CASA PODEROSA DOS FILHOS DE YEMANJÁ

CASA PODEROSA DOS FILHOS DE YEMANJÁ

segunda-feira, 16 de abril de 2012

O culto a deuses guerreiros que portam armas de ferro seria uma exclusividade da civilização européia de raízes greco-romanas?




Ogum, o que assa o marido no fogo e a mulher no fogareiro


O culto a deuses guerreiros que portam armas de ferro seria uma exclusividade da civilização européia de raízes greco-romanas? 


Uma rápida olhada no culto de orixás da Nigéria e do Benin mostrará que não.


O fotógrafo e etnólogo Pierre Verger, que foi um dos maiores conhecedores da cultura afrobrasileira, afirma que Ogum é, provavelmente, a divindade mais popular e de culto mais difundido na África Ocidental. 


Pode ser considerado o orixá nacional do povo iorubano da Nigéria. 


É apresentado em algumas lendas como filho de Iemanjá e Oraniã, enquanto em outras é o filho mais velho de Odudua, o fundador de Ifé (Odudua é um orixá masculino e seu culto quase desapareceu no Brasil, onde foi assimilado como um dos aspectos de Oxalá).


Na condição de filho do rei, Ogum conduziu e venceu várias guerras contra os reinos vizinhos, tendo destruído a cidade de Ará e conquistado a de Irê, fato que é, aliás, tema de um ponto (cantiga litúrgica) cantado até hoje nos terreiros do Brasil.


Na África, Ogum é o deus do ferro e dos ferreiros, da guerra, da caça, da agricultura, e de todos os trabalhadores que utilizam instrumentos de ferro, como açougueiros, marceneiros e barbeiros. 


É fácil perceber sua identificação funcional com o Ares-Marte greco-romano e também, em parte, com o Hefesto grego. 


Depois da popularização do automóvel, Ogum passou a ser cultuado como protetor dos motoristas e dos mecânicos, sendo comum, em algumas regiões da Nigéria, a prática de sacrificar um cachorro e verter seu sangue sobre o motor de um carro recém-adquirido, como proteção contra acidentes. Vemos aí um inesperado vínculo com o Ares-Eniálio de Esparta, a quem também se sacrificavam cães.


Ogum, o orixá africano do ferro, do sangue e dos combates.

O número sete é associado a Ogum em função de uma lenda sobre a conquista de Irê, onde ele se teria dividido em sete partes para administrar as aldeias, em igual número, que circundavam aquela cidade. Por isso, os fetiches de Ogum (objetos mágicos que carregam a força do orixá) são sempre constituídos por instrumentos de metal pendurados em uma haste, em número de sete ou de seus múltiplos. Mais adiante veremos como isso também vincula os mitos iorubanos e gregos. 


Outros símbolos do orixá são a espada e o Mariuô (do iorubano màriwò), saiote de folhas desfiadas do dendezeiro que, além de servir de vestimenta em determinadas cerimônias, pode ser também pendurado sobre as entradas da casa para proteger de más influências e espantar os eguns (espíritos dos mortos).


Os locais consagrados a Ogum normalmente situam-se ao ar livre (como ocorria também com o Ares grego), às vezes protegidos por uma cerca de plantas nativas chamadas peregun (Dracena), e são palco de sacrifícios periódicos de seus animais preferidos, o cão e o galo, acompanhados de oferendas de vinho de palma, feijão, inhame cozido e azeite de dendê.


De acordo com as lendas, Ogum teve uma vida amorosa bastante agitada. 


Entre suas mulheres, contam-se Oiá (Iansã), Oxum e Obá. O orixá Oxóssi às vezes aparece como um de seus filhos. 


Ogum é temido e respeitado pela violência e natureza guerreira: um juramento feito em seu nome é considerado o mais solene de todos e digno de absoluta confiança. 


Alguns oriki (cantos de louvação) falam com bastante eloqüência do temor provocado pelo orixá, como estes recolhidos por Pierre Verger:


Ogum que, tendo água em casa, lava-se com sangue.

Ogum come cachorro e bebe vinho de palma. 
Ele mata o marido no fogo e a mulher no fogareiro. 
Ogum que come vermes sem vomitar.


As semelhanças com o Ares grego são bastante evidentes, especialmente no que diz respeito às explosões de fúria imotivada. 


Apesar de popular, Ogum é temido pela violência incontrolável e espantosa que é capaz de demonstrar quando provocado. 


As imagens que o falam de sangue, de cães e de fogo também são inequívocas nas referências a características marcianas.



segunda-feira, 9 de abril de 2012

O que é o Orixá trocado, O que é o Orixá errado?




O Orixá Está Trocado, quando não é ele o dono daquela cabeça. 


Os Sacerdotes são plenamente capacitados para fazer a confirmação do Orixá. 


Embora, alguns casos de troca aconteçam.


E, quando acontece, geralmente a pessoa tem…
que se iniciar para o Orixá correto, ou seja: aquele que fala mais positivamente no Odu que ela possui, a fim de estabeler o seu equilíbrio.


Ha casos e casos, e não existe receita pronta.  


Se a pessoa for iniciada para um Orixá que fala muito negativamente no Odu que ela possue, o desequilíbrio será grande e a reparação do erro deverá ser feita o mais rápido possível.


Já, o Orixá Feito Errado, é quando o sacerdote não faz as fundamentações corretas necessárias para iniciação daquele Orixá. 


Neste caso, também é necessário concertar o erro, para que a pessoa se equilibre e atraia para si as positividades que do Orixá e do Odu que ela possui.




Orúkọ-Ẹ̀fẹ


A composição do nome Yorùbá é confeccionada para substituir o nome do Ìyáwó que foi iniciado e deve receber um novo nome, porem a nossa cultura ainda não está formalizado para distinguir e assimilar este conceito.


Alguns sacerdotes e iniciados ficaram conhecidos por seu Orúkọ (nome em Yorùbá), muito comum também entre a comunidade Bantu que batiza o Muzenza dando-lhe uma nova vida e um novo nome que deve ser usado dentro e fora dos templos.


Completo este parágrafo com um pequeno texto do Tata Matâmoride; Tata Matâmoride"


"Porem no culto Bantu além da dijina (nome do Ìyáwó), existe o nome do santo, este não revelado nunca e conhecido somente pelo sacerdote e pelo muzenza que quando em grave doença se troca para que se afaste a morte dele.


O que tem me intrigado é qual o conceito e utilização do uso de palavras em Yorùbá incorporadas ao nome do iniciado agregando um novo Orúkọ-Ẹ̀fẹ (sobrenome), desta forma formando um nome composto com o legitimo nome de batismo. 


Alguns estão até batizando seus filhos com sobrenomes dos Òrìṣà, mas com qual finalidade?


Ou pior, alguns estão usando títulos e ou cargos de sacerdotes da cultura Yorùbá ou nomes de iniciados de Ifá sem ao menos pertencer a sua cultura...


Distante do ritual de tirar o nome na praça (sala do templo) após a raspagem do Ìyáwó, este costume não fundamentaliza ritual algum e nem resgata raízes, simplesmente ele joga ao vento qualquer tentativa de resgate cultural e preceitos.


Infelizmente a realidade pende sempre para o negativo, perdendo assim suas raízes e fundamentando novos costumes duvidosos entre algumas culturas tradicionais.



O perigo da influencia africana e da cultura Afro-brasileira na Umbanda.


A Umbanda solicita atenção e ao mesmo tempo em que sente a necessidade de serem reconhecidos perante a comunidade religiosa afro-descendente brasileira, desde o início da sua fundação, seus rituais sofrem constantemente uma violação cultural e ritualística, contaminando a sua origem e estrutura religiosa pelo sincretismo africano e católico.

Foi lendo alguns livros antigos, que eu notei um deles, em que o sacerdote Matta e Silva, tentou fazer, ao equiparar os caboclos e entidades aos Òrìsà do povo do candomblé, no livro “Umbanda De Todos Nós”, revigorando uma religião que surgia com espíritos que de certa forma foram expulsos do espiritismo, criando assim uma desqualificação destas entidades, que para a época eram considerados sem evolução e sem graduação para pertencerem ao espiritismo que os repudiava. 

A existência de orixás na Umbanda seria primordial, afinal se o candomblé possuía seus Deuses e Òrìsà, porque a Umbanda seria diferente?

Surgindo assim a linha dos “Orixás caboclos de Oxosse, Orixás caboclos de Xango” e assim vai classificando cada uma das sete linhas da Umbanda elevando cada uma delas a classificação de Orixá da própria Umbanda.

Tal sincretismo foi mais uma vez criticado pelos sacerdotes e adeptos da umbanda kardecista ou espiritismo de terreiro, que tentavam definir o espaço para aqueles espíritos que não possuíam intelecto ou evolução para presidir as sessões espíritas, que não definiria nada menos do que um gesto arrogante separatista, que mais tarde se transformaria numa nova vertente religiosa com entidades carregando características primitivas e uma linguagem muito simples de se dirigir ao povo que ali procurava conforto, popularizando a nova Umbanda que surgia a trazendo fama e destaque na época.

Socialmente a Umbanda sofria preconceito vindo da sociedade, política e religiosos que menosprezavam a nova religião que surgia. 

O próprio segmento religioso que deu a origem à Umbanda, o espiritismo, não via com bons olhos as entidades e costumes que iniciavam os seus rituais e preceitos. Sem falar no próprio candomblé que subjugava a Umbanda, por confrontar seus conceitos e rituais que mexiam constantemente com os Oku (espíritos).

Eu tenho certeza que o sincretismo foi a base da sua estrutura, para agradar tanto os católicos e os espíritas, havendo uma super valorização dos santos católicos nos Congas (altares) e templos. 

Na tentativa de promover uma simpatia vinculando assim a Umbanda com os anjos e santos, uma forma simples de usar uma religião mais conhecida e respeitada à frente da própria religião que nascia. Na intenção de ser aceita na sociedade da época e usufruir dos resultados que ela poderia trazer, compartilhando do mito em que os adeptos escondiam fundamentos religiosos atrás das imagens católicas.

Mas onde surgem os problemas?

Como toda religião que se estrutura, o caminho é árduo e chega a sofrer uma metamorfose durante a sua jornada, e claro que mais uma vez usaram a força de uma religião mais famosa e forte na tentativa de estabelecer respeito e fama para aquela que nascia. 

Mesclando assim dicionários africanos aos rituais, cargos e funções, claro que muitas delas nem deveriam existir dentro da Umbanda, simplesmente porque não possui vínculo ou fundamento para tal.

Alguns exemplos podemos observar nos rituais adquiridos em meados dos "anos 80", que surgiam nas mãos dos sacerdotes desta época. 

Eu tive oportunidade de conhecer pessoalmente o Templo Guaracy, que temperou seus rituais com os conceitos da liturgia Bantu, mesclada com as divindades Yorùbá, uma pequena mistura que deu certo na época, onde a internet ainda não era a vilã dos grandes templos. 

Hoje em dia com a interação dos meios virtuais, ficou mais difícil de conseguir manter por muito tempo a falta de informação e equívocos. 

Mas não ache que eu estou criticando o ritual do templo, afinal o sacerdote responsável pelo Templo Guaracy fez muito pela Umbanda, estruturando e reorganizando a sua liturgia, o que para a própria era muito confusa antigamente, dando origem a nova Umbanda, readaptada para a sociedade contemporânea.

Os danos desta aculturação vieram a longo prazo, onde tivemos o resultado dos iniciados deste templo que partiram para abrir sua casa sem grandes conhecimentos do conceito que estava surgindo. 

E aqueles Orixás que antigamente eram os representantes das sete linhas de caboclos foram substituídos pelos Òrìsà cultuados entre o povo Yorùbá. 

Mas antes que possam reinterpretar o que acabo de relatar é preciso entender que os mesmos Òrìsà cultuados pelo Templo Guaracy, ainda sim eram espíritos, que assumiam os mesmo nomes e identidade originários da Umbanda, (sincretisando) só que sob a influência muito maior da cultura afro-brasileira.

Com um ritual sem o Ejé (sangue) e o sacrifício de animais, ela foi crescendo, com os assentamentos muito semelhantes ao do Candomblé, só que consagrados apenas com cânticos, Amacis (banhos de ervas) e sementes sagradas. 

Em alguns rituais até a Lobassa (cebola) era usado, porem não era cortada conforme a tradição afro-brasileira, quiçá por não terem passados pelos rituais africanos o sacerdote deste templo cortava em duas e oferecia as “Entidades e Orixás” ali cultuados, mais exemplos de vestígios da aculturação religiosa.

Entre os rituais, logo se estabeleceram os cargos para os adeptos do templo e foi alastrando entre as demais escolas Umbandistas dando o start para a africanização da Umbanda. 

Surgindo assim uma feroz corrida para quem trouxesse mais itens e fundamentos afro-culturais para os rituais, contaminando e distorcendo a filosofia inicial da Umbanda.

Surgindo casos como a Oxum que antigamente era conhecida pela cor azul marinho, que representava as águas profundas dos rios dotadas dos valores doces, movimentos meigos e fertilidade, para se transformar no dourado do candomblé, revigorado da beleza, vaidade, luxo e desejos, um caminho na contramão do passado simples e dedicado da Umbanda inicial. 

Em alguns casos vemos os Orixás da Umbanda perdendo até a vestimenta e os apetrechos tradicionais da sua vertente religiosa para se vestir como no candomblé, sem conhecimento algum da cultura e paramentos que cada divindade carrega, transformando o Orixá da Umbanda num fantoche desarticulado e sem graça.

Lembrando das escolas que começaram a reinventar Orixás, alguns universais outros cósmicos, com a finalidade de vender mais livros e conseguir o primeiro lugar no Pódio cultural Umbandista, abrindo uma disputa nacional para quem inventasse mais fundamentos misturando conceitos com tradição e ciência, criando uma confusão cultural e sócio-religiosa.

Algumas escolas começaram a introduzir os “Búzios” nos rituais, mas porque a necessidade dos búzios dentro da Umbanda? 

Mas por quê? 

Se a mesma não precisa e nem nunca precisará usar dos mesmos para seus rituais, simplesmente porque as entidades se comunicam aberta e claramente com o consulente e iniciados da Umbanda, sem necessidade de consulta pelos sacerdotes (isas). 

Os búzios só são necessários nos rituais Afro-brasileiros, porque as “Divindades” não dão passe, não usam da fala para a comunicação direta, salvo em raros casos onde uma divindade pode pedir ou solicitar algo, mas nem uma delas fica horas conversando ou dando passe nos iniciados do Candomblé.

Então porque fazer o uso dos Búzios numa religião que o contato com o espiritual é direto? 

O pior é quando vemos uma entidade jogando búzios, esta chega a ser a decadência da evolução da própria religião que conta com a confiança e relação da entidade com o mundo dos vivos, para que traga mensagens e até mesmo alertas para os seguidores daquela religião. 

Então por que uma entidade necessitaria de um jogo de búzios para ver e falar, seria o fim da espiritualidade e da própria estrutura religiosa.

Mas seria impossível relatar tantos casos e problemas religiosos sem dar exemplos, então vamos lá.

A Umbanda produziu um vocabulário próprio, misturando línguas como Tupi-guarani, Kassange, Fon, Yorùbá, o resultado para muitas casas foi um verdadeiro desastre que chega a doer quando vemos. 

Palavras como Babá que significa pai é usado para as sacerdotisas e Babalao que significa pai do segredo, é usado para os sacerdotes, contudo, o Babalawo é um cargo apenas para os sacerdotes de Ifá, onde nem mesmo os sacerdotes do Candomblé usam, então o que faz na Umbanda? 

Justamente chegou a hora de entender o porquê do choque cultural e a desvalorização da mesma, se os cargos como estes que são respeitados por todas as vertentes religiosas são usados sem cerimônia alguma nos templos Umbandistas, então como pode haver reconhecimento da mesma perante a comunidade afro-brasileira?

Seria tão mais harmonioso se usassem o titulo de Babalorixá (pai de orixá) e Iyalorixá (mãe de orixá), para seus rituais, seria tão mais confiante ver o Yorùbá devidamente empregado, respeitando assim a origem e a hierarquia da cultura Africana. 

Mas para quem pensa que o problema está apenas na Umbanda, se engana, há pouco tempo foi lançada uma obra – "Dos Yoruba ao candomblé de Ketu" – onde um dos colaboradores da coletânea registrou o seguinte – [ Ìyá monde ou Bàbá – mulher que cultua espíritos dos reis mortos. Chamam-na também de Bàbá. 

O Alafim dirige-se a ela como “pai”, pois elas detêm a autoridade do “pai”, como as dirigentes da Umbanda brasileira, também chamadas de Babá] – pág 149. Reginaldo Prandi

Observem que o Roberval, incentiva o uso e ainda confunde conceitos e cargos ao qual não tem como ser absorvido na cultura da Umbanda, sem falar que ele cita a “Umbanda brasileira”, sem dizer quais mais Umbandas existente, será que a Umbanda nasceu no Brasil ou veio de outro lugar sem ser anunciada?

São erros como estes criados por escritores que geram conflitos entre os membros das religiões afro-brasileiras sedentos por falta conhecimento, um caos acadêmico impresso para qualquer um ler a qualquer momento.

Há algum tempo eu postei uma matéria falando sobre o Politeísmo na cultura afro-brasileira, afinal a sua estrutura não condiz com a existência de um único Deus criador de tudo, oportunamente posso observar que a Umbanda é uma religião monoteísta, afinal ela acredita num Deus que ainda não foi definido se é Olorun ou NZambi ou Oxalá, alguns adeptos chegam a confundir o criador com Jesus, claro é o resultado claro dos danos causados pelo sincretismo na cultura Umbandista. 

Mas uma coisa é certa o monoteísmo é a estrutura desta religião tão clara como podemos ver que as entidades necessitam pedir permissão nos seus trabalhos a uma divindade maior, para que possam atuar. 

Outras nem chegam a trabalhar, apenas orientam e se exumam de qualquer responsabilidade, deixando a cargo das forças divinas escolherem o resultado final.

E por fim, chego ao resultado desta confusão expressa na mídia, que ainda não projetou nem uma novela, seriado ou filme com um retrato respeitado da Umbanda, que geralmente é representada numa caricatura deformada e mal divulgada, diferente do Candomblé e o espiritismo que já vimos grandes obras produzidas pelas grandes emissoras e Cia. de cinema. 

Eu acredito que seria preciso uma reciclagem nos conceitos, comportamento e rituais da Umbanda para que pudesse limar aqueles pequenos equívocos que retiram a credibilidade e confiabilidade da mesma.
Por Erick Wolff8

[1] - Cultura Bantu = Camarinha, muzenza, feitura, Bori (nome dado para uma obrigação de Caboclo que não tem nada haver com o conceito do Bọrí).

[2] - Divindades Yorùbá = Òòṣàálá, Ṣàngó, Ọ̀sányìn e etc.


Criação da Terra até os dias atuais




Da Criação da Terra até os dias atuais, muitas mudanças aconteceram com a evolução natural das coisas.


No entanto, todo esse progresso, tudo que existe, é permitido por Olodumare, e cabe a cada um saber como utilizar.


No início dos tempos, quando quase nada existia, o aprendizado era basicamente por “imitação”: ver e fazer igual.


Com a Criação… dos Seres Humanos, dotados de raciocínio, e consequentemente, com uma grande capacidade de criar e aperfeiçoar as coisas, em busca de soluções para melhorar o bem estar, o homem foi construindo o progresso.


Surgiu a escrita, a evolução das ciências, das tecnologias, fantásticos meios de comunicação, como são nos dias atuais. 


As três formas de aprender: ver, ouvir e ler, influenciaram diretamente a transformação da humanidade.


Quando me iniciei no Candomblé, meu aprendizado era por imitação: participando do dia a dia da Casa, eu ia vendo e aprendendo a fazer igual. Hoje, uma Iyawo tem acesso a muita informação, o que é bom e ajuda no seu aprendizado.


Cultuar Orixá é estar no Culto, participando e pratricando.  


Embora, não seja só isso, só assim é que se aprende a separar o que é bom do que não é bom, o que é falso e o que é verdadeiro.


Mas não podemos abrir mão dessa facilidade de informações. 


Saber é cultura e poder. 


Aprender não é desrespeitar a Casa de Candomblé a qual pertencemos, e cultura nunca é demais.


Se estamos bem numa Casa, nos sentindo bem, com as coisas dando certo, é ali que devemos ficar. 


Caso contrário, se alguma coisa não está bem, realmente o melhor é procurar outra.


Não esquecendo, que é fundamental estar dentro do Culto, e encontar o nosso lugar, o lugar que nos traz ou trará as coisas boas da vida. 


Isso, as vezes, se torna uma tarefa difícil: “encontrar o nosso lugar ideal”.





quinta-feira, 5 de abril de 2012

Ogum dá ao homem o segredo do ferro.




Na Terra criada por Obatalá, em Ifé, os orixás e os seres humanos trabalhavam e viviam em igualdade. Todos caçavam e plantavam usando frágeis instrumentos feitos de madeira, pedra ou metal mole. 


Por isso o trabalho exigia grande esforço. 


Com o aumento da população de Ifé, a comida andava escassa. 


Era necessário plantar uma área maior.


Os orixás então se reuniram para decidir como fariam para remover as árvores do terreno e aumentar a área de lavoura. 


Ossain, o orixá da medicina, dispôs-se a ir primeiro e limpar o terreno. 


Mas seu facão era de metal mole e ele não foi bem sucedido. 


Do mesmo modo que Ossain, todos os outros Orixás tentaram, um por um, e fracassaram na tarefa de limpar o terreno para o plantio. 


Ogun, que conhecia o segredo do ferro, não tinha dito nada até então. 


Quando todos os outros Orixás tinham fracassado, Ogun pegou seu facão, de ferro, foi até a mata e limpou o terreno. 


Os Orixás, admirados, perguntaram a Ogun de que material era feito tão resistente facão. 


Ogun respondeu que era o ferro, um segredo recebido de Orunmilá. 


Os Orixás invejaram Ogun pelos benefícios que o ferro trazia, não só à agricultura, como à caça e até mesmo à guerra.


Por muito tempo os Orixás importunaram Ogun para saber do segredo do ferro, mas ele mantinha o segredo só para si. 


Os Orixás decidiram então oferecer-lhe o reinado em troca do que ele lhes ensinasse tudo sobre aquele metal tão resistente. 


Ogun aceitou a proposta. 


Os humanos também vieram a Ogun pedir-lhe o conhecimento do ferro. 


E Ogun lhes deu o conhecimento da forja, até o dia em que todo caçador e todo guerreiro tiveram sua ança de ferro. 


Mas, apesar de Ogun ter aceitado o comendo dos Orixás, antes de mais nada ele era um caçador. 


Certa ocasião, saiu para caçar e passou muitos dias fora numa difícil temporada. 


Quando voltou da mata, estava sujo e maltrapilho. Os Orixás não gostaram de ver seu líder naquele estado. 


Eles o desprezaram e decidiram destituí-lo do reinado. 


Ogun se decepcionou com os Orixás, pois, quando precisaram dele para o segredo da forja, eles o fizeram rei e agora dizem que não era digno de governá-los. 


Então Ogun banhou-se, vestiu-se com folhas de palmeira desfiadas, pegou suas armas e partiu. 


Num lugar distante chamado Irê, construiu uma casa embaixo da arvore de Acoco e lá permaneceu. Os humanos que receberam deOgun o segredo do ferro não o esqueceram. 


Todo mês de dezembro, celebravam a festa de Uidê Ogun. 


Caçadores, guerreiros, ferreiros e muitos outros fazem sacrifícios em memória de Ogun. 


 Ogun é o senhor do ferro para sempre.  


[ Lenda 31 do Livro Mitologia dos Orixás de Reginaldo Prandi ]




Ogun e seus filhos representantes aqui na Terra !




Ogum é um dos deuses mais populares dentro do panteão africano tanto em território Cubano como Brasileiro, Ogum é considerado o Deus mais importante para a evolução evolução humana.


 Ogum é o Deus ferreiro, ele é o responsável pela criação das ferramentas que proporcionaram aos homens se libertarem da instabilidade da vida, antes de Ogum, os homens viviam uma vida tensa e de forma nômade já que não sabiam cultivar a terra, com o Axé de Ogum foi permitido aos homens a dádiva da evolução. 


Ogum é o Deus da tecnologia, é o Deus da continuidade. 


Na África Ogum é considerado o Orixá da caça, no Brasil ele perde este posto para sei filho Oxóssi. 


No Brasil Ogum é considerado o Deus da Guerra, sendo que na África este posto é dado a Xangô, pode-se dizer que ambos são Deuses da Guerra com distinções sutis, Ogum é o Deus da Guerra para a defesa do que se possui e Xangô é o Deus da Guerra para a conquista do poder e da supremacia.


Ogum é o senhor dos metais, principalmente do ferro, Ogum é considerado filho de Iemanjá e Obatalá, e irmão de Exú. 


Sua mãe em terra seria Tabutu e seu pa Ororinnã. Conta-nos uma lenda que o povo iorubá veio do Egito, e que chegando a Ile Ife, eles se reuniram como um povo, surgindo daí o axé dos Orixás. 


Na ida para Ile Ife, eles tiveram que abrir caminho pela mata. 


Embora Oxalá tentasse com seu cajado, não conseguiu. 


Então pediram a Ogum que fosse na frente de todos os orixás, abrindo o caminho com sua espada de ferro. Pôr isso canta-se “ Ogum bagada e Ogum bagada”. 


Quando chegaram em Ile Ifé, Ogum recebeu o título de “Lakaye Oxin Imole”, que significa que ele é um orixá cultuado no mundo inteiro, e portanto rei de todas as nações, o senhor dos caminhos. 


Sendo cultuado aqui, no Brasil de 7 (sete) diferentes formas ou qualidades:


Vale lembra que não existem qualidades o que existem são títulos que cada Orixá possuia.


-Ogun Onirê - É um título de Ogum que pode ser traduzido como Senhor de Irê, Irê é uma das cidades onde é prestado culto a Ogum. 


Nesta cidade conta a lenda que ao regressar de viagem e ser ignorado pelas pessoas da cidade, ele, enfurecido decapita inúmeras pessoas e após fazer isso ele descobre que, na realidade, chegara em um dia sagrado de silêncio em sua homenagem finca sua espada ao chão abrindo-o e se joga na fenda, suicidando-se.


- Ogun Akorô - Este título é traduzido como Senhor da coroa.


- Ogun Alabedê - É um grande ferreiro e ferramenteiro. 
Este Ogun é o marido de Iemanjá Ogunté. 
É o mais velho, trabalhador, exigente e rabugento. Veste-se de azul-marinho. 


Come com Exú e Iemanjá.


- Ogun Já - Este é um título de Ogum que enfatiza sua predileção por comer cachorro como oferendas. Este nome vem de Ogún Je Ajá, Ogum come cachorro.


- Ogun Warí - É perigoso e feiticeiro, come com Oxum e Iemanjá. Tempemperamento muito difícil e autoritário. Veste azul-marinho.


- Ogun Omini - Também é um Ogun feiticeiro, come com Oxun. É mais gentil, mas muio melindroso, veste azul-marinho


- Ogun Mejê - Pode ser traduzido como Ogun sete, esse número é menção as sete sementes que Ogun plantou nos sete caminhos por onde passou. 


"Kàtà-kàtà ó gbín mejé, ó gbín mejé ónòn gbógbó". 


E é por causa destes sete caminhos que por má interpretação passaram a cultuar Ogum como se tivesse sete qualidade.


Aspectos Gerais


DIA: Terça-Feira


METAL: Ferro


CORES: VERDE ou Azul Marinho


COMIDAS: Inhame assado, feijoadaAjá (cachorro), Iiyan (pirão de inhame), Àkùko (galo) e Obì. 


Sua bebida é o emu (vinho de palmeira). 


SÍMBOLOS: Bigorna, faca, pá, enxada, todas as ferramentas e armas. 


ELEMENTOS: Terra, metais e fogo


ORIGEM: Iorubá


PEDRA: Lápis-lazúli


FOLHAS: Abre-caminho-de-Ogum, madeira de lei, aroeira-branca


cajarana, folhas de manga espada, palmeira, pau-ferro


caiçara, peregun (pau-d’água)


ODU QUE REGE: Ejikomeji, Etaogundá, Owarín, Obeogundá


DOMÍNIOS: Guerra, progresso, conquista e evolução


SAUDAÇÃO: Ògún ieé!


Na África, no santuário de Ogum em cada cidade, sete cães são mortos como sacrifício ao Orixá por ocasião de sua festa, que dura sete dias. 


A saudação "Ogun Iê" pode ser traduzida como, "Ogum Sobreviveu" ou "Ogum é forte", mas também pode ser traduzido como "Olá Ogum". 


E "Patakori ô Ogun" pode ser traduzido como "Ogum é o principal" ou "Ogum é o líder".


Adura Ogun


Ogun pele o,


Edun irin,


Ogun okunrin ogun.


Enii ti somo emia dolola,Gbigbe ni o gbe mi bi o ti


gbe Akinoro ti o fi kole ola fun,


Ogun awoo alakaiye osin imole,


Egbe lehin eni anda loro.Ogun gbe mi o,


Ogun ma pami, omo elomiran


ni ki o pa.


Ogun, emi beru reOgun so mi di olowo, somi di oloro,Iwo ni olona ola,


Toribe ki o wa la ona ola fun mi.Ki o si maa da abo re bomi titi lai.


Ase


Adura Ogum


Ogum, te saúdo


Dono de matérias de ferro,


Ogum da guerra,


Você que torna as pessoas para


que sejam ricas,


Ogum me enriqueça como


você enriqueceu Akinoro e


fez dele um homem forte do


mundo, o maior no mundo,


Você que é protetor daqueles


que são feridos.


Ogum me salva,


Ogum não me mate, mate


o filho de outro.


Ogum, eu tenho medo de você


Ogum me torna rico, me torna


próspero,


Favor Ogum, abre o caminho


de bondade, ajuda e da prosperidade,


Você é o dono das riquezas,


Assim, me abre o caminho da


prosperidade.


Para que você me proteja para sempre.


Axé!


OGUN


1Ògún laka aye


(Ogun poderoso do mundo)


Osinmole


(O próximo a Deus)


Olomi nile fi eje we


(Aquele que tem água em casa, mas prefere banho com sangue)


Olaso ni le


(Aquele que tem roupa em casa)


Fi imo bora


(Mas prefere se cobrir de mariô)


La ka aye


(Poderoso do mundo)


Moju re


(Eu o saúdo)


Ma je ki nri ija re


(Que eu não depare com sua ira)


Iba Ògún


(Eu saúdo Ogun)


Iba re Olomi ni le fi eje we


(Eu o saúdo, aquele que tem água em casa, mas prefere banho de sangue)


Feje we. Eje ta sile. Ki ilero


(Que o sangue caia no chão para que haja paz e tranquilidade)


Ase


Axé


Oríkì fún Ògún


Ògún pèlé o !


Ògún alákáyé,


Osìn ímolè.


Ògún alada méjì.


O fi òkan sán oko.


O fi òkan ye ona.


Ojó Ògún ntòkè bò.


Aso iná ló mu bora,


Ewu ejè lówò.


Ògún edun olú irin.


Awònye òrìsà tií bura re sán wònyìnwònyìn.


Ògún onire alagbara.


A mu wodò,


Ògún si la omi Logboogba.


Ògún lo ni aja oun ni a pa aja fun.


Onílí ikú,


Olódèdè màríwò.


Ògún olónà ola.


Ògún a gbeni ju oko riro lo,


Ògún gbemi o.


Bi o se gbe Akinoro.


Oríkì para Ògún


Ògún, eu te saúdo !


Ògún, senhor do universo,


líder dos orixás.


Ògún, dono de dois facões,


Usou um deles para preparar a horta


e o outro para abrir caminho.No dia em que Ògún vinha da montanha


ao invés de roupa usou fogo para se cobrir.


E vestiu roupa de sangue.


Ògún, a divindade do ferro


Òrìsà poderoso, que se morde inúmeras vezes.


Ògún Onire, o poderoso.


O levamos para dentro do rio


e ele, com seu facão, partiu as águas em duas partes iguais.


Ògún é o dono dos cães e para ele sacrificamos.


Ògún, senhor da morada da morte.


o interior de sua casa é enfeitado com màrìwò.


Ògún, senhor do caminho da prosperidade.


Ògún, é mais proveitoso ao homem cultuá-lo do que sair para plantar


Ògún, apoie-me do mesmo modo que apoiou Akinoro.


Oríkì fún Ògún


Ògún awo, olumaki, alase to juba


Ògún ni jo ti ma lana talí ode


Ògún onire, onile kangun dangun ode


Orún egbé iehin


Pá san ba pon ao lana to


Imo kimobora egbé lehin a nle a benge ologbe


Àse


Oríkì para Ògún


Elogiado é o espírito do aço


Espírito de mistério do aço, chefe da força, dono do poder, eu o elogio


Espírito do aço, abra os caminhos


Espírito do aço, dono da fortuna boa, dono de muitas coisas no céu,ajude em nossa viagem


Remove a obstrução de nossa estrada


Sabedoria do espírito em guerra, nos guie por nossa viagem espiritual com força.