CASA PODEROSA DOS FILHOS DE YEMANJÁ

CASA PODEROSA DOS FILHOS DE YEMANJÁ

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

* 8 de janeiro, Lavagem do Bonfim mistura culturas e crenças


Milhares de fiéis caminham até a Colina Sagrada para agradecer ao Senhor do Bonfim. Foto: Adenilson Nunes/Agecom



Água de cheiro, cavaquinhos, rendas, fitinhas e colares de contas brancas. Os potes em cerâmica, com flores e água de colônia vão sobre as cabeças das baianas. As homenagens ao Senhor do Bonfim, padroeiro do coração dos baianos, e a Oxalá, deus da paz, harmonia e do amor, são embaladas ao som das violas, que dão o ritmo da lavagem das escadarias e do adro da Igreja do Nosso Senhor do Bonfim, na Colina Sagrada desde 1754.



Este ano, na sexta-feira (08), 1 milhão de fiéis devem percorrer os oito quilômetros que separam a Conceição da Praia da Igreja do Bonfim, vestidos de branco e entoando o Hino ao Senhor do Bonfim, na segunda maior festa popular da Bahia. Como de costume, o sincretismo religioso se faz presente, e o sagrado e o profano se misturam em homenagem ao santo católico e seu correspondente no Candomblé, Oxalá, na mais importante festa religiosa da Bahia. De acordo com o historiador Manuel Passos, “a beleza da festa do Bonfim está na cor, naquele ‘corredor branco’, formado pelas pessoas que vestem a cor de Oxalá e seguem a pé pelo cortejo”.



Enquanto o sagrado se encarrega das homenagens ao padroeiro do coração dos baianos, paralelamente acontecem shows de artistas da terra, ligados à “Axé Music”, além de apresentações de filarmônicas, de grupos de capoeira, samba e outros ritmos musicais. Este ano, especialmente, uma procissão inédita sairá da Igreja Nossa Senhora da Mãe de Deus, no dia 14 de janeiro, às 17h, com destino à Igreja do Bonfim e dará três voltas ao redor do templo, antes da missa campal, marcada para as 18h. A inovação faz jus aos três nós que os fiéis dão nas fitinhas ao fazerem seus pedidos.



História – Conforme o historiador, a maioria das manifestações populares no estado, tem origem portuguesa, a Lavagem do Bonfim não é diferente. Há registros de que as homenagens tenham iniciado em 1754, quando a imagem do Senhor Crucificado – trazida em 1745 pelo Capitão do Mar e Guerra da Marinha Portuguesa, Teodósio Rodrigues – foi transferida da Igreja da Penha, em Itapagipe, para a sua própria Igreja, na Colina Sagrada.



A lavagem, no entanto, data de mais de um século, iniciada pelos negros africanos e pelas senhoras dos mesários, juntamente com moradores da região, em louvor ao Senhor do Bonfim, à Nossa Senhora da Guia e a São Gonçalo. “A particularidade da festa do Senhor do Bonfim é a sua ligação evidente com o Candomblé, pela figura de Oxalá. Muitos historiadores destacaram na festa a força da música negra, dos atabaques. A Colina Sagrada tornou-se algo emblemático lá fora”, diz Passos.



A mistura de povos, de credos e culturas e o caráter insólito da festa também renderam proibições e conflitos ao longo dos anos. Em 1889, o então arcebispo da Bahia, Dom Luis Antônio dos Santos, vetou a lavagem do interior da Basílica. A intervenção da Guarda Cívica gerou apreensão de vassouras, violas e cavaquinhos e a festa só voltou a ser realizada dez anos depois. Em 1940, novamente a Arquidiocese tentou proibir a lavagem, embora, desta vez, sem sucesso. Desde então, a festa nunca mais deixou de ser realizada.



Serviço:



Local: Saída da Basílica da Conceição da Praia em direção à Colina Sagrada



Data: 14 de janeiro de 2010



Horário: A partir das 9h

Um comentário:

  1. Gostaria de esclarecer que a foto aima publicada em que tem o grupo de baianas chegando à Colina Sagrada (frente à igreja) é de autoria de Alberto Coutinho/AGECOM

    ResponderExcluir