CASA PODEROSA DOS FILHOS DE YEMANJÁ

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sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

O Yorubà e Orisà





                                            A Religião dos Òrìsás esta ligada a família.




A família numerosa, originária de um mesmo antepassado, que engloba os vivos e os mortos.

O Òrìsá seria, em princípio, um ancestral divinizado, que em sua vida, estabeleceu vínculos que lhe garantiram um controle sôbre certas forças da natureza.






O poder, ÀSE, do ancestral-Òrìsá teria, após sua morte, a faculdade de ancarnar-se, momentaneamente, em um de seus descendentes durante um fenômeno de possessão por êle provocado.



A passagem da vida terrestre à condição de Òrìsá desses seres excepcionais, possuidores de um ÀSE poderoso, produz-se em geral, em um momento de paixão/ira.



Esses antepassados divinizados não morriam de morte natural. Possuidores de um ÀSE muito forte e poderes excepcionais, sofriam uma metamorfose nesses momentos de crise emocional, provocado pela cólera e outros sentimentos violentos. O que nêles era material desaparecia, queimado por essa paixão, e dêles restava sòmente o ÀSE, poder em estado de energia pura.



Para que o culto pudesse ser criado, era precisa que um ou vários membros da família tivesse sido capaz de estabelecer ODU ÒRÌSÁ, "um vaso enterrado no chão, até mais ou menos três quartos de sua altura, pelos seus adeptos ". Êle serve de recepiente ao objeto suporte da força, "o ÀSE do Òrìsá ". Este objeto suporte é a " base material palpável, estabelecida pelo Òrìsá, que receberá a oferenda e será impregnada pelo sangue do animal sacrificado; devidamente sacrilizado, será o traço de união entre os homens e a divindade ". A natureza desses objetos está ligada ao caráter do deus, quer por êle ser uma emanação como a pedra, EDUN ARA, de SÀNGÓ, ou um seixo do fundo do riacho, OTA, de ÒSUN ou YEMONJA, quer seja um símbolo, como as ferramentas de ÒGÚN ou o arco e flexa de ÒSÓÒSÌ.



O Òrìsá é uma força pura, ÀSE imaterial que só se torna perceptível aos seres humanos, incorporando-se em um dêles, possibilitando ao Òrìsá voltar à terra para saudar e receber provas de respeito dos que o evocam.



Nas cerimônias de adoração ao ancestral divinizado, que ao incorporar-se ao ÌYÀWÓ, reencontra, por alguns instantes, sua antiga personalidade espiritual de outrora com suas qualidades e seus defeitos, seus gostos, suas tendências, seu caráter agradável ou agressivo, voltando assim, momentâneamente, a terra, entre seus descendentes; durante as cerimônias de evocação, os Òrìsás dançam diante dêles e com êles, recebendo seus cumprimentos, "ouvem as suas queixas, concedem graças, resolvem as suas desavenças e consola seus infortúnios. O mundo celeste não está distante, nem superior, e o crente pode conversar diretamente com os deuses e aproveitar da sua benevolência ".



Na África, cada Òrìsá estava ligado, originalmente, a uma cidade ou a um país inteiro. Tratava-se de uma série de cultos regionais ou nacionais, SÀNGÓ em OYO, YEMONJA em EGBÓ, YEWÀ em EGBADO, ÒGÚN em EKITI e ondo, ÒSUN em IJEXÁ e IJEBU, ERINLÉ em OLOBU, LOGUNEDE em ILEXA, OTIN em INIXÁ,ÒÒSÀÀLÀ-OBATALA em IFÉ, subdividido em OSÀLÚFÓN em IFAN e OSOGUIAN em IJIGBÓ.



Os Òrìsás viajaram, em seguida, para outras regiões africanas, levados pelos povos no curso de suas migrações. Se as pessoas formavam um grupo numeroso, o Òrìsá tomava tal amplitude que englobava o conjunto da família, e alguns OLORISÁS, sacerdotes do Òrìsá, asseguravam o culto para todo o grupo. Se alguém se fixava com sua família restrita a sua mulher e seus filhos, o Òrìsá assumia uma feição pessoal.



Na África, a realização das cerimônias de adoração ao Òrìsá é assegurada pelos sacerdotes designados para tal. Os outros membros da família ou grupo não têm outros deveres senão o de contribuir materialmente para os custos do culto, podendo, entretanto, se assim o desejar, participar nos cantos, danças e festas animadas que acompanham essas celebrações. Devem, além disso, respeitar as proibições alimentares e outras ligadas ao culto do seu Órisá, e assim agindo, estão perfeitamente em regra com as suas obrigações.



Embora os crentes não africanos não possam reivindicar os laços de sangue com os seus Òrìsás, pode haver, no entanto, entre êles, certas afinidades de temperamento. Africanos e não africanos têm em comum, tendências inatas e um comportamento geral correspondente àquele de um Òrìsá, como a virilidade devastadora de SÀNGÓ, a feminilidade elegante e coquete de ÒSUN, a sensualidade desenfreada de OYA, a calma benevolente de NÀNÁ, a virilidade e a independência de ÒÒSÀÀLÀ , o masoquismo e o desejo de expiação de OMOLU, etc. Podemos chamar essas tendências de arquétipos da personalidade porque, não há nenhuma dúvida, certas tendências inatas não podem desenvolver-se livremente dentro de cada um, no decorrer de sua existência, se elas entrarem em conflito com as regras de conduta admitidas nos meios em que vivem. A educação recebida e as experiências vividas, muitas vezes alienantes, são as fontes seguras de sentimentos de frustação e de complexos, e seus consequentes bloqueios e dificuldades.





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