CASA PODEROSA DOS FILHOS DE YEMANJÁ

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quinta-feira, 18 de junho de 2015

As Divindades segundo Ifá: O surgimento do Òrun



Em continuação ao primeiro artigo da série “As Divindades segundo Ifá: Como tudo começou”, iremos explicar a formação da dimensão invisível conhecida como Òrun.

Conforme o artigo anterior é importante esclarecer que a fonte de tudo que existe no Universo é Olódùmarè, como foi explicado ele é uma forma consciente e que pode interagir com a percepção humana. 

Eu quero dizer com isso, que Ele é acessível a nossa interpretação. Por sua vez Olódùmarè emergiu de uma energia primordial (que sempre existiu, me referindo a Ele próprio como fonte da sua própria energia), contudo Ele não foi “criado”, podemos interpretar que essa energia que forma o todo assumiu uma forma interpretável ou individualizada. 

Outra interpretação para este conceito é que essa energia que antes era inconsciente (ou imperceptível) evoluiu para uma forma consciente. 

Neste ponto precisa ficar claro, não podemos assumir que exista um criador anterior a Olódùmarè, pois se isso fosse real, quem criou o criador Dele? Partimos do ponto que Ele é a essência de tudo. 

Eu utilizo a expressão “Ele”, mas também não podemos dizer que Olódùmarè possua polaridade (masculino/feminino), é apenas uma figura de linguagem.

Ao citar que a fonte é “o mistério por traz de Olódùmarè”, não estamos dizendo que Ele foi gerado por alguma outra energia, estamos simplesmente interpretando a forma geradora, deixando uma laguna aberta de um evento que ocorreu onde podemos filosofar porem não teremos como reproduzir.

Quando tal fonte assume a forma ou recebe o nome de Olódùmarè, o evento que isso causa no Universo gerou o Odù Òfún Meji, ou seja, foi a ação de Olódùmarè que criou o Odù Òfún Meji e não o contrário. É aceito por vários estudiosos que o Odù Òfún Meji é o Odù mais antigo e por isso ele é associado ao evento que deu origem ao Òrun. 

A lenda da criação fala que o Òrun existia antes do Ayé. 

Na realidade cada ação (eventos importantes) executados por Olódùmarè e depois pelas demais Divindades foram responsáveis pela formação de tudo que conhecemos, esses eventos geraram uma energia que mantem o que foi criado estável, nos chamamos isso de “eco da criação”, em outras palavras, o que a Divindade faz é tão poderoso que se auto alimenta. 

Essa energia é também conhecida por Odù. Gostaria de reafirmar que os Odù não possuem nenhum tipo de personificação, eles são apenas energias, que emanam da fonte que os geraram.

O Òrun por sua vez então é conhecido como a Dimensão invisível, muita vasta, onde vivem entidades espirituais dos mais diversos tipos, como por exemplo: as Divindades, ancestrais entre outros. 

Há um conceito Ifá que diz que Olódùmarè fica numa região especial do Òrun onde somente algumas Divindades tem acesso (iremos tratar conceito em postagem apropriada), por isso entendemos que Ele está distante de nós e por essa razão cria Divindades especificas para interagir em conjunto com a humanidade.

Continua...

Àse. Bàbáláwo Ifádámiláre Agbole Obemo

Nota:

Conceitos baseados em ensinamentos transmitidos oralmente pela Família Agbole Obemo, e aperfeiçoados com estudos e práticas recentes.


As Divindades segundo Ifá: Olódùmarè



Este artigo conclui nossa primeira matéria: “Como tudo começou”, para melhor compreensão do mesmo sugiro ler os dois artigos iniciais:

1º Como tudo começou.

2º O surgimento do Órun.

Conforme explicado nos artigos acima, Olódùmarè é a origem de tudo que existe. A partir Dele “àse” (poder da realização) mantem o Universo em funcionamento, portanto Ele é o “gerador” que sustenta a vida.

Comentário: Conforme o artigo 2º: “Eu utilizo a expressão “Ele”, mas também não podemos dizer que Olódùmarè possua polaridade (masculino/feminino), é apenas uma figura de linguagem”.

Existem vários nomes associados à Fonte, no Brasil é comumente chamado de Ólórun que significa (o proprietário do Céu), contudo precisamos lembrar que Ólórun está presente em toda Criação, já que Ele forneceu a matéria prima para a construção tanto do reino invisível (Órun) quanto do reino visível (Ayé).

A forma como a Criação ocorreu, se houve participação direta Dele ou não é um assunto polêmico. Alguns autores afirmam que foi Olódùmarè diretamente quem coordenou a Criação, outros, contudo dizem que foram as Divindades por Ele criadas, o fato é que neste assunto não há uma forma única de expressar o conceito. Alias algo que precisa ficar claro, dentro do contexto religioso, principalmente baseado na cultura Yorùbá, onde a oralidade foi à forma encontrada para passar adiante o conhecimento, nada pode ser considerado absoluto. Os conceitos existentes hoje foram acumulados e desenvolvidos ao longo do tempo, receberam influência de varias culturas e se organizaram em famílias religiosas, portanto, existem várias visões que devem ser respeitadas, desde que sigam um processo no mínimo coerente.

Este estudo é fruto de orientações passadas dentro da minha família religiosa e pesquisa pessoal na literatura disponível, baseado nisso entendo que Olódùmarè delegou atribuições as Divindades e da mesma forma que nós temos liberdade para pensar e tomar decisões, as Divindades também. É claro que durante este complexo processo foram criados mecanismos que regulam o funcionamento da Criação, é necessário existir estabilidade para que tudo funcione, portanto as Divindades possuem certos limites, que eu gosto de chamar de “domínios”, assim cada uma Delas cuida de funções especificas.

Comentário: Conforme o 1º artigo: “Ifá ensina que cada Divindade possui total independência, podendo agir e atuar como quiser, salvo por limitações (leis e mecanismos reguladores) que controlam alguns aspectos dessa questão (assunto será tratado em próximas postagens). Olódùmarè então criou uma equipe de Divindades com funções especificas visando o interesse de controlar e manter a Criação em funcionamento, que serão explicadas nas próximas postagens”.

Portanto a Criação do mundo físico foi realizada pelas Divindades criadas por Olódùmarè e não por Ele diretamente. Em matéria futura explicarei a criação do Ayè, onde Olódùmarè fornece a matéria prima, mas quem executa o processo em sí foi outra Divindade.

A palavra Olódùmarè possui diversas traduções. Ele é comumente citado em Ifá como a Fonte da luz da branca. Luz branca é uma referência para aquilo que contem tudo que existe, sabemos que fisicamente a luz ao atravessar um prisma se divide em vários raios de cores diferentes, ou seja, essa é uma referencia ao fato de Olódùmarè “gerar” vários tipos de energia/matéria distintas.

Outra tradução possível para a palavra Olódùmarè seria: “Oló Odù Osumarè”, ou seja: “o espirito do ventre da serpente do arco-íris”.

Comumente Olódùmarè é descrito como vivendo no fim do arco-íris e também há citações relacionando Ele com a serpente. O símbolo da serpente associado à Divindade é encontrado em várias culturas. Para nós em Ifá, as escamas simbolizam o DNA espiritual que cresce de um único ponto expandindo-se. Outra interpretação para essa palavra poderia ser: “A serpente dona do pote, ou ainda, a serpente que vive no pote”, Odù pode ser traduzido como pote ou útero, todos os termos nos dão noção de que Ele guarda a origem de tudo, tudo vem Dele e segundo Ifá, um dia voltará para sua forma original.

O símbolo do arco-íris também demonstra a distância que estamos Dele, ou seja, segundo Ifá ele vive no final do arco-íris, enquanto nós estamos na sua base. Quando eu falo em “distância”, não estou falando em acesso, mas sim em percepção e interpretação. É muito difícil para nós definir a natureza da Fonte, justamente porque nossa mente ainda é bastante limitada, qualquer descrição da sua natureza é baseada em nossos valores, que com certeza não refletem em nada a grandiosidade de tal energia.

Infelizmente não há abundância em documentação formal que fale a respeito da Fonte, vamos fazer uso de um Oríkì da obra do Babalawo Fa’lokun Fatunmbi: “Dafá: The Ifá Concept of Divination and the Process of Interpreting Odu”, página 13 da versão digital.

Olódùmarè, mo ji loni. Mo wo’gun merin aye.

Criador, eu saúdo o novo dia. Saúdo as quatro direções que criaram a terra.

Igun ‘kini, igun ‘keji, igun ’keta, igun ‘kerín Olojo oni

O primeiro canto, o segundo canto, o canto mais longo, o quarto canto, são os proprietários do dia de hoje.

Gbogo ire gbaa tioba wa nile aye. Wa fun mi ni temi.

T’aya —t ‘omo t’egbe – t - ogba,

Eles nos trazem a boa fortuna (boa sorte) que sustentam a vida na Terra. Eles nos trazem todas as coisas que sustentam meu espirito.

Comentário: Como podemos notar é Olódùmarè quem envia a boa sorte, este termo em Ifá está relacionado às bênçãos que vem as nossas vidas. A energia que mantem a vida na terra provê Dele. Vale reforçar, “provê” no sentido que Ele é a fonte disso. Além de manter a terra viva, também mantem nosso espirito, sustentando a imortalidade.

wa fi yiye wa. Ki of f’ona han wa. Wa fi eni —eleni se temi,

Com você nada falhara, nós agradecemos pela estrada que você criou, nada pode bloquear o seu poder.

Comentário: Ele, portanto é completo, pois nada que faça irá falhar. Podemos entender aqui o conceito de perfeição atribuído a Ele e sua supremacia perante toda Criação. Apesar de alguns autores defenderem que Olódùmarè não interfere nos processos do Universo, eu particularmente discordo, pois existem vários mitos onde as Divindades recorrem a Ele em situações de conflito e o mesmo intervêm.

Alaye o alaye o. Afuyegegege meseegbe. Alujonu eniyan ti nf’owo ka le.

Louvamos a Luz da Terra, isto é o que sustenta a abundância da Criação.

Comentário: Novamente notamos sua função de Fonte geradora da Criação.

A ni kosi igi meji ninu igbo bi obi. Eyiti o ba ya’ko a ya abidun - dun —dun —dun. Alaye o, alaye o.

Ele nos traz o alimento da floresta. Ele nos traz coisas doces para nossas vidas. Louvamos a Luz da Terra. Louvamos a Luz da Terra.

Nota: Gostaria de esclarecer que eventualmente a grafia Yorúbà deste Oríkì pode não estar totalmente correta, visto que foi coletado pelo autor em suas viagens a África e trata-se de “Yorúbà antigo”, traduzir texto sagrado nem sempre é uma tarefa simples.

Segundo o autor Ayo Salami em sua obra “Yorúbà Telogi y tradicion”, a Olódùmarè são atribuídos as seguintes qualidades:

Oba tí kìí kú

O rei que nunca morre

Oba tí kìí arùn

O rei que nunca fica doente

Oba tí kìí tòògbé

O rei que nunca descansa

Oba tí kìí sùn

O rei que nunca dorme

O verso acima demonstra que a fonte supera as deficiências humanas, como o fato dele nunca morrer, nunca ficar doente e estar sempre ativo.

Ainda na mesma obra Ayo Salami nos brinda com o seguinte ensinamento extraído do Itan do Odù Ògúndá Ìròsún:

Ìgbò awo Òrun

Ìgbò o sacerdote do Céu

A difá fún Olódùmarè

Foi quem consultou Ifá para Olódùmarè

A faso omi kólé

Aquele que constrói sua casa com água

Látìgbàdégbà

Desde os tempos imemoriais

Èyí tó wu Olódùmarè níí se

O que Olódùmarè quiser, Ele faz

Bó tó wu Olódùmarè a ta dúdú

Se Olódùmarè quiser, envia uma novem escura

Èyí tó wu Olódùmare níí se

O que Olódùmarè quiser, Ele faz.



Ògúndá Ogbè:

Èbá ìlú dùún gbé

As redondezas da cidade são agradáveis para viver

Ìkòkò ìlú dùún rìn

Locais solitários da cidade são agradáveis para caminhar

Báa bá dá Ògúndá borí Ogbè sìlè

Se colocarmos Ògúndá e Ogbè na bandeja

Gbogbo awo a féé jé

Todos os sacerdotes gostariam de comer

Gbogbo awo a féé um

Todos os sacerdotes gostariam de beber

Omo awo a fìdí òrèrè balè

Os iniciados estariam esperando

A difá fún Olódùmarè a gòtún

Foram eles que consultaram Ifá para Olódùmarè

Olomo a téní fo´ri sapeji omi

O Ser que se estende como uma nuvem e usa sua cabeça como se fosse nuvens de chuva.

Tí ó móo sohun gbogbo bíidan bíidan

Que estaria fazendo tudo pela arte da magia

Kò sóhun tÓlórun ò le se

Não há nada que Ólórun não possa fazer

Bó bá sòjò

Se ele quiser faz chover

A sòdá

E haveria seca

A sèkan a mú bí otútú

Faria ficar frio.

A sèkan a mú bí oyé

Faria ficar quente

Bó wu Olódùmarè a se dúdú

Se Olódùmarè quiser faz uma nuvem negra

Bó wu Olódùmarè a se funfun

Se Olódùmarè quiser faz uma nuvem branca

Bó wu Olódùmarè a se àyìnrín

Se Olódùmarè quiser faz uma nuvem amarela

Bó sì wu Olódùmarè a ta tálà

Ou outra de cor creme

Olá Olórun ga

A graça do Rei do Céu é poderosa

Ó mò ju tèèyàn lo

Ele é mais forte do que o humano.



Os versos acima deixam claro que para Olódùmarè tudo é possível. Sendo Ele superior a humanidade e pode então controlar qualquer coisa na Criação (exceto a liberdade de ação dos seres vivos). Apenas com os versos acima temos como concluir que Ele é a fonte do inicio dos tempos:

“A faso omi kólé, Látìgbàdégbà - Aquele que constrói sua casa com água. Desde os tempos imemoriais”.

A água sempre esta associada com a fonte da vida, por isso ela é citada aqui.

Concluindo então nosso artigo, tentei demonstrar de forma simples algo que não pode ser explicado em sua totalidade, tenho a convicção que Olódùmarè ao desejar a existência de outros seres, tem por eles profundo amor. Não sabemos se a Fonte possui sentimentos da mesma maneira que nós, mas Ele não faria algo tão grandioso por mera diversão. E por isso eu digo:

Ìbà Olódùmarè, Oba àjíkí

Eu saúdo o Criador, o rei a quem louvamos primeiro.

Àse. Bàbáláwo Ifádámiláre Agbole Obemo.

Série as Divindades segundo Ifá: Èlà



2ª Divindade: Èlà

Olódùmarè a fonte da Criação é de certa forma inacessível à humanidade, por isso, como veremos nas próximas postagens ele criou um conjunto de Divindades que atuam sobre a criação.

O significado da palavra Èlà é iluminação, também podemos encontrar citações dizendo que Èlà é o espirito da pureza, ambas as afirmações são procedentes.



Èlà é uma emanação direta da fonte da Criação (Olódùmarè), por isso Èlà é um aspecto de Olódùmarè, interagindo com Ele nos processos que mantem (no sentido de alimentar e equilibrar) a Criação.

Èlà é o espirito que da suporte ao culto de Ifá, em outras palavras, é Dele que provem a sabedoria e as orientações obtidas através dos mais diversos métodos de consultas oraculares.

Èlà possui diversas atribuições, entre elas à função de registrar tudo o que foi criado, todas as ações de todas as formas de vidas existentes, ou seja, é um receptáculo, onde tais informações ficam armazenadas. Èlà, portanto conhece tudo o que foi, tudo o que é e o que será.

Èlà é acessível à humidade através de cerimonias especificas conhecidas como iniciações. Èlà é responsável pela inspiração que permite corrigir ou alinhar as ações humanas. Tais rituais então permitem que a atuação Èlà exerça influência positiva em nossas vidas. Além, disso Èlà fornece inspiração para a evolução da Criação, ou seja, todo o conhecimento sobre tudo que existe está contido nessa força espiritual, sendo assim, acessa-lo amplia os horizontes da mente humana, levando a Criação para níveis superiores.

Esse conceito existe em outras culturas e religiões e sugere a explicação de como a humanidade consegue vencer certas barreiras tecnológicas, visto que algumas pessoas após certo treinamento amparado por processos iniciáticos conseguem vislumbrar Èlà. Esse contato permite ampliar e desenvolver tecnologias, habilidades, encontrar soluções, que antes eram inviáveis.

Durante iniciações Èlà pode manifestar-se como fonte de inspiração, para que os iniciados consigam enxergar coisas que já aconteceram ou que possivelmente vão acontecer. Quem nunca teve a sensação de já ter vivido certa situação? Isso ocorre quando nossa mente entra em sintonia com essa força espiritual. Tal sintonia pode ser alcançada de várias formas, consciente ou não.

As Divindades Celestiais ou Primordiais existiam antes da criação do plano físico. Sabemos que Olódùmarè foi a primeira forma consciente de vida a existir. Ele prove o àse (força espiritual) de contração e o àse de expansão. Segundo Ifá, a interação entre essas duas forças derem origem ou sustentaram toda a Criação. Esse símbolo é representado pelo trabalho desenvolvido por Olódùmarè e Èlà. Assim Eles formaram as forças espirituais “inconscientes” que na sequencia se tornariam conscientes. Essa atividade permite a Èlà registrar toda a Criação e manter um vinculo de retaguarda com tudo que foi criado. O que eu quero dizer com isso é que tanto Olódùmarè quanto Èlà, são as forças espirituais que funcionam como fonte para as demais formas de vida, ou seja, foram a matéria prima, portanto de certa maneira estão ligados a elas.

Segundo o Babalawo Falokun Fatunmbi em seu livro “Ìbà´se Òrìsà”: A primeira Força Espiritual que chegou a manifestação física foi Èlà. A palavra Èlà é geralmente traduzida como "Espírito de Pureza", mas a palavra também sugere "quebrar em pedaços".

Como podemos ver Èlà está acessível no mundo físico, sendo a primeira força espiritual a “descer ao plano físico” no momento da Criação. Quero deixar claro que Èlà não é uma Divindade individualizada da forma como conhecemos, mas sim um aspecto de Olódùmarè. Ele representa então a “porção” acessível de registros e acontecimentos e também o momento onde Olódùmarè se divide em outras energias, dando origem a tudo.

A Èlà também é atribuído o poder que “colocar as coisas em ordem”, isso esta relacionado com a função de equilibrar e organizar os acontecimentos. Segundo Ifá, durante o processo de criação do plano físico, grandes tormentas ocorreram, isso é um fato, pois o universo em seus primórdios possuía um ambiente extremamente hostil, a ação de Èlà estabelece a ordem. Essa importante função é sustenta pelo fato de Èlà conhecer tudo o que vai ocorrer, baseado no que ocorreu, então Ele encontra o caminho mais seguro para trazer o equilíbrio de volta.

Além de atuar de forma muito importante na vida dos humanos, Èlà também interage com Imortais, onde qualquer Imortal pode consulta-lo diante dos dilemas da humanidade, conforme um trecho de uma reza de invocação:

Beni on (Èlà) ni gba ni la n'Ife, Oba - a - mola

Tradução: No entanto, ele levou dos Imortais todos os problemas, o Chefe para quem sabe o que é ser salvo.

A frase sugere que Èlà é muito importante. Até mesmo as demais Divindades podem ter acesso a Èlà, quando atuando no plano físico, através dos seus iniciados, podem substituir os instrumentos oraculares, interagindo diretamente com Èlà, assim transmitindo a “voz de Olódùmarè”. Esse conceito é amparando pela doutrina de Ifá, onde as Divindades participam constantemente da vida terrena, orientando e apoiando nossas ações. Neste aspecto vale ressaltar minha experiência pessoal no culto Afro-Brasileiro, mais especificamente no Batuque, onde pude presenciar a atuação das Divindades validando cerimônias executadas.

Entrar em contato com Èlà é sem duvida atividade mais importante para nós que acreditamos na cultura de Ifá / Òrìsà. Tal contato é estimulado espontaneamente durante os rituais executados no contexto religioso. As experiências relatadas por muitos seguidores durantes tais cerimonias são impressionantes e descrevem muita similaridade entre eles, portanto não podemos dizer que são fruto da imaginação, mas sim de uma real e solida ligação com os Imortais. Independente de qual caminho religioso façamos parte, encontrar a iluminação é sem dúvida o objeto primaz, para tanto precisamos melhorar nosso interior, como chave para a conexão com Èlà.

Nota 1: Os atributos de Èlà e Òrúnmìlà são estão muito relacionados, contudo não cabe nessa postagem detalhar. Em breve abordaremos esse contexto detalhadamente.

Nota 2: O tema aqui explicado não está esgotado, pois se trata de assunto vasto. Infelizmente há pouca literatura disponível, baseado nisso, minhas pesquisas continuam e devo trazer adições em breve. Quando isso ocorrer farei novas postagens destacando tais adições

Àṣẹ. Bàbáláwo Ifádámiláre Agbole Obemo.


Mas o que é uma Divindade?



As Divindades segundo Ifá: O surgimento das Divindades
Ifádámiláre


As Divindades segundo Ifá: O surgimento das Divindades

Mas o que é uma Divindade?

Podemos interpreta-la como um espirito em estado de perfeição.

 Algumas foram criadas pela fonte primordial da Criação e outras são filhas dessas Divindades. 

São formas de vida conscientes, que possuem liberdade de ação (como nós), mas não são necessariamente humanas. 

Nossa interpretação das Divindades tenta traduzi-las em personagens que tem alguma relação com nossa história, valores, conceitos, encontrando assim pontos de convergência que nos permitem imaginar sua essência, é fato que a mente humana ainda não consegue entender tal forma de vida em sua totalidade. 

Por isso encontramos diversas lendas que descrevem a forma de atuação das Divindades realizando um paralelo com personagens mitológicos. 

Afirmar exatamente se esses personagens foram reais ou simples figuras utilizadas para levar o conhecimento sobre Eles para outras gerações, depende ainda de muita reflexão. 

Humanizar as Divindades é como limitar seu poder e sabemos que não há limites para a força do Espiritual. 

Se em algum momento determinada Divindade tomou (ou ainda toma) a forma humana para concretizar seus projetos e passar desapercebida no plano físico, como muitos relatos contam, é algo que também não podemos afirmar ou negar. 

O que sabemos é que esses Espíritos têm uma origem Divina ou que alcançaram tal posição em decorrência de sua ascensão enquanto homens. 

De alguma forma no passado distante tais Espíritos mantiveram um contato concreto com os seres humanos, segundo Ifá: “quando o véu que separava os planos de existência era fino como a seda”, essa frase deixa claro, que a separação entre as dimensões era sutil e que o transito entre elas era constante. 

Foi neste período de formação do Universo que seus ensinamentos foram passados para a humanidade, em diversos momentos da historia, em diversas civilizações diferentes. 

É por essa razão, que existem certos conceitos que são comuns em muitas religiões, como sabemos de uma forma ou de outra, praticamente todas possuem algum tipo de “Divindade” na sua liturgia.

Conforme explicado nas matérias anteriores (consulte o surgimento do Òrun), Olódùmarè a fonte de tudo que existe, criou a dimensão invisível, conhecida como Òrun. 

Esse local foi projetado para abrigar uma quantidade enorme de formas vidas diferentes, as lendas sagradas que são a base para a religião tradicional Yorùbá, costumam citar a existência de muitas Divindades associado ao numero 201 ou 401, sabemos que essas referencias simbolizam algo incontáve. 

Esse fato demonstra que apesar da nossa percepção limitada da Criação, é fato que o Òrun, seja algo muito vasto e complexo, onde habitam seres incontáveis. 

Contudo o surgimento desses habitantes ocorreu (e ainda ocorre) que forma gradativa.

Ifá ensina que o primeiro Odù a surgir foi Òfún Méji, este Odù é associado à energia masculina, também conhecida como funfun, energia branca. 

A cor branca é associada à pureza, no sentido de originalidade, ou seja, as primeiras formas de vida surgiram da energia original do próprio Olódùmarè.

  Òfún Méji emerge da ação de Olódùmarè ao criar o Òrun.  

Sabemos que existe uma grande discussão conceitual sobre qual foi a primeira Divindade criada por Ele, segundo alguns estudiosos em concordância com o conceito Ifá, a primeira Divindade a adquirir consciência foi Obàtálá. 

A função de Obàtálá e de Olódùmarè de certa forma está inter-relacionada, por isso entendemos que ambas as formas de vida tem uma origem bastante comum. 

Contudo foi Olódùmarè enquanto individualidade que deu vida a Obàtálá. 

O nascimento dessa Divindade é descrito no Odù Òfún Méji e também no Odù Ogbè Meji, mas principalmente no último, Ifá diz que o Odù Ogbè Méji emergiu do Odù Òfún Méji e durante esse processo Obàtálá foi criado, ou seja: A ação de Olódùmarè ao criar Obàtálá faz com que Ogbè Méji nasça de Òfún Méji. 

Atenção para a palavra “emergiu”, isso indica que de certa forma Obàtálá se “separou” de energia de Olódùmarè, sendo então uma parte Dele próprio, contudo vale ressaltar que Obàtálá é uma forma totalmente individualizada, este é o motivo que dá a Ele uma posição em destaque no panteão das Divindades. 

Iremos tratar especificamente de Obàtálá em matéria futura, citamos aqui seu surgimento para demonstrar a dinâmica da Criação. 

Alguns estudiosos defendem que os Òrìsà (as Divindades) são o próprio Olódùmarè em formas reduzidas, ou seja, Ele mesmo, porém com uma roupagem diferente, isso sugere então que as demais Divindades seriam marionetes, ou personagens do Criador, não tendo, portanto individualidade.

 Observando os ensinamentos de Ifá, fica claro que não foi esse objetivo de Olódùmarè. 

Na realidade cada Divindade possui uma personalidade própria, com pensamentos, ações, atuação especifica, que não depende de certa forma, da sanção ou controle de Olódùmarè. 

Ou seja, uma vez delegado o “poder” a determinada Divindade, somente o próprio Olódùmarè, poderia interferir neste domínio, pois ele compartilha tal controle, contudo sabemos que raramente o fará. 

Segundo Ifá, as Divindades foram criadas para criar e manter o suporte à vida no plano físico, bem como proteger e orientar o homem. 

Sendo assim cada uma Delas possui um campo de atuação próprio, conhecido como domínio. 

Essa informação é muito relevante visto que dá a cada Divindade o controle absoluto sobre estas áreas da Criação. 

Por exemplo, a Divindade Oya tem o domínio sobre o vento, portanto cabe a ela coordenar essa força da natureza, nenhuma outra Divindade tem poder sobre essa energia. 

Por esta razão nenhuma Divindade é mais ou menos importante que outra, já que Olódùmarè separou e distribuiu o controle sobre a Criação entre Elas, dando plenos poderes e direitos sobre essas áreas. 

Esse equilíbrio é muito positivo, contudo o Criador criou mecanismos de limitação para regular certas ações, da mesma forma que ele criou esses mecanismos para controlar a vida humana. 

Apesar das Divindades terem liberdade, eles precisam prestar contas de seus atos, isso é claro, para impedir que a Criação seja colocada em perigo. 

Assim a natureza dessas forças espirituais é de sustentar a vida na Terra, garantindo ao homem tudo aquilo que ele precisa para se desenvolver. 

Além disso, as Divindades atuam como protetores individuais do ser humano.

 Dando a nós o apoio necessário na jornada terrena. 

Existe um conflito sobre esse conceito, apesar dos Òrìsà serem “pais e mães” dos homens na terra, eles não governam nossas ações, sendo assim, não são responsáveis por nosso sucesso ou fracasso. 

Não cabem a Eles, tomarem para si a nossa vida, sua função está relacionada com a posição de “mentor”, ou seja, de conselheiro. 

Cabe a nós decidir e, portanto receber os resultados de nossas ações.

Àse! Bàbáláwo Ifádámiláre Agbole Obemo

[1] Os Orixás, Pierre Fatumbi Verger, versão digital, página 10.

[2] Iba àse Òrìsà,Falokun Fatunmbi, página 62.

[3] Ifá Divination, Willian Bascom, versão traduzida, página 48.

[4] Obàtálá e a Criação do Mundo Iorubá, Luiz L. Marins, página 17.

[5] O sentido de emergir ou separar indica apenas que Obàtálá foi criado praticamente da mesma matéria original que Olódùmarè surgiu, contudo Eles são personalidades diferentes.

[6] No sentido de ter sido criado por uma energia parecida.

[7] Os Orixás, Pierre Fatumbi Verger, versão digital, página 12.

[8] Ifá recompondra nuestro mundo roto, Wande Abímbólá, página 8.

[9] Tradition, the workship – Ayo Salami, página 33.




O que são Odù ?



Os Odù são padrões de energia que foram originados no inicio dos tempos, durante a criação do universo. 

Acredita-se que eles foram formados através da ação da Divindade à medida que Ela executava a criação.

Todavia, esses padrões não ficaram estáticos a esse período remoto, visto que o Universo está em pleno desenvolvimento, é fato que os Odù acompanham essa evolução.

Existem 16 Odù principais, conhecidos como Odù Àgbà ou Odù Meji. Para cada um deles existe um conjunto de características que são utilizados para demonstrar uma situação atual. 

Além disso, esses padrões de energia podem ser “invocados” para alterar uma situação ou atrair um objetivo especifico. Da interação entre os 16 Odù principais surgiram mais 240 Omo Odú, ou Odù filhos, cada um deles com suas próprias características.

É importante entender que os Odù não possuem uma personalidade ou consciência, portanto eles não “incorporam” em ninguém, já que não são Divindades.

Os 16 Odù Meji são:

01 - Ogbè

02 - Òyèkú

03 - Ìwòrì

04 - Òdí

05 - Ìròsún

06 - Òwónrín

07 - Òbàrà

08 - Òkànràn

09 - Ògúndá

10 - Òsá

11 - Ìká

12 - Otúrúpòn

13 - Òtúrá

14 - Irètè

15 - Òsé

16 - Òfún

A ordem apresentada acima é conhecida como Ordem de Senioridade Ifá, ou seja, é a sequência que os Odù fizeram ao viajarem do Òrun (veja Planos de Existência) para o Ayé. 

Em outras palavras seria a sequência de eventos executados durante a Criação do Universo.

Essa ordem é fixa, mas existem algumas variações dependendo da região ou família Ifá.



Àse. Bàbáláwo Ifádámiláre Agbole Obemo.


Divindade



As religiões de modo geral, tentam definir a origem do universo, delegando a responsabilidade da criação para uma força espiritual que recebe diferentes nomes de acordo com a cultura. 

O Ifá nos ensina que o universo tal como conhecemos hoje foi criado a partir de um único ponto central. Em um dado momento houve uma explosão que distribuiu então a matéria pelo universo, dando origem a tudo que existe. Esse evento é conhecido pela ciência como “big-bang”, a grande explosão.

Ao contrário do que muitos acreditam, esse evento foi orquestrado por uma força espiritual consciente e não foi obra do mero acaso.

Ifá nos ensina que Olódùmarè é nome dado a Divindade.

Olódùmarè é fonte de tudo que existe. 

É muito difícil fazer uma descrição simplificada da grandeza da Divindade, pois isso seria limitar seu poder. 

A mente humana não é capaz de compreender o conceito por completo, visto que Ele é muito complexo.

Olódùmarè por sua vez pode ser acessado pela consciência humana através de suas múltiplas formas, conhecidas como Òrìsà. 

Eles são na verdade aspectos de Olódùmarè que a mente humana pode entender e captar. Contudo os Òrìsà possuem consciência própria. (consulte: Quem são os Òrìsà).

Os Òrìsà atuam e influenciam a vida na Terra como forças da natureza e são visíveis a nós em suas manifestações físicas, como a terra, o ar, o fogo e água. 

Eles recebem diversos nomes a fim de caracterizar suas funções especificas e também atuam diretamente sobre nossas vidas particulares como “Guias” na nossa jornada espiritual.

Àse. Bàbáláwo Ifádámiláre Agbole Obemo.


As virtudes segundo Ifá: Sùúrù (paciência)



Alguns aspectos do caráter humano são amplamente explorados pela tecnologia Ifá, afim de garantir as bênçãos dos Imortais.

 Alguns desses aspectos muito importantes são as virtudes comportamentais consideradas sagradas para Ifá. 

Provavelmente a mais importante delas é a paciência (Sùúrù).

O Odù Èjì Ogbè, primeiro e muito importante Odù na escala fixa de Ifá, possui varias citações sobre a atuação da paciência como um dos pilares para a consolidação do “bom e calmo caráter”.

Um famoso provérbio Yorùbá diz que: “DÌE DÌE LA NJÓÓRÍ ÉKÚ”, ou seja: “pouco a pouco comemos a cabeça do rato”, tal ensinamento pode ser interpretado de várias maneiras e existem algumas explicações aceitas para essa frase, uma delas é o ensinamento sobre a necessidade de exercitar a paciência para alcançar os objetivos.

Ifá em sua infinita sabedoria ensina que tudo deve ser feito pouco a pouco. Não existem atalhos para a solução dos problemas, eles precisam ser resolvidos pontualmente e dentro da capacidade do Orí de cada individuo.

Não adianta determinada pessoa passar pelo ritual mais “poderoso” do mundo achando que isso irá como por mágica resolver todos os seus problemas em algumas horas. 

As energias têm o seu tempo para realizar as transformações necessárias, algumas dessas transformações estão relacionadas com mudanças de postura profundas no individuo em questão. Se tais alterações não forem assimiladas, as energias ficam bloqueadas até que o Orí consiga encontrar o caminho aberto por Ifá. 

Por isso é importante ter paciência. Para reforçar este conceito, Ifá diz: “ÌBÌNÙ KÓ SÈ OHÚNKÓHÙN ÌWÀ SÙSÙ NÌ OHÙ GBÒGBÒ”, ou seja: “A raiva não nós leva a nada; a paciência coroa o sucesso. 

Aqueles que possuem paciência possuem tudo”.

Outro ponto que essa virtude aborda é referente ao aprendizado, não é possível aprender a tecnologia Ifá de um dia para o outro, mesmo porque o conhecimento sozinho não permite o contato com a Divindade. 

É necessário também desenvolver a percepção espiritual e conceitual, para tanto, leva-se tempo. 

Por isso desenvolver a paciência leva a porta de acesso das bênçãos dos Imortais.

Àse. Bàbáláwo Ifádámiláre Agbole Obemo.


O óraculo de Ifá


Como sabemos os oráculos estão presentes na história da humanidade desde os tempos mais remotos. Atualmente existem diversos métodos em atividade nas mais diferentes culturas, alguns de domínio livre e outros que estão relacionados com sistemas religiosos.

O Ifá é um método de indagar a Espiritualidade a fim de obter orientação sobre os mais diferentes assuntos da vida cotidiana de um individuo, comunidade ou até mesmo relacionado a um local especifico como uma empresa, cidade, etc.

A origem do oráculo é incerta, existem diversos relatos de regiões diferentes da África sobre modelos semelhantes ao Ifá com nomes diferentes, por isso, concluímos que esse modelo de consulta teve contato com diversas civilizações em diferentes momentos da historia Africana.

Ifá está baseado num conjunto rico de relatos históricos conhecidos como Itan ou Ese Odù, que contam passagens de personagens míticos a fim de explicar um problema especifico e então sugerir uma solução baseada no desenrolar dos relatos.

Os Ese Odù são a escritura sagrada do povo Yorùbá, aonde está registrado todo o conhecimento de observação da atividade das forças da natureza e também todo o ensinamento necessário para lidar com essa interação.

Existem uma quantidade significa de Ese Odù e eles possuem variações de Família para Família de Ifá. Ou seja, o corpo literário não é fixo e ele deve evoluir com o tempo, se adaptando as novas realidades.

Este corpo literário está dividido e organizado em 256 Odù. Odù é um padrão de energia que surgiu durante a criação do Universo, eles possuem características especificas, que podem ser utilizadas para entender o comportamento temporário de ações e realizações na vida de um individuo em particular. Contudo estes padrões de energia não são estáticos e continuaram e continuam a evoluir, à medida que o Universo mantêm a criação em funcionamento.

Cada um dos Odù é identificado por um nome e por um símbolo gráfico que é composto de 4 pares de traços, que podem ser simples ou duplos. Dentro dos 256 Odù´s, existem um grupo especial chamado de Odù Àgbà , ou Odù Meji (duplos). São os 16 Odù Meji que deram origem aos outros 240 Omo Odù (Odù derivados ou filhos).

O processo de interpolar a Oráculo é conhecido como Dáfá (lançar Ifá). Que consiste em procedimentos rituais que fazem o Sacerdote de Ifá, chamado de Babaláwo entrar em contato com a Divindade Elà (Espírito da Pureza) e receba então as orientações do espírito do Destino (Òrunmìlà) que supervisiona todo o processo de consulta.

Durante esse processo o Sacerdote obtêm uma das 256 figuras Ifá que representam os Odù e então passa a interpretar as Histórias que estão com ele relacionadas: os Ese Odù, mediante essa interpretação e com as demais orientações do Oráculo é possível definir procedimentos rituais e comportamentais que serão aplicados na vida do consulente a fim de resolver o problema ao qual foi sugerido a Divindade.

Este processo torna o Oráculo de Ifá muito completo e eficiente, visto que além de encontrar o problema ele também sugere uma solução para o mesmo, assim proporcionando melhora de vida para quem o busca.

Àse. Bàbáláwo Ifádámiláre Agbole Obemo.


O que é Ifá ?



Ifá é o nome dado a um sistema religioso de origem Africana (Yorùbá) que se desenvolveu a partir da cidade de Ilè Ifè na Nigéria, cidade considerada sagrada pelo povo Yorùbá.

A palavra Ifá quer dizer sabedoria da natureza, que é aplicada sobre a vida cotidiana de uma comunidade ou no âmbito pessoal. 

Em outras palavras Ifá está baseado na observação dos fenômenos naturais e na utilização deste conhecimento para colaborar com o crescimento humano. Sendo assim para Ifá todo o planeta é considerado sagrado. 

Esse sistema religioso combina ensinamentos registrados em texto sagrado, procedimentos rituais, herbaterapia e mudança comportamental, com objetivo de conduzir o homem a desenvolver “bom caráter” facilitando assim o crescimento espiritual.

A palavra Ifá também está associada ao sistema oracular, veja O Oráculo de Ifá neste portal.


A escolha do destino pessoal !



Como já foi explicado no artigo sobre Imortalidade, o processo de evolução espiritual é exercitado seguindo diversos ciclos de àtúnwá. 

A cada novo ciclo o indivíduo experimenta novas vivências com o intuito de trilhar a construção do “bom caráter”, que é o tema principal da filosofia de Ifá. 

E é através desse processo que temos a oportunidade e o dever de melhorar nosso interior e isso ocorre mediante a interação com as forças espirituais que mantêm a vida na Terra e também com o convívio com outros indivíduos.

Ifá ensina que antes do inicio de um ciclo de àtúnwá o Individuo, com a assistência do plano espiritual, escolhe um conjunto de eventos que deverão ocorrer no plano físico com o propósito de balizar a nova jornada e propiciar a Evolução.

Alguns sistemas religiosos ensinam que o Indivíduo reencarna com seu destino totalmente traçado. 

Outros, no entanto, dizem que o destino é regido unicamente por leis de “causa e efeito”, ou seja, que nossas atitudes regem o nosso futuro.

Segundo Ifá, o nosso caminhar é regido por um conceito que une as duas teorias. 

Antes do reencarne cada Indivíduo se apresenta ao Criador e realiza um acordo. 

Este acordo consiste em escolher um Destino balizador, para isso, temos que ir à casa de Àjàlá-Mòpí (Divindade responsável por construir o Orí-Odù ou seja o Destino abstrato.).

A palavra Orí significa cabeça. 

Porém, temos que ponderar que no idioma Yorùbá uma palavra possui diversos significados e seu sentido muda de acordo com o contexto. 

O conceito de Orí reuni os elementos que formam uma pessoa e é no Orí que está a sede da consciência. 

O conceito de Orí é muito amplo, ele possui diversas partes ou elementos que iremos analisar no decorrer das postagens. 

Por esta razão algumas pessoas acreditam que Àjàlá-Mòpí é responsável por modelar a cabeça física e não é bem isso: Ele molda os elementos do destino em um objeto que pode ser descrito como uma esfera (em alusão ao símbolo religioso da Cabaça) que simboliza um campo de proteção para os elementos que estão contidos nela.

De acordo com os ensinamentos de Ifá, na casa de Àjàlá-Mòpí estão disponíveis muitos Destinos, mais especificamente Orí-Odù. 

O Individuo, para ter sucesso na sua nova jornada, precisa escolher um Destino que lhe permita exercer sua capacidade ao máximo. 

Segundo alguns relatos esta escolha seria feita de forma aleatória e deixando ao acaso uma decisão tão importante. 

No meu entender, isto não é verdade. Porque contraria o conceito básico da crença em Ifá referente à Evolução: tudo precisa evoluir e se a pessoa executar uma má escolha irá atrapalhar o seu desenvolvimento. 

Além disso, contraria também a crença da construção do bom caráter, ou seja, uma pessoa que já formou uma bagagem espiritual boa não pode ser sentenciada a uma vida de sofrimentos pela escolha de um Destino ruim.

Outro ponto muito importante a ser ressaltado é que Ifá ensina que apesar de possuirmos individualidade, todos os seres vivos estão inter-relacionados, ou em outras palavras, nós fazemos parte do Todo. 

Sendo assim, o destino de uma pessoa influencia o destino de outras. 

Este é um fato concreto. Por isso uma escolha ruim irá atrapalhar o destino coletivo.

No meu entender e seguindo os ensinamentos de Ifá, a escolha do Destino é feita com o objetivo de dar ao individuo plenas condições de estimular a sua Evolução. Para isso o plano espiritual irá orientar essa escolha. 

Além da escolha existe também o acordo feito com Olódùmarè com a finalidade de potencializar o novo ciclo de àtúnwá. 

Isso não quer dizer que todas as pessoas vêm ao plano físico destinadas a serem felizes; muitas vezes é exatamente o contrário que ocorre. 

As dificuldades vivenciadas atualmente são resultados das ações pretéritas certamente, mas também podem ser escolhas feitas para impulsionar a Evolução no ciclo de àtúnwá. 

A partir do momento que esse ponto está resolvido, o Indivíduo vai para sua jornada de volta à vida física. 

Durante todo o processo da gestação e do nascimento, a lembrança do acordo é esquecida, visto que, a cada novo ciclo de àtúnwá o Individuo recebe uma nova memória. 

Conseguir estar em harmonia com o destino individual é chave para o sucesso e para receber as benções de vida longa, paz, prosperidade, saúde e descendência. 

Essa não é uma tarefa fácil, já que há todo momento estamos enfrentando a difícil decisão de fazer as escolhas certas. 

De nada adianta a pessoa escolher ser escultor nesta vida e durante o processo ela acaba estudando medicina, com certeza, ela será um médico limitado ou frustrado, pois o seu Orí não veio dotado das capacidades necessárias para tanto. 

Isso parece contrário ao conceito de escolha do destino, mas não é. 

A lei máxima do Universo é a liberdade de ação e escolha. 

Sendo assim, nós podemos mudar o destino escolhido para melhor ou para pior. 

Aqui entram em ação as leis que controlam as ações de todos os seres vivos.

De todo modo o potencial intelectual humano permite que ultrapassemos nossos limites. 

É claro que algumas situações são extremamente limitantes, mas nunca são impeditivas ao um ponto definitivo. 

Neste aspecto, a orientação da Divindade é fundamental para encontrar caminhos alternativos ou ainda para ajudar a alinhar nossas ações ao caminho previamente escolhido. 

Ifá ensina que o destino é composto de três partes: a primeira é o que não pode ser mudado (um bom exemplo é o dia marcado para o desencarne, ele pode ser antecipado, mas dificilmente adiado senão por força da própria Divindade). 

A segunda parte é aquilo que deverá acontecer (o destino escolhido), mas que ainda poderá ser modificado parcialmente de acordo com as escolhas. 

A última parte é o que estamos realizando (com as nossas ações e escolhas atuais).

O compromisso sincero de moderar as ações direcionando nossa vida como um todo para o crescimento moral e espiritual é a chave para encontrarmos a felicidade interior e com isso refazermos a nossa ligação com a Essência Primordial que nos criou. Assim ensina Ifá.

Àse. Bàbáláwo Ifádámiláre Agbole Obemo.


OS 16 MANDAMENTOS DE IFÁ NASCEM DO ODU IKAFUN. Todos os Olwou devem obedecer. Mandamentos de um sacerdote de Ifá. Babalorixa, Yalorixa.



Este é um dos itans que explicam o porquê usamos palavras para cumprimentar um Babalawo. Existem outros que explicam de forma diferente, porém, o objetivo final é pedir bençãos ao Pai do Segredo, o Babalawo.

ÀBORÚ ABOYE ÀBOSÍSE, SÃO AS CONTRAÇÕES DAS PALAVRAS: KÍ EBÓ FIN, KÍ EBÓ DÁ, KÍ EBÓ O SE. ISTO QUER DIZER (MEU SACRIFÍCIO SERÁ AUTORIZADO, MEU SACRIFÍCIO SERÁ ACEITO, MEU SACRIFÍCIO SE MANIFESTARÁ).

RESPOSTA (OGBO ATO)


ITAN-ORUNMILA FOI ACUSADO ANTE OLODUMARE E TINHA QUE RESPONDER A SEIS ACUSAÇÕES FEITAS, PELAS OUTRAS DEIDADES. ANTE DE IR, CONSULTOU IFA QUE MANDOU-LHE FAZER SACRIFÍCIO COM UM MACACO. ÒRÚNMÌLÁ O FEZ. ELE FOI DESCULPADO DAS ACUSAÇÕES. DEPOIS DESTE INCIDENTE, NASCERAM TRÊS FILHOS.

ELE CHAMOU O PRIMEIRO FI-OBO-RU (O MACACO SE USOU PARA O SACRIFÍCIO), O SEGUNDO FI-OBO-YE (O MACACO FOI USADO PARA VIVER) E O TERCEIRO O CHAMOU DE FI-OBO-SISE (O MACACO SE USA PARA CHEGAR).

A SEGUNDA HISTÓRIA QUE RECITOU, FOI ASSIM. HOUVE UM TEMPO EM QUE A ÒRÚNMÌLÁ LHE FOI MARCADO EBO, MAS NÃO TINHA DINHEIRO PARA FAZÊ-LO, ELE FOI ATÉ SEUS FILHOS, E IBORU LHE DEU 2000 CARACÓIS. IBOYE LHE DEU 2000 CARACÓIS E IBOSISE LHE DEU OUTROS 2000 CARACÓIS, COM ESTE DINHEIRO ELE COMPROU UMA GALINHA, POMBAS E OUTRAS COISAS NECESSÁRIAS PARA O EBÓ. DEPOIS DE FEITO, ELE CONVIDOU MUITAS PESSOAS PARA QUE FOSSEM COMER E OS CONVIDADOS O CONGRATULARAM PELO FESTIN DIGNO DE UM REI, MAS ELE LHES DISSE: “NÃO AGRADEÇAM A MIM POR ISSO, E SIM À IBORU IBOYE IBOSISE”.

EM ALGUMAS PARTES DA TERRA YORÙBÁ, AS PESSOAS SEGUEM FALANDO ASSIM. ELES DIZEM, “ÀBORÚ ABOYÈ, IBO SÍ SÉ”. O DIALETO CONHECIDO COMO ÒNKÒ, NÃO SE LIMITA SÓ A REGIÃO DE ÈGBÁDO E SIM  A VÁRIAS PARTES PRÓXIMAS TAMBÉM.

“ÀBORÚ BOYÈ”, OU “ÀBORÚ BOYÈ, BO SÍSÉ”. O PRIMEIRO SIGNIFICA: “QUE SUAS “OBRAS SEJAM BENDITAS E ACEITAS”, A SEGUNDA SIGNIFICA: “QUE SUAS OBRAS “SEJAM ACEITAS”. A RESPOSTA DE UM BABALÁWO É: “AGBÓ, ATÓ, ÀSÚRE, “ÌWÒRÌ’ÒFÚN”, QUE SIGNIFICA: “QUE TENHA UMA VIDA LARGA E SAUDÁVEL E RECEBA AS BÊNÇÕES DE ÌWÒRÌ’ÒFÚN”. “ÌWÒRÌ’ÒFÚN” É UM ODÙ DE IFÁ. ÌWÒRÌ À DIREITA, ÒFÚN À ESQUERDA. USAMOS ESTE ODÙ PARA ABENÇOAR ÀS PESSOAS. IGUAL USAMOS ÒSÉTÚRÁ, ESPECIALMENTE PARA AS BÊNÇÃOS DURANTE UM SACRIFÍCIO.

OGBO ATO!

IKÁ FUN- O CÓDIGO ÉTICO DE IFÁ – OS DEZESSEIS MANDAMENTOS DE ÒRÚNMÌLÁ EM IKAFUN.

O CÓDIGO ÉTICO DE IFÁ NASCE NO ODU IKAFUN E É TAMBÉM UM CONJUNTO DE REGRAS QUE SE DEVEM SEGUIR OU A QUE SE DEVEM AJUSTAR AS CONDUTAS, TAREFAS OU ATIVIDADES.

1- O AWÓ NÃO DIZ O QUE NÃO SABE.

2- O AWÓ NÃO FAZ CERIMÔNIAS, DAS QUAIS NÃO TEM CONHECIMENTO.

3 – O AWÓ NÃO ENCAMINHA UMA PESSOA, POR UM CAMINHO FALSO.

4 – O AWÓ NUNCA DEVE ENGANAR AS PESSOAS.

5 – O AWÓ NÃO DEVE PRETENDER FAZER O SÁBIO, QUANDO NÃO ÉS.

6 – O AWÓ DEVE SER HUMILDE E NÃO DEVE SER EGOCÊNTRICO.

7 – O AWÓ NÃO DEVE SER FALSO E NEM MAL INTENCIONADO.

8 – O AWÓ NÃO DEVE ROMPER AS PROIBIÇÕES E TABUS.

9 – O AWÓ DEVE MANTER TODO SEUS UTENSÍLIOS LIMPOS.

10 – O AWÓ DEVE MANTER SEU ILÉ LIMPO.

11- O AWÓ DEVE RESPEITAR AOS MAIS DÉBEIS TRATÁ-LOS BEM E COM RESPEITO.

12- O AWÓ DEVE RESPEITAR E TRATAR BEM OS MAIORES.

13 – O AWÓ DEVE RESPEITAR AS LEIS MORAIS.

14 – O AWÓ NUNCA TRAI UM AMIGO.

15- O AWÓ NÃO DEVE REVELAR OS SEGREDOS.

16- O AWÓ RESPEITA AOS OUTROS AWÓ.



A HABILIDADE DE COMPORTAR-SE COM HONRA E OBEDECER AOS MANDAMENTOS, É DE TOTAL RESPONSABILIDADE DO AWÓ. ESTES MANDAMENTOS DE IFÁ, NÃO SÃO SOMENTE PARA OS BABALAWOS E OLUWOS, SÃO PARA TODOS OS CRENTES NA CULTURA RELIGIOSA DOS DEUSES AFRO.

Àburú Àboyé Àbosise
HERANÇA MORAL COMPOSTA DE 16 MANDAMENTOS – TRANSMITIDOS ORALMENTE EM YORUBÁ.TIRADOS DE ANTIGOS E SECULARES LIVROS ESCRITOS EM CASTELHANO, DAS SOCIEDADES DE IFÁ EM CUBA.
OS 16 MANDAMENTOS DE IFÁ NASCEM DO ODU IKAFUN.
ITAN DO ODU IKAFUN.
Quando os Maiores (os Irunmales), chegaram a Terra, fizeram todos os tipos de coisas erradas que foram avisados que não fizessem.
Então, começaram a morrer um atrás do outro e, desesperados, puseram-se a gritar e a acusar Orunmilá de os estar assassinando.
Orunmilá então, defendeu-se dizendo que não era ele que os estava matando.
Orunmilá disse que os maiores estavam morrendo porque não cumpriam os mandamentos de Ifá.
Então Orunmilá disse: “A habilidade de comportar-se com honra é obedecer aos mandamentos de Ifá, o que é de sua inteira responsabilidade. A habilidade de comportar-se com honra e obedecer aos mandamentos de Ifá é minha responsabilidade também”.
SENTENÇA: ENI DA ILE Á BÁ ILÉ LO.

1o. MANDAMENTO
• Esúrú: falar o que não sabe;
• O sacerdote não deve enganar ao seu semelhante dizendo e fazendo conhecimentos que não possui;
• Quem abusa da confiança do próximo, enganando-o e manipulando-o através da ignorância religiosa sofrerá graves conseqüências pelos seus atos, A natureza se incumbira de cobrar erros cometidos e isto se refletirá em sua descendência consangüínea e espiritual.

2o. MANDAMENTO
ELES AVISARAM AOS MAIORES QUE NÃO CHAMASSEM A TODOS DE ESÚRÚ (CHAMAR A TODOS DE ESURÚ É CONSIDERAR TODAS AS COISAS COMO CONTAS SAGRADAS).
• O sacerdote deve saber distinguir entre o ser profano e o ser sagrado, o ato profano e o ato sagrado, o objeto profano e o objeto sagrado;
• Chamar a todos de “esúrú” é admitir que todos tenham missão sacerdotal;
• Para ser sacerdote, são necessários inúmeros atributos morais, intelectuais, procedimentais e vocacionais;
• A simples iniciação de um ser profano, desprovido destes atributos básicos e essenciais, não o habilita como um sacerdote legítimo e legitimado;
• Cabe ao sacerdote iniciador escolher com muito critério aqueles que são realmente dignos do sacerdócio;

3o.MANDAMENTO
ELES AVISARAM QUE NÃO CHAMASSEM FORÇAS, DA FORMA ERRADA “ÓDIDÉ”.
• Os sacerdotes nunca devem desencaminhar as pessoas com maus conselhos e orientações erradas;
• Os sacerdotes não devem usar seu poder religioso para o mau, se assim o fizerem serão como “ódidé”, aves noturnas que se saciam de sangue e com o sacrifício de outros;
• A mais importante função do sacerdócio: orientar, conduzir ao caminho correto, ao encontro do “irê” (boa sorte) de acordo com seus odus e orixá de cabeça;

4o.MANDAMENTO
ELES AVISARAM QUE NÃO DISSESSEM QUE AS FOLHAS DE “ARABÁ” SÃO FOLHAS DA ÁRVORE DE “ORIRO”.
ORUNMILÁ É AQUELE QUE NOS OLHA COM AMOR, NÃO FAÇAMOS POR ONDE POSSA NOS OLHAR COM DESPREZO.
• Usar de artifícios e mentiras contra as pessoas inocentes e crédulas e de bom coração, provoca o descontentamento de Orunmilá e a conseqüente ira de Elegbara;
• Aquele que usa de meios escusos enganosos contra seus semelhantes, será culpado do crime de abuso de confiança;

5o. MANDAMENTO
ELES AVISARAM QUE NÃO DEVERIAM MERGULHAR FUNDO, AQUELES QUE AINDA NÃO SOUBESSEM NADAR.
O SABER É FUNDAMENTAL PARA QUEM QUER FAZER.
É NECESSÁRIO O PODER QUE SÓ A INICIAÇÃO OUTORGA
OLODUMARE NÃO DEU AO IGNORANTE O DIREITO DE APRENDER SEM ANTES TOMAR DE QUEM SABE A OBRIGAÇÃO DE ENSINAR
• O sacerdote não deve ostentar uma sabedoria que na verdade não possua;
• O saber é condição básica para que se possa saber;
• Tudo deve ser feito integralmente e com legitimidade total;
• Deve o sacerdote ensinar tudo o que sabe àqueles que o cercam e que Ele confie;
• O sacerdote deve buscar orientação em quem sabe;
• O sacerdote não deve ostentar o que não sabe;

6o. MANDAMENTO
ELES AVISAVAM QUE FOSSEM HUMILDES E NUNCA JAMAIS AGISSEM COM EGOÍSMO
HUMILDADE E DESPRENDIMENTO SÃO ATRIBUTOS INDISPENSÁVEIS DE UM VERDADEIRO SACERDOTE
• O sacerdote não deve ser vaidoso de seus poderes, mas consciente deles;
• O sacerdote existe para servir e não para ser servido;
• O sacerdote não pode ser como pavão, que exibe suas plumas e desperta a sua morte; a vaidade empobrece o sacerdócio.(odu ogundakete);
• O verdadeiro sacerdote não se preocupa em provar seu saber;
• O exibicionismo não é conduta de sacerdócio;

7o. MANDAMENTO
ELES AVISARAM QUE NÃO ENTRASSEM NA CASA DE UMA ARABÁ
(TÍTULO DAQUELE QUE RESGUARDA OS SEGREDOS DA CHEFATURA DE IFÁ), COM MÁ INTENÇÃO.
• A iniciação não pode ser realizada por interesses que não sejam idôneas;
• A intenção de um sacerdote é servir à humanidade, a Orunmilá e aos Orixás;
• Iniciação por status ou vaidade pessoal é profanar o sagrado e assim pagará com duras penas o sacrilégio;
• Ninguém adentra impunemente ao Igbodu Ifá;
• Iniciar alguém significa responsabilidade com o sagrado.

8o. MANDAMENTO
ELES AVISARAM QUE DEVERIAM USAR “EKODIDÉ” PARA LIMPAREM SEUS TRASEIROS.
OS SAGRADOS FUNDAMENTOS NÃO PODEM SER USADOS COM OBJETIVOS VÃOS.
• Os tabus devem ser integralmente observados sob pena de severas conseqüências;
• O sacerdote deve submeter-se às interdições impostas pelo seu odu pessoal, assim como aos tabus de seu Olori;
• Submissão ao culto e preceito é fundamental;
• A obediência total às orientações de Ifá conduz o homem à plenitude de bênçãos;
• Não se deve usar o sagrado de forma leviana;
• Não se deve usar o poder do axé para prejudicar ninguém e em nenhuma hipótese;
• Usar o sagrado para vantagens pessoais, principalmente financeiras será continuamente cobrado e responsabilizado por isto;

9o. MANDAMENTO
• O epô é um elemento muito sagrado; é o sangue vegetal.Há de ser muito limpo e puro;
• Tudo deve ser limpo: instrumentos, pessoas, ambientes;
• Os assentamentos devem ser muitos limpos;
• As atitudes e a honra devem ser limpas e puras;
• O sacerdote deve ser escrupuloso com tudo;
• Os instrumentos litúrgicos, seus assentamentos, seu corpo, suas atitudes e seu caráter hão de permanecer sempre limpos… Muito limpos
• Nenhum orixá admite a sujeira física ou moral;

10o. MANDAMENTO
ELES AVISARAM QUE NÃO DEVERIAM URINAR DENTRO DO AFÓ
AFÓ É O LOCAL ONDE SE FABRICA O EPÔ
• Tudo num rito e num ato deve ter limpeza e religiosidade;
• A comida deve ser muito limpa;
• A comida deve ser realizada com religiosidade;
• O silêncio é fundamental nos atos;
• Ensinar quem não sabe e quem sabe menos é uma obrigação sagrada;

11o. MANDAMENTO
ELES AVISARAM QUE NÃO SE DEVE RETIRAR A BENGALA DE UM CEGO.
• Os que mais sabem hão de ter o mais profundo respeito pelos que nada ou menos sabem;
• Ninguém poderá descaracterizar o que os outros sabem e acreditam;
• Abalar a fé de quem sabe pouco ou nada sabe é retirar sua bengala;
• A mais importante missão de um sacerdote é ensinar e orientar;
• Hão de ensinar com doçura, sutileza, humildade e paciência;
• O sacerdote é um mestre;

12o.MANDAMENTO
ELES AVISARAM QUE NÃO SE RETIRA UM BASTÃO DE UM ANCIÃO
BASTÃO: SÍMBOLO DAS EXPERIÊNCIAS ADQUERIDAS;
DEVE-SE RESPEITAR E TRATAR MUITO BEM OS MAIS VELHOS
• Respeito aos mais velhos é um dos principais fundamentos da religião;
• Reconhecimento de antiguidade é posto;
• Falta de respeito, atenção, deixa-lo sem proteção é retirar-lhe o bastão.
• Os novos hão de respeitar os velhos;
• Os velhos são como livros de sabedoria que devem ser lidos com paciência e carinho;
• Numa religião aonde o saber é transmitido oralmente deve-se preservar seus velhos;
• Saber é poder!

13o.MANDAMENTO
ELES AVISARAM QUE NÃO SE DEITASSEM COM A ESPOSA DE UM OGBONI
OGBONI : TÍTULO DE MASGISTRADO, JUIZ, PESSOA DGNA DE RESPEITO
• As autoridades devem ser respeitadas integralmente;
• O ogboni representa: autoridade e leis;
• O sacerdotes devem pautar sua vida de acordo com a lei dos homens e dos Orixás;
• As leis de Ifá devem ser respeitadas e nunca alteradas e manipuladas.

14o.MANDAMENTO
ELES AVISARAM QUE NUNCA SE DEITASSEM COM A ESPOSA DE UM AMIGO
• Os amigos devem ser respeitados e nunca traídos;
• A amizade entre as pessoas deve sempre ser fortalecida;
• O respeito e a ética devem existir;

15o.MANDAMENTO
ELES AVISARAM QUE NÃO SEMEASSEM DISCÓRDIAS RELIGIOSAS
• Não se deve usar a religião para a guerra e a separação entre os homens;
• A religião deve unir através de Olodumarê, Orunmilá e Orixás;
• Não se deve semear a desconfiança e inimizade entre as pessoas de axé;
• DEUS é um só e todos os homens são seus filhos, portanto irmãos;

16o.MANDAMENTO
ELES AVISARAM QUE NUNCA FALTASSEM COM O RESPEITO OU QUISESSEM DEITAR-SE COM A ESPOSA DE UM SACERDOTE
• Os adeptos devem respeitar-se mutuamente;
• Uma única palavra neste mandamento: ÉTICA.

fonte:https://toluaye.wordpress.com/2010/10/15/os-16-mandamentos-de-ifa-nascem-do-odu-ikafun-todos-os-olwou-devem-obedecer-mandamentos-de-um-sacerdote-de-ifa-babalorixa-yalorixa/