CASA PODEROSA DOS FILHOS DE YEMANJÁ

CASA PODEROSA DOS FILHOS DE YEMANJÁ

terça-feira, 16 de junho de 2015

Menina vítima de intolerância religiosa







Menina vítima de intolerância religiosa diz que vai ser difícil esquecer pedrada.

Criança é do candomblé e foi agredida na saída do culto.


Avó iniciou campanha na internet e recebeu apoio de amigos.

A marca da violência está na cabeça da menina de 11 anos que foi agredida no Subúrbio do Rio por intolerância religiosa, mas esta não é a maior cicatriz.

 “Achei que ia morrer. 

Eu sei que vai ser difícil. 

Toda vez que eu fecho o olho eu vejo tudo de novo. Isso vai ser difícil de tirar da memória”, afirmou Kailane Campos, que é candomblecista e foi apedrejada na saída de um culto. 

Ela deu a declaração em entrevista ao RJTV desta terça-feira (16).

A garota foi agredida no último domingo (14) e, segundo a avó, que é mãe de santo, todos estavam vestidos de branco, porque tinham acabado de sair do culto. 

Eles caminhavam para casa, na Vila da Penha, quando dois homens começaram a insultar o grupo. 

Um deles jogou uma pedra, que bateu num poste e depois atingiu a menina.

“O que chamou a atenção foi que eles começaram a levantar a Bíblia e a chamar todo mundo de ‘diabo’, ‘vai para o inferno’, ‘Jesus está voltando’", afirmou a avó da menina, Káthia Marinho.

Na delegacia, o caso foi registrado como preconceito de raça, cor, etnia ou religião e também como lesão corporal, provocada por pedrada. 

Os agressores fugiram num ônibus que passava pela Avenida Meriti, no mesmo bairro. 

A polícia, agora, busca imagens das câmeras de segurança do veículo para tentar identificar os dois homens.

A avó da criança lançou uma campanha na internet e tirou fotos segurando um cartaz com as frases: “Eu visto branco, branco da paz. Sou do candomblé, e você?”.

A campanha recebeu o apoio de amigos e pessoas que defendem a liberdade religiosa. 

delas escreveu: “Mãe Kátia, estamos juntos nessa”.

Iniciada no candomblé há mais de 30 anos, a avó da garota diz que nunca havia passado por uma situação como essa.


Ainda muito assustada, falando baixo e com a voz por vezes tremida, a menina de 11 anos vítima de uma pedrada na cabeça após deixar uma festa de Candomblé, no domingo, conversou com o EXTRA nesta terça.

 Insultada por gritos de “macumbeira” e de que deveria “queimar no inferno” quando ia para um ponto de ônibus na Vila da Penha, na Zona Norte do Rio, com as roupas típicas de sua religião - como pano de cabeça e saia de ração branca -, ela disse que a partir de agora quer esconder de todos a fé que abraçou por medo de sofrer novas represálias:

- Continuo na religião, nunca vou deixá-la. 

É a minha fé. Mas não saio de mais de branco. Nem no portão eu vou. 

Estou muito, muito assustada. 

Tenho medo de morrer. 

Muito, muito medo.

Katia Marinho abraça a neta, que não quer mais usar roupas brancas fora do barracão



Katia Marinho abraça a neta, que não quer mais usar roupas brancas fora do barracão Foto: Guilherme Pinto / Extra

A garota lembrou o momento em que sofreu a agressão.

- Só me recordo de ter colocado a mão na cabeça, sentir o sangue e logo depois vê-lo pingando no chão. 

Foi uma coisa do nada. Nem vi direito de onde veio. Mas eu poderia ter sofrido algo grave. 

Atingiu minha cabeça. 

Mas e se fosse meu olho? - perguntou ela.

A avó da garota, Kátia Marinho, de 53 anos, estava com ela no momento da pedrada e disse que desde então a neta está se mantendo muito reservada.

 Tanto que nesta quarta ela começará a fazer um acompanhamento psicológico numa ONG.

- Ela também vai fazer exame de corpo de delito (no Instituto Médico-Legal). Espero que a gente, com muita conversa e muito cuidado, consiga fazer com que ela fique mais tranquila. 

Vamos respeitar o momento dela, é claro - contou a avó.


Segundo ela, a neta, desde muito cedo frequenta os rituais do Candomblé:
- Ela foi criada na religião. 

Já frequentou a escola, que é municipal, com as roupas usadas nos rituais. Nunca sofreu preconceito algum! 

E agora acontece isso. Fico assustada com esse mundo em que estamos vivendo. 

É homofobia, preconceito contra negros, contra religião... 

Como é que a gente vai continuar vivendo assim?

Kátia contou ainda que há 25 anos mantém o barracão onde aconteceu a festa, na Vila da Penha, e nunca teve problemas com a vizinhança:

- Todo mundo bate à nossa porta, é bem atendido. 

Já soube de outros barracões que foram depredados, mas com a gente isso nunca aconteceu.
A garota frequenta rituais de Candomblé desde muito pequena

A agressão ocorreu na Avenida Meriti. 

Segundo testemunhas, pessoas que estavam num ponto de ônibus começaram a xingar os candomblecistas. 

Pelo menos dois deles foram descritos como jovens morenos, na casa dos 20 anos. Depois do ataque, fugiram de ônibus.

Por meio de nota da assessoria de imprensa da Polícia Civil, a 38ª DP (Irajá), onde o caso foi registrado, informou que tanto parentes quanto a menina prestaram depoimento. 

O informe diz ainda que “os agentes irão realizar diligências para localizar imagens e testemunhas que possam auxiliar na identificação da autoria do crime. 

O caso foi registrado como lesão corporal e no artigo 20, da Lei 7716 ("praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional)”.
fontes : http://g1.globo.com/rio-de-janeiro/noticia/2015/06/menina-vitima-de-intolerancia-religiosa-diz-que-vai-ser-dificil-esquecer-pedrada.html ehttp://extra.globo.com/casos-de-policia/tenho-medo-de-morrer-diz-menina-de-11-anos-apedrejada-na-cabeca-apos-festa-de-candomble-16458389.html?utm_source=Facebook&utm_medium=social&utm_content=V%C3%ADtima+de+pedradas+ap%C3%B3s+festa+do+Candombl%C3%A9&utm_campaign=Extra 




Nenhum comentário:

Postar um comentário