CASA PODEROSA DOS FILHOS DE YEMANJÁ

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quinta-feira, 4 de outubro de 2012

As diferenças entre Umbanda e candomblé



Conforme já descrevemos em termos religiosos estamos tratando de duas religiões diferentes. 

O catolicismo da Umbanda não tem qualquer vínculo com a teologia Yorùbá. 

Tudo é distinto. 

Não existe como conciliar a forma como essas 2 religiões vêem a vida. 

A adição do kardecismo em nada ajudou, pelo contrário, a forma como o Kardecismo entende o nosso destino e a encarnação são mais do que diferentes, são contrárias ao entendimento Yorùbá.

Dessa forma entendo que se não existe ecumenismo possível na visão religiosa, não é também possível sincretizar a prática de 2 religiões. 

As diferenças entre Umbanda e Candomblé, uma uma religião brasileira outra uma religião afro-brasileira, iniciam na incompatibilidade de como as duas religiões orientam a vida de seus fiéis.

Se você se considera seguidor da religião da Umbanda vai interpretar que sua vida atual é permeada pelos erros e acertos das suas vidas anteriores, mas, principalmente dos erros. 


Os erros em vidas passadas justificam quase todos os problemas que tem e a vida é de fato um lugar de sofrimento e provações. 

Não devemos fugir aos nossos problemas, devemos encará-los, suportá-los e encerrar esse Karma de uma vez por toda, para mais rapidamente podermos atingir uma evolução espiritual que nos permita não mais encarnar. 

A nossa encarnação se dará de forma aleatória e podemos encarnar em qualquer lugar do mundo que seja adequado para cumprirmos essa missão de nunca mais encarnar.

Na religião Yorùbá, reencarnamos porque temos um objetivo, um plano de vida. 

Nos ajoelhamos junto a Olodumare, Deus, para pedir a ele que nos de os recursos para atingirmos esses objetivos de vida. 

Vamos reencarnar sempre na mesma família ou melhor em linhagens sucessivas da mesma raiz (que ao longo do tempo vai se ampliando, é claro). 

Nós encarnarmos devido aos objetivos que queremos alcançar e ao fato que gostamos de viver e, mais, gostamos de viver com nossa família. 

Devemos viver de forma correta e sermos úteis à nossa família e sociedade, mas, não buscamos sofrer. 

A astúcia pode solucionar muitos problemas. 

Ganhar e perder não é um problema, ruim de fato é interferir no destino de alguém. 

Não existe conceito de Karma mas existe sim a prestação de contas para Olodumare em relação as nossas obras em nossa vida e uma existência negativa pode levar a punições.

Isso que eu descrevi não é bobagem religiosa, mas mostra uma forma muito distinta de encarar a vida. 

Se você se considera de fato religioso não pode conviver simultaneamente com formas tão distintas de encarar o viver. 

Tanto a Umbanda como o Candomblé são fortemente baseados em uma musicalidade, assim como muitas religiões hoje em dia, a música, como se diz do canto gregoriano, ele é uma forma de se chegar a Deus, ou a manifestação dele. 

Mas, no Candomblé, inicialmente temos que lembrar que essa musicalidade é feita exclusivamente em Yorùbá, usando ritmos africanos. 

O Candomblé é bastante “gregoriano” em sua essência porque tudo é musical, das cantigas às rezas. 

Esse sem dúvida, é um aspecto bem africano. 

As cantigas do Candomblé são as mesmas que foram aprendidas há muitos anos, desde sua formação.

 Não se criam novas cantigas, são reproduzidas aquelas que foram trazidas de África, no que pese algum variação devido a problemas de transmissão. 

A Umbanda trabalha também com cantos, pontos de Umbanda, mas todos em português. 

Os cantos foram compostos aqui no Brasil, são renovados e adaptados e não tem nenhuma versão africana. 

Para quem conhece a percução que acompanha a Umbanda é muito distinta do Candomblé. 

Na Umbanda bate-se com as mãos no Candomblé com varetas o que cria uma grande distinção entre os 2 tambores.

As formas de trabalho são muito distintas. 

No Candomblé os toques são feitos nos chamados Xires, ou candomblé propriamente dito. 

Nessas ocasiões a casa é aberta ao público externo que irá assistir ao desenvolvimento do Xire, uma dança circular na qual são louvados todos os Orixás do Candomblé. 

É utilizada uma seqüência pré-determinada na qual cada Orixá é louvado,com pelo menos 3 cantos. 

Os membros da casa cantam e dançam para cada Orixá, que além de suas próprias cantigas, têm uma dança própria e característica para a Cantiga ou para o Orixá em geral. 

O Xirê quando bem executado é um espetáculo estético muito bonito, com muitas sutilezas e sofisticações. 

A riqueza do Orixá não esta na sua vestimenta mas sim na grandeza como ele é louvado através de canto e dança.

O Xire se desenvolve por todo o período da festa e pode ser entendido por muitos como um formato bastante monótono. 

Nenhuma interação existirá entre os visitantes e os Orixá durante o Xirê, apenas se assiste às danças e as manifestações dos Orixás dançando. 

Não existem conversas ou consultas. Em cada Xirê um ou mais Orixás podem se manifestar rápida ou demoradamente. 

Quando demorado aquele Orixá será vestido e irá dançar no Salão entre 14 e 21cantigas. 

Sempre é um espetáculo bonito mas, como citei monótono para muitos. 

No Candomblé se entende que dessa forma o Axé, a energia vital que nos move esta se manifestando.

 Os tambores criam uma área cinzenta de interseção entre 2 mundos distintos, o Àiyé nosso espaço físico e o Òrun o nosso espaço espiritual permitindo que os Orixás se manifestem nas pessoas especialmente preparadas para isso, os Elegun. 

Esse movimento de canto e dança junto com a presença dos Orixás faz esse axé se movimentar e se manifestar.

Na Umbanda as giras ocorrem sempre com música, mas, a presença da Dança é muito pouco relevante para os médiuns. 

Os guias manifestados tem cada um um pé de dança e isso sem dúvida é muito importante demonstrando a firmeza da sua manifestação, mas os médiuns não participam disso. 

Toda a música e preparação é para fazer com que as incorporações ocorram.

Os guias uma vez incorporados estarão disponíveis para serem procurados e procurarem os visitantes de maneira a tratar dos seus problemas. 

Essa conversa é feita normalmente com as cantigas em andamento e cada um trata de um assunto com a privacidade permitida pelo barulho ao redor. 

As pessoas que visitam um centro de Umbanda vão com o objetivo de falar com guias de Umbanda, pedir ajuda e receberem orientações de como devem proceder em sua vida. 

A presença de uma pessoa em um centro de Umbanda se dá ou porque ela é parte do corpo mediúnico ou porque ela vai se consultar com algum guia, não existe a ida a um centro para basicamente ouvir músicas e ver médiuns e guias dançarem.

No Candomblé se você tem alguma consulta a fazer a sua porta de entrada é única, será através do babalorixá da casa através do Jogo de Búzios. 

Não existem consultas com Orixás e todas as mensagens do plano espiritual serão transmitidas pelo babalorixá no exercício do seu oráculo, o Jogo de Búzios. 

Dessa consulta poderão vir a orientações, explicações e os trabalhos a serem feitos. 

Qualquer ação no Candomblé depende da realização de um trabalho, uma oferenda. 

A base da solução de problemas é a troca e reposição de Axé e isso é feito a partir da oferenda que é feita. 

Quem determina o que deve ser oferecido e a quem deve ser oferecido é o babalorixá através do seu Jogo de Búzios.

Todo o trabalho no Candomblé é feito fora das festas e Xires. 

A ocasião do Xirê é normalmente o fim de muito trabalho que se deu ao longo de dias e dias. 

No Xirê somente se comemora o fim e se confraterniza com a comunidade. 

Os trabalhos em uma casa de Candomblé são feitos à portas fechadas e somente com os membros qualificados para isso. 

Na Umbanda a maior parte das coisas se resolvem com pedidos aos guias que se contentam com uma agrado como uma vela, uma flor ou uma pequena oferenda, mais como parte do pedido do que necessariamente como instrumento para solucionar o problema. 

Os guias podem em princípio resolver tudo baseado na sua capacidade e nos pedidos que recebem, o que pedem em troca é muito simples e basicamente simbólico. 

As consultas são atendidas por todos os guias de todos os médiuns, não existe concentração no líder da casa. 

O pai de santo ou zelador de santo, tem a responsabilidade de cuidar do funcionamento da casa e de acompanhar o trabalho dos médiuns e guias, mas a estrutura de trabalho é completamente descentralizada e cada guia com o tempo cria um conjunto de consulentes que o procuram.

Os tipos de espíritos que se manifestam na Umbanda e Candomblé são muito distintos. 

No Candomblé se manifestam os Orixás que são divindades ligadas diretamente a Olodumare. 

Não existem falanges ou linhas, e a incorporação de um Orixá é bastante distinta da de um guia de Umbanda. 

Um médium não tem como confundir as 2 coisas ou entender que um Orixá de Candomblé é o mesmo que um guia de Umbanda, mesmo os que são chamados de “Orixá”.

Os guias de Umbanda são considerados no Candomblé um tipo de Egun ou um Ara orun. 

Um espírito de alguém que já viveu. 

Os Orixás são uma forma muito distinta disso, como divindades não são espíritos ligados a terra e não tiveram vidas anteriores. 

Exceção a isso são os ancestres divinizados, mas que o processo de divinização os transforma em Orixás autênticos.

Essa distinção não é apenas conceitual, como já mencionei a incorporação dos 2 tipos de espíritos, Orixá de Candomblé e guia de Umbanda é muito diferente uma da outra. 

Um nome igual não faz os espíritos se manifestarem da mesma maneira. 

No Candomblé todo o trabalho desde a feitura do iniciado é para afastar os eguns. 

O Candomblé não trabalha com eguns e o ensinamento é que onde tem Orixá não tem egun.

 O mesmo vale para as casas onde existe o culto de egun, onde tem egun não tem Orixá


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