CASA PODEROSA DOS FILHOS DE YEMANJÁ

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segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

Pilão de Obàtálá


Pilão de Obàtálá

Há muitos e muitos anos, Obàtálá, Senhor de Eléèjìgbó, era chamado de Ajágúná. 

Era um exímio guerreiro. 

Nunca se feriu em batalhas, tampouco manchou suas vestes com o sangue dos seus adversários. 

Essa condição deu-lhe o epíteto de "Elémoso" (Aquele que vai à guerra e não se suja de sangue).

Uma das suas peculiaridades marcantes era o fato de se alimentar compulsivamente. 

Entre seus alimentos preferidos estavam os caracóis, os carneiros e pombos brancos, mas sua preferência era por inhames esmagados. 

Face em sua farta mesa nunca faltarem inhames amassados, suas refeições eram sempre atrasadas.

Certa ocasião, quando aguardava suas cozinheiras prepararem sua lauta refeição, Obàtálá descobriu uma forma de amassar com mais rapidez os inhames das suas refeições.

 ‘E assim, ele inventou um soquete, utensílio este, que recebeu o nome de “mão de pilão”. 

A invenção em questão o tornou conhecido pelo nome de ‘Ògiyán’, que quer dizer ‘Aquele que come inhame pilado’.

Tempos mais tarde, ansioso em transformar Èjìgbó numa cidade esplendorosa, convocou a sua presença o famoso sacerdote de Ifá, que atendia pelo nome de Awoléjé, seu grande amigo desde a infância. 

Esse, ao se defrontar com Obàtálá, o saudou: ‘Kábiyesi, Ògiyán, Ìbà o!
(Eu Saúdo Sua Alteza Real, O Comedor de Inhames Pilados). 

Awoléjé, após consultar o oráculo, aconselhou-o a fazer várias oferendas. 

Este assim o fez, antes da viagem do seu grande amigo Awoléjé.

Ao cabo de vários anos, Èjìgbó tornou-se uma grande cidade cercada de imensas muralhas e fossos, com portas fortificadas guarnecendo o palácio, isso sem falarmos das numerosas e luxuosas casas além dos grandes mercados.

Obàtálá, ao se tornar um grande rei, instaurou uma ordem, proibindo, a partir daquela data, que qualquer um dos seus súditos o chamasse de ‘Ògiyán’.

Tempos mais tarde, Awoléjé retornou a Èjìgbó, embora não tivesse ciência da grandeza e do resplendor em que Èjìgbó havia se tomado, sequer, da supremacia de Obàtálá. 

Ao chegar à cidade, dirigiu-se aos guardas do palácio e perguntou-lhes: ‘Onde está Ògiyán’? 

Os guardas, indignados com o atrevimento daquele homem, espancaram-no cruelmente, jogando-o em seguida às frias masmorras do palácio real. 

Awoléjé, gravemente ferido, amaldiçoou o reino do seu amigo.

Èjìgbó ou Eléèjìgbó conheceu anos difíceis: as mulheres ficaram estéreis, a seca começou a matar todos os animais, isto sem falarmos dos outros dissabores que assolaram o reino. 

Obàtálá, diante de tamanha tragédia, resolveu consultar o Oráculo Sagrado de Òrúnmìlà. 

A resposta oracular soou como uma avalanche sobre a cabeça de Obàtálá. 

Este, de imediato, ordenou a libertação do prisioneiro, entretanto, Awoléjé, após ser libertado, não se dirigiu ao palácio, para falar com seu amigo. 

Ressentido, refugiou-se no interior da floresta, passando a habitar em uma choupana (àgádà) abandonada.

Obàtálá, inconformado com a decisão do seu amigo, dirigiu-se à choupana e, ao se defrontar com Awoléjé, ajoelhou-se, pedindo-lhe perdão. 

Awoléjé concordou, entretanto, impôs ao amigo uma condição para que aquele povo jamais se esquecesse da injustiça que praticara: ‘Um cortejo de soldados vestidos de branco deverá vir entoando cânticos me buscar na choupana onde estou morando. 

Deverei ser carregado pelos mesmos, tal qual um rei em sua liteira (pàráfà). 

A partir desta data, todos os anos, os guardas deverão se flagelar em memória do desastroso acontecimento. 

Os guardas, após me conduzirem sobre seus ombros até o palácio, deverão se dividir em dois grupos. Munidos de varetas que você cortará, eles simularão golpes uns nos outros, sem parar, até as varetas se quebrarem. 

Dessa forma, você Obàtálá e seus súditos jamais esquecerão a injustiça praticada a uma pessoa inocente’. Assim foi feito.

A partir desta data, a paz voltou a reinar e Obàtálá tornou-se o maior dos reis de Èjìgbó ou Eléèjìgbó.

Esclarecimentos: Esta não é a única interpretação da história, entretanto, é a explicação narrada pelos nagôs iorubas igbomina em solo brasileiro sobre a origem do ritual do "Pilão de Obàtálá".

FONTE: post de Àse Oba Ìgbó Ìgbómìnàs


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