CASA PODEROSA DOS FILHOS DE YEMANJÁ

CASA PODEROSA DOS FILHOS DE YEMANJÁ

sábado, 3 de janeiro de 2015

O livro não escrito



Nenhuma religião sem livros oficiais se difundiu tanto como a dos povos africanos. Veja como a tradição oral guardou e multiplicou a crença na mitologia dos orixás
por Texto Débora Sanches

A chegada de uma nova mãe-de-santo é anunciada com festa no terreiro de candomblé. Em meio a batuques e cânticos oferecidos aos orixás, a devota é presenteada com um jogo de búzios e um conjunto de elementos que simbolizam os fundamentos da crença. Depois de passar anos ouvindo ensinamentos dos mais velhos, entoando cânticos e preparando oferendas aos orixás, entre outros ritos, ela está pronta para passar adiante o que aprendeu. Mãe-de-santo, pai-de-santo, babalorixá, babalaô, nganga, mameta-de-inquice, alagbá, doné. Eles têm diferentes nomes, de acordo com a religião a que pertencem. Todos têm em comum a missão de transmitir, oralmente, de geração a geração, as crenças nascidas no continente africano e cultivadas, a partir do século 16, nas Américas. A escravidão espalhou os povos do continente pelo Novo Mundo. E, para onde eles foram, levaram na memória seu livro não escrito.

“Para os escravos, não se tratava apenas de uma religião mas de um jeito de interpretar o mundo. Mesmo com a diáspora, extratos dessa cultura permaneceram ligados à realidade dos negros”, diz Fernandez Portugal Filho, professor de antropologia das religiões Afro-brasileiras da Universidade de Havana, em Cuba. Nas senzalas, as histórias de lutas, perdas e glórias dos orixás eram justamente o que dava identidade aos negros violentados pelo exílio e maus-tratos. Em cada lugar, seus mitos dialogaram com culturas locais para formar novas religiões. Hoje, cerca de 100 milhões de pessoas compartilham essas crenças. Uma expansão única entre as religiões que nunca traduziram sua fé em palavras escritas.

Capítulos cantados
Talvez isso aconteça porque, apesar de a mitologia dos orixás ser transmitida oralmente, ela é uma espécie de livro imaginário. Segundo a história, Exu, o orixá mensageiro, teria percorrido as terras africanas para recolher todas as narrativas de vida possíveis e entregá-las a Ifá, o deus do oráculo, que as organizou em 16 capítulos. Cada um é subdividido em 16 partes, totalizando 256 lendas de orixás, em forma de poemas cantados. Cada conjunto de poemas, os versículos de Ifá (ou itans de Ifá), é conhecido como odu e descreve a vida e as atribuições de orixás e seus filhos. Tais lendas e deuses são compartilhados por diferentes povos africanos, inclusive inimigos. O reino Abomei, da nação jeje, que comercializou homens e mulheres iorubás com portugueses mercadores de escravos, reverenciavam os inquices, deuses semelhantes, com nomes diferentes. “As divindades africanas representam manifestações da natureza, com nomes diferentes de acordo com a região. O iorubá Xangô pode ser o vodum Badé ou o inquice Zaze. E Oyá pode ser o vodum Sobô ou o inquice Bamburucema”, diz o sociólogo Armando Vallado, da USP.

Em praticamente todos os lugares para onde vieram escravos negros, a mistura desses ritos e divindades misturaram-se com características regionais e tomaram diversas formas. A partir do século 19, surgiram crenças como o xangô, em Pernambuco, o tambor-de-mina, no Maranhão, e o batuque, no Rio Grande do Sul. No início do século 20, o candomblé se encontrou com o espiritismo francês, no Rio de Janeiro, e fez nascer a umbanda. Em Cuba, além da santeria, onde as vestimentas dos orixás lembram trajes ciganos e de colonizadores espanhóis, há o palo monte e o palo mayombe, formas de culto aos egunguns (espíritos ancestrais) de origem banto. As crenças se desdobraram no Brasil, em Cuba, no Haiti e em Trinidad e Tobago, mas o transe de possessão das divindades e a fé no jogo da adivinhação permaneceram como ponto comum dos ritos em cada local.

Segundo a mitologia, Ifá seria dono de todos os porquês dos acontecimentos na vida do ser humano e saberia como identificar e solucionar os problemas de cada um deles. E contam os africanos que Ifá teria deixado o dom do oráculo a todos os povos por onde passou, mudando apenas a maneira de cada nação manipular os amuletos que permitem fazer as previsões. Os jejes jogam as peças – que, além dos búzios, podem ser nozes de dendê – para a frente. Os nagôs, para trás. Os odus, os versículos do livro, são relacionados à vida de quem faz a consulta se revelam na posição em que eles caem. “No jogo de búzios, a combinação de 3 odus sintetiza a vida da pessoa, dando ênfase ao passado, presente ou futuro”, diz Portugal Filho. Aqui, os pais-de-santo preservaram apenas o nome dos odus, os orixás protagonistas de cada história, as previsões e os ebós (ou oferendas). “Os pais e mães-de-santo brasileiros simplificaram a leitura dos odus, tornando rápida e simples a formação dos sacerdotes”, diz Reginaldo Prandi, autor de Mitologia dos Orixás. Na África e em Cuba os babalaôs – conhecidos como pais do segredo – ainda memorizam meticulosamente cada história.

Os ritos de possessão são o outro elemento ritual transmitido com o “livro”, com algumas mudanças em cada rito. No candomblé, os orixás “pegam a cabeça” de um filho-de-santo – como se diz no terreiro quando eles incorporam em um devoto com o dom da mediunidade –, dançam ao som de batuques e cânticos, com movimentos que sinalizam suas qualidades. Iansã, por exemplo, é a deusa dos ventos e das tempestades e tem poder sobre o mundo dos vivos e dos mortos. Quando incorporada, empurra o ar com as mãos como quem quer espantar os eguns ou controlar os ventos. Nessa vertente, os orixás não conversam com seus devotos, ao contrário dos voduns do tambor-de-mina, que se expressam verbalmente e comem do banquete servido no terreiro. Na umbanda, os orixás nem chegam à Terra. Quem toma o corpo dos filhos-de-santo são guias espirituais, como os ancestrais pretos-velhos, caboclos e crianças, que visitam os humanos para levar seus pedidos e agradecimentos aos deuses e para trazer do mundo divino as bênçãos e os alertas.

A fala que muda e renova
Mesmo com o desenvolvimento da escrita nas civilizaçãos africanas e o contato com a língua de outras culturas, as religiões africanas continuaram sem livro. Até hoje só existem inúmeros livros etnográficos – surgidos a partir do século 19 – e registros nas cadernetas dos sacerdotes – que acabam servindo como consulta para os seguidores. Em Cuba, os babalaôs cultivaram o hábito de registrar os odus em suas libretas (cadernetas), anotações pessoais com mitos, interpretações e prescrições de sacrifícios. Os primeiros escritos desse tipo também são do século 19, e apareceram em pesquisas do padre Baudin, de 1884, e do coronel Ellis, de 1894, missionários europeus que levaram a escrita à África Ocidental, dando início à escolarização dos negros e à formação da primeira gramática iorubá, com listas de verbos e substantivos. O mais antigo registro brasileiro com divinizações de antigos babalaôs foi o do baiano Agenor Miranda Rocha, o mestre Agenor, datado de 1928. O curioso é que, ao mesmo tempo que guardam informações para a posteridade, quando essas coisas vão para o papel, muitas outras se perdem. “Toda a literatura sagrada tem que ser memorizada. E, quando se usa a escrita, perde-se a memória do que não está registrado”, diz Reginaldo Prandi.

Com o tempo, tanto a falta de uma versão escrita como a transcrição de alguns mitos para o papel mudou a forma da tradição. Ao longo do tempo, o jogo de adivinhação limitou-se a um segredo de iniciação na religião – a leitura dos búzios para quem ingressa no terreiro. Já os mitos se difundiram mais como manifestação popular do que como parte essencial do oráculo, no Brasil. “Como a mitologia iorubá é muito rica em símbolos e signos, teria gerado uma maleabilidade de ritos”, diz o sociólogo Vallado. 

Em Mitologia dos Orixás, Reginaldo Prandi compilou 301 mitos africanos e afro-americanos. Em cada um os orixás se multiplicam em vários, criando uma diversidade de devoções, cada qual com um repertório específico de ritos, cantos, danças, paramentos, cores, preferências alimentares, cujo sentido pode ser encontrado nos mitos. Essa flexibilidade que a tradição oral viabiliza e admite, no entanto, é justamente a fonte da riqueza e da resistência das religiões de origem africana. Isso e a fé dos velhos negros nos orixás e suas histórias, passadas adiante de pai para filho-de-santo, de sacerdote para discípulo.

A travessia dos orixás
O tráfico de escravos entre os séculos 16 e 19 foi determinante para a difusão das religiões de origem africana. Para os exilados, elas eram seu contato com o divino e a terra natal.
CARIBENHAS
Nas colônias espanholas de Cuba e no Haiti o sincretismo originou a santería e o vodun (“espírito”, no idioma fon). Na crença haitiana, bonecos são mensageiros entre homens e deuses. Mas os alfinetes são invenção de filmes americanos.
ORIGEM
Povos africanos de mais de 1000 etnias com relações de aliança e guerra fundem divindades de diferentes regiões. Desses mesmos lugares sairiam os escravos levados para a América.
CANBDOMBLÉ
O sincretismo do candomblé nasce na Bahia graças à proibição dos cultos africanos: forçados ao catolicismo, os escravos disfarçavam o culto aos orixás com imagens de santos. Em 1960, o fim da proibição difunde o culto no Brasil.
UMBANDA
No Rio de Janeiro, o contato com o espiritismo formou a umbanda, na década de 1920. Na nova religião, guias espirituais incorporados no terreiro, como o preto-velho e o caboclo, fazem a comunicação entre os devotos e os orixás.
DIÁSPORA
A partir do século 19, navios negreiros fizeram cerca de 35 mil viagens à América. A bordo, seguiram para o continente 12,5 milhões de africanos, principalmente dos povos iorubá e banto.

O panteão dos orixás
A vida e os poderes dos orixás, deuses da religião iorubá, são contados nos versículos de Ifá. Sua origem humana os faz imperfeitos, com desejos e defeitos
Oxalá
Chamado de Grande Orixá, é o criador do homem, senhor do princípio da vida, da respiração e do ar. Castigado por Exu por não lhe oferecer uma oferenda, bebeu muito e, bêbado, não pôde criar o mundo. Restou a ele criar os humanos. Ainda, embriagado, modelou seres distintos, dando origem à diversidade.
Exu
Mensageiro entre orixás e humanos, foi incumbido de receber numa encruzilhada os presentes das visitas de Oxalá, enquanto ele criava o homem. Por isso, ele não executa pedidos sem algo em troca. Tem personalidade vingativa, que o fez ser associado ao demônio cristão por missionários europeus.
Ogum
Deus da guerra e dos caminhos, da tecnologia e das oportunidades de realização pessoal. Dono do segredo da forja, que cria instrumentos mais resistentes para a agricultura e lanças para caçadores e guerreiros. Além da enxada, seu símbolos é a espada,que o fez ser ligado aos católicos santo Antônio e são Jorge.
Xangô
Governador da justiça, foi um dos primeiros reis da cidade de Oió, que dominou por muito tempo diversas cidades iorubanas. Geralmente, quem o incorpora usa uma coroa, demonstrando seu nobre posto. É o patrono das religiões dos orixás no Brasil e marido de Iansã, Obá e Oxum, deusas de rios africanos.
Iansã
Dirige o vento e as tempestades e é também deusa da sensualidade feminina. Seu nome quer dizer “mãe nove vezes” e, segundo o mito, precisou fazer uma oferenda para conseguir ter a prole. Mãe batalhadora, vendia dendê para sustentar os filhos. Outra lenda diz que teria sido uma princesa na cidade de Irá, em 1450 a.C.
Oxóssi
Orixá das florestas, de onde se retira o sustento. Na África, teria sido rei de Ketu, cuja população foi destruída pelos inimigos jejes. Por isso, sobreviveu apenas no Brasil,onde é padroeiro dos ketus. Incorporado, segura arco e flecha e dança como se estivesse caçando. Em alguns mitos também é irmão de Ogum.
Iemanjá
Senhora das águas, tem o culto ligado ao rio Níger, na África, onde também é celebrada entre as divindades femininas primordiais, donas do conhecimento e do feitiço. É mãe dos orixás porque ajudou a criar e povoar a Terra. Em sua festa, dia 2 de fevereiro, devotos oferecem flores e presentes ao mar.
Omulu
Senhor da peste e conhecedor de seus segredos e curas. Por ter no corpo as marcas da varíola, uma das doenças a que os escravos foram expostos, tem sincretismo com são Lázaro, cujo corpo também é coberto de chagas. Nos ritos, sacode o xaxará, feixe de palha com cabaças que guardam remédios.


A importancia do Ori



O ORI, segundo a cultura Yoruba, tem um papel importantíssimo na vida dos seguidores de Ifa. 

A palavra literal tem mais de um significado que pode ser entre eles, cabeça ou alcance máximo. Abstraindo, poderíamos considerar “elevação”.

No corpo humano o ORI tem dois papeis: o físico e o espiritual.  Se continuarmos abstraindo o significado da palavra, o nosso ORI físico poderia ser considerado: cérebro e mente, os olhos e a visão, o nariz e o olfato, o ouvido e a audição, a boca e as palavras.

O ORI espiritual representa nosso caráter e nosso destino. Uma pessoa pode vir a terra com um destino maravilhoso, mas se esta pessoa tem um mau caráter, seguramente seu destino será drasticamente comprometido. O caráter de uma pessoa pode ser mudado e mais que tudo, moldado. O destino, já é um pouco mais complicado.

Em Ifa, acreditamos que é possível  escolher e direcionar nosso próprio destino e fazemos isso através de respeitar e cultuar o nosso ORI.

O ORI é considerado o mais importante dos Orisas porque é o primeiro, está dentro de nós e é o aquele que nos conecta com o mundo espiritual. Em Ifa acreditamos que o  ORI nos guia e conduz pelos caminhos corretos, pois ele é responsável pela nossa conexão com o supremo.

É de fundamental importância rezar para ORI, pedir orientações para ORI, pedir principalmente sabedoria e bom caráter, pois através disso, alcançaremos aquilo que nos esta destinado e poderemos gozar de uma fortuna maior que é a plena felicidade.


Os Ensinamentos Básicos de IFÁ



IFÀ NOS ACONSELHA:

1º - ÒKÀNRÀN: não fazer mal a ninguém.

2º - ÉJÌ ÒKÒ: não sentir ódio nem destratar o outro.

3º - ETÁ ÒGÚNDÁ: não guardar sentimentos de vingança.

4º - ÌRÒSÙN: não fazer armadilhas nem caluniar.

5º – ÒSÉ: não invejar nada nem ninguém.

6º - ÒBÀRÀ: não mentir.

7º - ÒDÍ: não corromper nem se deixar ser corrompido.

8º - ÈJÌ ONÍLÈ: usar bem a cabeça neste mundo e respeitar os segredos 
alheios.

9º - ÒSÁ: não ser falso consigo ou ao próximo.

10º - ÒFÙN: não roubar, não jurar em falso nem amaldiçoar.

11º - ÒWÓNRÍN: não matar, não arruinar a vida de outros e ser grato ao bem que nos façam.

12º - ÈJÌLÁ SEBORÁ: evitar os escândalos e afastar-se de tragédias.

13º - ÈJÌ OLÓGBON: respeitar os mais velhos e ancestrais.

14º - ÌKÁ: não espalhar doenças, a corrupção e a maldade sobre o mundo.

15º - ÒGBENGÚNDÁ: respeitar a todos, as crianças, o pai e a mãe.

16º - ÀLÀÁFÍÀ: ouvindo estes conselhos não sentirá vergonha no dia que tiver que se apresentar perante (o Deus Supremo) Olódùmarè!

O homem acredita que nasceu só isto na maior parte do mundo civilizado, mas saibam que ha crenças e cientistas que afirmam que o homem evoluiu em sociedade, bandos, grupos ou tribos etc...

Este homem de origem primitiva, e ingênuo para nós amavam muito mais do que nós hoje, eles além de si mesmo amavam também os seus e respeitavam a natureza a sua volta em sua ignorância como muitos de nós descrevemos hoje. 

Este ser “porque não o chamo de homem” para não o ofendes, pois em sua ignorância assim dita por nós homens do saber estão condenando o lar que estes nos deixaram. 

Este que em seu pouco saber reconheceu que tudo neste planeta tem vida e toda esta possui um dono que nós atribuímos um nome “Deus” e eles possuíam muito mais carinho, pois além de acreditarem neste “Deus” pormenorizam esta vida abundante dos reinos animal, vegetal e mineral atribuindo donos para cada ser destes reinos e principalmente respeitando cada um deles. 

Então como podemos chamá-los de ignorantes e nós é que somos os sábios?

E nós que acreditamos nas crenças de matrizes africanas não podemos alegar ignorância, pois todo o nosso Culto é realizado com base na natureza utilizando desde os minerais (otás) Vegetais as (Éwés) folhas sagradas em chás e banhos purificadores e animais ofertados e depois de sacrificados e em oferendas que são rezadas para estes deuses a carne destes servem de alimento ao povo do Culto em celebração destes Deuses. 

A onde os cristão possuem a Tabua da Lei os deis mandamento nós temos os nossos Odús que nos ensinam um caminho de retidão a todos que querem respeitar a si e ao seu próximo Axé a todos.



Os mandamentos de Ifá Os ensinamentos sagrados de ética e moral



Os mandamentos de Ifá Os ensinamentos sagrados de ética e moral deixados por Ancestrais ao Sacerdócio Àburú Àboyé Àbosise.

HERANÇA MORAL COMPOSTA DE 16 MANDAMENTOS - TRANSMITIDOS ORALMENTE EM YORUBÁ.TIRADOS DE ANTIGOS E SECULARES LIVROS ESCRITOS EM CASTELHANO, DAS SOCIEDADES DE IFÁ EM CUBA.
OS 16 MANDAMENTOS DE IFÁ NASCEM DO ODU IKAFUN.
ITAN DO ODU IKAFUN

Quando os Maiores (os Irunmales), chegaram a Terra, fizeram todos os tipos de coisas erradas que foram avisados que não fizessem.

Então, começaram a morrer um atrás do outro e, desesperados, puseram-se a gritar e a acusar Orunmilá de os estar assassinando.

Orunmilá então, defendeu-se dizendo que não era ele que os estava matando.
Orunmilá disse que os maiores estavam morrendo porque não cumpriam os mandamentos de Ifá.

Então Orunmilá disse: “A habilidade de comportar-se com honra é obedecer aos mandamentos de Ifá, o que é de sua inteira responsabilidade. A habilidade de comportar-se com honra e obedecer aos mandamentos de Ifá é minha responsabilidade também”.

SENTENÇA: ENI DA ILE Á BÁ ILÉ LO.

1o. MANDAMENTO
• Esúrú: falar o que não sabe;
• O sacerdote não deve enganar ao seu semelhante dizendo e fazendo conhecimentos que não possui;
• Quem abusa da confiança do próximo, enganando-o e manipulando-o através da ignorância religiosa sofrerá graves conseqüências pelos seus atos, A natureza se incumbira de cobrar erros cometidos e isto se refletirá em sua descendência consangüínea e espiritual.

2o. MANDAMENTO
ELES AVISARAM AOS MAIORES QUE NÃO CHAMASSEM A TODOS DE ESÚRÚ (CHAMAR A TODOS DE ESURÚ É CONSIDERAR TODAS AS COISAS COMO CONTAS SAGRADAS).
• O sacerdote deve saber distinguir entre o ser profano e o ser sagrado, o ato profano e o ato sagrado, o objeto profano e o objeto sagrado;
• Chamar a todos de “esúrú” é admitir que todos tenham missão sacerdotal;
• Para ser sacerdote, são necessários inúmeros atributos morais, intelectuais, procedimentais e vocacionais;
• A simples iniciação de um ser profano, desprovido destes atributos básicos e essenciais, não o habilita como um sacerdote legítimo e legitimado;
• Cabe ao sacerdote iniciador escolher com muito critério aqueles que são realmente dignos do sacerdócio;

3o.MANDAMENTO
ELES AVISARAM QUE NÃO CHAMASSEM FORÇAS, DA FORMA ERRADA “ÓDIDÉ”.
• Os sacerdotes nunca devem desencaminhar as pessoas com maus conselhos e orientações erradas;
• Os sacerdotes não devem usar seu poder religioso para o mau, se assim o fizerem serão como “ódidé”, aves noturnas que se saciam de sangue e com o sacrifício de outros;
• A mais importante função do sacerdócio: orientar, conduzir ao caminho correto, ao encontro do “irê” (boa sorte) de acordo com seus odus e orixá de cabeça;

4o.MANDAMENTO
ELES AVISARAM QUE NÃO DISSESSEM QUE AS FOLHAS DE “ARABÁ” SÃO FOLHAS DA ÁRVORE DE “ORIRO”.
ORUNMILÁ É AQUELE QUE NOS OLHA COM AMOR, NÃO FAÇAMOS POR ONDE POSSA NOS OLHAR COM DESPREZO.
• Usar de artifícios e mentiras contra as pessoas inocentes e crédulas e de bom coração, provoca o descontentamento de Orunmilá e a conseqüente ira de Elegbara;
• Aquele que usa de meios escusos enganosos contra seus semelhantes, será culpado do crime de abuso de confiança;

5o. MANDAMENTO
ELES AVISARAM QUE NÃO DEVERIAM MERGULHAR FUNDO, AQUELES QUE AINDA NÃO SOUBESSEM NADAR.
O SABER É FUNDAMENTAL PARA QUEM QUER FAZER.
É NECESSÁRIO O PODER QUE SÓ A INICIAÇÃO OUTORGA
OLODUMARE NÃO DEU AO IGNORANTE O DIREITO DE APRENDER SEM ANTES TOMAR DE QUEM SABE A OBRIGAÇÃO DE ENSINAR
• O sacerdote não deve ostentar uma sabedoria que na verdade não possua;
• O saber é condição básica para que se possa saber;
• Tudo deve ser feito integralmente e com legitimidade total;
• Deve o sacerdote ensinar tudo o que sabe àqueles que o cercam e que Ele confie;
• O sacerdote deve buscar orientação em quem sabe;
• O sacerdote não deve ostentar o que não sabe;

6o. MANDAMENTO
ELES AVISAVAM QUE FOSSEM HUMILDES E NUNCA JAMAIS AGISSEM COM EGOÍSMO
HUMILDADE E DESPRENDIMENTO SÃO ATRIBUTOS INDISPENSÁVEIS DE UM VERDADEIRO SACERDOTE
• O sacerdote não deve ser vaidoso de seus poderes, mas consciente deles;
• O sacerdote existe para servir e não para ser servido;
• O sacerdote não pode ser como pavão, que exibe suas plumas e desperta a sua morte; a vaidade empobrece o sacerdócio.(odu ogundakete);
• O verdadeiro sacerdote não se preocupa em provar seu saber;
• O exibicionismo não é conduta de sacerdócio;

7o. MANDAMENTO
ELES AVISARAM QUE NÃO ENTRASSEM NA CASA DE UMA ARABÁ
(TÍTULO DAQUELE QUE RESGUARDA OS SEGREDOS DA CHEFATURA DE IFÁ), COM MÁ INTENÇÃO.
• A iniciação não pode ser realizada por interesses que não sejam idôneas;
• A intenção de um sacerdote é servir à humanidade, a Orunmilá e aos Orixás;
• Iniciação por status ou vaidade pessoal é profanar o sagrado e assim pagará com duras penas o sacrilégio;
• Ninguém adentra impunemente ao Igbodu Ifá;
• Iniciar alguém significa responsabilidade com o sagrado.

8o. MANDAMENTO
ELES AVISARAM QUE DEVERIAM USAR “EKODIDÉ” PARA LIMPAREM SEUS TRASEIROS.
OS SAGRADOS FUNDAMENTOS NÃO PODEM SER USADOS COM OBJETIVOS VÃOS.
• Os tabus devem ser integralmente observados sob pena de severas conseqüências;
• O sacerdote deve submeter-se às interdições impostas pelo seu odu pessoal, assim como aos tabus de seu Olori;
• Submissão ao culto e preceito é fundamental;
• A obediência total às orientações de Ifá conduz o homem à plenitude de bênçãos;
• Não se deve usar o sagrado de forma leviana;
• Não se deve usar o poder do axé para prejudicar ninguém e em nenhuma hipótese;
• Usar o sagrado para vantagens pessoais, principalmente financeiras será continuamente cobrado e responsabilizado por isto;

9o. MANDAMENTO
• O epô é um elemento muito sagrado; é o sangue vegetal.Há de ser muito limpo e puro;
• Tudo deve ser limpo: instrumentos, pessoas, ambientes;
• Os assentamentos devem ser muitos limpos;
• As atitudes e a honra devem ser limpas e puras;
• O sacerdote deve ser escrupuloso com tudo;
• Os instrumentos litúrgicos, seus assentamentos, seu corpo, suas atitudes e seu caráter hão de permanecer sempre limpos... Muito limpos
• Nenhum orixá admite a sujeira física ou moral;

10o. MANDAMENTO
ELES AVISARAM QUE NÃO DEVERIAM URINAR DENTRO DO AFÓ
AFÓ É O LOCAL ONDE SE FABRICA O EPÔ
• Tudo num rito e num ato deve ter limpeza e religiosidade;
• A comida deve ser muito limpa;
• A comida deve ser realizada com religiosidade;
• O silêncio é fundamental nos atos;
• Ensinar quem não sabe e quem sabe menos é uma obrigação sagrada;

11o. MANDAMENTO
ELES AVISARAM QUE NÃO SE DEVE RETIRAR A BENGALA DE UM CEGO.
• Os que mais sabem hão de ter o mais profundo respeito pelos que nada ou menos sabem;
• Ninguém poderá descaracterizar o que os outros sabem e acreditam;
• Abalar a fé de quem sabe pouco ou nada sabe é retirar sua bengala;
• A mais importante missão de um sacerdote é ensinar e orientar;
• Hão de ensinar com doçura, sutileza, humildade e paciência;
• O sacerdote é um mestre;

12o.MANDAMENTO
ELES AVISARAM QUE NÃO SE RETIRA UM BASTÃO DE UM ANCIÃO
BASTÃO: SÍMBOLO DAS EXPERIÊNCIAS ADQUERIDAS;
DEVE-SE RESPEITAR E TRATAR MUITO BEM OS MAIS VELHOS
• Respeito aos mais velhos é um dos principais fundamentos da religião;
• Reconhecimento de antiguidade é posto;
• Falta de respeito, atenção, deixa-lo sem proteção é retirar-lhe o bastão.
• Os novos hão de respeitar os velhos;
• Os velhos são como livros de sabedoria que devem ser lidos com paciência e carinho;
• Numa religião aonde o saber é transmitido oralmente deve-se preservar seus velhos;
• Saber é poder!

13o.MANDAMENTO
ELES AVISARAM QUE NÃO SE DEITASSEM COM A ESPOSA DE UM OGBONI
OGBONI : TÍTULO DE MASGISTRADO, JUIZ, PESSOA DGNA DE RESPEITO
• As autoridades devem ser respeitadas integralmente;
• O ogboni representa: autoridade e leis;
• O sacerdotes devem pautar sua vida de acordo com a lei dos homens e dos Orixás;
• As leis de Ifá devem ser respeitadas e nunca alteradas e manipuladas.

14o.MANDAMENTO
ELES AVISARAM QUE NUNCA SE DEITASSEM COM A ESPOSA DE UM AMIGO
• Os amigos devem ser respeitados e nunca traídos;
• A amizade entre as pessoas deve sempre ser fortalecida;
• O respeito e a ética devem existir;

15o.MANDAMENTO
ELES AVISARAM QUE NÃO SEMEASSEM DISCÓRDIAS RELIGIOSAS
• Não se deve usar a religião para a guerra e a separação entre os homens;
• A religião deve unir através de Olodumarê, Orunmilá e Orixás;
• Não se deve semear a desconfiança e inimizade entre as pessoas de axé;
• DEUS é um só e todos os homens são seus filhos, portanto irmãos;

16o.MANDAMENTO
ELES AVISARAM QUE NUNCA FALTASSEM COM O RESPEITO OU QUISESSEM DEITAR-SE COM A ESPOSA DE UM SACERDOTE
• Os adeptos devem respeitar-se mutuamente;
• Uma única palavra neste mandamento: ÉTICA.

Fonte: Projeto Grupo de Estudos
Babalorixá Flávio de Yansan


Orixá Ori


VI Poema de Ifá: Ajalá e a escolha de ÒRÍ

“KÓ SOOSA TÍÍ DANI GBÉ, LEYIN ENI ÒRÍ”
Nenhum Deus abençoa o homem, sem que sua cabeça o permita.

ESE ODÚ OGUNDA

(Tradução de um ESE de ORÍ)

Num jogo de Ifá, perguntaram a ÒRÚNMÌLÁ:

“- Quem seria capaz de nos levar ao Infinito? 

(infinito = caminho da vida da pessoa).

SANGO disse que quando chegasse a OYÓ e lhe dessem certas comidas, ele satisfeito voltaria à sua casa, abandonando a pessoa. 

Perguntaram o mesmo a OYÁ, e ela respondeu, que quando chegasse a qualquer cidade e lhe dessem certas comidas, ela satisfeita voltaria para casa.

Resumo: enquanto dermos comida ao nosso Orixá, ele nos cobre e depois recolhe.

Perguntaram de novo a IFÁ e ele respondeu que Òsàlà e ele respondeu que quando chegasse à cidade de Ifé, comesse, aí então ele ficaria satisfeito e voltaria para casa. 

Se nem Òsàlà é capaz de nos levar ao Infinito, então, quem é capaz?
Resposta: só Lebara.
Perguntaram a ÈSÙ: “- Se você caminhar, caminhar e chegar a Keto, e lhe derem 1 galo no dendê ? 

Ele respondeu: – Comia e quando estivesse satisfeito voltaria para minha casa. Voltaram e perguntaram de novo a Ifá:

“- Então, ninguém é capaz de nos levar ao Infinito? 

Quem será? 

Tal conhecimento, tal sabedoria, quem a tem?

IFÁ respondeu.

”- Somente o Orixá ÒRÍ é capaz de nos levar ao infinito, até o final de nossa vida.” Se uma pessoa morrer, despachamos tudo referente ao Orixá, mas, o que sempre ficou foi o ÒRÍ.

Conclusão: Mesmo se nosso òrìsà está bem, só ficará tudo bem se o nosso Òri estiver também. Primeiro damos comida a Òri no borí, e depois ao orixá. 

Não há orixá raspado errado, desde que o òri aceitou. 

Acima de nosso Orixá individual, está o nosso Òrì. 

Damos ao òrì cera (caroço de algodão), obi, água. 

Existem apenas 6 bichos para Òrì: pombo, peixe, pato, franga, galinha d’angola e o igbin; apenas um bicho vai ao ori, os outros serão colocados apenas na tigela. 

O ejé (sangue) de pombo branco, só se for muito importante, necessário, senão estaremos ofendendo Olodumare.


ÈLA



É: o princípio da ordem; aquele que mantém o mundo acertado e em ordem.

ÈLA veio para a terra no ODU de OBARA OYEKU.

O significado deste princípio primordial que se chama ÈLA é que, sem ele, nosso mundo seria um caos total.

A tradição oral nos passa que ÈLA é um princípio espiritual que não teve espaço para se tornar conhecido, pois foi dominado historicamente pelo aumento do número de divindades e senhores da cultura Yoruba.

Em função disso ÈLA não foi definido.

Na tradição oral existem muitos que dizem que ele "é um dos muitos nomes atribuídos à IFA (ORUNMILA), e é descrito como o principal entre eles " ou que " é o seu empregado de confiança". Essas afirmações tem um fundo de verdade e nós vamos ver porque.

Existe uma forte ligação entre ÈLA e ORUNMILA, pois se ÈLA é o princípio da ordem, da retificação de destinos infelizes, ORUNMILA precisa deste princípio para cumprir o seu papel de grande preservador da felicidade e retificador de destinos infelizes, uma vez que podemos dizer que ordem significa felicidade, harmonia, paz e desenvolvimento.

ÈLA é chamado de "aquele que mantém o mundo acertado". Assim, podemos até fazer uma reflexão no sentido de que ÈLA é um princípio primordial onde ORUNMILA tem a sua origem. Podemos afirmar, portanto, de forma inquestionável, que ÈLA é uma emanação direta de OLODUNMARE.

ÈLA é chamado pela tradição oral de ÈLA OMO OSIN - " ÈLA é o preferido de OSIN" - o que é OSIN ? Para o Yoruba, OSIN É O LÍDER DOS LÍDERES, ou seja, OLODUNMARE.

Vamos à criação. De acordo com a tradição, ORUNMILA desceu à terra para colaborar com ORISA-NLA nos afazeres de organizar a terra e colocar todas as coisa nos seus devidos lugares (ordem), logo, ÈLA seguramente estava presente.
Para ilustrar esse papel, vamos transcrever uma história do ODU ODI IWORI;

ÈLA Iwòri ni kì jéki aiyé ra 'jú;
Nigbati aiyé Oba-'lufe darú,
ÈLA Iwòrì l' o bá a tún aiyé rè se;
Nigbàti awon o-dà-'lè ìlú Akilà ba aiyé ìlu won jé,
ÈLA Iwòri l' o ba won tún u se;
Nigbati òsán d' òrun ni ilù Okèrèkèsè,
Ti aiyé ìlú nã di rúdurùdu
Ti awon awo ibè bà a tì,
ÈLA Iwòri l' o ba Olúyori Oba ibè tún u se;
Nigbàti élègbára bá nfé s' ori aiyé k' odò,
ÈLA Iwòri ni' ma dùdú ònà rè;
ÈLA Iwori kì' gb' owó,
ÈLA Iwòri ki' gb' obi,
On l' ó sì ntún ori ti kò sunwòn se.

Tradução;

ÈLA IWORI é quem salva o mundo da ruína
Quando o mundo de OBA LUFE tornou-se confuso
ÈLA IWORI é aquele que restaurou a ordem
Quando os depredadores de AKILA deterioram a cidade
ÈLA IWORI é aquele que acertou as coisas para o povo,
Quando o dia virou noite na cidade de OKEREKESE (Egito)
E os sábios do lugar foram desviados. ÈLA IWORI foi aquele que trouxe a
ajuda de OLUYORI, seu rei, como remédio,
Quando ELEGBARA planejou virar o mundo de cabeça para baixo,
ÈLA IWORI foi quem o obstruiu,
ÈLA IWORI não recebe dinheiro,
ÈLA IWORI não recebe OBI
Ainda é ele quem retifica destinos infelizes.

Se nós aceitarmos que ÈLA é um princípio primordial, que estava presente no início da criação, estando no mundo e preenchendo-o de bons trabalhos, estabelecendo a ordem e colocando as coisas em seus devidos lugares, poderemos dizer que em um determinado momento o homem de alguma forma acordou de seu estado de "letargia" em um mundo perfeito e sem atropelos e neste momento se rebelou contra ÈLA, creditando à ele a responsabilidade de ter retardado o crescimento do mundo e então o difamaram. 

Em função disso, conta a tradição que ÈLA se ofendeu e ascendeu aos céus através de um corda esticada. 

Foi somente assim que os habitantes do mundo perceberam que era realmente impossível viver sem ÈLA e assim, desde então, se tem rezado por suas bênçãos.

Vamos a outro verso:

ÈLA s' ogbó, s' ogbó
ÈLA s' ató, s' ató
O f' òdúndún s' Oba ewé
O f' Irosùn s' o sòrun rè;
O f' Okun s' Oba omi
O f' osa s' osòrun rè;
A-s' - èhin-wa a- s'-èhin-bò
Nwon ni ÈLA kò s' aiyé re;
ÈLA b' inu, o ta' kùn, o r' òrun;
Omo ar'-aiyé tún wá nkigbe:
ÈLA dèdèrè I' ó mã sòkalè wa gb' ùre.
ÈLA dèdèrè

Tradução

ÈLA realmente fez a velhice
ÈLA realmente fez a vida longa
Ele fez de ODUNDUN o rei das folhas
Ele fez de IROSSUN o seu sacerdote.
Ele fez do oceano o rei das águas.
Depois de tudo, e ao final,
Eles pronunciaram que ÈLA havia conduzido o mundo pelo caminho certo.
ÈLA se ofendeu, ele estendeu uma corda e subiu ao céu.
Os habitantes do mundo mudaram de opinião e passaram a chamá-lo.
ÈLA, volte a nos abençoar
ÈLA, volte!.

Nessa linha ÈLA é referenciado como um libertador. 

Neste papel aparece a sua ligação com ESU. É sabido que ESU é a dinâmica de todas as coisas, instaura a desorganização geradora de uma nova ordem, num processo contínuo de desenvolvimento do mundo, a dinâmica que faz o mundo andar. 

Se considerarmos que ÈLA é o princípio da ordem e ESU provoca a desordem e se em algum momento imaginassemos que a desordem provocada por ESU levasse ao caos, somente a interferência de ÈLA como princípio poderia garantir uma nova ordem. 

Desse modo, podemos dizer que ÈLA trabalha juntamente com ESU, especificamente na tarefa de restabelecimento do equilíbrio.

ÈLA como princípio é de suma importância na vida dos sacerdotes em nossa religião, pois o papel dos sacerdotes é manter e instaurar a ordem. 

como isso poderia ser feito sem a interferência de ÈLA?

Vamos à uma outra consideração: Realizar ÈLA significa carregar ISI. 

O que vem a ser isso. 

Vamos contar duas histórias para depois tentarmos concluir essa afirmação.

Existia uma localidade onde os reis não duravam mais de três anos e então eram substituídos - o próximo morreria antes de três anos e assim  sucessivamente. 

A família de onde esses reis eram oriundos era muito rica e o poder era algo extremamente cobiçado, mas o fato da morte prematura era um empecilho para que eles quisessem se tornar reis.

Foram consultar ORUNMILA e no jogo apareceu o ODU OGUNDA OFU, significando que todos os reis tem um ORISA ao qual devem saber cultuar antes que lhes seja entregue o OPA.

Uma outra história trata de um Rei que num determinado tempo teve suas esposas (6), seus filhos e servos (7) contra ele; suas esposas não queriam mais se relacionar com ele; seus filhos voltaram as costas para ele, bem como seus servos. 

O rei revoltou-se e, munido de seu Opa e de uma espada, saiu à procura deles, que haviam fugido.

O rei então falou que eles deveriam carregar ISI, sem o que não seriam perdoados. 

Os filhos então pegaram 4 inhames e ofereceram para o Rei (que era o próprio ORUNMILA). 

Prepararam o inhame e o levaram para o Rei, carregando-o na cabeça.

O rei então disse que precisaria matar um deles; os filhos responderam que eles haviam feito o que ele havia pedido. 

O rei perguntou se era ISI macho ou fêmea. 

Eles responderam que era ISI feminino.

Ele ouviu e não soltou o Opa e a espada. 

Eles pediram três vezes que ele os soltasse. 

O rei então respondeu:

"Onde vocês ouviram que esposas, servos e filhos não fizessem o que o Rei quer ?"
"Assim, antes que eu largue o Opa e a espada, vocês tem que prometer carregar ISI sempre. Só assim eu os perdôo."

ISI significa carrego de submissão e homenagem. 

Ou seja, curvar-se diante do sagrado, do superior, do maior.

Para se falar em ordem temos que falar em respeito e homenagem, em submissão à um princípio maior que nos proporcionará a felicidade. 

Aprender que antes de tudo devemos agradecer, louvar e cultuar.

ÈLA, por fim, é sempre invocado durante os cultos para que venha e abençoe os oferecimentos, tornando-os aceitáveis. 

ÈLA também é denominado como o princípio que inspira a aceitação de alguns sacrifícios; que inspira o culto correto e é por ele que a vida tem sido oferecida.


ORUNMILÁ –“ O senhor dos destinos dos homens “



É seu direito por nascimento ser feliz, ter sucesso e realização”

1 - Seu Nome É a contração:

- orun l‘ o mo ati la

(somente o céu conhece o significado da salvação)

- Orun mo ola

(somente o céu pode efetivar a entrega)

Seu nome já é um indicador do papel desta divindade junto à humanidade.

2- Características

- É Ele quem mostra aos homens os caminhos para o encontro com seu próprio ori (condição esta que leva a um estado total de harmonia, gerando assim no indivíduo o equilíbrio/organização);

- O equilíbrio gerado pelo encontro do homem com seu ori, proporcionado por Orunmilá, não é estático, mas sim um processo dinâmico onde ordem e desordem se alternam em perfeita harmonia;

- Idéia de salvação: traz a impressão que Orunmilá desceria ao aiyê na forma de humano e através de seus ensinamentos traria a salvação.

- Sua vinda ao aiyê é relatada em mitos;

- Orunmilá está presente desde os primórdios da existência e da criação do universo e dos homens;

- Sua sabedoria pode ser revelada e conhecida através do processo de adivinhação – oráculos;

- Para poder cumprir seu papel foi lhe concedido uma especial sabedoria que é enviada aos homens (via oráculos), por escrituras sagradas chamadas de itan;

- Os itans são versos e só têm força espiritual se aclamados no idioma yorubá;

- Divindade da sabedoria: ogbon (agban);

do conhecimento: ìmò

e da ordem: elà;

- Senhor testemunho da vinda dos homens ao aiyê;

- Está em toda parte do mundo acompanhando o cumprimento dos caminhos dos homens, caminhos estes dados no momento do nascimento;

- Interventor – junto a Oludunmarê – das alterações dos caminhos dos homens: para manter ou retificar uma situação;

Okitibiri a pa ojo iku da

(o grande alterador, o que altera até a data da morte).

- Juntamente com Olodunmarê é o juiz/avaliador do cumprimento ou não dos caminhos assumidos pelo homem ao nascer.

- Advoga junto a Olorun;

- Conhece todo o passado, o presente e o futuro e por isso é conhecido comoElerin Ipin (a testemunha do destino);

- É Orunmilá quem assiste e entrega do kadara ou ipin – (carmas e provações), doori inu, dos odus, do iponri (força ancestral), do Orixá, dados aos homens por Olorun.

Alàtùúnse aiyê

(aquele que coloca o mundo em ordem)

3- Sua Posição

- Ministro de Olodunmarê na terra, para os Yorubás;

- Um conselheiro;

- Possui a incumbência de ditar novos caminhos para reposição de axé perdido - oferendas

- Desta forma é o agente da benevolência de Olorun para com os homens;

- Conhece tudo sobre as outras divindades bem como todo o destino da humanidade;

- Está presente na criação e no culto dos oris;

- Senhor que conhece a essência de cada ori;



4- Oráculos

- Grande parte de sua sabedoria e ensinamentos está reunido e é extraído dos oráculos, através de Ifá;

- O sistema de oráculos de Ifá é composto pelos odus – força cósmica, corpus ou energia - liberada por Olodunmarê;

- Os oráculos mais conhecidos são: opelé ifá e merindilogum (jogo de búzios);

- Orunmilá é a divindade encarregada de indicar caminhos e soluções, para que a ordem seja mantida;

- Ifá é a divindade utilizada por Orunmilá para que seja feita a comunicação do orun com os homens. É o patrono dos oráculos. O não cumprimento de uma determinação extraída dos oráculos e vinda de Ifá é contestar e desobedecer Orunmilá;



5- Aspecto e Moradia

- Orixá funfun;

- Habita a sala da advinhação no orun, no imenso palácio de paredes brancas e transparentes, todo ornamentado de alabastro. Ao redor do palácio um bosque com todas as espécies vegetais e animais (dóceis e pacíficos), rios de água pura como cristal que caindo em cachoeira formam piscinas de água natural, onde Ele costuma banhar-se;

- Veste-se com panos brancos que lhe cobrem somente a parte de baixo da cintura. Usa filá e iroke na mão – um bastão de marfim símbolo de sua sabedoria.

- Ornamenta-se sempre com um fio verde/marron;

- Saudação: Aboru Boxexe o!

- Não roda na cabeça de iyawôs;

- Seu culto é exclusivo dos homens, bem como seus iniciados, que recebem o nome de babalawô – (pai dos segredos); e as mulheres são suas Apetebi, no qual tem grande importância dentro do culto de Ifá.

6 - Portal

- Na mitologia africana existe um portal de comunicação entre o orun e o aiyê – seu nome àkàsó;

- Seu guardião é Onibodê;

- Nele Orunmilá acompanha a passagem do orun para o aiyê do egun que vai voltar para a vida no aiyê;

- A passagem é marcada pelo diálogo entre Onibodê e o Egun confirmando todo o axé a ele dado por Olorun- nascimento

- Todo este processo é assistido e testemunhado por Orunmilá;


7- Conclusões

A - O povo yorubá aceita a tese de que Olodumarê – apesar de ser o supremo Deus, gerou outros Deuses para o auxiliar na difícil tarefa de administrar o aiyê e o orun com seus habitantes;

B - Este pressuposto caracteriza a descentralização do poder supremo – muito diferente do Deus branco que é o único, centralizador, punitivo e absoluto;

C - Na teologia yorubá existe uma divindade responsável pelo distino dos homens, seu cumprimento, suas alterações, e reparos através dos oráculos- Orunmilá;

D- O candomblé é um culto monoteísta, pois possui um único Deus supremo gerador de todo o axé.

E- No culto jeje-nagô as oferendas ou obrigações são formas de ajuste ou reconquista do axé perdido durante as dificuldades e erros na vida.

F- Orunmilá é o Orixá determinado por Olodumarê em autorizar a realização de obrigações/oferendas como fonte de reposição de axé.

G - Na ideologia yorubá o homem deve seguir o destino traçado por Olodumarê, testemunhado e consagrado por Orunmilá, mas este destino não é um caminho fixo e inalterável. Ele é flexível e alterável, pois as buscas de axé através de Ifá, das obrigações e oferendas podem modificar os rumos do destino imposto inicialmente.

H - O homem que aperfeiçoa seu destino através da prática dos mandamentos do culto de Orixá, além de conseguir a prosperidade e a felicidade, se tornará um ancestral.


Pesquisa realizada pelo projeto “Grupo de Estudos”


A FÉ PERANTE BABA ORUNMILA E IFÁ



Ter fé é se entregar psicologicamente usando o seu cristalino do seu sêr por inteiro e sem medo, é o que devemos fazer em todos os nossos projetos, em toda nossa vida, mesmo que possamos cair, mas que a certeza que demos o nosso melhor faz com que cada pedra em nosso caminho seja um instrumento de nossa vitória, que cada batalha travada seja um degrau para subirmos rumo ao nosso maior destino que é o Orun, nossa verdadeira Casa.

Sempre será perseguido aquele que luta, aquele que tem fé, porque toda plantação esta sujeita a encarar as tempestades, as perdas, mas quando se cuida com amor, nenhuma perda é em vão, porque fazemos com que aquela derrota se torna terreno fértil com nossas tristezas e lágrimas que irrigam nossos corações fazendo com que toda semente seja plantada com todo cuidado para que possa vingar., brotar  e dar bons frutos.

A força da fé faz com que acreditamos feito crianças  que nosso pai vai nos pegar quando nos estende os braços, ou quando estamos aprendendo a andar de bicicleta e nosso pai esta correndo atrás e de repente nos solta sem percebemos, nos dando segurança, e assim somos nós com nossa fé, quando acreditamos que podemos ir avante vencer qualquer batalha, desde que seja para o nosso bem e de todos que nos cerca.

Nenhuma morte se torna em vão quando se tem fé, quando acreditamos que fizemos a nossa parte em prol do sócio politico e religioso de nossa comunidade onde nossos braços foram fortes em conduzir todos os objetivos em “IRE”  para com aqueles que nos procurara.

Porém não deixamos de sofrer com nossas dores, e vamos de cabeça erguida seguir nossos destinos pois sabemos que o sofrimento é somente a certeza de nossa vitória, a vitória bem vivida só tem valor com a batalha bem travada, e assim realmente estaremos certo de que tudo que caminhamos foi de grande valia para a vida aqui no Aiye.

Ao senhor Grande mestre; BABA IFALEKE –ADILSON ANTONIO MARTINS- ficará gravado em nossa memória as vitórias que conseguimos através de sua ajuda.

Que Olodunmare lhe tenha junto a honra dos grandes guerreiros.

Baba Ifajèmi 


Orunmilá, ibi keji Olodumare.


Na mitologia Yoruba, Orunmilá é um orixá, e divindade da profecia, identificado no jogo do merindilogun pelo odu ejibe.

Ele é reconhecido como “ibi keji Olodumare” (segundo só a Olodumare (Olorum, Deus)) e “eliri ipin ” (testemunha da criação).

Orunmilá também é às vezes chamado Ifá (ee-FAH “) que é de fato a incorporação do conhecimento e sabedoria e a forma mais alta da prática de adivinhação entre os Yorubas.

Embora Orunmilá não seja de fato Ifá, a associação íntima existe, porque ele é o que conduz o sacerdócio de Ifá.

Ifá é o nome de um Oráculo dos Yoruba na Nigéria.

Os sacerdotes de Ifá são chamados Babalawo (o pai dos segredos).

Ifá, é o nome de um Oráculo africano. 

É um sistema de adivinhação que se originou na África Ocidental entre os Yorubas, na Nigéria. É também designado por Fa entre os Fon e Afa entre os Ewe. Não é propriamente uma divindade (Orixá), é o porta-voz de Orunmilá e dos outros Orixás.

O sistema pertence as religiões tradicionais africanas mas também é praticado entre os adeptos da Lukumí de Cuba através da Regla de Ocha, Candomblé no Brasil através do Culto de Ifá, e similares transplantadas para o Novo Mundo.

Da Nigéria são dois os listados como Patrimônio Oral e Imaterial da Humanidade: O Gelede, que também é praticado no Benin e Togo, e os Ifa Divination System, e em estudo na Nigéria um sistema de Tesouros Humanos Vivos e esforços para salvaguardar o suas línguas ameaçadas.

Orixá Orumilá é também chamado de Ifá, ou Orunmila-Ifa e também é denominado frequentemente Agbonniregun (“Aquele que é mais eficaz do que qualquer remédio”). Em caso de dúvida Ifá é consultado pelas pessoas que precisam de uma decisão, que queiram saber sobre casamentos, viagens, negócios importantes, doenças, ou por motivo religioso.

Para os yorubas o sacerdote é o babalawo e entre os Fons e Ewes recebe a designação de bokonon, e o sistema de adivinhação é o mesmo. O babalawo (pai do segredo) recebe as indicações para as respostas através dos signos (odù) de Ifá.

Orunmilá é o orixá e divindade da profecia. Ifá é o nome do Oráculo utilizado por Orunmilá. O Culto de Ifá pertence a religião Yorùbá.

O culto do vodun Fa é originário de Ile Ifè, e chegou ao antigo Daomé pelas mãos de sacerdotes imigrados do território yoruba já a partir do século XVII, mas sua instalação oficial como uma das divindades reconhecidas pelo rei de Abomei teria se dado ou através do babalawo Adéléèyé, de Ile Ifè que chegou a Abomei no reinado de Agadjá (1708-1732) , junto com outros (Gongon, Abikobi, Ato e Gbélò), ou pela princesa Nà Hwanjele, mãe do rei Tegbessu (1732-1775), que era de origem yoruba. Os sacerdotes de Fá são chamados em fon de bokonon, o correspondente a babalawo dos yoruba. O bokonon da corte de Abomei é um dos dignitários do rei reconhecido na categoria de príncipe e está entre os poucos autorizados a vestir djelaba em público e a permanecer com a cabeça coberta diante do rei e da rainha-mãe.

O Babalawo (pai que possui o segredo), é o sacerdote do Culto de Ifá. Ele é o responsável pelos rituais, iniciações, todos no culto dependem de sua orientação e nada pode escapar de seu controle. Por garantia, ele dispõe de três métodos diferentes de consultar o Oráculo e, por intermédio deles, interpretar os desejos e determinações dos Orixás. Òpelè-Ifá, Jogo de Ikins.

Opon-Ifá, tábua sagrada feita de madeira e esculpida em diversos formatos, redonda, retangular, quadrada, oval, utilizada para marcar os sígnos dos Odús (obtidos com o jogo de Ikins) sobre um pó chamado Ierosum. Método divinatório do Culto de Ifá utilizado pelos babalawos. Irofá de Orula instrumento utilizado pelo babalawo durante o jogo de Ikin com o qual bate na tábua Opon-Ifá.

O Òpelè-Ifá ou Rosário de Ifá é um colar aberto composto de um fio trançado de palha-da-costa ou fio de algodão, que tem pendentes oito metades de fava de opele, é um instrumento divinatório dos tradicionais sacerdotes de Ifá.

Existem outros modelos mais modernos de Opele-Ifá, feitos com correntes de metal intercaladas com vários tipos de sementes, moedas ou pedras semi-preciosas.

O jogo de Opele-Ifá é o mais praticado por ser a forma mais rápida, pois a pessoa não necessita perguntar em voz alta, o que permite o resguardo de sua privacidade, também de uso exclusivo dos Babalawos, com um único lançamento do rosário divinatório aparecem 2 figuras que possuem um lado côncavo e outro convexo, que combinadas, formam o Odú.

O Jogo de Ikin só é utilizado em cerimônias relevantes, só pode ser consultado pelo babalawo. O jogo compõe-se de 21 nozes de dendezeiro Ikin, são manipuladas pelo babalawo com a finalidade de se apurar o Odú a ser interpretado e transmitido ao consulente. Dos 21 Ikins, 16 são colocados na palma da mão esquerda, com a mão direita rapidamente o babalawo tenta retirá-los de uma vez. A determinação do Odú é a quantidade de Ikin que sobrou na mão esquerda, o resultado seja qual for, terá que ser riscado sobre o ierosun que está espalhado no Opon-Ifa, para um risco usa o dedo médio da mão direita e para dois riscos usa dois dedos o anular e o médio da mão direita. Deverá repetir a operação quantas vezes forem necessárias até obter duas colunas paralelas riscadas da direita para a esquerda com quatro sinais, se não sobrar nenhum ikin na mão esquerda, a jogada é nula e deve ser repetida.

O oráculo consiste em um grupo de cocos de dendezeiro ou Búzios, ou réplicas destes, que são lançados para criar dados binários, dependendo se eles caem com a face para cima ou para baixo. Os cocos são manipulados entre as mãos do adivinho , e no final são contados, para determinar aleatoriamente se uma certa quantidade deles foi retida. As conchas ou as réplicas são freqüentemente atadas em uma corrente divinatória, quatro de cada lado. Quatro caídas ou búzios fazem um dos dezesseis padrões básicos (um odu, na língua Yoruba); dois de cada um destes se combinam para criar um conjunto total de 256 odus. Cada um destes odus é associado com um repertório tradicional de versos (Itan), freqüentemente relacionados à Mitologia Yoruba, que explica seu significado divinatório. O sistema é consagrado aos orixás Orunmila-Ifa, orixá da profecia e a Exu que, como o mensageiro dos Orixás, confere autoridade ao oráculo.

O sistema inteiro traz uma semelhança superficial com os sistemas ocidentais de geomancia. Suspeita-se que a geomancia ocidental é um empréstimo de um sistema criado pelos Árabes e trazida para o norte da África, onde foi aprendida pelos europeus durante as Cruzadas. Muito embora possua um número diferente de símbolos, o sistema carrega também alguma semelhança com sistema chinês do I Ching.

O Babalaô brasileiro William de Ayrá (Mestre Obashanan, discípulo de Mestre Arapiagha) foi o primeiro a realizar um estudo comparativo sério e eficaz entre o Ifá, o I-ching, Geomancia e o cabalismo de diversas culturas, com resultados filosóficos e divinatórios comprovados.

Os primeiros a escreverem sobre Ifá no Brasil foram sacerdotes Umbandistas. W.W. da Matta e Silva, conhecido como Mestre Yapacani já descrevia em 1956 um dos inúmeros sistemas de Ifá em suas obras. Seus discípulos, Francisco Rivas Neto (Mestre Arapiaga) e Ivan H. Costa (Mestre Itaoman) escreveram, nos anos 90, obras descritivas sobre o oráculo. A tradição africana de Ifá só chegou ao Brasil via africanos e Cubanos muito mais tarde.

Cada odù é formado por um conjunto constituído por duas colunas verticais e paralelas de quatro índices cada. Cada um desses índices compõem-se de um traço vertical ou de dois traços verticais paralelos que o babalawo traça no pó (iyerosun) espalhado sobre um tabuleiro de madeira esculpida (Opon-Ifá) à medida que vai extraindo os resultados pela manipulação dos cocos de dendezeiro ou ikin-ifá.

O babalawo detecta esse odù manipulando caroços de dendê (Ikin) ou jogando o rosário de Ifá chamado (Opele-Ifa).

Existem 256 odù, correspondendo cada um a uma série lendas (Itan).