CASA PODEROSA DOS FILHOS DE YEMANJÁ

CASA PODEROSA DOS FILHOS DE YEMANJÁ

quinta-feira, 11 de julho de 2013

Iya Nassô Ylorixa

CASA BRANCA
SALVADOR/BA

Iya Nassô Ylorixa conhecida como fundadora do Mitico Candomblé da Barroquinha juntamente com outras duas Iyas preservadas na tradição oral do Candomblé bahiano de Ketu Iya Akala e Iya Adeta são ladeadas de mistérios e segredos em um tempo quase imemoravel.

No entanto nos últimos anos muitos tem sido os interessados em desvendar este mistério que paira sobre a origem do Candomblé de Ketu. 

Além de Pierre Verger, Vivaldo Costa Lima, Nina Rodrigues entre outros, temos alguns contemporâneos como Renato da Silveira e Lisa Earl Castilho que trazem a tona muitos documentos que apontam para desmitificação desta história.

Em sua pesquisa documental Lisa Earl Castilho, que foi publicada pela revista Afro-Asia em sua edição 36 de 2007. 


Ela através de uma pesquisa profunda nos arquivos públicos da Bahia traz a luz inumeros documentos como testamentos, ocorrências policiais, cartas de alforria, petições entre outros que apontam a identidade "brasileira" de Iya Nasso, que como ja esclarecido por diversos entendidos do assunto, é o nome de um titulo da corte do Alafin de Oyo, responsável pelo culto a Sango e divindades secundarias ligadas a este no palacio de Oyo, importante cidade-estado durante séculos.

Através do testamento deixado por Marcelina da Silva (Obatossi) em que ela descreve seu desejo em que seja celebrada in memorian missa a seus antigos senhores Jose Pedro Autran e Francisca Silva casados, moradores da Ladeira do Passo, na Freguesia do Passo em Salvador e seu filho Domingos a pesquisadora da inicio a uma serie de desenrolares na história acerca dessa figura lendária.


Através de outros documentos, ela identifica que este senhores a que Marcelina (Obatossi) cita em seu testamento eram negros da Costa forros libertos, e também proprietário de escravos, já que naquela época a posse de escravos era considerado um investimento seguro e lucrativo, mesmo por parte de ex escravos, que apesar do preconceito existente ascenderam economicamente na Bahia daqueles tempos. 

Esta senhora e seu marido Jose Pedro Autran constam em muitos documentos principalmente em concessão de alforrias, em especial em fevereiro de 1937 que concederam mais de 15 alforrias a seus escravos inclusive Marcelina (Obatossi) e sua filha a crioula Magdalena constando mais tarde em Outubro na alfândega registros destes e seus escravos alforriados vistos para viagem a África mais especificamente a Costa como era conhecida aquela região da África naqueles tempos. 

Isso comprova o que diz a tradição oral a respeito da viagem a África por Iya Nasso e Obatossi relatada por Mãe Senhora a Pierre Verger e Costa Lima.

Mas o fato motivador da viagem desta de volta a África pode ter sido por outras razões que não o de aperfeiçoar seu conhecimento a respeito do culto aos Orisás.

Considerando a hipótese apontada pela pesquisadora de que Francisca Silva seria a lendária Iya Nassô, "comprovada" por toda documentação pesquisada, esta teria saido do Brasil por conta da perseguição estabelecida pelas autoridades após a revolta do malês na Bahia, tendo seu filho como um dos suspeitos da insurreição. 

Ela em defesa de seu filho, Domingos, citado por Obatossi em seu testamento opta por deixar o país em troca de seu filho ser deportado. Segundo a pesquisadora após Outubro de 1837 nada mais indicava um retorno de Francisca Silva (Iya Nassô) a Bahia, tendo possivelmente falecido por lá. 

No entanto em meados nos anos de 1840 documentos voltam a apontar Marcelina Silva (Obatossi) tais como registros de batismo, escrituras de imóveis apontando que esta voltou da viagem a África e se estabeleceu novamente na Bahia, possivelmente assumindo o culto deixado por Iya Nassô, e mais tarde fundando o Terreiro da Casa Branca o Ilê Axe Iya Nassô Oka.

Na pesquisa um outro descrito interessante refere-se a prisão de seus filhos suspeitos de participantes da Revolta do Malês, ns ocorrências policiais testemunhos de pessoas próximas da casa de Francisca Silva descreve festas com a presença de um grande numero de nagos, vestidos de branco e vermelho com colares no pescoço, cânticos em língua yoruba, possivelmente um culto a Sango já que seu outro filho Thomé possuía registro de origem, ele vinha de Oyo.


Todos estes fatos documentados apontam para uma hipótese bastante concreta de que Francisca Silva tenha sido Iya Nassô e que esta tenha de fato trazido consigo o culto a Sango e talvez outras divindades secundarias daquela região de Oyo, e tenha voltado a África sem retorno a Bahia, porem deixado para sempre seu nome registrado na história do Candomblé de Ketu, sucedida anos depois por Marcelina Silva (Obatossi) que mais tarde o lado de Iya Adeta e Akala fundam a Casa Branca.

Concluindo todos estes fatos constatados a hipótese é de que Iya Nassô tenha sido mesmo a Sra Francisca Silva e tenha cultuado Sango em sua própria casa até sua partida para África, permanecendo no Brasil ainda Iya Adeta e Akala que promoviam também em suas casas cultos a Odé (Oxossi) e Aira. 


A outra hipótese que conclui-se é que o Candomblé da Barroquinha a que todos se referiam eram os festejos realizados no salão de festa anexo a Igreja da Barroquinha, sede da Irmandade do Martirios, aonde realizam a sombra do sincretismo festas a seus Orixás, o Candomblé como conhecemos hoje so teria passado a existir a partir da fundação da Casa Branca.
fonte:http://wwwatosefatos.blogspot.com.br/2011/08/iya-nasso.html



As qualidades ou avatares de Xangô



Qualidade é o termo usado no candomblé para designar as múltiplas invocações ou avatares dos orixás, assim como no cristianismo, no caso de Nossa Senhora e Jesus Cristo, as qualidades referem-se a cultos específicos do orixá, em que são invocados aspectos diversos da sua biografia mítica, o que inclui as diferentes idades, as suas lutas e aventuras, sua glorificação e deificação etc.

No candomblé, os orixás dividem-se em vários orixás-qualidade, e se se acredita que cada ser humano, que é considerado filho ou descendente mítico do orixá, origina-se de um dos orixás-qualidade. Essas qualidades procuram dar conta do arquétipo de cada orixá, uma vez que se baseiam em mitos, e é por meio do oráculo do jogo de búzios que o pai ou mãe-de-santo determina de qual delas o filho-de-santo se origina.

Vejamos uma descrição de algumas qualidades que são objeto de diferenciação no culto de Xangô na liturgia de alguns terreiros afro-brasileiros.

Agodô

Sincretizado com São Jerônimo em terreiros onde o sincretismo ainda é observado; é aquele que, ao lançar raios e fogo sobre seu próprio reino, o destrói, como contado no mito apresentado neste trabalho. 

Gente de Agodô é do tipo guerreira, violenta, brutal, imperiosa, aventureira, amante da ordem e da justiça, mesmo que isso implique numa justiça pautada em seu próprio benefício.

Obacossô

Em sua passagem pela cidade de Cossô, Xangô recebe o nome de Obacossô, ou seja, o rei de Cossô. Conta o mito que, depois de passar pela terra dos tapas, Xangô refugiou-se na cidade de Cossô, mas a dor de haver destruído seu povo, levou o rei a suicidar-se. No momento da morte de Xangô, Iansã chegou ao Orum e, antes que Xangô se tornasse um egum, pediu a Olodumare que o transforme num orixá. Assim Xangô foi feito orixá pelo pedido de sua mulher Iansã. Os filhos de Obacossô são serenos, tiranos, cruéis, agressivos, severos, amorosos, moralistas.

Jacutá

É o senhor do edun-ará, a pedra de raio. 

Conta o mito que o reino de Jacutá foi atacado por guerreiros de povos distantes, num dia em que seus súditos descansavam e dançam ao som dos tambores. Houve muita correria, muita morte, muitos saques. Jacutá escapou para a montanha seguido de seus conselheiros, donde apreciava o sofrimento de seu povo. Irado, o rei chamou sua mulher Iansã, que, chegando com o vento, levou consigo a tempestade e seus raios. 

Os raios de Iansã caíram como pedras do céu, causando medo aos invasores, que fugiram em debandada. Mais uma vez, Jacutá fora acudido por Iansã, e mais, sua eterna amante deu-lhe, dessa feita, o poder sobre as pedras de raio, o edun-ará. Gente de Jacutá tem espírito de um velho pensador, justiceiro, incansável, brutal, colérico, impiedoso, preocupado com a causa dos outros.

Afonjá

Patrono de um dos terreiros mais tradicionais e antigos da Bahia, o Axé Opô Afonjá, é o Xangô da casa real de Oió. Nesse avatar Xangô Afonjá é aquele que está sempre em disputa com Ogum. Um dos mitos que relata tal passagem nos conta que Afonjá e Ogum sempre lutaram entre si, ora disputando o amor da mãe, Iemanjá, ora disputando o amor de suas eternas mulheres, Oiá, Oxum e Oba. 

Lutaram desde o começo de tudo e ainda lutam hoje em dia. No entanto, naquele tempo, ninguém vencia Ogum. Ele era ardiloso, desconfiado, jamais dava as costas a um inimigo. Um dia, Afonjá cansado de tanto perder as batalhas para Ogum, convidou-o para ter com ele nas montanhas. Afonjá sempre apelava para a magia quando se sentia ameaçado e não seria diferente daquela vez. 

Ao chegar no pé da montanha de pedra, Afonjá lançou seu machado oxé de fazer raio e um grande estrondo se ouviu. Ogum não teve tempo de fugir, foi soterrado pelas pedras de Afonjá. Xangô Afonjá venceu Ogum naquele dia e somente naquele dia. Por essas características que o mito mostra, filhos de Afonjá  tem um espírito jovem e sábio, são feiticeiros, libertinos, tirânicos, obstinados, galantes, autoritários, orgulhosos, e adoram uma peleja.

Baru

Conta o mito em que Xangô recebe de Oxalá um cavalo branco como presente. Com o passar do tempo, Oxalá voltou ao reino de Xangô Baru, onde foi aprisionado, passando sete anos num calabouço. Calado no seu sofrimento, Oxalá provocou a infertilidade da terra e das mulheres do reino de Baru. Mas Xangô Baru, com a ajuda dos babalaôs, descobriu seu pai Oxalá preso no calabouço de seu palácio. 

Naquele dia, ele mesmo e seu povo vestiram-se de branco e pediram perdão ao grande orixá da criação, terminando o ato com muita festa e com o retorno de Oxalá a seu reino. Assim seus descendentes míticos agirão sempre como um jovem desconfiado, ambicioso, elegante, teimoso, hospitaleiro, galante; neste avatar, e somente neste, Xangô surge como um rei humilde e solidário com a causa de seu povo.

Airá

Em alguns terreiros de candomblé cultua-se um grupo de qualidades de Xangô que recebe o nome de Airá. Também se acredita que Airá seja um orixá diferente de Xangô e que participa de alguns de seus mitos. O mais comum é considerar-se Airá como um Xangô branco. Vejamos algumas das subdivisões de Airá.

Airá Intilé

É o filho rebelde de Obatalá. Airá Intilé foi um filho muito difícil, causando dissabores a Obatalá. Um dia, Obatalá juntou-se a Odudua e ambos decidiram pregar uma reprimenda em Intilé. Estava Intilé na casa de uma de suas amantes, quando os dois velhos passaram à porta e levaram seu cavalo branco. Airá Intilé percebeu o roubo e sabedor que dois velhos o haviam levado seu cavalo predileto, saiu no encalço. Na perseguição encontrou Obatalá e tentou enfrentá-lo. 

O velho não se fez de rogado, gritou com Intilé, exigindo que se prostrasse diante dele e pedisse sua benção. Pela primeira vez Airá Intilé havia se submetido a alguém. Airá tinha sempre ao pescoço colares de contas vermelhas. Foi então que Obatalá desfez os colares de Airá Intilé e alternou as contas encarnadas com as contas brancas de seus próprios colares.

 Obatalá entregou a Intilé seu novo colar, vermelho e branco. Daquele dia em diante, toda terra saberia que ele era seu filho. E para terminar o mito, Obatalá fez com que Airá Intilé o levasse de volta a seu palácio pelo rio, carregando-o em suas costas. Nesta qualidade, Airá Intilé dá a seu devoto um ar altivo e de sabedoria, prepotente, equilibrado, intelectual, severo, moralista, decidido.

Airá Ibonã

 É considerado o pai do fogo, tanto que na maioria dos terreiros, no mês de junho de cada ano, acontece a fogueira de Airá, rito em que Ibonã dança acompanhado de Iansã, pisando as brasas incandescentes. 

Conta o mito que Ibonã foi criado por Dadá, que o mimava em tudo o que podia. Não havia um só desejo de Ibonã que Dadá não realizasse. Um dia Dadá surpreendeu Ibonã brincando com as brasas do fogão, que não lhe causavam nenhum dano. Desde então, em todas as festas do povoado, lá estava Airá Ibonã, sempre acompanhado de Iansã, dançando e cantando sobre as brasas escaldantes das fogueiras.

Nessa qualidade, os seguidores de Airá têm espírito jovem, perigoso, violento, intolerante, mas são brincalhões, alegres, gostam de dançar e cantar.

Airá Osi

É o eterno companheiro de Oxaguiã. Um dia, passando Oxaguiã pelas terras onde vivia Airá Osi, despertou no jovem grande entusiasmo por seu porte de guerreiro e vencedor de batalhas. Sem que Oxaguiã se desse conta, Airá trocou suas vestes vermelhas pelas brancas dos guerreiros de Oxaguiã, misturando-se aos soldados do rei de Ejibô. 

No caminho encontraram inimigos ao que Osi, medroso que era, escondeu-se atrás de uma grande pedra. Oxaguiã observava a disputa do alto de um monte, esperando o momento certo de entrar nela, mas, para sua surpresa, percebeu que um de seus soldados estava de cócoras, escondido atrás da pedra. Sorrateiramente Oxaguiã interpelou seu soldado e para sua surpresa deparou-se com Airá que chorava de medo, implorando seu perdão, por haver enganado o grande guerreiro branco. 

Oxaguiã, por sua bondade e sabedoria, compadeceu-se de Airá Osi. No entanto, como punição pela mentira de Airá, decidiu que naquele mesmo dia o jovem voltaria à sua terra natal vestindo-se de branco e nunca mais usaria o escarlate, devendo dedicar-se a arte da guerra para poder seguir com ele em suas eternas batalhas.

Os filhos de Airá Osi são considerados jovens guerreiros, lutam pelo que querem, mas as vezes deixam-se enganar pela impetuosidade. 

São calmos, não tidos a trabalhos intelectuais, são amorosos, alegres e sentimentais.

São muitas as invocações ou qualidades de Xangô, que, como vimos, se juntam às outras tantas de Airá. 

Em diferentes países e regiões da diáspora africana em que a religião dos orixás sobreviveu e prosperou, há diferentes variantes das qualidades dos orixás, pois cada grupo, geograficamente isolado, ao longo do tempo, acabou por selecionar esta ou aquela passagem mítica do orixá. 

Muitas foram esquecidas, outras ganharam novos significados. 

Cada qualidade é representada por diferentes cores e outros atributos, de modo que, pelas vestes, contas e ferramentas, ritmos e danças, é possível identificar a qualidade que está sendo festejada, principalmente no barracão de festas dos terreiros. 

Não só por esses aspectos, mas também pelas oferendas votivas e pelos animais que são sacrificados em favor da divindade.

O culto se multiplica, o poder de Xangô se expande. Faces diferentes para outras faces. 

Diz um oriki:

Òlò áwá la wulú
Olodó òlò odó
Oyá walé ni ilè Irá
Sangò walé ni Kosó.

Senhor do som do trovão
Senhor do pilão
Oiá desaparece na terra de Irá
Xangô desaparece na terra de Cossô

Xangô de Oió, Xangô de Cossô. Da África e das América. Xangô é um e é muitos, mas, como indica o sentimento dos devotos, essa multiplicidade pode ser reunida numa só pessoa: Xangô. É o mesmo que dizer, nas palavras de pai Pércio de Xangô, babalorixá do Ilê Alaketu Axé Airá: É tudo Xangô.

Bibliografia

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Resumo:

Partindo do relato mítico do orixá do trovão na história dos povos iorubás, o texto trata da importância do culto africano de Xangô na formação de ritos e cargos do candomblé instituído no Brasil. Apresenta principais variações rituais inscritas nos avatares do orixá e nos arquétipos de personalidade de seus filhos. Mostra também como muitos postos e títulos usados no candomblé correspondem a adaptações feitas a partir da estrutura administrativa da cidade de Oió, da qual Xangô teria sido um dos primeiros governantes e da qual é o grande patrono.


Reginaldo Prandi:
Professor Titular de Sociologia da Universidade de São Paulo, é autor de Os candomblés de São Paulo (1991), Herdeiras do axé (1996), Mitologia dos orixás (2000), Encantaria brasileira (organizador, 2001), Segredos guardados (2005), e dos infanto-juvenis Os príncipes do destino (2001), Ifá, o Adivinho (2002), Xangô, o Trovão (2003), Oxumarê, o Arco-Íris (2005), Minha querida assombração (2003), entre outros livros.

Armando Vallado:
Mestre e Doutor em Sociologia pela Universidade de São Paulo, é babalorixá do candomblé Casa das Águas, e autor do livro Iemanjá, a grande mãe africana do Brasil (2002).

 fonte: http://www.fflch.usp.br/sociologia/prandi/xangorei.htm




Obás de Sango - 4º Obá da Esquerda., Obá ONIKOYI


Indica o chefe de uma promissora província metropolitana de oyó, chamada IKOYI.

O prefixo “ONI” significa “REI”, embora em uma escala hierárquica menor, no caso, quer dizer “Rei de IKOYI”. 

Sua função governamental é de tamanha importância, dando ao mesmo um forte elo de ligação com o poderoso ALAFIN, devido aquela metrópole ser rica em ouro e outros minerais, como o cobre, que na antigüidade, principalmente no solo africano representava uma das maiores riquezas que subsequente/aumentavam as riquezas, e os poderes do grande ALAFIN. 

São vassalos do rei, o ONIKOYI, o OLOGBON. 

o ORESÁ e um outro chamado TIMI, que no Brasil não foi instituído nem considerando como um dos OBÁ de SANGÒ, são na realidade os mais anciões de todos, portanto profunda sabedoria nas respostas às suas, haja vista, que na cultura yorubá os velhos são respeitados como possuidores de grandes sapiência, face as experiências conseguidas com as suas vivências, razão pela qual se tornam os grandes conselheiros.


Xangô criador de Culto a Egungun


Segundo a tradição do culto dos Eguns, é originário da África, mais precisamente da região de Oyó. 

O culto de Egungun, é exclusivo de homens, sendo Alápini o cargo mais elevado dentro do culto tendo como auxiliares os Ojés. 

Todo integrante do culto de Egungun é chamado de Mariwó. 

Na África, Xangô é considerado a encarnação do Deus primordial do Sol, raios e tempestades, Xangô seria a encarnação de Jakutá, que é considerado a mão de Olorun que pune, o caráter punitivo de Olorun, ele representa o poder de Olorun, tanto que fora enviado ao mundo em criação para estabelecer a ordem entre Oxalá e Oduduá, que são as duas divindades que foram encarregadas, por Olorun, para criação. 

Desta forma, Xangô é cultuado como um Orixá Egungun, Orixá por ele ser nada mais nada menos que o Orixá da execução, da punição divina e Egungun por ele ter tido sua passagem pela terra como homem e ter se iniciado. 

Xangô foi o criador do culto de Egungun e ele foi o primeiro Ojé ( Sacerdote do Culto aos Mortos ) e também foi o primeiro Alapini ( Sumo-sacerdote do Culto aos Mortos ) isso é evidenciado em um de seus Orikis que fala:

"Rei do Trovão ( Raios ) Rei do Trovão ( Raios ) Encaminha o Fogo sem errar o alvo ( Alusão aos Raios ), nosso vaidoso Ojé Xangô alcançou o Palácio Real Único que possuiu Oiá Grande líder dos Orixás Rei que conversa no Céu e que possui a honra dos Ojés Rei que conversa no Céu e que possui a honra dos Ojés."

Xangô é o fundador do culto aos Eguns, somente ele tem o poder de controlá-los, como diz um trecho de um Itã:


"Em um dia muito importante, em que os homens estavam prestando culto aos ancestrais, com Xangô a frente, as Iyámi Ajé fizeram roupas iguais as de Egungun, vestiram-na e tentaram assustar os homens que participavam do culto, todos correram mas Xangô não o fez, ficou e as enfrentou desafiando os supostos espíritos. 


As Iyámis ficaram furiosas com Xangô e juraram vingança, em um certo momento em que Xangô estava distraído atendendo seus súditos, sua filha brincava alegremente, subiu em um pé de Obi, e foi aí que as Iyámis Ajé atacaram, derrubaram a Adubaiyani filha de Xangô que ele mais adorava. 


Xangô ficou desesperado, não conseguia mais governar seu reino que até então era muito próspero, foi até Orunmilá, que lhe disse que Iyami é quem havia matado sua filha, Xangô quiz saber o que poderia fazer para ver sua filha só mais uma vez, e Orunmilá lhe disse para fazer oferendas ao Orixá Iku (Oniborun), o guardião da entrada do mundo dos mortos, assim Xangô fez, seguindo a risca os preceitos de Orunmilá.


Xangô conseguiu rever sua filha e pegou para sí o controle absoluto dos mistérios de Egungun (ancestrais), estando agora sob domínio dos homens este culto e as vestimentas dos Eguns, e se tornando estritamente proibida a participação de mulheres neste culto, caso essa regra seja desrespeitada provocará a ira de Olorun. Xangô , Iku e dos próprios Eguns, este foi o preço que as mulheres tiveram que pagar pela maldade de suas ancestrais."




Resumo do Itan de Xango e Oxalufon – A Justiça!


Como sempre vou primeiro contar o Itan e depois fazer uma análise rápida.

Oxalufon queria visitar seu grande amigo Xango, foi então até Orunmilá e consultou o oráculo, consultou Ifá. 

As determinações de Ifá não foram muito boas, revelando a Orunmilá que a viagem de Oxalufon seria trágica. Orunmilá aconselhou que o Grande Orixá não realizasse a empreitada.

Porém Oxalufon não queria desistir, pois a teimosia é uma característica desse Orixá, então pediu ao Babalawo que consultasse Ifá a fim de que surgissem determinações do que fazer para que a viagem não fosse trágica como foi avisado. 

Então Orunmilá revelou que durante a viagem em hipótese alguma Ele deveria reclamar ou brigar e discutir com qualquer pessoa, não poderia reclamar de nenhuma situação, com a conseqüência de que perderia a vida. 

Ainda recomendou que levasse 3 trocas de roupas.

Assim partiu Oxalufon em sua empreitada a fim de visitar o reino de Xango. 

Em determinado momento encontrou um menino, que tentava levantar uma bacia com azeite de oliva até sua cabeça mas não conseguia. 

Nosso Orixá observando a dificuldade do menino se propôs a ajudá-lo, foi quando virou todo o conteúdo da bacia sobre sua roupa. 

Lembrando do conselho de Orunmila, mesmo muito irritado, Oxalufon não reclamou do acontecido. 

Como levava três trocas de roupas, foi se trocar e entregar como ebó a roupa manchada.

Continuando seu caminho encontrou mais duas vezes a mesma situação que passara, caindo sobre si azeite de dendê e depois carvão, porém em nenhuma das vezes reclamou ou brigou. 

O menino que causara a situação desagradável não era nada menos que Exu, que como sempre maquinava situações para perturbar a mesmice. 

Vendo que Oxalufon não reclamou em momento algum, perdeu a graça e desistiu de perturbar o Orixá do Branco.

Em fim chegou pelas terras de Xango, quando caminhava pode avistar o cavalo que outrora havia dado a seu amigo. 

Supondo que o animal havia fugido tratou de dominá-lo para levá-lo de volta ao Rei Xango. 

Enquanto cavalgava em direção ao reino pode ser avistado pelos guardas que estavam justamente procurando o cavalo. 

Quanto foi a surpresa de Oxalufon quando pode perceber que os guardas confundiram-no com um ladrão. Nosso querido Orixá foi espancado e preso nas terras de Xango. 

Isso sem que fizesse uma só reclamação, temendo sua própria vida devido à determinação de Ifá.

Xango nunca soube do acontecido, porém seu reino foi abatido por uma grande fome e doença, dizimando seu povo. 

Então Xango foi consultar Orunmila, foi consultar Ifá. 

Assim foi revelado que seu reino cometera uma grande injustiça a alguém muito importante que ainda se encontrava preso.

Xango foi até o lugar onde Oxalufon estava, quando reconheceu seu grande amigo em estado deplorável. 

Então o Grande Rei determinou que Oxalufon fosse libertado. 

Que preparassem um banho e trouxessem roupas brancas como o algodão.

Então Xango carregou Oxalufon em suas próprias costas e determinou que todo o povo do reino deveria reverenciar o Grande Orixá do Branco. 

Assim foi desfeita a injustiça e a fome e a doença deixaram o reino.

Análise do Itan:

Esse itan traz características do Orixá Oxalufon, como o equilíbrio de lidar com situações muito complicadas sem causar qualquer confronto prejudicial. 

Isso é mostrado ao contar que esse Orixá não poderia reclamar dos acontecimentos. 

Conta-se também a característica de Oxalufon em relação à teimosia.

Também como na maioria dos Itans que se referem à Ifá, revela a necessidade de seguir as determinações do Oráculo.

Ainda podemos notar a explicação da regência de Xango sobre a Justiça, como Ele carrega o peso da injustiça em suas costas fazendo com que nunca mais a cometa.

Esse Itan ainda pode explicar um dos Rituais realizados em casas de Candomblé. 

As Águas de Oxalá. Um ritual em que todos os adeptos da casa levam água até Oxalufon e essa festa conta essencialmente com a presença do Orixá Xango, entre outros.




"Itan Odu Ogbe Meji, A Força do Edun Ara"



Odu Eji Ogbe

O poder extraordinário dos edun ara Sango.

Pedras do trovão são poderosas;
Arira, o poderoso;
A colina poderosa que tem um ápice cônico,
Foi adivinhado para Orunmila
Quando ele estava entrando na prática da adivinhação,
Na cidade de Ila Obamowo
Orunmila estava seguro de uma prática lucrativa naquela cidade.
Mas também lhe disseram que executasse sacrifício.
E ele executou
E ele teve sucesso trazendo todos os lucros para casa
Ele começou a dançar, Ele começou a regozijar.
Ele disse:
"Aerolitos são poderosos, Arira o poderoso

*as pedras de trovão se referem aos machados antigos de pedra,
sagrados para os Yorubas adoradores de Sango. 

Os yoruba, como todos os
outros povos antigos, para quem essas pedras são sagradas, acreditam
que essas pedras eram atiradas do céu durante o trovão, sempre que
Sango esta bravo. 

De acordo com a convicção dos Yoruba, Sango é o
inimigo de ladrões, mentirosos e traidores e sempre que os descobre,
lança sobre eles as pedras de trovão. 

Quando atiradas do céu,
acredita-se que são tão poderosas que podem destruir um edifício de
um golpe só. 

Quando há incidência de raio que afeta as pessoas em
qualquer lugar, os Mogba Sango são chamados para remover a pedra de
trovão que causou a destruição e executar todos os ritos
tradicionais estipulados para tal ocasião.

São essas pedras de trovão (edun ara), que fazem parte importante do
conteúdo dos assentamentos de Sango

fonte: https://groups.google.com/forum/#!topic/orunmila-ifa/YUYL-O3Z9Ss


Lenda de Xangô


Arrependido Sango retorna ao Orun

Xangô era rei de oyó, terra de seu pai; já sua mãe era da cidade de empê, no território de tapa. Por isso, ele não era considerado filho legítimo da cidade. 

A cada comentário maldoso xangô cuspia fogo e soltava faíscas pelo nariz. 

Andava pelas ruas da cidade com seu oxé, um machado de duas pontas, que o tornava cada vez mais forte e astuto onde havia um roubo, o rei era chamado e, com seu olhar certeiro, encontrava o ladrão onde quer que estivesse.

Para continuar reinando xangô defendia com bravura sua cidade; chegou até a destronar o próprio irmão, dadá, de uma cidade vizinha para ampliar seu reino. 

Com o prestigio conquistado, xangô ergueu um palácio com cem colunas de bronze, no alto da cidade de kossô, para viver com suas três esposas: oyá ( yansã ) amiga e guerreira; oxum, coquete e faceira e obá, amorosa e prestativa.

Para prosseguir com suas conquistas, xangô pediu ao babalaô de oyó uma fórmula para aumentar seus poderes; este entregou-lhe uma caixinha de bronze, recomendando que só fosse aberta em caso de extrema necessidade de defesa. 

Curioso, xangô contou a yansã o ocorrido e ambos, não se contendo, abriram a caixa antes do tempo. Imediatamente começou a relampejar e trovejar; os raios destruíram o palácio e a cidade, matando toda a população. Não suportando tanta tristeza, xangô afundou terra adentro, retornando ao orun.


Ayrá o verdadeiro senhor da justiça !



AYRÀ era um Òrìsà no fundamento de SÀNGÓ, era um de seus servos de confiança.

Servo, será ??????

OSÀLÚFÓN deu-lhe o título de seu primeiro ministro, fazendo dêle seu mais fiél amigo, motivo pelo qual AYRÀ come diferente dos SÀNGÓ; foi-lhe consedido comer em sua gamela o arroz, a canjica e o mingau de acaçá, sendo-lhe proibido o dendê e o sal.

Por motivo de rivalidade com SÀNGÓ, não se deve coloca-los juntos na mesma casa nem em cima de pilão. Sua gamela é oval e seus ornamentos prateados.

Seu assentamento é na gamela oval e não leva pilão. A fogueira lhe pertence e é acesa pelo lado esquerdo. 

Dentro da fogueira coloca-se :

- Um tacho de cobre com 12 quiabos;

- Uma pedra, representando o ODUN ARÀ;

- Frutas.

QUALIDADES

- ANTILE

Veste branco e é ligado a YEMONJA SOBÀ e ÒSUN KARÉ. Foi êle quem carregou OSÀLÚFÓN nos ombros e tentou coloca-lo contra SÀNGÓ , dizendo que êle teria passado os sete anos na prisão por culpa de seu filho, SÀNGÓ. Por isto existe uma KIZILA entre AYRÀ e SÀNGÓ , não podendo AYRÀ ser posto em cima do pilão , pois provoca a ira de OSÀLÚFÓN. Come com ÈSÙ.

- OSUIBURU

Veste o preto e caminha nas trevas com ÈSÙ e ÉGÚN, não se raspa.

- AYRÀ AYRÀ

Come com ÒÒSÀÀLÀ e veste branco. Caminha junto com ÒGÚN JÀ, se não assenta-lo AYRÀ não caminha e a pessoa para no tempo.

- AYRÀ OCÌ

Idêntico ao AYRÀ AYRÀ, só que é calmo.

AYRÀ IBONA

É o pai do fogo. Veste branco.

- AYRÀ OMONIGI

É um AYRÀ muito quente e filho do fogo. Se provocado solta fogo pela boca. Come com ÒSUN.

- ALAMODÉ

É um AYRÀ menino. Come com YEMONJA e OSOGUIAN. ÒGÚN JÀ fica a seus pés.

- AJOSSIN

É o dono do camelo. Não tem medo da morte como SÀNGÓ de dendê. Veste branco.

- EPOMIN

Foi êle quem brigou e destronou OMOLÚ.

- ADJAOSSI

O verdadeiro esposo de OBÁ. Brigou com ÒGÚN JÀ. Veste branco. ÒGÚN JÀ fica em outro quarto.

- YIGBOMIN ou BOMIN

É bom, conselheiro, dono da verdade, reina nas águas junto com ÒSUN. Não faz nada sem perguntar a ÒÒSÀÀLÀ.

- ETINJÀ

Depende de ÒGÚN JÀ para caminhar, é guerreiro e cruel, não recusa uma batalha. Veste branco.

- YBONA

É o AYRÀ da quentura.

- DUNDUN

Identico ao OXUIBURU.

SUAS FOLHAS

- As mesmas de SÀNGÓ.


Rezando para Xango




As rezas a seguir representam um esforço de tradução de 2 rezas bastante conhecidas de Xango principalmente porque foram divulgadas pelo livro de José Flavio, a Fogueira de Xango, através de um magnífico CD.

No Livro existe a letra em Yoruba e uma tradução que infelizmente é péssima. 

Não foi José Flavio que traduziu, mas a pessoa que fez viajou na maionese.  

Em se tratando de Yoruba tudo pode estar certo ou errado mas existe um pequeno bom senso a seguir.  

A tradução do livro não seguiu qualquer bom senso.

Traduzir Yoruba não e fácil, as pessoas acham que simplesmente vão achando as palavras no dicionário, ledo engano. 

É muito complicado porque pela oralidade tem que se chegar a uma palavra ou conjunto de possíveis palavras.

 Depois analisar as possíveis traduções e combinações de traduções considerando o sentido do texto, o seu objetivo e convivendo com a dificuldade de palavras que foram aglutinadas (2 palavras viram 1) e erros na oralidade, com o passar do tempo as pessoas falam errado ou trocam fonemas.

Ai existe o caminho fácil que é inventar uma tradução, que foi o caso foi o caso do livro A fogueira de Xango, ou de trocar as palavras por outras conhecidas, que foi o caso do livro seguinte, O banquete do Rei, no qual o tradutor mudou palavras para ajustar a tradução.

O mesmo autor andou fazendo isso posteriormente com diversas cantigas que andou traduzindo e cantando. 

A dificuldade realmente é traduzir a palavra ou o fonema como ele esta ou como é cantado ou buscar pequenas variações justificadas pelos vicios de oralidade.

Enfim, é por isso que digo que certo ou errado estão muito próximos e é difficil dar razão a alguém. 

Bom, o texto a seguir foi um esforço no sentido de ser o mais literal possível, representando assim uma versão com grandes possibilidades de estar correta. 

Muito trabalho foi necessário para chegar nesse resultado.

Como todos sabem o texto é melhor visto baixando o fonte Yoruba indicado nesse Blog. 

A instalação da fonte Yoruba é muito simples e permite ver todos os textos de forma integral. 

No texto a seguir inclui a fonética em português.

ọba irú loko
óbá irú lokô

O rei viril
ọba irú loko
óbá irú lokô

O rei viril
iyamase kó nwa
iamasê kô un á

iyamase trouxe-o a vida
ará òjé
ará ojê

nosso ancestre destemido
aganju kò màá njá lẹ́ẹ̀kan
aganju kô maa un já léé kan

aganju nos ensina a sempre vencer de novo
ará làkó láìyà
ará lákô laiá

O membro da comunidade que é autêncico e audacioso
tóbi òrìṣà
tobí orixá

o grande òrìṣà
ọba ṣọ́ ọ̀run
óbá xó órun

o rei nos vigia do orun
ará ọba òjé
ará óbá ojê

nosso rei e lider
ọba ṣọ́ ọ̀run
óbá xó órun

o rei nos vigia do orun
ará ọba òjé
ará óbá ojê

nosso rei e lider
ó níkà, ó níkà
o niká, o niká

ele é cruel, ele é cruel
ará òjé aṣẹ sú
ará ojê axé sú

nosso líder que espalha o axé
Badé, Badé ìjà lóni
Badê, Badê ijá loní
Badé, badé, lute hoje
ó níkà, ó níkà sí ará ìyìn aláde o
o niká, o niká si ará i in aladê o

ele é cruel, ele é cruel, o trovão louva o que tem a coroa
ó níkà
o niká

ele é cruel
ará òjé aṣẹ sú
ará ojê axé sú

nosso líder que espalha o axé
Ṣàngó máṣàì rẹ̀ wá o
Xangô maxaí ré ua o
Ṣàngó não falhará em vir!
Rẹ̀ wa o
ré ua o
ele virá!
Ọ̀ba lojú ma ṣe
obá lojú ma xe

O rei maior certamente virá
Ṣàngó máṣàì rẹ̀ wá o
Xangô maxaí ré ua o

Ṣàngó não falhará em vir!
Rẹ̀ wa o
ré ua o

ele virá!
Ọ̀ba lojú ma ṣe
obá lojú ma xe

O rei maior certamente virá
Ki ẹ òkeerẹ laanú sọ̀ko
ki é oke eré la anú sókô

Que o senhor do seu lugar distante seja piedoso ao jogar suas pedras
àgba aláde ma ṣe
agbá aladê ma xê

ancestre que tem a coroa e trabalha para nós
ọba kao
óba ka o

saudação ao rei
ọba kao
óba ka ô

saudação ao rei
o, o, Kábíèsí ilé
ô, ô, kabiêsi ilê

saudação ao rei dessa casa
ọba ni kọlé
óba ni kólê

O rei diz para construir a casa
ọba ṣe ire
óba xê irê

O rei trará bençãos
ọba njẹ́jẹ́
óba un jé jé

o rei esta pometendo
ṣe ire alado
xê irê aladô

fazer as bençãos do que tem a coroa
bangboṣe obitiko
bangbôxê obitikô
(referência a bangbose)
oṣe kao, o, o, Kábíèsí ilé
oxé ka ô ô ô kabiêsi ilê
saudação ao rei

FONTE: http://blog.orunmila-ifa.com.br/2010/08/oba-iru-loko-oba-iru-loko-o-rei-viril.html



A Balança de um Aláààfin



Para o povo Nagô, o conceito de vida e morte é importantíssimo. O nascimento para uma nova vida e a perpetuação do ser, fazem parte integrante do seu ritual. A morte não é o fim, para os Nagô, é apenas um ciclo que reinicia, pois acreditam na reencarnação (Àtúnwa), o indivíduo retorna à sua família, reencarnando novamente. Seria algo terrível quebrar este ciclo que mantém assim com homens e mulheres dentro da sua família.


Ègun é a certeza que Ìkú está presente, ele volta do reino da morte afirmando que esta existe, e se faz visível para os olhos humanos.


Inicialmente a Orí é o conceito da individualidade procedente da criação de um Òrìṣà, esta Orí será cultuada no Àiyé como uma divindade. Esta cabeça estará fechada a certos Èwọ̀ (proibições) e riquezas que a ela e somente ela poderá carregar.


Uma Orí é a personificação do elemento humano, podem lhe retirar tudo – roupas, cabelos, dignidade, dinheiro e poder – mas jamais retirarão o seu intelecto, porque ele está incrustado no seu ser, na sua Orí. Você é quem é pelo simples fato de carregar uma Orí. Esta Orí faz parte do comunitário e está ligada ao seu ancestral, você foi e será um elemento cultuado através da sua Orí.


O Igbá-orí representa o nosso destino e nossa ancestralidade


Este conceito é totalmente preservado dentro da cultura Nagô. Encontramos esta mesma consciência no RS, mesmo que algumas Ilé se abstraiam da consciência do ato e ritual, mas estão preservando de alguma forma seus rituais e conceitos de individualidade e pessoa.


Sabendo que ao olhar para o Igbá-orí para entender o que está em suas mãos, é necessário abster-se de todo e qualquer conceito para chegar ao entendimento do que é a sua personalidade alma, imortal e eterna. Só assim saberá quem é, e o que faz na religião perguntando para onde irá. O Bori tem a finalidade de cultuar a Orí separado da feitura do Òrìṣà, o Bori nada mais é do que a consciência da pessoa, a imortalidade e perpetuação daquele indivíduo como membro de uma comunidade que deverá ser cultuada mesmo após a transição para o reino de Ìkú.


No Brasil, nas comunidades de candomblé e demais denominações religiosas afro-brasileiras que seguem mais de perto a tradição herdada da África, a morte de um iniciado implica a realização de ritos funerários. O rito fúnebre é denominado Aṣeṣe na nação Ketu, tambor de choro nas nações mina-jeje e mina-nagô, sirrum na nação jeje-mahim, Nago e no batuque, ntambi ou mukundu na nação angola, tendo como principais fins os seguintes:


1) desfazer o assentamento do ori, que é fixado e cultuado na cerimônia do bori, cerimônia que precede o culto do próprio orixá pessoal;


2) desfazer os vínculos com o orixá pessoal para o qual aquele homem ou mulher foi iniciado, o que significa também desfazer os vínculos com toda a comunidade do terreiro, incluindo os ascendentes (mãe e pai-de-santo), os descendentes (filhos-de-santo) e parentes-de-santo colaterais;


3) despachar o egum do morto, para que ele deixe o aiê e vá para o orum. Como cada iniciado passa por ritos e etapas iniciáticas ao longo de toda a vida, os ritos funerários serão tão mais complexos quanto mais tempo de iniciação o morto tiver, ou seja, quanto mais vínculos com o aiê tiverem que ser cortado (Santos, 1976).


Mesmo o vínculo com o orixá, divindade que faz parte do orum, representa uma ligação com o aiê, pois o assentamento do orixá é material e existe no aiê, como representação de sua existência no orum, ou mundo paralelo. Mesmo um abiã, o postulante que está começando sua vida no terreiro e que já fez o seu bori, tem laços a cortar, pois seu assento de ori precisa ser despachado, evidentemente numa cerimônia mais simples.


Retornando ao Sirrum ou conhecido como Aṣeṣe tem a finalidade de desfazer o assentamento da Orí, Neste ritual será preparado o templo para a passagem daquele indivíduo e a iniciação do culto ao mundo dos Egungun. Algumas manifestações ocorrem durante o ritual, porém não são os Òrìṣà que costumam dançar nos templos durante as “rodas de santos”. Chegam em silêncio, e se portam totalmente diferente das divindades de alguns cavalos que estão no transe.


Este ritual possui também a finalidade de quebrar os vínculos com os parentes religiosos, nota-se que a Ori foi escolhida por um orixá durante a vida do ẹlẹ́gún ela carrega o Òrìṣà harmonizando Orí + Òrìṣà durante a vida toda deste Omoriṣá, o Sirrum está desfazendo este vínculo, e formalizando para aquela Orí que a partir desta iniciação ele não pertence mais ao, que ele será cultuado no Ìgbálẹ̀ e que sua realidade é outra.


Porém mesmo assim ele não perde os vínculos com o Òrìṣà e mantém suas características, preservando a consciência e mantendo sua existência representada pela forma daquele Òrìṣà ao qual foi iniciado.


Cada etapa ao qual foi designado o ẹlẹ́gún como Orí-bibọ́, Bori ou feitura cria vínculos com o terreiro. Estes rituais se repetem durante a sua extensão religiosa, podendo-se notar que nem um deles é retirado, porém ele se repete acima de cada um deles, como se o primeiro fosse reafirmado em cima de cada um dos rituais na seguinte ordem - os Akọ awùrẹ̀ (cabrito), Àkùkodìẹ e Adìẹ (galos e galinhas) e finalmente por cima de tudo os ẹyẹlé (pombo) -. Apesar de já ter ouvido por uma Iyalorisá que o Orí-bibọ não tem importância alguma eu não consigo vê-lo ele desta forma, basta saber um pouco do ritual para entender a importância perpetuada neste ritual que finaliza todas as obrigações descendentes.


Exigindo a responsabilidade de desfazer cada etapa para liberar aquela Orí para o ọ̀run - da mesma forma que ocorre com o Òrìṣà que é despachada suas ferramentas, Otá e tudo que lhe pertence - ficando esporadicamente apenas aquele Òrìṣà daquela Orí, raras vezes o herdeiro do Ilé fica com o Otá para manter o culto á aquele Òrìṣà.

O Aṣeṣe na cultura Nagô mantém o Yara-bọ fechado, durante sete dias apenas, as quartinhas permanecerão sem água, os santos sem velas e cobertos e com Alá brancos em sinal de luto, nada se faz para eles apenas o Aláààfin Baru está presente na Ilé regendo o ritual.


No Quinto dia iniciam-se os rituais finais. Eu acredito que seja porque para o povo Yorubá a semana tem apenas quatro dias, ainda assim leva mais ou menos dois dias, até que o Egungun seja tratado.


E é no sexto dia que se abre o Ìgbálẹ̀ quando se forra o chão com folhas de mamona, faz-se uma cama com canjica amarela dependendo do fundamento da Ilê, em acima dela deposita-se o amalá (com uma verdura especialmente usada nos rituais de Egungun), tempera-se com Oyin (mel) e Epo pupa (dendê), vela-se os quatro cantos do buraco.


A partir deste momento inicia-se o ritual propriamente dito, Baru come com Egungun e chama os ancestrais masculinos de um lado e os femininos do outro lado para começar a derrubar os Akọ awùrẹ̀ (cabrito) e Àkùkodìẹ e Adìẹ (galos e galinhas). As cerimônias dependem do grau iniciático do ẹlẹ́gún. Os que possuem iniciações mais simples, o sirrum será mais simples, determinando desta forma a quantidade de bichos e tipos que serão derrubados naquele Ìgbálẹ̀.


Este ritual demora em média, um dia e meio, pois irá corear e depenar todos os animais, porém não será servido nem um bicho que foi morto no Ìgbálẹ̀, eles são despachados limpos e inteiros. Até o final da celebração o Ilé fica com o quarto de santo fechado e não joga búzios, não passa serviços não atende clientes, a casa simplesmente fica sem trabalhar, pois se acredita-se que os Òrìṣà deram lugar para os Egungun. A única divindade que permanece na Ilé é Baru, como um rei que supervisiona os rituais e impera sobre a Nação. Quem sabe seja por isso que não entregam cabeças para esta divindade, apesar de ser o grande rei e patrono de algumas Ilé Nagô, acredita-se que ele não deve ser cultuado na Orí.


A presença do Rei Baru é notada pelo som do Ilú (tambor de dois lados), empachado com cordas que devem ficar frouxas neste ritual dando um som abafado. Os membros da Ilé permanecerão no recinto com as vestimentas adequadas e só poderão sair após embalar o Egungun para fora do templo. E assim finalizando o Sirrum embalando o carrego para fora nas cantigas de Egungun, lhe dizendo que o seu tempo não é mais o tempo dos vivos. Acenando pequenos pedaços de pano branco se despedindo suavemente, levando os Eguns que vieram buscar o novo membro da confraria. Nota-se que todo ritual será praticado em cima do assentamento do Kamuká, situado no meio do salão das Ilé Nagô. Acredito que seja mais um motivo do cuidado que não assentar Aláààfin Baru na Orí de algum ẹlẹ́gún.


Quem é Baru


Na África o culto à este Aláààfin esta cercado de tabus, pois durante seu reinado cometeu muitas atrocidades, motivo pelo qual os africanos não o raspam nem assentam. Não fazia prisioneiros, matava todos, incendiou seu reinado e possuía um temperamento incontrolável.

Kamuka = Baruolofina, Aláààfin de Oyó


[i] Conceito - Luiz marins


[ii] Conceitos de vida e morte no ritual do Aṣeṣe - Reginaldo prandi

FONTE: http://iledeobokum.blogspot.com.br/2009/11/balanca-de-um-alaaafin.html