CASA PODEROSA DOS FILHOS DE YEMANJÁ

CASA PODEROSA DOS FILHOS DE YEMANJÁ

quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

FELIZ ANO NOVO: ( Orixás moradores da casa de Obará )

Òsóòsì




Aspectos Gerais



DIA: Quinta-feira

DATA: Corpus Christi(BA), 23 de abril (SP), 20 de janeiro

(RJ)

COR: Azul-Turquesa

COMIDAS: Frutas, ewa (feijão fradinho torrado), axoxó (milho cozido com coco)

SÍMBOLOS: Ofá (arco), damatá (flecha), erukeré

ELEMNTO: Terra(florestas e campos cultiváveis)

REGIÃO DA ÁFRICA: Kêtu

PEDRAS: Turquesa, água-marinha

FOLHAS: Aroeira,peregun (pau-d’água), erva pombinho

(quebra-pedra), pega-pinto, alecrim-do-campo

ODU QUE REGE: Obará e Odi

DOMÍNIOS: Caça, agricultura, alimentação e fartura

SAUDAÇÃO: Òké Aro!!! Arolé!





Origem e História



Oxóssi (Òsóòsi) é o deus caçador, senhor da floresta e de todos os seres que nela habitam, orixá da fartura e da riqueza. Atualmente, o culto a Oxossi está praticamente esquecido na África, mas é bastante difundido no Brasil, em cuba e em outras partes da América onde a cultura ioubá prevaleceu. Isso se deve ao fato de a cidade de Kêtu, da qual era rei, ter sido destruída quase por completo em meados do século XVIII, e seus habitantes, muitos consagrados a Oxossi, terem sido vendidos como escravos no Brasil e nas Antilhas. Esse fato possibilitou o renascimento de Kêtu, não como estado, mas como importante nação religiosa do Candomblé brasileiro.



Oxóssi é o rei de Kêtu, segundo dizem, a origem da dinastia. A Oxóssi são conferidos os títulos de Alakétu, Rei, Senhor de Kêtu, e Oníìlé, o dono da Terra, pois na África cabia ao caçador descobrir o local ideal para instalar uma aldeia, tornando-se assim o primeiro ocupante do lugar, com autoridade sobre os futuros habitantes. É chamado de Olúaiyé ou Oni Aráaiyé, senhor da humanidade, que garante a fartura para seus descendentes.





Na história da humanidade, Oxóssi cumpre um papel civilizador importante, pois na condição de caçador representa as formas mais arcaicas de sobrevivência humana, a própria busca incessante do homem por mecanismos que lhe possibilitem se sobressair no espaço da natureza e impor sua marca no mundo desconhecido.



A coleta e a caça são formas primitivas de busca de alimento, são os domínios de Oxóssi, orixá que representa aquilo que há de mais antigo na existência humana: a luta pela sobrevivência. Oxóssi é o orixá da fartura e da alimentação, aquele que aprende a dominar os perigos da mata e vai e busca da caça para alimentar a tribo. Mais do que isso, Oxóssi representa o domínio da cultura (entendendo a flecha como utensílio cultural, visto que adquire significados sociais, mágicos, religiosos) sobre a natureza.



Astúcia, inteligência e cautela são os atributos de Oxóssi, pois, como revela a sua história, esse caçador possui uma única flecha, por tanto, não pode errar a presa, e jamais erra. Oxóssi é o melhor naquilo que faz, está permanentemente em busca da perfeição.



Na África, os caçadores que geralmente são os únicos na aldeia que possuem as armas, têm a função de salvar a tribo, são chamados de Oxô, que significa guardião. Oxóssi também foi um Òsó, mas foi um guardião especial, pois salvou seu povo do terrível pássaro das Iyá-Mi.



Outras histórias relacionadas a Oxossi o apontam como irmão de Ogum. Juntos, eles dominaram a floresta e levaram o homem à evolução. Além de irmão, Oxóssi é grande amigo de Ogum-dizem até que seria seu filho, e onde está Ogum deve estar Oxóssi, suas forças se completam e, unidas, são ainda mais imbatíveis.



Oxóssi mantém estreita ligação com Ossaim (Òsanyìn), com quem aprendeu o segredo das folhas e os mistérios da floresta, tornou-se um grande feiticeiro e senhor de todas as folhas, mas teve que se sujeitar aos encantamentos de Ossaim.



A história mostra Oxóssi como filho de Iemanjá, mas a sua verdadeira mãe, segundo o mais antigos, é Apaoká a jaqueira, que vem a ser uma das Iyá-Mi, por isso a intimidade de Oxóssi com essa árvore.



A rebeldia de Oxóssi é algo latente em sua história. Foi desobedecendo às interdições que Oxóssi tornou-se orixá.



A exemplo de Xangô, Oxóssi é um orixá avesso à morte, porque é expressão da vida. A Oxóssi não importa o quanto se viva, desde que se viva intensamente. O frio de Ikú (a morte) não passa perto de Oxóssi, pois ele não acredita na morte.





Odé não chega perto da morte

Ele se assenta em terras estranhas

Odé me olha e me dá medo.




Logùn Odè




Aspectos Gerais



DIA: Quinta-feira

DATA: 19 de abril

METAIS: Ouro e bronze

CORES: Azul-turquesa e Amarelo-ouro

COMIDAS: Axoxó e Omolocum

SÍMBOLOS: Balança, ofá, abebè e cavalo-marinho

ELEMENTOS: Terra (floresta) e água (de rios e cachoeiras)

REGIÃO DA ÁFRICA: Ilesá

PEDRAS: Topázio e Turquesa

FOLHAS: Oripepê e todas as folhas de Oxóssi e Oxum

ODU QUE REGE: Obará

DOMÍNIOS: Riqueza, fartura e beleza

SAUDAÇÃO: Logun ô akofá!!!



Origem e História



Logun Edé (lógunèdè) é o orixá da riqueza e da fartura, filho de Oxum e Oxóssi, deus da guerra e da água. É, sem dúvida, um dos mais bonitos orixás do Candomblé, já que a beleza é uma das principais características dos seus pais.



Caçador habilidoso e príncipe soberbo, Logun Edé reúne os domínios de Oxóssi e Oxum e quase tudo que se sabe a seu respeito gira em torno de sua paternidade.



Apesar de sua história, é preciso esclarecer que Logun Edé não muda de sexo a cada seis meses, ele é um orixá do sexo masculino. Sua dualidade se dá em nível comportamental, já que em determinadas ocasiões pode ser doce e benevolente como Oxum e em outras, sério e solitário como Oxóssi. Logun Edé é um orixá de contradições; nele os opostos se alternam, é o deus da surpresa e do inesperado.



Na Nigéria, a cidade de Logun Edé chama-se Ilesa e é uma das mais ricas e prósperas da África, mas o seu culto na região está em via de extinção. Para recuperar um pouco de sua história é preciso voltar à sua cidade, onde encontram-se seu palácio e seus principais sacerdotes.



Na África negra, dizem que Logun Edé seria na verdade Ólòlún Ode - o guerreiro caçador-, o maior entre todos os caçadores, pai de todos eles, inclusive de Oxóssi. E se observar-mos a cantiga de Oxóssi, veremos que expressão Omo ode, ou seja, filho do caçador, é constante, podendo inferir certa lógica nas histórias contadas pelos africanos. Vejamos um exemplo:



Omo Ode l’oní, omo Ode lúwàiyé

Omo Ode l’oní, omo Ode lúwàiyé.



O filho do caçador é o senhor,

O filho o caçador é o senhor da Terra.



Todavia, não podemos desconsiderar o processo cultural que deu origem ao Candomblé e as diferenças fundamentais que existem entre os cultos aos orixás no Brasil e na África. O Candomblé é um ‘resumo de toda a África mística’. Muitos deuses que na África mantinham a sua autonomia, no Brasil foram reunidos em um único orixá e divididos em diversas qualidades.



Oxum Yéyé Ipondá e Odé Erinlé são, respectivamente, as qualidades de Oxum e Oxóssi que se consideram os pais de Logun Edé. Nós brasileiros sabemos cultuar orixá muito bem, já adquirimos tradição própria que difere, evidentemente, da africana. No Candomblé brasileiro, Oxóssi e Oxum são os pais de Logun Edé, um deus único que encontra em sua paternidade uma forma de existir e residir, pois seu culto se mantém até hoje e é cada vez mais crescente no Brasil. Depois há quem diga na África que Logun Edé é, na verdade, uma altiva versão masculina da própria Oxum:



Lógunèdé? Òsun ni!



Logun Edé? Ele é Oxum!



Uma bela cantiga fala do pai de Logun Edé, de sua força como caçador do respeito que inspira:





Silêncio!

Permaneçam em silêncio,

Ele é o caçador.

Senhor orixá afogue-me, não me fira,

Afogue-me com o entendimento do culto,

Orixá caçador das florestas.

Aquele que só usa uma flecha

E que jamais erra.

Somos filhos de Erinlé,

Somos filhos daquele que mata a caça.

Caçado das florestas

Que foi o primeiro a obter riquezas,

O primeiro a tornar-se rico,

Pai, caçador das florestas,

Seu arco e sua flecha

Originam-se da mais alta tradição.



A história revela que Oxóssi, feliz pelo filho vindouro, declarou a Oxum o seu amor e pediu a ela posse do menino:



-Oxum, por amor a você, quero que Logun Edé fique comigo, vou ensiná-lo a caçar. Comigo ele aprenderá os segredo da floresta.



Mas Oxum também amava Logun Edé e por maior que fosse seu amor por Oxóssi ela não poderia separar-se de seu filho então declarou:



-Logun Edé viverá seis meses com sua mãe e seis meses com o seu pai, comerá do peixe e da caça. Ele será Oxóssi e será Oxum, mas sem deixar de ser ele mesmo, Logun Edé: uma princesa na floresta e um caçador sobre as ondas!



Sango




Aspectos Gerais



DIA: Quarta-Feira

DATA: 29 de junho

METAIS: Cobre, ouro e chumbo.

CORES: Vermelho (ou marrom) e branco

COMIDA: Amalá

SÍMBOLOS: Oxés (machados duplos), Edún-Àrá, xerê

ELEMENTOS: Fogo (grandes chamas, raios), formações rochosas.

REGIÃO DA ÁFRICA: Òyó e Kossô(reino vizinho ou subdistrito de Òyó)

PEDRA: Rubi

FOLHAS: Cabuatá, hortelã grosso, manjerona, musgo de pedreira, mentrasto.

ODU QUE REGE: Ejilaseborá e Obará

DOMÍNOS: Poder estatal, justiça, questões jurídicas.

SAUDAÇÃO: Kawó Kabiesilé!!







Origem e História





Nem seria preciso falar do poder de Xangô (Sòngó), porque o poder é sua síntese. Xangô nasce do poder morre em nome do poder. Rei absoluto, forte, imbatível: um déspota. O prazer de Xangô é o poder. Xangô manda nos poderosos, manda em seu reino e nos reinos vizinhos. Xangô é rei entre todos os reis. Não existe uma hierarquia entre os orixás, nenhum possui mais axé que o outro, apenas Oxalá, que representa o patriarca da religião e é o orixá mais velho, goza de certa primazia. Contudo, se preciso fosse escolher um orixá todo-poderoso, quem, senão Xangô para assumir esse papel?



Xangô gosta dos desafios, que não raras vezes aparecem nas saudações que lhe fazem seus devotos na África. Porém o desafio é feito sempre para ratificar o poder de Xangô.



A maneira como todos devem se referir a Xangô já expressa o seu poder. Procure imaginar um elefante, mas um Elefante-de-olhos-tão-grandes-quanto-potes-de-boca-larga: esse é Xangô e, se o corpo do animal segue a proporção dos olhos, Xangô realmente é o Elefante-que-manda-na-savana, imponente, poderoso.



Percebe-se que a imagem de poder está sempre associada a Xangô. O poder real, por exemplo, lhe é devido por ter se tornado o quarto alafim de Òyó, que era considerada a capital política dos iorubas, a cidade mais importante da Nigéria. Xangô destronou o próprio meio-irmão Dadá-Ajaká com um golpe militar. A personalidade pacienciosa e tolerante do irmão irritavam Xangô e, certamente, o povo de Òyó, que o apoiou para que ele se tornasse o seu grande rei, até hoje lembrado.



O trono de Òyó já pertencia a Xangô por direito, pois seu pai, Oranian, foi fundador da cidade e de sua dinastia. Ele só fez apressar a sua ascensão. Xangô é o rei que não aceita contestação, todos sabem de seus méritos e reconhecem que seu poder, antes de ser conquistado pela opressão, pela força, é merecido. Xangô foi o grande alafim de Òyo porque soube inspirar credibilidade aos seus súditos, tomou as decisões mais acertadas e sábias e, sobretudo, demonstrou a sua capacidade para o comando, persuadindo a todos não só por seu poder repressivo como por seu senso de justiça muito apurado.



Não erram, como se viu, os que dizem que Xangô exerce o poder de uma forma ditatorial, que faz uso da força e da repressão para manter a autoridade. Sabe-se, no entanto, que nenhuma ditadura ou regime despótico mantém-se por muito tempo se não houver respaldo popular. Em outros termos, o déspota reflete a imagem de seu povo, e este ama o seu senhor, seja porque nos momentos de tensão responde com eficiência, seja por assumir a postura de um pai. No caso de Xangô, sua retidão e honestidade superam o seu caráter arbitrário; suas medidas, embora impostas, são sempre justas e por isso ele é, acima de tudo, um rei amado, pois é repressor por seu estilo, não por maldade.



Fato é que não se pode falar de Xangô sem falar de poder. Ele expressa autoridade dos grandes governantes, mas também detém o poder mágico, já que domina o mais perigoso de todos os elementos da natureza: o fogo. O poder mágico de Xangô reside no raio, no fogo que corta o céu, que destrói na Terra, mas que transforma, que protege, que ilumina o caminho. O fogo é a grande arma de Xangô, com a qual castiga aqueles que não honram seu nome. Por meio do raio ele atinge a casa do próprio malfeitor.

Xangô é bastante cultuado na região de Tapá ou Nupê, que, segundo algumas versões históricas, seria terra de origem de sua família materna.



Tudo que se relaciona com Xangô lembra realeza, as suas vestes, a sua riqueza, a sua forma de gerir o poder. A cor vermelha, por exemplo, sempre esteve ligada à nobreza, só os grandes reis pisavam sobre o tapete vermelho, e Xangô pisa sobre o fogo, o vermelho original, o seu tapete.



Xangô sempre foi um homem bonito extremamente vaidoso, por isso conquistou todas a mulheres que quis, e, afinal, o que seria um ‘olhar de fogo’senão um olhar de desejo ardente? Quem resiste ao olhar de flerte de Xangô?



Xangô era um amante irresistível e por isso foi disputado por três mulheres. Iansã foi sua primeira esposa e a única que o acompanhou em sua saída estratégica da vida. È com ela que divide o domínio sobre o fogo.

Oxum foi à segunda esposa de Xangô e a mais amada. Apenas por Oxum, Xangô perdeu a cabeça, só por ela chorou.



A terceira esposa de Xangô foi Oba, que amou e não foi amada. Oba abdicou de sua vida para viver por Xangô, foi capaz de mutilar o seu corpo por amor o seu rei.



Xangô decide sobre a vida de todos, mas sobre a sua vida (e sua morte) só ele tem o direito de decidir. Ele é mais poderoso que a morte, razão pela qual passou a ser o seu anti-símbolo.

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