CASA PODEROSA DOS FILHOS DE YEMANJÁ

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terça-feira, 24 de julho de 2012

A ética na prática de Sacerdotes com enfermidades.


Para pessoas que não pertencem ao meio o assunto pode parecer estranho, aliás como muitos assuntos nesse blog.  

Fazendo um parenteses, é bastante dificil estabelecer um padrão de conteúdo considerando os diversos níveis de conhecimento que as pessoas podem ter da religião.

Assim, na medida do possível os assuntos são tratados da forma mais claro e objetiva possível, mas determinadas questões poderão parecer estranhas para muitas pessoas que leem. 

Não são. 

São assuntos e temas que fazem parte do dia a dia.

Estamos lidando aqui com o caso de Sacerdotes doentes que tenham doenças de diversos tipos, sejam contagiosas ou não seja câncer, Aids, lupus, etc...  

O conjunto de doenças é bastante amplo e pode variar de uma simples gripe a uma doença séria que o acompanhe por longo período e possa até mesmo levar para uma faze terminal.

O que muitos perguntam é se esses Sacerdotes não deveriam interromper suas atividades em função dessas doenças. 

Novamente, pode parecer estranho essa colocação mas, sacerdotes de Ifá ou Candomblé lidam com liturgias, obrigações, troca de energias e limpezas energéticas (ebós).

Um Babalawo ou Babalorixá é muito diferente de um Sacerdote cristão que usa o seu tempo para pregar e convenser pessoas. 

Infelizmente faltam aos Sacerdotes de Ifá e Candomblé essa vocação para falar. 

São muito ruins nisso, porque como em qualquer atividade é a pratica que leva a perfeição e sem pratica não existe desenvolvimento.

Mas Babalawo e Babalorixá lidam com outro tipo de atividade.

A ética envolvida nesse tema é que se a pessoas esta com uma doença, esta debilitado ou tem dentro de si um "mal" não deveria ele interromper a atividade de atender outras pessoas?  

Não deveria ele resolver sua situação primeiro?  

Não estaria ele pondo em risco ou comprometendo outras pessoas?

Sim, todas essas questões são justas, mas, não são simples.

Vamos sair do discurso idiota de dizer que não tem nada haver, e que a pessoa é um ser humano, que tem que ser respeitado, que não pode haver preconceito. 

PARADO! 

Isso é conversa fiada, como eu disse, coisa de gente idiota. 

Claro que essas questões tem que ser avaliadas e pensadas. 

Não vamos ficar nos perdendo em falsa moral ou sentimentalismo.

Como sempre digo, estamos lidando com ilações e opiniões. 

Cada um que escreva um blog e coloque a sua.

Vamos pelo be-a-ba. 

Um sacerdote é uma pessoa que manipula Axé.  

Isso já foi abordado aqui em outros textos. 

Existe um extenso texto sobre o que é um ebó que explica bem isso de maneira que não vou voltar a isso em detalhes.

Manipular axé significa lidar com essa energia de vida, significa recebê-la do Orun e transmiti-la. 

Também significa fazê-la movimentar, retirar energia negativa da pessoa e trazê-la para si. 

Significa também e principalmente a transmissão de axé, do axé do sacerdote.

Essa é a questão que as pessoas levantam: Se a pessoa está doente, como pode ela transmitir axé para outros?

Eu não suponho que pelo fato de uma pessoa ter uma doença que requer um
tratamento contínuo e grave que ela vá transmitir essa doença ou seu mal através do seu axé.

Mas é importante que a gente entenda que ao realizarmos uma liturgia, um bori, uma feitura, uma ebó, uma matança, estamos realizando um operação de transmissão de axé. 

O Axé não fica no ar e a gente respira ele, ele é transmitido por quem realiza a liturgia, flui através dessa pessoa.

Assim a pessoa que executa algo é sempre uma pessoa de confiança do zelador se
não o próprio. 

Tem que haver a certeza da preparação da pessoa e de sua intenção. 

Não é só uma questão de a pessoas ter as famososas obrigações, tempo ou cargo. 

As pessoas que realizam liturgias, de ebó a bori, tem que ser pessoas boas, éticas, corretas, de coreção limpo.

Todo o processo de transmissão, além do axé que é direcionado através da pessoa que faz para a pessoa que irá receber, vai incluir majoritariamente a transmissão do próprio axé de quem faz, esse é o princípio básico dessa religião. 

O zelador ou a pessoa que trabalha no momento, cede o seu axé e recebe sim a carga negativa que retira do outro. 

Existem atividades que são estafantes além da própria carga física.

Sacerdotes e seus auxiliares devem o tempo todo estar se cuidando. 

Elas recebem negatividade e transmitem sua própria energia. 

Claro que existe também um processo de renovação, dependendo da liturgia que se faz, assim, ao se dar um bori ou uma obrigação que vai repor axé, o axé circula através de você fazendo você mesmo ficar melhor com isso, ou seja, repetindo, isso pode até fazer bem para você.


Mas,  pessoas que estejam debilitadas por doenças sofrerão um processo de prejuízo a si mesmo e isso deve ser evitado. 

Dependendo da doença que a pessoa tem e do seu estado, essa pessoa pode estar debilitada e usando o seu próprio axé para se manter bem. 

Passar para outros o que tem poderá fazer falta a si mesma.

Participar do processo poderá trazer um agravamento para ela, um desgaste adicional. 

Tem muita gente que conheço que quando esta com um gripe ou virose forte e ela se sente debilitada que não participa de ebó, não passa ebó e nem dá obrigação. 

Ela faz isso por ela mesma.

Outro aspecto além dessa perda é o quanto o que ela faz não é influenciado pelo seu estado. 

Esquecendo a doença, quando vamos fazer essas liturgias temos a recomendação de nos prepararmos para isso. 

Isso significa nos abstermos em dia precedentes de atividades e hábitos que não são recomendados para que estejamos de "corpo" limpo.

Em Ifá existe o odu otuwa ofun que diz sobre a recomendação de se preparar, de se limpar antes de uma liturgia para que ela seja aceita. 

Em Oxéotuwa, Oxeotuwa só foi aceito no orun quando recebeu esse conselho de uma velha e teve sucesso onde todos os orixás anteriores haviam falhado (transcrito em Os Nagô e a morte).

Esquecendo a literatura, e indo para a prática, a gente tem a recomendação de ter muito cuidado com quem permitimos que faça os sacrificios. 

É um cargo dado a uma pessoa de estrita confiança visto que uma pessoa mal intencionada pode trazer prejuízo ao
processo e a quem recebe aquilo.

Quero aproveitar para lembrar que sacrifícios é uma liturgia muito importante e rara nessa religião. 

Não faz parte do dia a dia e somente é feito em ocasiões e com motivos muitos especiais. 

É uma cerimonia simples mas muito significativa de confraternização com os Orixás, uma festa.

Continuando, se tomamos cuidado com a preparação do corpo e espirito e também com a intenção ou insenção de quem "opera" liturgias é porque existe mais coisas a considerar. 

O axé da pessoa, que é divino, é alterado ou sofre influencia de fatores da própria pessoa que o opera.

O caso de algumas doenças debilitantes podem se aplicar aqui e por isso mesmo requerem cuidado.

Se não houvesse nenhuma orientação de preparação para as liturgias, se a gente não se preocupasse tanto com a limpeza física e espiritual como fazemos eu diria que tanto faz, que a nossa atenção deveria ser somente para o caso se a pessoa se sente bem para transmitir axé.

Em Ifá uma coisa que a gente aprende a fazer é consultar o oráculo antes de iniciar um trabalho. 

Uma resposta negativa indica o nosso estado e não o do consulente, já disse isso aqui. 

A negativa pode requerer que você faça alguma coisa para se preparar ou se limpar.

Nós em nosso próprio dia a dia ou com alguma doença podemos estar com uma negatividade ou um espirito e que ou não devemos fazer ou que devemos nos limpar. 

Dessa maneira sim é relevante a preocupação para todos os envolvidos da condição de saúde do sacerdote.

Muitos tolos minimiza essa questão, dizendo que o próprio orixá intervem nisso permitindo ou impedindo. 

O Orixás inclusive iria consertar algo feito errado. 

Eu vejo isso com restrições, uma grande bobagem.

Se o orixá intevisse em tudo o que fosse errado a gente não precisava ficar preocupado com os descalabros e marmotagens que vemos por ai. 

Era apenas esperar Xango mandar um raio ou uma pedra e estaria tudo acabado. 

Mas não é assim que acontece. 

Não existe intervenção divina e imediata na nossa vida. 

A vida é nossa aqui e cabe a nós viver. 

Os orixá nos ajudam, mas vivemos e depois prestamos conta do que foi nossa vida, mas, isso não impede ninguém de ser injustiçado, de ser roubado, de ser assassinado ou enganado.

Assim é uma argumentação muito simples e ingênua a gente achar que orixá resolve tudo ou que se Ori permite esta tudo certo, etc... 

Esta intervenção não existe dessa maneira e se estivermos fazendo algo errado vamos fazer mesmo.

Igualmente se uma pessoa não deveria estar trabalhando em sua casa em liturgias contra o bom senso ou o que é razoável,  porque iria o orixá intervir?

É nossa vida, nossos acertos e erros, eles não vão viver nossa vida. 

Por essa razão eu não coloco a espera dessa definição na mão deles. 

É na nossa mão que esta e nós que devemos pensar e agir.

As cruzadas foram feitas em nome do Deus Jeová, God wills it! era o lema, se lembram, Deus queria aquilo.... 

Dificilmente queria. 

Ou então para o julgamento das bruxas, inocentes eram queimados ou afogados, e nenhum anjo aparecia. 

Milhões de africanos foram acorrentados e sofreram em cativeiro, não lembro de nenhum caso de intervenção do orixá deles.

O que significa isso? 

Que o divino não existe? 

Claro que não, convivemos com a prova viva de que ele existe, mas, a vida é nossa e podemos fazer o que quisermos para o nosso bem ou nosso mal, senão não teria a menor graça.

Assim essas questões não ficam nas mãos deles e sim na nossa. 

O certo é o certo e mais a pessoa deve ter o conhecimento do que e o certo.

Se você faz o errado e incorreto, você e muitos outros vão sofrer com isso. 

O Divino dá recursos para você não errar, desde que você procure saber e aceite isso. 

Poucos assim o fazem.

Existe outro aspecto envolvido na atuação dos sacerdotes que são as doenças contagiosas. 

Isso não tem nada haver com axé e sim com saúde pública. 

Esses sacerdote não deveriam lidar com qualquer situação que leve ao contágio de outros. 

Para isso basta ele ter meio neurônio.

Sacerdotes que tenham AIDS passam a ter bastante restrição na sua atividade. 

Um sistema imunológico abalado o deixa vulnerável, um coquetel de remédios o deixa medicado todo o tempo e sempre vai existir o risco de contágio. 

Não se pode ignorar isso.

E se o sacerdote tiver hanseniase? 

Não vai ter que interromper para se tratar? 

Ou as pessoas vão achar que isso é axé? 

Se tem câncer? 

Esta fazendo quimio? 

Então ela vai ter muita restrição no que faz porque nesse momento sua vida esta sob controle, mas se esta fora de tratamento e se sente em condições de trabalhar, não acho que vá transmitir axé ruim para alguém.

Temos que pesar o bom senso, a questão do contágio e a questão da própria resistencia pessoal, porque, como eu disse quem executa uma liturgia não só movimenta axé como também energias negativas para si mesmo

Vou voltar em um ponto que já disse para encerrar esse texto. 

Muita gente foge desse assunto dizendo que o Orixá resolve ou que o Ori resolve. 

Não é assim. 

Ilusão acreditar nisso ou acreditar que essas pessoas procuram sinceramente esse caminho para se orientar.






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