Matéria Principal: A Família de Xangô
Muito se sabe sobre Xangô, orixá tão popular, mas o que pouca gente sabe é que ele é um eborá, ou seja, teria caminhado sobre a terra com os humanos, e sua família também ainda é cultuada nas mais antigas casas de candomblé e na África e é sobre eles que eu vou falar hoje.
Xangô, orixá yorubá, teria sido o terceiro Aláàfìn Òyó, "Rei de Oyo", filho de Oranian e Yamasè, a filha de Elempê, rei dos tapás, aquele que havia firmado uma aliança com Oranian. Então vamos lá para entender melhor cada um:
Oranian
Oranyan (também conhecido como Oranmiyan) foi um rei Yoruba da cidade de Ife, Nigéria. Era o filho mais novo de Oduduwa e foi o mais poderoso de todos, e mais famoso em toda nação Yoruba. Famoso como caçador e pelas grandes e numerosas conquistas. Foi o fundador do Reino de Oyo por volta de 1400. Em Ifé existe um monolito que tem o nome Opa Òrànmíyàn em sua homenagem ( na foto).
Segundo uma lenda yorubá ele seria filho de uma prisioneira de Ogotún, de rara beleza chamada Lakanjê, que teria sido uma amante secreta de Ogun, e sido também cortejado por seu pai Oduduwa, que não sabia do envolvimento de Ogun com a linda prisioneira. Então após 9 meses, teria nascido Oranian, metade branco como Oduduwa e metade negro como Ogun. A mascará acima é uma presentação do orixá e é vista apenas uma vez por ano no festival de Oranian, na cidade de Ifé.
Iyamase
Chamada também de Torosi, é um orixá feminino (uma divindade do candomblé). foi filha de Elémpe, o rei da nação Tapá (ou Nupê), esposa de Oranian.
No Brasil foi associada a Yemonjá, e segundo muitas casa de candomblé, era filha de Olokun. Podemos observar a sua importância, na fundação de um dos maiores terreiros do Brasil, que tem seu nome em homenagem a esse orixá o Ilê Iyá Omin Axé Iyá Massê, mas conhecido como Gantois.
Dadá Ajaká
Dadá Ajaká, filho mais velho de Oranian, irmão consanguíneo de Xangô, reinava então em Oyo. Ele amava as crianças, a beleza, e as artes. De caráter calmo e pacífico, não tinha a energia que se exigia de um verdadeiro chefe dessa época. Dadá é o nome dado pelos yorubás às crianças cujos cabelos crescem em tufos que se frisam separadamente.
Xangô o destronou e Dadá Ajaká exilou-se em Igboho (Nigéria), durante os sete anos de reinado de seu meio-irmão. Teve que se contentar, então, em usar uma coroa feita de búzios, chamada adé baáyàni (pronuncia-se Adê Baiani), ou "Coroa de Dadá". No Terreiro do Gantois na Bahia é reverenciado e cultuado como Baiani, onde realiza-se uma festa anual e no Ilê Omorodé Orixa N´la onde tem um filho iniciado nesse orixa e também realiza uma festa anual. Aqui em São Paulo a Procissão de Dadá Ajaká é realizado nos Candomblés do Asé Obá Oru (Barra-Funda São Paulo) e no Asé Batistini do Babalorixá Pérsio de Xangô.
Depois que Xangô deixou Oyo, Dadá Ajaká voltou a reinar. Em contraste com a primeira vez, ele mostrou-se agora valente e guerreiro, voltou-se contra os parentes da família materna de Xangô, atacando os tapas.
Em seus assentamentos estão presentes aspectos como o odú ará (pedra de raio), o oxê e também símbolos de beleza e vaidade.
Eweká
Oranyan (também conhecido como Oranmiyan), um dos sete filhos de Oduduwa e filho da esposa Yoruba de Oduduwa Okanbi, concordou em ir para o Benin. Ele passou alguns anos em Benin antes de retornar à terra Yoruba e estabelecer um reino Yoruba em Oyo. Diz-se que ele deixou o local com raiva e chamou-o "Ile Ibinu' (que significa, "terra de aborrecimento e irritação) e foi esta frase que se tornou a origem do antigo nome da cidade Benin City 'Ubini'. Oranmiyan, em seu caminho de casa para Ife, interrompido brevemente em Ego, onde ele engravidou a princesa Erimwinde, filha de Enogie de Ego e ela deu à luz uma criança chamada Eweka, sendo assim meio-irmão de Xangô. Não existe sinais de culto desse orixá no Brasil e abaixo temos a figura de uma estátura do século 12 em bronze.
Esses orixás citados acima, são um dos muitos que são ligados a Xangô, afinal sabemos que o culto ao orixá, no Brasil foi fundado por escravos vindo de Oyó e Ketu, Adetá ou Iyá Detá, Iyá Kalá, Iyá Nassô e Babá Assiká, Bangboshê Obitikô. Por isso essa proximidade tão grande com o Orixá Xangô. Outro falto interessante sobre Xangô, é o chamado titulos de Obá de Xangô, e o que pouca gente sabe é que esses títulos honorificos foi criado no Axé Opó Afonjá por Mãe Aninha em 1936, esses títulos de doze Obás de Xangô, reis ou ministros da região de Oyo, concedidos aos amigos e protetores do Terreiro. E são:
Obá Aré
Obá Kakanfô
Obá Aressá
Obá Arolú
Obá Telá
Obá Abiodun
Obá Oni Koy
Obá Olugbon
Obá Onaxokum
Obá Erim
Obá Odofin
Obá Xorum
Atpé
Esses são muito confundidos com os governantes de Oyó, no sentido histórico, e não tem nada haver, os "Obás de Xangô", são títulos dados a homens que por algum motivos são nomeados pelos zeladores de Ketu, para fazerem parte do conselho que ajuda o regente da casa de santo, a tomar as decisões mais importantes. E os Obás de Oyó, são os reis que governaram Oyó, e abaixo eu fiz uma lista com ano e nome desses Obás, sendo que alguns não se sabe a data exata do reinado, afinal são pouquíssimos os registros, sendo a maior fonte de informação, expressa na arte.
1400 -Oranyan, Alaafin
-Ajaka, Alaafin
-Sango, Alaafin
-Ajaka Alaafin
-Aganju, Alaafin
-Kori, Alaafin
-Oluaso, Alaafin
c. 1500 -Onigbogi, Alaafin
-Ofirin, Alaafin
-Eguguojo, Alaafin
-Orompoto, Alaafin
-Abipa, Alaafin
-Obalokun, Alaafin
-Oluodo, Alaafin
-Ajagbo, Alaafin
-Odarawu, Alaafin
-Kanran, Alaafin
-Jayin, Alaafin
-Ayibi, Alaafin
-Osiyago, Alaafin
c. 1728 -Ojigi, Alaafin
c. 1730 -Gberu, Alaafin
1746 Amuniwaiye, Alaafin
1746 -Onisile, Alaafin
1754 Labisi, Alaafin
1754 Awonbioju, Alaafin
1754 Agboluaje, Alaafin
1754 to 1770 Majeogbe, Alaafin
c. 1770 a1789 Abiodun, Alaafin
1789 to 1796 Awole Arogangan, Alaafin
1796 to 1797 Adebo, Alaafin
1797 Makua, Alaafin
1797 to 1802 vacant, vacant
1802 to 1830 Majotu, Alaafin
1830 to 1833 Amodo, Alaafin
1833 to 1835 Oluewu, Alaafin
1837 to 1859 Atiba Atobatele (at new capital), Alaafin
1859 to 1875 Adelu, Alaafin
1876 to 1888 Adeyemi I Alowolodu, Alaafin
1888 to 1905 Adeyemi I Alowolodu (as British Vassal), Oba
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