Diz uma lenda que Xango, um Rei muito vaidoso, deu uma grande festa em seu palácio e convidou todos os orixás, menos Obaluae, pois suas características de pobre e de doente assustavam o rei do trovão.
No meio do grande cerimonial todos os outros orixás começaram a dar falta do Orixá Rei da Terra e começaram a indagar o por que de sua ausência, até que um deles descobriu de que ele não havia sido convidado, todos se revoltaram e abandonaram a festa indo a casa de Obalaue pedir desculpas, Obalaue se recusava a perdoar àquela ofensa até que chegou a um acordo, daria uma vez por ano uma festa em todos os orixás seriam reverenciados e este ofereceria comida a todos com tanto que Xango comesse aos seus pés e ele nos pés de Xango, nascia assim a cerimônia do olubajé. Porém muitas outras vão em desencontro com essa lenda, pois narram outros motivos o porquê que Xango e Ogum não se manifestariam no Olubajé.
Aqui vou narrar um pouco do que acontece nessa cerimônia:
Nesse dia todo o barracão, casa de Candomblé se encontra ornamentada na cor desse Orixá, Obaluaê.
O Babalorixá ou a Yalorixá faz soar o Caxixi. Panelas de barro ornamentadas com laços coloridos, todas contendo comidas de todos os Orixás com exceção do Orixá Xangô.
Após todo o ato o zelador entoa para os atabaques a seguinte cantiga:
Aráayé a je nbo, Olúbàje a je nbo
Aráayé a je nbo, Olúbàje a je nbo.
TRADUÇÃO
Povo da terra, vamos comer e adorá-lo, o senhor aceitou comer.
Povo da terra, vamos comer e adorá-lo, o senhor aceitou comer.
As comidas que logo serão servidas ao povo, todos continuam dançando em volta das comidas até que o último convidado termine seu ''prato''. Os restos são depositados em uma cesta que previamente foi colocada na mesa.
Quando o ultimo termina sua refeição então o zelador juntamente com seus filhos entoam a reza de Obaluae comum do seu axé. Todos se ajoelham e um cântico em solo é ouvido de forma melodiosa e respondido pela audiência. Fora a voz, somente o xacualhar do caxixi, acompanha a reza.
È é é ajeniníiyá, ajeniníiyá
Àgò ajeniníiyá
Máà kà lo, ajeniníiyá,
Ajínsùn aráaye, ó ló ìjeniníiyá
E wa ká ló
Sápadà aráaye, ló ìjeniníiyá,
E wa ká ló
Ìjeniníiyá aráaye
TRADUÇÃO
A vós punidor, te pedimos licença, não nos leve embora.
Ele pode castigar e levar-nos embora, mandar-nos embora de volta para o outro mundo(outro, o dos mortos).
Pode castigar e levar-nos embora, castigar nos humanos.
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