CASA PODEROSA DOS FILHOS DE YEMANJÁ

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terça-feira, 16 de maio de 2017

MAIO O MÊS DE OXUM NA CASA DE YEMANJÁ : ARQUÉTIPO OSÚN A SOBERANA DA FERTILIDADE !!!



Arquétipo

Oxun é a genitora por excelência, ligada à procriação e associada à descendência no AIYÊ (TERRA).

É a patrona da gravidez ou gestação. Todo embrião ou feto é colocado sob sua responsabilidade e proteção, até o momento em que o bebê começa a falar. Por analogia, ela é responsável pela iniciação de neófitos (yawôs), que são considerados “embriões”, até o momento da cerimônia de “Dar o Nome”. Assim, toda a iniciação deve ter o cuidado de “louvar” Oxun durante o período de reclusão.

A demonstração e comprovação de que Oxun é a “Mãe das Iniciações”, é o uso dos ekodidés, nos oris escanhoados dos iniciandos. Leia a seguir a lenda: “Uma sacerdotisa cujo nome era Omo Òsun (filha ou descendente de Oxun) servia a Òrísànlá e estava encarregada de zelar por seus paramentos e particularmente por sua coroa.

Alguns dias antes do festival anual, umas seguidoras de Òrísànlá, invejosas da posição de Omo Òsun, decidiram roubar a cora e joga-la nas águas. Quando Omo Òsun descobriu o furto, seu desespero foi profundo. Uma menina que ela criava aconselhou-a a comprar, no dia seguinte de manhã, o primeiro peixe que encontrasse no mercado.

No dia seguinte, Omo Òsun não conseguiu encontrar nenhum peixe e foi somente na sua volta que encontrou um rapaz que trazia um grande peixe à cabeça. Chegando à sua casa, Omo Òsun não conseguia abrir o peixe. A garota apanhou um pedaço de faca muito usado – cacumbu – e facilmente conseguiu fender a barriga do peixe no interior da qual luzia a coroa. Chegando o dia da grande cerimônia, as invejosas sabendo que Omo Òsun havia miraculosamente encontrado a coroa, decidiram recorrer a trabalho mágico para desprestigiar Omo Òsun em frente a Òrísàlá. Elas colocaram um preparado na cadeira de Omo Òsun , situada ao lado do trono de Òrísàlá.

Todo mundo estava reunido e esperava em pé a chegada do grande Oba. Quando chegou, sentou-se e fez sentar-se todos os presentes. Em seguida pediu a Omo Òsun que lhe desse os paramentos. Quando ela quis levantar, foi incapaz de fazê-lo. 

Tentou veementemente várias vezes a te conseguir, enfim, mas o preço do grande esforço foi desgarrar as partes baixas de seu corpo que começaram a sangrar copiosamente, manchando tudo de vermelho. Òsàlá, cujo tabu é o vermelho,levantou-se inquieto, e Omo Òsun, aturdida e envergonhada, fugiu. Segue-se uma longa odisséia durante a qual Omo Òsun foi bater à porta de todos os Orixás e nenhum deles quis recebê-la.

Enfim, ela foi implorar ajuda de Oxun, que a recebeu afetuosamente e transformou o corrimento sangüíneo em penas vermelhas do pássaro odide, chamadas ekódidé ou ikóóde, que iam caindo dentro de uma cabaça, colocada para recebê-las. Diante desse mistério – awo – a transformação do corrimento de sangue em ekódidé, todos regozijaram-se, começando os tambores a rufar e a correrem de todas as partes para assistir ao acontecimento: Yèyè sawo: Mãe fez mistério (Mãe conhece segredo, é mistério). 

A festa se organizou e todas as noites Oxun abria as portas para receber os visitantes que, entrando, apanhavam um ekódidé e colocavam cauris (dinheiro) na cuia colocada ao lado. Todos os Orixás vieram tomar parte no acontecimento. Finalmente, o próprio Òsàlá foi atraído pelas festividades.

Apresentou-se em casa de Oxun e, como os outros, saudou-a fazendo o dòdòbálè, apanhou um ekódidé e o prendeu em seus cabelos. Um cântico relembra para sempre essa circunstância: Òdòfin dòdòbálè k’obinrin – Òdòfin (Òrinsàlà) saúda prostrando-se frente à mulher. Mesmo o grande Orixá Funfun faz o dòdòbálè – alongando-se no solo, tocando-o com o peito em sinal de respeito e de submissão – diante do poder de gestação”.

Por estar comprometida e vinculada à “gestação “, também tem relações com o ciclo menstrual. E devido a seu simbolismo com a maternidade, é saudada como Ye ye, uma forma de dizer “Mãe”. É a ela que se dirigem as mulheres que querem engravidar, sendo sua, a responsabilidade de zelar tanto pelos fetos em gestação como pelas crianças recém-nascidas, até que estas aprendam a falar. 

Dentro desta perspectiva, Iemanjá e Oxum dividem a maternidade. Mas há também outra forma de análise: a por faixas etárias. Nanan é a matriarca velha, ranzinza, avó que já teve o poder sobre a família e o perdeu, sentindo-se relegada a um segundo plano. Iemanjá, é a mulher adulta e madura, na sua plenitude.

É a mãe das lendas – mas nelas, seus filhos são sempre adultos. Apesar de não ter a idade de Oxalá (sendo a segunda esposa do Orixá da criação), não é jovem. É a que tenta manter o clã unido, a que arbitra desavenças entre personalidades contrastantes, é a que chora, pois os filhos adultos já saem debaixo de sua asa e correm os mundos, afastando-se da unidade familiar básica. 

Para Oxun, então, foi reservado o posto da jovem mãe, da mulher que ainda tem algo de adolescente, maliciosa, ao mesmo tempo que é cheia de paixão e busca objetivamente o prazer. 

Sua responsabilidade em ser mãe se restringe às crianças e bebês. 

Começa antes, na própria fecundação, mas não no seu desenvolvimento como adulto. 

O arquétipo de Oxun é o das mulheres graciosas e elegantes, com paixão pelas jóias, perfumes e vestimentas caras; das mulheres que são símbolos do charme e da beleza; voluptuosas e sensuais, porém mais reservadas que Yansan. 

Elas evitam chocar a opinião pública, à qual dão grande importância. Sob sua aparência graciosa e sedutora, escondem uma vontade muito forte e um grande desejo de ascensão social. Oxun também tem como um de seus domínios, a atividade sexual e a sensualidade em si, sendo considerada pelas lendas, uma das figuras físicas mais belas do Panteão Mítico Yorubano. 

Existem 16 tipos diferentes de Oxun, desde as quase adolescentes, até as mais velhas. 

Diz a lenda, que as mais velhas, moram nos trechos mais profundos dos rios, enquanto as mais novas nos trechos mais superficiais.

Entre essas 16, três são marcadas como guerreiras (Apara, a mais violenta, Iê Iê Kerê, que usa arco e flecha, e Ié Ié Iponda, que usa espada), mas a maior parte delas é mais pacífica, não gostando de lutas e guerras. 

Oxun é dos poucos Orixás yorubas, que absolutamente não gosta da guerra.

A cor de Oxun é o pupa ou pon, que pode ser interpretado tanto como vermelho – o poder da criação humana e animal; o sangue menstrual ou o amarelo – um vermelho mais claro, mais leve e benéfico que pode ser interpretado como “está maduro”. 

O amarelo-ouro ou pon ròrò é a cor oficial que representa Oxun. 


Uma outra maneira de dizer vermelho em Nagô, é pupa eyin, literalmente “gema de ovo”.

O ovo, além de representar o “óvulo” que dá origem à vida, é o preferido de Oxun em suas comidas, mas também é o símbolo e representação das Iyás-àgbás, ancestrais femininos representados por pássaros. 

Todos os metais amarelos pertencem a Oxun: Ouro e Bronze.


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