CASA PODEROSA DOS FILHOS DE YEMANJÁ

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sexta-feira, 11 de maio de 2012

Ipadê de Exu



O Ipadé (também chamado popularmente, embora erradamente, de Padê) de Exú é um ritual executado antes de qualquer cerimónia interna ou pública do Candomblé, Exú é sempre o primeiro a ser homenageado.


De manhã, consuma-se o sacrifício; os preparativos culinários e a oferenda às divindades ocupam o restante do dia; a cerimónia pública propriamente dita começa ao fim da tarde, quando o sol se põe e prolonga-se por muito tempo, noite adentro.


Qualquer cerimónia tem início, obrigatoriamente, com o Padê de Exú. 


Costuma-se dizer que essa cerimónia é para despachar Exú, mas isso não é correcto, pois com esta cerimónia apenas colocamos Exú como guardião e mensageiro, para avisar os Orixás de que estaremos precisando das suas presenças no Aiyé (Terra).

O padê é uma cerimônia do candomblé e de religiões de origem ou influência afro-brasileira, na qual se oferecem a Exu, antes do início das cerimônias públicas ou privadas, alimentos e bebidas votivas, animais sacrificiais etc., na intenção de que não perturbe os trabalhos com seu lado brincalhão e que agencie a boa vontade dos orixás que serão invocados no culto. 


Também conhecido como despacho (de Exu).


Tem início obrigatoriamente com o padê de Exu, do qual muitas vezes se dá uma interpretação falsa, particularmente nos candomblés banto: Dizem Exu é o diabo, poderá perturbar a cerimônia se não for homenageado antes dos outros deuses, como aliás ele mesmo reclamou (Roger Bastide, Imagens, p. 115).


Para que não haja rixas, invasões da polícia (nas épocas em que havia perseguições contra os candomblés,"Estado Novo"), é preciso pedir-lhe que se afaste; daí o termo de despacho, empregado algumas vezes em lugar de padê, despachar (significando mandar alguém embora).


Exu é, na verdade, o Mercúrio africano, o intermediário necessário entre o homem e o sobrenatural, o intérprete que conhece ao mesmo tempo a língua dos mortais e a dos Orixá. 


É pois ele o encarregado - e o padê não tem outra finalidade - de levar aos Orixás da África o chamamento de seus filhos do Brasil.


O padê é celebrado pela Iyamorô que é auxiliada por duas das filhas-de-santo mais antigas da casa, a dagã e a sidagã, ao som de cânticos em língua africana, cantados sob a direção da iyá têbêxê e sob o controle do babalorixá ou iyalorixá, diante de uma quartinha com água e um alguidá contendo o alimento de Exu, um outro recipiente com o alimento favorito dos ancestrais. 


Embora o padê se dirija antes de tudo a Exu, comporta também obrigatoriamente uma cântiga aos mortos (Essá) ou para os antepassados do candomblé, alguns dentre eles sendo mesmo designados por seus títulos sacerdotais. 


A quartinha, o recipiente e o alguidá serão levados para fora do barracão onde se desenrolará o conjunto de cerimônias.


Sendo um dos primeiros rituais executado, tem como objetivo principal retirar o Ajé (Energias negativas) e reverenciar os ancestrais, Eguns, Egunguns, Baba Eguns, em especial as grandes mães Yamins, Oshoronga, Opaoka e Aje Shaluga.

Este ritual tem como participante ativo as Yagans, Yamoros, ajemudas e Kirijebos que são cargos específicos para a proteção espiritual do terreiro.


A festa propriamente dita pode então ter começo.



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