade.

Mas nesse ponto podemos também falar da segunda regra que é quebrada que é a de fazer babalorixá e iyalorixá pessoas que não receberam esse cargo, esse Oye. 

Não se enganem, ser um Babalorixá é para poucos. Muitos serão os iyawo, menos serão os sacerdotes, os egbon, e pouquíssimos serão os Babalorixá e Iyalorixá.

Ter uma cargo não é um decisão pessoal. Ter uma casa ou a sua própria casa não é fruto da sua vontade e disponibilidade de recursos. 

O divino, Olodumare e os orixás não são burros. 

Eles sabem as pessoas que tem condições de terem uma casa e iniciarem outros.

As pessoas ignoram isso, seja por desconhecimento ou safadeza mesmo. Elas acham que automaticamente quando ela completar os seus 7 anos elas vão receber o seu Deka e ter a sua própria casa onde poderão fazer o que quiserem.

Errado.
Não é assim. 
O cargo é dado pelo Orixá e o zelador não deve dar esse direito a quem não o recebeu do divino.

Mas as pessoas são imorais.  Elas pagam para receber esse direito. Elas pagam para receberem obrigações que não tem direito.  Quando percebem que não vão receber esse cargo na casa que estão elas saem da casa, vão para outra e para outra até achar um meliante que de o direito a elas ou finja que dá esse direito.

Algumas são mais práticas, elas simplesmente somem e aparecem com a casa aberta como se tivessem recebido. 

É muito comum a pessoa se iniciar em uma cidade e abrir casa na outra. Ou tem aquelas que viajam para dar obrigação e voltam com cargo.  Mais comum ainda são as pessoas que se dizem Iyalorixá e não tem nenhum parente de religião conhecido ou por perto.

O arsenal de imoralidades é imenso. A pessoa se move de obrigação em obrigação de lugar em lugar para apagar o seu rastro e história, aliás a história que não tem.

Raros são as pessoa que podem dizer que foram iyawo os 7 anos qie deveriam,  que fizeram todas as suas obrigações, que somente tiveram 1 zelador, que sabem dizer toda a sua ascendência e essa poder ser verificada, ou seja, de pessoas vivas e localizáveis que podem confirmar quem aquela pessoa é.

Lembro que somente depois que a pessoa fez 7 anos é que ela começa a aprender de fato. Somente quando virar um egbon ela  tera a oportunidade de participar de rituais que nunca viu e seu aprendizado ainda vai ser arrastar por anos. Ninguém sai babalorixá ou iyalorixá com 7 anos.

Isso tudo ai deveria ser o normal.  Mas não o é.  Por isso é que eu digo que respeito muito aquelas pessoas que cumprem o que é correto.

Assim uma das grandes fontes dos problemas que existem hoje o qual gente despreparada e sem conhecimento atua como se fosse uma zelador é porque as pessoas não fazem o que é o certo. Somente 1/100 das casas que existem deveriam existir.

Não pode existir uma religião de uma casa por pessoa!

Os conflitos iniciado-iniciado começam com a falta de preparo do iniciador e continuam com a falta de maturidade do iniciado. Os iniciadores deveriam recusar iniciações de pessoas que eles julgassem incapazes de cumprir os seus anos, de se relacionar com  colegas e de se relacionar com ele próprio.

Tenho certeza que as pessoas que tem cargo legítimo, recebido do orixá, sabem fazer isso. 

As despreparadas não sabem cuidar nem delas mesmas.

Variedades de ebos



Ebo Etutu: sacrifício propiciatório de purificação para os falecidos ou um Orisa no período de iniciação. (carregado de elementos)
Ebo Iyònu: Sacrifício para transformar a Raiva, Ódio em Afeição ou obter os favores de um Orisa ou Ancestral.
Ebó-Opinodu: Sacrifício de alinhamento do Ori com o Odu pessoal.
Ebori; Sacrifício para Ori e o Orisha auxiliar.
Ebó-Eledá; Sacrificio de alinha mento e conexão direta com Deus (criador).
Ebo Alafia: Oferecimento de tranqüilidade.
Ebo Omisi: Banho de Expurgação com elementos adequados.
Ebó Omi-Eró: Banho propiciatório de apaziguamento.
Ebo Idamewa: Oferecimento de dízimos ou beneficência (voluntaria), também inclui comidas e banquetes.
Ebo Itasile: Oferecimentos com petições e libações cerimoniais para os Orixa ou Egun Epo Ópé: Oferecimento de Ações de Graças ou Agradecimento com toques de Ilú (tambores), oferendas de Adimu’s e festividade para Ori/Orisha.
Ebo Oresisun ou Sisun: Sacrifício ao fogo. A destruição do sacrifício por fogo constitui a separação de um estado passado para uma dimensão futura.
Ebo-Fifí: Sacrifício às ondas. Situação semelhante ao prévio com o elemento Água.
Ebo Ese: Sacrifício para quem cometeu um pecado, quer dizer desobediências, quebra de tabu.
Ebo Eni: Sacrifício de esteira.
Ebo Ate, Ebo katerun ou Ebo Atepon: Ebo realizado somente pelo Awo de orunmila.
Ebo Epile: Sacrifício de fundação, na finalidade de estruturar um Ile Ifá/Orisa, uma casa residencial ou comercio.
Ebo Todara; Sacrifício bem elaborado de forma bem arrumada e ornamentada, muito bonito e agradável aos olhos, para fins de abundancia e sucesso.
Ebó Pajé: Sacrifício específico para neutralizar Bruxaria agressiva, Feitiços de amarração feitos por mulher feiticeira.
Ebò Epepa: Sacrifício para neutralizar pragas (maldições).
Ebó nifé; Sacrifício para união e harmonia no matrimonio, geralmente é executado com micro incisões no Ori de ambos interessados.
Ebo Awedo; Sacrifício de purificação nas águas de um rio bem limpo.
Ebo Ikuda: Sacrifício para tirar uma pessoa das mãos da Morte (Ikú).
Ebo Agberepota: Sacrifício de proteção contra perversidades de Inimigos físicos ou sobrenaturais.
Ebo Aségbe; Sacrifício de proteção pessoal.
Ebo Itá; Sacrifício executado para Ogun e Osanyin no terceiro dia após uma iniciação de Yawo.
Ebò Ìrán; Sacrifício de defesa e ataque.
Ebò Èró Elegun; Sacrifício para acalmar alguém possuído por Orixas.
Ebo Dìde Abiku; Sacrifício para manter um Abiku na Terra (vivo) Ebò Tabi Ajé; Sacrifício para se tornar uma Iyami.
Ebò Nidosù; Sacrifício pra tornar pessoa um iniciado em Orisa.
Ebò Àwúre; Sacrifício para benefícios.
Ebo Ajeru; Sacrifício para conseguir melhorar as finanças.
Ebo Owonini; Sacrifício para atrair dinheiro.
Ebo Arimolé owo; Sacrifício enterrado para atrair dinheiro.
Ebo Afòran; Sacrifício pra escapar de processos na justiça.
Ebò Isègun Òta; Sacrifício pra vencer Inimigos.
Ebò Ìféran; Sacrifício para conquistar Amizade, atrair Amor, Afeição.
Ebò Irogun; Sacrifício para evitar Confusão, Guerras, Desordem.
Ebò Ayekuro; Sacrifício pra acabar com Azar.
Ebo Awórò; Sacrifício para chamar fregueses.
Ebò Ìfa Ènìyàn; Sacrifício para atrair clientes.
Ebo Ìtaja; Sacrifício para ter sucesso nas vendas em comercio.
Ebo Omobi; Sacrifício para obter fertilidade e filho.
Ebò Ipélaye; Sacrifício para longevidade.
Ebò Ajodarà; Sacrifício para ter Boa viagem.
Ebó-Gbéré; Sacrifício de Incisões para penetração do Ashé ou para proteção.


O que é um ẹbọ (ebó)?




O termo ẹbọ (ebó) tem pelo menos 2 significados. 

O primeiro quando é usado para denominar um processo de limpeza, chamado também de sacudimento por muitos. 

O segundo quando é usado genericamente para o ato de fazer uma oferenda e as vezes para a oferenda em si, não importando se esta oferenda é uma comida ou sangue, mas a expressão original - ẹbọ (ebó) – deveria significar as oferendas que requerem sangue. 

Atualmente é usada para nomear uma oferenda em geral.

O ẹbọ (ebó) é uma oferenda a ser feita para os ancestrais ou òrìṣà (Orixá) em agradecimento por bênção recebidas ou na intenção de resolver problemas ou obstáculos, abrir portas e oportunidades. 

Os itens normalmente se compõe de itens comestíveis como frutas frescas, Água, bebidas destiladas, mel e azeite. 

Além disso o ẹbọ (ebó) pode conter outros itens como dinheiro, roupas, búzios e ervas. 

Alguns tipos de ẹbọ (ebó) são colocados dentro de casa e outros devem ser colocados no tempo.

ẹbọ (ebó), é uma oferta ritual, é um forte elemento e o motivo final do processo de consulta ao oráculo. 

Ele tem uma função central no processo de consulta. 

O ritual de oferta consiste de uma liturgia elaborada com objetivo de apresentar uma comida e bebida através dos quais o homem manipulará e usará para intermediar com as divindades em seu próprio benefício. 

O relacionamento entre os seres humanos e as divindades é expressado e obtido através da execução de rituais e liturgias, e isso ocorre em qualquer religião sendo essa, a ritualização, a base da necessidade e existência das religiões uma vez que a sua razão é a ligação entre o homem e o divino. 

Os rituais e liturgias conectam o mundo físico ao mundo espiritual de forma a trazer harmonia e equilíbrio para o nosso dia a dia. 

A realização das liturgia e rituais através do ẹbọ (ebó) reordena e corrige o relacionamento entre a divindade e o homem trazendo o equilíbrio que se deseja. 

Segundo Abímbọ́lá (1994:106):

Todo conflito no cosmo Yorùbá pode ser eventualmente resolvido através do uso do ẹbọ (ebó). 

O sacrifício é a rama que traz a solução e tranquilidade ao universo e que ordena os problemas do dia a dia.

Quatro coisas são importantes para a eficácia de um ẹbọ (ebó). 

A primeira é o correto uso de cada elemento ritual que é especificado para o odù que foi revelado na consulta ao oráculo. 

Segundo, isto tem que ter objetivo e propósitos reais e sinceros. 

Terceiro, tem que ser espiritualmente tratado por sacerdotes.

Quarto, existe a necessidade de existir uma integração entre o sacerdote, o consulente e as forças espirituais que serão movimentadas para se obter o resultado desejado. 

Mais ainda, quando este relacionamento é próximo, as ervas, se forem necessárias, irão curar de fato.

Algumas vezes o ẹbọ (ebó) não virá na forma de uma oferenda física, mas sim através de regras de comportamento e proibições. 

Por exemplo, não frequentando alguns lugares, não consumindo determinado tipo de alimento, não fazendo determinado tipo de tarefa ou comportamento, adotando uma rotina de rezas, etc..

Uma parte muito importante de um ẹbọ (ebó) é se determinar a quantidade de tempo que ele vai ficar exposto e o local onde será colocado depois. 

Alguns Odú podem permitir colocar seu ẹbọ (ebó) em uma lixeira, mas normalmente algum lugar da natureza poderá ser a melhor escolha. 

Esta definição é parte do processo do oráculo.

Mas em relação a seu significado o mais importante é entender que o ẹbọ (ebó) é mais do que um conjunto de itens físicos. 

Ele é parte de um sistema de forças e energia que é movimentado no momento em que se inicia a consulta à Ifá, quando olódùmarè se utilizará de ọ̀rúnmìlà e de seus ministros, os òrìṣà (Orixá) e ancestrais, para poder mudar ou corrigir uma determinada situação, e neste processo, èṣù é o elemento transportador de energia, ou àṣẹ. 

Assim todo o conjunto espiritual que compõe os fundamentos da religião se movimentam através de uma simples consulta a Ifá, ou seja, um jogo de búzios.

Não podemos entender o significado de um ẹbọ (ebó) se não compreendermos este sistema metafísico que está envolvido e suas diversas engrenagens. 

O oráculo diagnostica e nos remedia através de odù que recebemos no ọpọ́n. 

O odù serve para nos indicar o que existe em torno de nós, como uma mensagem, e também para nos trazer a energia bruta que será manipulada para resolver o problema. 

O odù é assim como se fosse uma célula tronco que através do olhador, das rezas e encantamento e do ẹbọ (ebó) será manipulado para se resolver o problema do consulente.

Este é inclusive um dos motivos que se indica não manipular odù se não se tiver o conhecimento necessário. 

Pode-se estar trazendo para perto de sí uma energia bruta não lapidada que pode influenciar a pessoa, sua casa e família de forma negativa se não for adequadamente conduzida e transformada. 

Se fosse simples não haveria necessidade de todo o conhecimento, todas as cerimônias de iniciação e todo o tempo de aprendizado no qual o olhador se alinha com as forças metafísicas e supernaturais que vão ajudá-lo no seu trabalho. 

Eu considero que não é apenas teoria ou cerimônias de iniciação, é necessário prática para que as engrenagens metafísicas de alinhem e se adaptem à pessoa.

O conceito básico do uso do ẹbọ (ebó) é que temos um desequilibrio de energia e isto está afetando a nossa vida, assim precisamos corrigir o aṣẹ́ (axé) do consulente e isto é feito através do odù que recebemos e da energia que está contida em cada elemento do ẹbọ (ebó). 

Olódumàrè quando criou cada elemento na terra colocou nele um espírito ou uma energia metafísica que da a ele um propriedade especial. 

As folhas são elementos poderosos na acumulação dessas propriedades e por isso extremamente importantes ao uso que damos. 

Esta energia está então contida em cada elemento existente no aiyé e será extraída e manipulada através de um “operador” qualificado. 

Este operador empresta a esse processo o seu próprio aṣẹ́ (axé) que funcionando como uma “quintessência” irá retirar a energia própria de cada elemento do ẹbọ (ebó).

Seria muito simples se qualquer pessoa pudesse pegar um elemento “expreme-lo” e tirar dele a sua propriedade divina, como se tira o suco de uma fruta. 

As vezes isso pode ser assim e algumas pessoas tem o aṣẹ́ (axé) necessário para fazer isso e, por essa razão, é que algumas coisas funcionam quando feitos por uma pessoa e por outra não. O que eu penso é que esta propriedade divina, ou natural de cada elemento, não é um aṣẹ́ (axé) ainda no sentido que aṣẹ́ (axé) é a energia em movimento.

Quem tem o aṣẹ́ (axé) somos nós seres vivos e o nosso aṣẹ́ (axé) é necessário para retirar a propriedade de cada material. 

É claro que as plantas estão vivas e por isso mesmo tem aṣẹ́ (axé), isso é o que faz delas um componente tão importante e por isso que qualquer pessoa pode usar com bons resultados as ervas para fazer banhos. 

Independente do aṣẹ́ (axé) dessa própria pessoa as folhas quando usadas frescas tem o seu próprio aṣẹ́ (axé) que é assim transmitido para quem recebe o banho.

A liturgia de quinar as ervas com cânticos e encantamentos e feitos pelo próprio sacerdote é uma processo litúrgico mais forte porque diretamente está havendo manipulação, transferência e amplificação do aṣẹ́ (axé) do sacerdote através das folhas, que se soma ao aṣẹ́ (axé) das ervas fazendo fluir e acumular no banho de ervas preparado e encantado uma “bateria” viva de aṣẹ́ (axé).

O uso de elementos preparados, manipulados e cozidos é uma outra variação e, através desse processo alquímico, estamos manipulando, transformando, amplificando e canalizando as propriedades de todos os elementos envolvidos para o fim que desejamos. Mas, nesse caso de elementos preparados, as suas propriedades são estáticas, como um alimento comum. 

A “virtude” existe neles, mas será o aṣẹ́ (axé) do sacerdote que irá colocar isso em movimento retirando deles essa propriedade e fazendo-a funcionar na forma de energia dinâmica, ou seja aṣẹ́ (axé).

Neste momento estamos também colocando em movimento uma aṣẹ́ (axé) muito mais importante que é o das divindades, os òrìṣà (Orixá), que assistem o sacerdote e que irão se utilizar da propriedades desse elementos que estarão preparados para o uso através do seu aṣẹ́ (axé). Aqui então entramos na área onde devemos entender as especializações das divindades. 

Cada òriṣà tem afinidades com elementos e locais que faze parte do aiyé. O sacerdote deve conhecer essas afinidades para que possa se utilizar disso.

Desta forma ao usarmos o aṣẹ́ (axé) de uma divindade temos que conhecer os elementos que fazem parte de sua afinidade e a forma de serem preparados para a amplificação ou mesmo abertura de suas propriedades. 

A natureza e todo o aiyé é um repositório de energias metafísicas e o sacerdote deve, com um garimpeiro ou como um lavrador, procurar os locais onde ela aflora e se manifesta ou também cultivar locais onde estas energias se concentrarão. Um terreiro ou casa de santo é um local que é então preparado para acumular ou fazer aflorar a energia do aiyé e dos òrìṣà (Orixá). Dessa forma muitos ẹbọ (ebó) serão feitos na própria casa de santo. 

Em outros casos o sacerdote vai procurar o seu local de afloramento, circulação ou acumulação na própria natureza. Não se pode por exemplo ter a energia de uma praia dentro do terreiro, ou de uma estrada ou de uma encruzilhada, ou do alto de uma montanha, etc. .

É o conhecimento desse fundamentos que permite a um bom sacerdote ter os melhores e mais efetivos resultados. Uma pessoa com conhecimento e aṣẹ́ (axé) poderá amplificar as energias da natureza, dos elementos e dos òriṣà, obtendo os resultados mais efetivos. 

Os locais da natureza, o cuidado do sacerdote na manutenção do sei aṣẹ́ (axé) (pelas suas obrigações, observância de preceitos, afastamentos dos ewọ̀ do seu odù e òrìṣà (Orixá), as horas do dia e dias do mês (em função de horários e fase da lua mais apropriados) e as cantigas e encantamentos serão no seu conjunto e individualmente elementos que amplificarão a energia e por isso mesmo dão mais eficácia ao ẹbọ (ebó).

Não devemos esquecer que o ẹbọ (ebó) assim como qualquer processo litúrgico é um processo de troca e reposição de aṣẹ́ (axé) entre o sacerdote e o consulente. 

Um sacerdote deve ser um pessoa preparada para fazer essa troca, através de conhecimento, prática e obrigações. Também deve ser uma pessoa que se cuida e tem assim aṣẹ́ (axé) para dar ou aṣẹ́ (axé) bom para trocar.

Um sacerdote que se envolva com feitiçarias, que trabalhe com forças obscuras para atender pedidos sem ética de pessoas inescrupulosas, como ele, jamais vai ter algo bom para dar. 

Mesmo um sacerdote que se divida entre amarrações, separações e queimações e misericórdias mão pode ter algo de bom para dar. 

Para fazer os primeiros vai ter sempre junto de si energias e espíritos que precisam mais receber do que dar.

Não se deve ignorar pessoas que nasceram sob um signo ruim que carregam uma energia negativa, os que tem como seu diz mão buruku. 

Esses sempre vão estar querendo fazer algo para alguém mas nunca vão trazer solução, só mais problemas.

Assim o ẹbọ (ebó) é formado pelo conjunto de tudo isso que citei aqui. 

Elementos que contém virtudes divinas e mesmo aṣẹ́ (axé), como é o caso das folhas, da energia que está na natureza, do aṣẹ́ (axé) dos òrìṣà (Orixá) e do aṣẹ́ (axé) do próprio sacerdote, que ao longo de toda sua vida acumula não só conhecimento como também acumula aṣẹ́ (axé) para poder ser transmitido para que ele ajuda ou para retirar e ser amplificado pelos elementos que ele manipula. 

Não podemos esquecer que em todo este processo o Orí da pessoa foi o elemento ativo de comunicação e como uma divindade pessoal do consulente nada poderá ou ocorreu sem o seu consentimento.

Assim quando a pessoa e seu Orí se sentam no espaço sagrado do olhador de Ifá este irá invocar ọ̀rúnmìlà para que este como o ẹlẹ́rí ìpín, ou testemunho do compromisso entre o consulente e seu orí e olódùmarè, possa analisar a situação que está ocorrendo e avaliar se os problemas fazem parte do destino pessoal daquela pessoa ou não, são parte dos problemas de terra que podem ser eliminados ou amenizados. 

Neste momento ọ̀rúnmìlà é a boca através da qual falam o Orí, os òrìṣà (Orixá) e ancestrais do consulente e, sem dúvida nenhuma olódùmarè que sempre está presente em nossa vida.

O Odù contém ao mesmo tempo a mensagem e a solução do problema e tudo se faz através de energia e equilíbrio, mas sempre através das mãos das divindades que assistem a vida do consulente. 

Desta forma os elementos físicos que compõe o ẹbọ (ebó) trazem suas energias individuais e seu àṣẹ. 

O elementos físico será transmutado em energia que será utilizada como força a ser colocada em movimento por estas divindades para atuar na situação colocada.

Por fim eu gostaria de abordar uma mistificação ligada a ẹbọ (ebó). De nenhuma maneira ao fazermos um ẹbọ (ebó) estamos alimentando divindades ou espíritos. 

Estamos dando início a uma roda de energia que irá ser movimentada em benefício do próprio consulente, ou seja, estamos dando ignição a uma corrente do bem. 

Desta maneira tudo o que é colocado em um ẹbọ (ebó) desde a qualidade dos elementos até o carinho que isto é feito irá retornar para nós mesmos.

Uma divindade não necessita de comer, o seu nível de evolução espiritual a coloca em uma condição que elas existem para nos ajudar e não ao contrário, mas, não estamos no ọ̀run e sim no aiyé, desta maneira necessitamos transformar energia. 

Como todos sabemos energia não se cria do nada, se transforma a partir de uma fonte já existente. 

Por esta razão é que usamos o ẹbọ (ebó) como uma fonte de energia que será gerada para que o que necessitamos de aṣẹ possa ser obtido.

É ridícula a imagem que passam de que aquela comida vai agradar a algum òrìṣà (Orixá) e que ele assim comendo e bebendo vai se dispor a nos ajudar. 

É também ridícula a fala de que um espírito não nos ajuda porque não o ajudamos ou o alimentamos. 

Minha opinião é que este tipo de mistificação é a primeira coisa que deve ser esquecida por alguém que quer aprender algo.

Fazer santo: Quem, Quando e Como?




O momento do “chamado” é diferente para cada pessoa. 

Para alguns, uma doença difícil de ser curada, para outros, as dificuldades do próprio caminho; outros ainda, buscam fugir às religiões tradicionais por concluírem que muitas delas estão tão voltadas para o dia a dia dos homens e para os seus interesses imediatos que acabam por fugir à sua real finalidade: promover o encontro do ser com a Divindade, ampará-lo em suas dificuldades espirituais e consequentemente, também as materiais. 

Alguns ainda são provenientes de outras religiões ou filosofias espiritualistas; finalmente, existem aqueles que simplesmente são tocados pelo Orixá, fundo na própria alma.

A iniciação (feitura) propriamente dita acontece num período de reclusão que varia entre sete a dezassete dias (embora alguns lugares adoptem 21). 

Essa reclusão (recolhimento) ocorre nos Templos Religiosos conhecidos como Casas de Candomblé, em aposentos próprios para tal finalidade. 

Esse período é comparável à gestação na barriga da mãe; nesse aspecto, o aposento sagrado representa o ventre da própria mãe natureza. 

O neófito aprende os mistérios básicos das divindades e da Criação; os costumes da comunidade e os princípios que regulam as relações da família religiosa (hierarquia sacerdotal); as formas adequadas de comportamento nas cerimónias públicas e restritas. 

Conhecimentos acerca de seu próprio Orixá são-lhe ministrados: a maneira adequada de cultuá-lo, as suas proibições (ewò), as virtudes que deverão ser cultivadas e os vícios que deverão ser evitados para atrair influências benéficas e uma relação harmoniosa com a divindade pessoal.


Porquê “fazer santo”?




Conhecer a si mesmo: pressuposto básico para a realização pessoal em todos os níveis. Desde sua origem, o ser humano anseia pelo encontro com o Infinito. 

Essa busca incansável frequentemente provoca verdadeiras batalhas que são travadas no interior do indivíduo, acompanhadas por sentimentos de angústia, ansiedade, inconformismo ou até mesmo de desespero face ao desconhecido ou ao irremediável: as fatalidades e incertezas do amanhã, o ciclo da vida, a morte.

Todo o processo de Iniciação se destina à criação de ambiente propício ao tão sonhado encontro. 

A história da humanidade espelha essa incansável busca de respostas aos enigmas da vida: Quem sou eu? De onde venho? 

Para onde vou? 

A felicidade é perseguida por todos, sendo muitas vezes um desejo alimentado pela incerteza. 

E o ser humano continua a colocar a própria felicidade longe de si mesmo, em circunstâncias exteriores: dinheiro, posição, poder, fama, ou na dependência de outras pessoas: “Se ele – ou ela – me amar, serei feliz”. 

Há milhares de anos, o nativo do continente africano já tinha os mesmos anseios: conhecer o seu Deus, os mistérios do Universo, a origem da Vida. 

Olodumarê (o Criador), em sua Graça e Poder infinitos, permitiu-lhes conhecer a sabedoria do IFA (a revelação): a Criação do Universo e dos seres humanos, os princípios que regulam as relações entre Ilú Aiyé (a Terra) o Orún (mundo espiritual) e o conhecimento dos Orixás, divindades intermediárias entre Deus (Olodumarê) e os homens.

Desenvolveram-se rituais iniciáticos para os mistérios dos Orixás, como forma de realizar o sagrado em si mesmo, ou seja, permitir que o Deus Interior, na figura de um ancestral divino, desperte em cada indivíduo e estabeleça a ponte com o Cosmos, tão necessária à realização pessoal, tornando-o assim capaz de fazer escolhas mais acertadas e consequentes em relação à vida e aos semelhantes, na construção da própria felicidade. 

A compreensão clara de que o destino é uma possibilidade e não uma fatalidade é a base dessa realização. 

O conhecimento das forças que regem o Universo e a Vida nas suas mais variadas formas e meios de manifestação, bem como dos princípios que regulam essa interacção é o caminho da Iniciação. 

Depois da primeira parte deste tema, continuo agora com um pouco mais de informação sobre a Iniciação no Candomblé.

Brevemente, ainda voltando a este tema irei expor alguns detalhes importantes que completarão esta informação, e que certamente propiciarão um conhecimento mais profundo deste momento tão importante na vida de cada um que decide abraçar o Candomblé como sua Religião.

sexta-feira, 16 de agosto de 2013

Frekuen


Frekuen 

é um vodun feminino da família de Dan, assim como Iyewá é irmã gêmea de Bessen. 

Está ligada às águas, gosta de receber suas oferendas em nascentes de água nos altos das montanhas, seu encanto está todo contido na serpente albina de cor branca e amarela, afirmam os antigos que ela é a própria serpente. 

Diferente de sua irmã Iyewpa, Frekuen aceita cabeças de homens para incorporar. 

Ainda que raramente Iyewá é vista em casas de seguimento Ketú, já Frekuen jamais poderá ser iniciada em uma casa de Ketú. 

Trata-se de um vodun muito encantado, domina o arco-irís que fica em torno do Sol, tem forte ligação com Ajunssun. 

Suas cores são miçangas amarelas rajadas de verde.


Encantos de Ewá


Ewá 

é uma deusa da lagoa que tem o seu nome, é a irmã mais nova de Oxum e é quase tão bela quanto a irmã, Ewá rege o que é intocado e por conseqüência dos segredos. 

Segundo uma de suas lendas Ewá transformou-se num rio cristalino, de água potável para que seus filhos se livrassem da morte pela seda. 

Assim como Oxumarê, Ewá também rege as transformações, pois é considerada sua fêmea e por esta razão o acompanha sempre em sua jornada no ciclo das águas. 

Ewá é a cor branca oculta do Arco-íris.

Ela esta ligada às mutações dos vegetais e animais; ela esta ligada às mudanças e transformações, sejam bruscas ou lentas. 

Ewá é o desabrochar de um botão de rosa, ela é uma lagarta que se transforma em borboleta, ela é a água que vira gelo e o gelo que vira água.

 Ewá é a beleza contida naquilo que tem vida é o som que encanta, é a alegria, é a transformação do mal para o bem, enfim Ewá é a vida.

Quando olhamos para o céu e vemos as nuvens formando, às vezes, figuras de animais, de pessoas ou objetos, não nos importamos muito. Porém, ali está Ewá, evoluindo solta pelos céus, encantando e desenhando por cima do azul celeste do céu.

Uma Crisálida.

O nome Ewá em iorubá quer dizer beleza, tudo de Ewá deve ser belo, limpo e cuidado, pois assim ela gosta. 

Até seus filhos são em sua totalidade belos e atraentes, possuem dentro de si algo que atrai os olhos alheios, mesmo sem terem uma beleza exterior exagerada, surpreendem a quem for, são pessoas que chamam as atenções. 

Ewá é encantadora, é leve, é suave, é delicada, mas também pode ser a pior das divindades, austera, severa, onipotente e cruel.

Aspectos Gerais

Dia: Sábado

Data: 13 de dezembro

Metal: Ouro, prata e cobre.

Cor: Vermelho maravilha, coral e rosa

Comida: Banana inteira feita em azeite de dendê com farofa do mesmo azeite, feijão fradinho.

Símbolo: Ejô ( cobra ) e espada, Ofá (lança ou arpão), cabaça com cabo alongado enfeitado com palha da costa, palmeira de leque, espingarda.

Elementos: florestas, céu rosado, astros e estrelas, água de rios e lagoas.

Região da África: Mahi ou Egbado

Pedras: rubí e quartzo rosa

Folhas: Teteregun (cana do brejo), folha de Santa Luzia, Ojú Orô, Osibatá

Odú que rege: Obeogundá

Domínios: beleza, vidência (sensibilidade, sexto sentido), criatividade

Saudação: Ri Ro Ewá!!

Oriki de Ewá

Éjò Éjò Íyéwà

(cobra , cobra é Ewà)



Idòn Idòn Íyéwà

(cobra, cobra é Ewá)

Íyéwà ô

(salve Ewà)

Ósùmarè olowo gbanigbà

( salve Ossumarè dono das riquezas imensas)

Ósùmarè o njo nile

(Oxumarê está dançando em nossa casa)

Íyéwà yá mi Órìsà njo nile Ósùmarè

( minha mãe Orixá Ewà está dançando com Oxumarê em nossa casa)

Íyéwà ô

(salve Ewá)

Íyéwà Ibà re ô

(Ewá nós te saudamos)

Íyéwà mojubà

(Ewá meus respeitos)

Íyéwà ja mi, ko kerè, ko kerè

( nossa mãe Ewà não é pequena)

Orubatà!

( a imensa)


"Família Ungí"



"Família Ungí" - Sakpatá, Obaluayè, Kaviungo 

O grande Deus da morte e da vida, senhor das doenças e suas curas. Obaluayé é o senhor da Terra, é aquele que faz a terra tremer nos momentos de ira. 

Caminha sobre a Terra ajudando aos doentes pobres, que não tem condições de se tratarem com médicos. 

É um dos membros da família Ungí, filho mais velho de Nanà. Obaluayè está coligado ao corpo humano, doenças e suas curas em geral, já Omolú é responsável pela morte e pela vida. 

Existem contestações nesse sentido, dizendo que um é o velho e o outro é o novo, e que Omolú é o filho de Obaluayè. Porém, são Òrísàs distintos e ao mesmo se completam.

Obaluayè nasceu com o corpo coberto de chagas. Na África antiga existia uma tradição, onde mandava as mães que tivessem um filho doente deviam entregar na beira do mar. 

Carangueijos fizeram feridas pelo corpo da criança. Quando Iyemonjá veio à beira do mar buscar suas oferendas encontrou o menino com feridas, e o levou para criar, com talos de bananeira curou as chagas de Obaluayè. Depois de um tempo Iyemonjá quiz amostrar para sociedade o seu filho, preparou então uma grande festa, que ela batizou de Olubajé.

 Iyemonjá convidou a todos e fez uma linda mesa com a comida de todos os Òrísàs, exceto a comida de Sangò que se recusou a ir na festa, pois ficou com ciume de sua mãe ter criado Obaluayè, nascendo então desse ciume o mito de que Sangò e Obaluayè são inimigos. 

No dia da festa, Obaluayè não queria aparecer para o público, Ogún confeccionou um Asó Ikó (Roupa de palha) e assim Obaluayè apareceu. Ninguém ousou dançar com Obaluayè, somente Iyansà altiva e poderosa ousou dançou com Obaluayè, com seu tubrilhão de ventos abrilhantou ainda mais a dança levantando as palhas e mostrando para todos que Obaluayè estava com aquela roupa, apenas porque em seu olhos trazia a intensidade do Sol. 

Acabando a festa Obaluayé soube que muitas pessoas não quiseram ir à festa com medo de ser contagiado pelas suas chagas. 

Obaluayé levou seus guerreiros aos quatro cantos da Terra, as flechadas de seus guerreiros transformavam as pessoas em cegas, surdas ou mancas. Passou pela cidade Dahomé, quando perguntaram seu nome ele disse que era Sakpatá. 

Na Terra de Kongo Kaviungo, em Mahuíno Sakpatá Inon, em Ketú Sapanà, em Benin Sakpatuí, em Ijesà Terra de Òsún não entrava homem, Obaluayè se apresentou como médico e quando chegou no palácio de Òsún, Òsún se levantou do trono e perguntou quem é você? 

E, ele respondeu OBALUAYÈ, nesse momento toda a cidade de Ijesà tremeu, provando mais uma vez a força do grande rei Obaluayè. Obaluayè voltou à sua cidade de origem e lá seus fieis fizeram-lhe oferendas de Deburus, Obaluayé se acalmou e o país voltou à paz.

Obaluayè é um dos Òrísàs de maior expressão humana dentre todos os Òrísàs. 

Tem a propriedade de transformar a evolução humana a nível reencarnação. 

É um òrísà radical, para ele não existe meio termo. 

Domina o sofrimento da humanidade. 

Senhor que guarda os segredos da terra, é aquele que deu a Iyansà o poder sobre os mortos. 

Traz consigo um sàsàrá que representa as doenças e as cabaças penduradas representam as curas para todos os malês.

Os filhos de Obaluayé têm o dom da cura, e revelam-se grandes médicos, são pessoas que adoram papos trágicos, gostam de ajudar a todos que precisam.

Os anos se passaram e Obaluayé continua sendo um dos òrísás mais temidos, homenageado no mês de agosto, com as festas de Olubajé o grande banquete do rei. 

Obaluayè é aquele faz a terra tremer quando seu nome é pronunciado. Silêncio! Quem grita é o senhor que caminha sobre a Terra. 

As pessoas ao receberem a folha com a comida do Olubajé remexem  como se estivessem com nojo, esquecendo-se de que naquela folha, na aquelas comidas pode está a cura ou prevenção contra um câncer, contra problemas nos sistemas do corpo humano e até o livramento de uma morte antes da hora.


Oxumarê é um Orixá, equiparado ao Vodun Djeje Dan.



Oxumarê é o Orixá que representa a continuidade e permanência, costuma ser representado por uma serpente que morde a própria cauda. 

Oxumarê costuma ser, erroneamente, tratado como um Orixá andrógino, o que é totalmente errado, pois ele é totalmente masculino, existe sim uma Orixá equivalente a Oxumarê e que é feminina, trata-se de Ewá, que é sua fêmea.

É representado por uma cobra e por um arco-íris, e podendo ser considerado sendo esses mesmos dois símbolos. 

Suas funções não são muito fáceis de definir, pois são múltiplas. 

É o senhor do opostos, dos antônimos, do bem e do mal, do dia e da noite, do positivo e negativo, do macho e fêmea. 

Oxumarê é o símbolo da continuidade, e é representado com a serpente que morde a própria calda, formando um circuito fechado, um círculo. 

Ou seja, representa o que não tem fim, o que se regenera, o que se transforma. 

A troca da pele da cobra é um de seus simbolos permanentes.

É continuo, é o Orixá da tese e da antítese. 

Simboliza também a força vital do movimento, a ação da eterna transformação. 

É encarregado de produzir e dirigir forças que produzem o movimento. 

É o senhor de tudo que é alongado, dentre inúmeros que podemos pensar neste instante, o cordão umbilical é um dos principais exemplos.

É considerado ambivalente sexual, mas é do gênero masculino, em suas oferendas animais deve conter machos e fêmeas, fazendo conotação aos opostos que se unem e formam um todo.

Sustenta a Terra e a impede de desintegrar-se. 

É a riqueza e a fortuna. 

As pedras NANA ou AIGRY, denominam-se Dan Mi, e são consideradas os excrementos deixados por Oxumarê por onde ele passa. 

São pedras muito usadas por nobres e possuem uma cor azulada podendo ser consideradas Turquesas. 

Na antiguidade, esta cor somente poderia ser usada por reis ou por pessoas de muito poder aquisitivo, por ser um símbolo de nobreza.

Em seu transe, este Orixá é ornado com vários bradjas, que são grandes colares confeccionados completamente com búzios, o qual se parece com escamas de cobra. 

Quando Oxumarê dança faz soar um ruido semelhante ao guizo de uma cascavel, ou ao som que uma cobra faz ao se mover pelo chão.

Acredita-se que a função de Oxumarê não cabe apenas aos mortais mas aos Deuses também. 

Existe um itán que cita Dan sendo responsável pelo fornecimento de água nos espaços sagrados do Orun, ele recolhe a água na Terra e leva ao céu, depois de purificada, manda novamente em forma de chuva. 

Sendo o ato da chuva um fenômeno masculino, logo após vê-se o arco-íris, seu aspecto feminino. Oxumarê é o movimento circular de rotação da Terra e o movimento de translação desta ao redor do Sol.

Ósùnmáré a gbé órùn lì apà irà

(Oxumarê permanece no céu que ele atravessa com o braço)

Voduns confundidos com qualidades do Orixá Oxumarê

Dan - Vodum corresponde ao Orixá Iorubá Oxumarê, constitui uma qualidade deste último: é a cobra que participou da criação. 

É uma qualidade benéfica, ligada a chuva, à fertilidade de abundância; gosta de ovos e de azeite de dendê. Como tipo humano, é generoso e até perdulário.

Dangbé - Vodun mais velho que seria o pai de Dan; governa os movimentos dos astros. 

Menos agitado que Dan, possui uma grande intuição e pode ser um adivinho esperto.

Becém - dono do terreiro do Bogun, é Vodun veste-se de branco e leva uma espada. 

Becém é um nobre e generoso guerreiro, um tipo ambicioso, combativo, menos afetado e menos superficial que Dan. 

Aido Wedo, também é um Vodun tido como Oxumarê.

Azaunodor - é um Vodun tido como o príncipe de branco que reside no baobá, relacionado com os antepassados; come frutas e "leva tudo de dois".


Aspectos Gerais

DIA: Terça-feira

DATA: 24 de Agosto

METAL: Ouro e prata mesclados

CORES: Amarelo e verde (ou preto) e todas as cores do arco-íris

COMIDAS: Ovos cozidos com azeite-de-dendê, farinha de milho e camarão seco.

SÍMBOLOS: Ebiri, serpente, círculo, bradjá.

ELEMENTOS: Céu e terra

REGIÃO DA ÁFRICA: Mahi (no ex-Daomé)

PEDRA: Zirconita

FOLHAS: Folha de café, alfavaca-de-cobra, jibóia, oriri.

ODU QUE REGE: Obeogundá e Iká

DOMÍNIOS: Riqueza, vida longa, ciclos, movimentos constantes.

SAUDAÇÃO: Arô Boboi!!!

A saudação de Oxumarê pode ser traduzida como O importante que transporta, pois Arô é traduzido como pessoa importante, Bó é traduzido como suporta ou leva, Bò é traduzido como carrego e Yí pode ser traduzido como retorna.

Oriki de Oxumarê

Ósùnmáré A Gbe Orun Li Apa Ira

(Osumare permanece no Céu que ele atravessa com o braço)

Ile Libi Jin Ojo

(Ele faz a chuva cair na terra.)

O Pon Iyun Pon Nana

(Ele busca os corais, ele busca as contas nana )

O Fi Oro Kan Idawo Luku Wo

(Com uma palavra ele examina Luku)

O Se Li Oju Oba Ne

(Ele faz isso perante seu rei)

Oluwo Li Awa Rese Mesi Eko Ajaya

(Chefe a quem adoramos)

Baba Nwa Li Ode Ki Awa Gba Ki

(O pai vem ao pátio para que cresçamos e tenhamos vida)

A Pupo Bi Orun

(Ele é vasto como o céu)

Olobi Awa Je Kan Yo

(Senhor do Obi, basta a gente comer um deles para ficar satisfeito)

O De Igbo Kùn Bi Ojo

(Ele chega à floresta e faz barulho como se fosse a chuva)

Okó Ijoku Igbo Elu Ko Li Égùn

(Esposo de Ijo, a mata de anil não tem espinhos)

Okó Ijoku Dudu Oju E A Fi Wo Ran

(Esposo de Ijoku, que observa as coisas com seus olhos negro.)

Orin Oxumarê

Òsùmàré

Wàlé lé mo rí, Òsùmàré

Lé´ lé mo rí ó, ràbàtà

Lé´ lé mo rí

Òsùmàré

Ele está sobre a casa.

Eu vi , ele é imenso.

Ele está sobre a casa, é Oxumarê

Oxumaré está sobre a casa

Eu vi Oxumaré.

Aláàkòró lé èmi ó

Aláàkòró lé ìwo

Aláàkòró lé èmi ó

Aláàkòró lé ìwo

Òsùmàré ó ta kéré

Ta kéré ó ta kéré

Òsùmàré ó ta kéré

Ta kéré ó ta kéré

O Senhor do àkoró esta sobre mim.

O Senhor do àkoró sobre você.

O Deus do arco-íris movimenta-se

rapidamente.

Para diante, adiante , adiante.