CASA PODEROSA DOS FILHOS DE YEMANJÁ

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sexta-feira, 4 de julho de 2014

Iroko e seus Mitos




As mulheres da aldeia não engravidavam e tiveram a idéia de recorrer aos poderes de Iroco. 

Juntaram-se em círculo ao redor da árvore sagrada, tendo o cuidado de manter as costas voltadas para o tronco. 

Não ousavam olhar a grande planta, pois, os que olhavam Iroco de frente enlouqueciam e morriam. 

Suplicaram-lhe filhos e ele quis saber o que teria em troca. 

Cada uma prometia o que o marido tinha para dar: milho, inhame, frutas, cabritos e carneiros. 

Uma delas, chamada Olurombi, era a mulher do entalhador e seu marido não tinha nada daquilo para oferecer. 

Desesperada, prometeu dar a Iroco o primeiro filho que tivesse. 

Nove meses depois a aldeia alegrou-se com o choro de muitos recém-nascidos e as mães foram levar a Iroco suas oferendas. 

Olurombi contou a história ao marido, mas não pôde cumprir sua promessa. Ela e o marido apegaram-se demais ao menino prometido. No dia da oferenda, Olurombi ficou de longe, segurando nos braços trêmulos, temerosa, o filhinho tão querido. 

O tempo passou e ela mantinha a criança longe da árvore. Mas um belo dia, passava Olurombi pelas imediações do Iroco, quando, no meio da estrada, bem na sua frente, saltou o temível espírito da árvore. 

Disse Iroco: "Tu me prometeste o menino e não cumpriste a palavra dada. Transformo-te então num pássaro, para que vivas sempre aprisionada em minha copa." Transformou Olurombi num pássaro que voou para a copa de Iroco para ali viver para sempre. 

O entalhador a procurou, em vão, por toda parte. Todos os que passavam perto da árvore ouviam um pássaro que cantava, dizendo o nome de cada oferenda feita a Iroco. 

Até que um dia, quando o artesão passava perto dali, ele próprio escutou o tal pássaro, que cantava assim: "Uma prometeu milho e deu o milho; Outra prometeu inhame e trouxe inhames; Uma prometeu frutas e entregou as frutas; Outra deu o cabrito e outra, o carneiro, sempre conforme a promessa que foi feita. 

Só quem prometeu a criança não cumpriu o prometido." 

Ouvindo o relato de uma história que julgava esquecida, o marido de Olurombi entendeu. 

Sim, só podia ser Olurombi, enfeitiçada por Iroco. 

Ele tinha que salvar sua mulher! Mas como, se amava tanto seu pequeno filho? 

Foi à floresta, escolheu o mais belo lenho de Iroco, levou-o para casa e começou a entalhar. 

Da madeira entalhada fez uma cópia do rebento, o mais perfeito boneco que jamais havia esculpido, com os doces traços do filho, sempre alegre, sempre sorridente. 

Poliu e pintou o boneco com esmero, preparando-o com a água perfumada das ervas sagradas. 

Vestiu a figura de pau com as melhores roupas do menino e a enfeitou com ricas jóias de família e raros adornos. 

Quando pronto, ele levou o menino de pau a Iroco e o depositou aos pés da árvore sagrada. 

Iroco gostou muito do presente, o menino que tanto esperava! 

Sorria sempre, jamais se assustava quando seus olhos se cruzavam. 

Não fugia como os demais mortais, não gritava de pavor e nem lhe dava as costas, com medo de o olhar de frente.

 Embalando a criança, seu pequeno menino de pau, batia ritmadamente com os pés no solo e cantava animadamente. 

Devolveu a Olurombi a forma de mulher que, aliviada e feliz, voltou para casa e para o marido artesão e o filho, já crescido e livre da promessa.

Dias depois, os três levaram para Iroco muitas oferendas. 

Levaram ebós de milho, inhame, frutas, cabritos e carneiros, laços de tecido de estampas coloridas para adornar o tronco da árvore. 

Eram presentes oferecidos por todos os membros da aldeia, felizes e contentes com o retorno de Olurombi. 

Até hoje todos levam oferendas a Iroco. 

Porque Iroco dá o que as pessoas pedem. 

E todos dão para Iroco o prometido.



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