CASA PODEROSA DOS FILHOS DE YEMANJÁ

CASA PODEROSA DOS FILHOS DE YEMANJÁ

sexta-feira, 21 de maio de 2010

Ekodidé ( Ekodidé e Oxalá )


                                                                                 
                                                                          OXALÁ





Odidé


(transcrição do livro Porque Oxalá usa Ekodidé - Deoscóredes M dos Santos-DIDI - Edição Cavaleiro da Lua - Fundação Cultural do Estado da Bahia - foi mantida a ortografia original do manuscrito)

Muito tempo depois que Oduduwa chegou em Ilê Ifé e começaram a adorar o culto das Águas de Oxalá, aconteceu que, logo no primeiro ano, quando estava perto das festas Oxalá escolheu uma senhora das mais velhas do terreiro, chamada Omon Oxum, para tomar conta de todo, ou melhor, de tôda sua roupa, adornos e apetrechos, depositando com tôda benevolência nas mãos dela aquele direito especial para tomar conta de tudo que lhe pertencesse, da corôa ao sapato. Omon Oxum por nunca ter tido nenhum filho, criava uma menina. Dessa data em diante ela e a menina ficaram sendo odiadas por algumas pessoas que faziam parte nesse terreiro e que por inveja de Omon Oxum começaram a tramar novidades, procurando um meio qualquer para fazer Oxalá se zangar com ela e tomar o "achê" entregue por Oxalá. Fizeram coisas que Deus duvida contra Omon Oxum porém nada surtia efeito. Cada vez mais Oxalá ia aumentando a amisade e dedicação para Omon Oxum. Ela era muito devotada ao cumprimento das suas obrigações e não dava margem alguma para ser por êle repreendida.




Como dizem que a água dá na pedra até que fura, aconteceu que, na vespera do dia da festa, as invejosas, já desiludidas por poderem fazer o que desejavam, de passagem pela casa de Omon Oxum se depararam com a corôa de Oxalá que ela tinha areiado e colocado no sol para secar. Quando elas viram a corôa de Oxalá muito bonita e mais reluzente do que nunca, combinaram roubar a corôa e ir jogar no fundo do mar. E assim fizeram.



Quando Omon Oxum foi apanhar a corôa para guardar, não encontrou. Ficou doida. Procura daquí procura dalí, remexeram com tudo procurando em todos os cantos da casa e nada da corôa aparecer. As invejosas vendo a aflição que estava passando Omon Oxum e sua filhinha, satisfeitas pelo mal que tinham causado, riam as gaiofadas dizendo: agora sim quero ver como ela vai se atá com Oxalá amanhã quando êle procurar a corôa e não encontrar. A essa altura Omon Oxum comretamente azurantada só pensava em se matar e ja estava resolvida a fazer isso para não passar vergonha perante Oxalá. Foi quando a meninazinha, sua filha de criação disse: - Mamãe, porque a senhora não vai na feira amanhã de manhã bem cedinho e não compra o peixe mais bonito que tiver lá? A corôa de Oxalá deve estar na barriga desse peixe. E assim a menina insistiu, insistiu tanto, até que Omon Oxum se decidiu a aceitar o que a menina aconselhou, dizendo:- Fique tanquila minha filha, porque de madrugadasinha eu vou acordar para ir à feira ver se encontro com esse peixe que voce imagina ter a corôa do nosso Rei Oxalá na barriga.

A menina foi dormir tranquila. Omon Oxum coitada, não pôde dormir tôda a noite preocupada que já amanhecesse o dia para ela ir a feira ver se conseguia encontrar o dito peixe que a menina julgava ter a corôa na barriga.

Quando o dia mal tinha clareado, Omon Oxum pulou da cama, se preparou e lá se foi. Quando ela chegou na feira foi diretamente no mercado de peixe e não encontrou nenhuma escama. Ainda éra muito cedo. Omon Oxum deu uma volta pela feira e já bastante impaciente voltou ao mercado onde encontrou um senhor vendendo um peixe, cujo peixe, era o único que se encontrava no mercado. Omon Oxum comprou o peixe e foi voando para casa a fim de destrincha-lo. Queria ver se sua filha tinha aconselhado bem, para ela poder obter a paz e tranquilidade espiritual, encontrando a corôa de Oxalá. Assim que ela chegou em casa foi logo para a cosinha para abrir a barriga do peixe. Porém não conseguiu. Quando ela estava aí se acabando de chorar e labutando para abrir a barriga do peixe, a menina acordou e foi logo perguntando: - Mamãe já comprou o peixe? A senhora deixa que eu abra a barriga dele? - Omon Oxum bastante chorosa respondeu:- Minha filha a barriga dele está muito dura. Eu não posso abrir quanto mais você.

A menina se levantou, chegou na cosinha, apanhou um cacumbú e puxou rasgando a barriga do peixe, ésta se abriu em bandas deixando aparecer a corôa de Oxalá ainda mais bonita do que era antes. Omon Oxum se abraçou com a menina e de tanto contentamento não sabia o que fazer com ela. Carregava, beijava, dansava, e por fim Omon Oxum olhando para a menina e em seguida voltando as vistas para o céu, disse: - Olorun, Deus que lhe abençoe. Sua maesinha está sendo perseguida, porém com a fé que tem no seu Eledá, anjo da guarda, não ha de ser vencida. Limparam muito bem limpa, a corôa, e guardaram, muito bem guardada, juntamente com o resto das coisas pertencentes a Oxalá. Em seguida Omon Oxum cosinhou o peixe, fez um grande almôço e convidou a todos da casa para almoçar com ela dizendo que estava festejando o dia da festa do Pai Oxalá.

Ao meio dia Omon Oxum juntamente com seu, quero dizer, sua filhinha serviram o almôço acompanhado de Aluá ou Aruá, a bebida predileta de Oxalá a qual os Erê dão o nome de mijo do pai. Depois do almôço todos foram descansar para na hora determinada dar começo a festa das Águas de Oxalá.


As invejosas quando viram todo aquele movimento, Omon Oxum muito alegre como se nada tivesse acontecido a ponto de dar até um banquete em homenagem a Festa de Oxalá, ficaram malucas. Uma delas perguntou:- Será que ela encontrou a corôa? - Outra respondeu:- Eu bem disse que queimasse. - E a outra mais danada ainda dizia:- Eu disse a vicês que o melhor era cavar um buraco bem fundo e enterrar. - A primeira procurando acalmar os animos, disse para a outra:- Vamos esperar até a hora que éla apresentar as roupas de Oxalá com todos os armamentos. Se a corôa estiver no meio o geito que temos é fazer um grande ebó e colocar na cadeira onde éla vai se sentar ao lado de Oxalá. - O ebó, sacrificio, póde ser empregado para o bem ou para o mal.


Quando estava perto da hora de começar a festa, Omon Oxum apresentou a Oxalá tôda a roupa com todos os armamentos deixando as invejosas mais danadas e com mais desejo de vingança, a ponto de procurarem fazer o ebó por elas idealisado e colocar na cadeira onde Omon Oxum era obrigada a sentar-se por ordem de Oxalá.

O PÁSSARO ( ODIDÉ )
QUE CEDE SUAS PENAS DE EKODIDÉ



Começou a festa com a maior alegria possivel. Oxalá chegou acompanhado por Omon Oxum e se sentou no trono. Omon Oxum sem saber do que estava sendo feito contra ela, também se sentou na sua cadeira ao lado de Oxalá. Quando começaram as cerimônias e que Oxalá precisou de colocar a sua corôa, virou-se para Omon Oxum e pediu para éla ir apanhar a corôa. Omon Oxum quiz levantar e não pôde. Fez força para um lado, para o outro, e nada de poder levantar-se, até quando éla decidiu levantar-se de qualquer maneira. Devido a grande dor que sentiu, olhou para a cadeira e viu que estava tôda suja de sangue. Alucinada de dor, e horrorisada por saber que Oxalá de fórma nenhuma podia ter nada de vermelho perto dêle porque era ewó, proibição, saiu esbaforida pela porta afora, indo se esbarrar na casa de Exú.



Quando Exú abriu a porta que viu Omon Oxum tôda suja de vermelho, disse:- Você vindo dêsse geito da casa de meu pai? Infringiu o regulamento e eu não posso lhe abrigar,- e fechou a porta.



Daí ela foi para a casa de Ogun, Oxossi, de todos Orixás e sempre diziam a mesma coisa que disse Exú. Só restava a casa de Oxum. Quando Omon Oxum chegou a casa de Oxum, esta já tinha sabido do que estava acontecendo e estava a sua espera. Omon Oxum se jogando nos pés dela disse:- Minha mãe me valha, estou perdida. Oxalá não vai me querer mais em sua casa.




Oxum disse para ela que não se preocupasse, que um dia Oxalá ía buscar ela de volta. Depois Oxum, usando de sua magia, fez com que, do lugar onde sangrava em Omon Oxum saisse Ekodide, pena vermelha de papagaio da costa, até quando sare a ferida. Oxum, depois de colocar todo aquêle Ekodidé numa grande igbá, cuia, reuniu todo seu pessoal e tôdas as noites faziam um xirê, festa, cantando assim:



BI O TA LADÊ



BI O TA LADÊ



IRÚ MALÉ



IYA OMIN TA LADÊ



OTO RU ÉFAN KOBÁJA OBIRIN



IYA OMIN TA LADÊ



E assim Oxum ricamente vestida, sentada no seu trono, com Omon Oxum ao seu lado, a cuia de Ekodidés e a vasilha para colocarem dinheiro em frente a elas, recebia as visitas de todos os Orixás que iam até lá para ver e saber porque Oxum estava fazendo aquela festa tôdas as noites. Todos que lá chegavam e se enteiravam do acontecimento, si era homem dava dodóbálé, se estirava de peito no chão para Oxum, depois apanhava um Ekodidé e colocava uma certa quantia na vasilha que estava ao lado para ser colocado o dinheiro, e se era mulher dava iká, quer dizer, se deitava no chão de um lado e do outro para Oxum e em seguida apanhava um Ekodidé e colocava também o dinheiro na referida vasilha.



Tudo aquilo que estava acontecendo no palácio de Oxum, ficou sendo muito propalado e as invejosas faziam todo possivel para que Oxalá não soubesse. Um dia, elas, sem observarem que Oxalá estava por perto, começaram a comentar o caso, onde uma delas disse:- Com ela não tem quem possa, depois de tudo o que nós fizemos, depois de ter acontecido o que aconteceu aqui no palácio de Oxalá e de ter sido enjeitada por todos Orixás, vocês não estão vendo que Oxum abrigou ela? Curou, conseguindo que do lugar que sangrava saisse Ekodidé, fazendo uma grande fortuna e aumentando a sua riqueza. Agora só nos resta é fazer com que o velho não saiba do que está acontecendo no palácio de Oxum, se não é bem capaz de querer ir até lá.



Nisso o velho Oxalá pigarreou dando a entender que tinha ouvido tôda a conversação. Ordenou a elas que procurassem saber a hora que começava o xirê no palácio de Oxum e que elas iam servir de companhia para êle poder ir apreciar o xirê e tomar conhecimento do que estava acontecendo.



Quando elas ouviram Oxalá falar desta maneira bem pertinho delas a terra lhe faltaram nos pés e o remorso montou nos seus cangótes fazendo com que elas fugissem para nunca mais voltar ao palácio de Oxalá.



A noite, depois do jantar, Oxalá cansado de esperar pelas tres invejosas e não vendo nenhuma delas aparecer, disse:- Fugiram com medo de que eu castigasse pela grande injustiça que cometeram, não sabendo de que o castigo será dado pelas mesmas.



Assim Oxalá se dirigiu para o palácio de Oxum afim de assistir o xirê e saber qual a causa do mesmo. Quando Oxalá chegou no palácio de Oxum mandou anunciar a sua chegada. Oxum mais bonita do que nunca, coberta de ouro e muitas jóias dos pés a cabeça, sentada no seu rico trono, mandou que Oxalá entrasse, e continuou o xirê cantando: BI O TA LADÊ, BI O TA LADÊ, IRÚ MALÊ, IYA OMIN TA LADÊ.



Quando Oxalá entrou ficou abismado de ver tanta riquesa e quando reparou bem para Oxum, que viu a seu lado Omon Oxum, a pessoa que cuidava dele e de tôdas suas coisas, a quem ele julgava ter perdido devido o que tinha acontecido, não se conteve, se jogou também no chão dando dodóbálé para Oxum, apanhando um Ekodidé e colocando bastante dinheiro na vasilha. Oxum quando viu o velho dar dodóbálé para ela, se levantou cantando:



DÓDÓ FIN DODÓBÁLÉ



KÓ BINRIN



IYA OMIN TA LADÊ



e foi ajudar a Oxalá se levantar do chão. Depois que Oxalá se levantou Oxum pegou Omon Oxum pela mão e entregou à Oxalá dizendo:- Aqui está a vossa zeladora, sã e salva de todo mal que desejaram e fizeram para ela para que ela ficasse odiada por vós. Oxalá agradecendo a Oxum disse:- Oxum, em agradecimento a tudo o que fizestes de bem e para amenisar os sofrimentos de Omon Oxum eu, Oxalá, prometo levar ela de volta para o meu palácio e de hoje em diante nunca hei de me separar desta pena vermelha que é o Ekodidé e que será o unico sinal desta côr que carregarei sôbre o meu corpo.

O QUE É CANDOMBLÉ ?

                                                                   CANDOMBLÉ :
                                                                              
da nação do Ketu, NÃO é Umbanda e muito menos, Magia Negra. É uma religião trazida para o Brasil pelos negros que vieram da África como escravos e que cultuavam os seus ORIXÁS.



Este culto dos ORIXÁS remonta de muitos séculos, talvez sendo um dos mais antigos cultos religiosos de toda a história da humanidade.
O objetivo principal deste culto é o EQUILIBRIO entre o ser humano e os ORIXÁS.

A maior característica do ALTO CANDOMBLÉ da Nação Ketu é que a religião de ORIXÁ tem por base ensinamentos que DEVEM ser passados de geração a geração de forma oral. Ou seja, não existem anotações, fórmulas mágicas, etc... Ou o “iniciado” aprende e desenvolve sua espiritualidade junto aos Orixás, ou então é melhor nem fazer uso dos BÚZIOS CONSAGRADOS.

ORIXÁ significa - ORI = COROA / XÁ = LUZ

Ou seja, a palavra ORIXÁ quer dizer “Coroa Iluminada”, “Espírito de Luz”.
É o princípio mais evoluído existente em nosso sistema, manifestado através das forças da natureza.

O Alto Candomblé é uma religião dinâmica, mas ao contrário da imaginação de muitos, devido à sua variedade de deuses é essencialmente monoteísta, crê em um único Deus e criador, Olorún (“olo” = dono, senhor; “orun” = céu, espaço celeste sagrado), que criou o céu e a terra, os orixás e o homem.

O Orún sua moradia e dos Araorún, todos os ancestrais e elementais divinizados; o Aiyé, moradia dos Araiyé, os seres humanos, os animais, vegetais, minerais e toda forma da natureza.



Os Orixás, elementais da natureza por excelência, seus guardiões e fiscais, energia indispensável para toda a sobrevivência, com função dupla: reger e cuidar da natureza em si e da natureza humana.




O Homem, objeto principal da sua criação, para de tudo usufruir dentro dos critérios do seu CRIADOR.



A teologia Yorubana, só faz referência ao Orún e ao Aiyé.


Em momento algum, em qualquer circunstância, o faz sobre as palavras - inferno e pecado - as leis, a lógica, o bom senso e os ensinamentos permeiam a conduta das pessoas, até porque estes são termos posteriores à criação do homem pela teologia Yorubana.


No Alto candomblé nada se inventa, tudo se aprende, o “saber” e o “conhecimento” só vem com o Tempo, Ensinamento, Humildade, AXÉ, Merecimento e Compreensão; já a sua prática tende a adaptar-se, ao Crescimento e Modernidade do mundo, professando a sua religião através dos seus rituais.

quinta-feira, 20 de maio de 2010

NOSSOS DIREITOS ( Proteção à liberdade Religiosa ! )

Seminário Nacional Sobre a Proteção à liberdade Religiosa



A necessidade de convivência social é uma condição da realidade humana. A religiosidade é uma das expressões da cultura que dá sentido aos indivíduos á sua existência na vida social. O diálogo entre as diversas expressões religiosas é um desafio permanente entre os humanos. Podemos afirmar que as diversas tensões históricas entre os povos encontram fundamentos na leitura religiosa que variavelmente fazem do mundo e de sua origem seu desiderato. A tríade mito de fundação, sacerdócio e sistema de ritos caracteriza a materialização da ação religiosa, configurando o que chamamos de Igreja.




A organização de leis espirituais em preceitos normativos, conformando sistemas rígidos e inquestionáveis de conduta social têm proporcionado a construção de sólidas instituições que muito tem significado para a história das civilizações. Todavia, inversamente, propugna valores que subsidiam modelos políticos totalitários impondo relações que fundamentam a associação entre a realização material e a realização espiritual. A história da humanidade é forjada pela história dessas tensões religiosas. Na antiga Grécia, na antiga Roma ou no período medieval entre os judeus, ciganos e mulçumanos vivemos justificativas, as mais inexplicáveis, para derrotar e construir governos.



Hoje no Brasil, têm aparecido de forma freqüente queixas contra veículos de comunicação e organizações religiosas que têm usado discursos de conteúdo dogmático/religioso para macular outras organizações religiosas e seus modos peculiares de constituírem seus ritos e premonições. Estas queixas invariavelmente estão associadas á negativações e inferiorizações, conformando também a prática de um racismo difuso, como entende o artigo 20 da lei nº 7.716/89 que assevera tal conduta como impeditiva na sociedade brasileira. A legislação pátria pune a prática de "curandeirismo" prevista no art. 284 do Código Penal, mas que está associada ainda a certa intolerância quanto ás religiões de matriz africana no Brasil.




A Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), a Comunidade Muçulmana, a Federação Israelita, os evangélicos, os religiosos de matriz africana, os ciganos têm protagonizado um intenso debate sobre o perigo destas práticas que podem resultar em conflitos civis com forte repercussão na ordem pública, já que diversas organizações vítimas dos ataques mencionados tem feito manifestações públicas contra tais atos.



O Estado brasileiro vem recentemente produzindo políticas públicas de promoção de igualdade e de reconhecimento legal de populações vulneráveis á realização formal do princípio da equidade, como por exemplo, os decretos: nº 6.872/2009, que aprova o Plano Nacional de Programação da Igualdade Racial - Planapir, e institui o seu comitê de articulação e monitoramento; nº 6.040/2007 que institui a Política Nacional de Desenvolvimento Sustentável dos Povos e Comunidades Tradicionais; nº 4.886/2003, que institui a Política Nacional de Promoção da Igualdade Racial - PNPIR e dá outras providências; nº 4.887/2003 que regulamenta o procedimento para identificação, reconhecimento, delimitação, demarcação e titulação das terras ocupadas por remanescentes das comunidades dos quilombos de que trata o art. 68 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias; As leis de nº 10.639/2003, alterada pela lei de nº 11. 645/2008 que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, para incluir no currículo oficial da rede de ensino a obrigatoriedade da temática “História e Cultura Afro-Brasileira e Indígena; A Portaria do Ministério da Saúde nº 922 que institui a Política Nacional de Saúde da População Negra com a valorização do saber popular da medicina de matriz africana como política de equidade no sistema único de saúde.


Neste sentido, com a proposição deste conjunto de políticas públicas o Direito passa a ter como fonte normativa também as características culturais e históricas de um povo brasileiro permitindo uma mudança de paradigmas na compreensão do que venha ser concretização da justiça social neste país. No que tange ao direito da liberdade de manifestação religiosa, objeto deste Plano Nacional contra a Intolerância Religiosa, este é essencialmente um direito subjetivo, mas que encontra dificuldades concretas quando a intolerância e o desrespeito afetam as religiões dos grupos sociais minoritários, principalmente os de matriz africana.



O Brasil já possui normas jurídicas que visam punir a intolerância religiosa. A lei nº 7.716/1989, alterada pela lei nº 9.459/1997, considera crime a prática de discriminação ou preconceito contra religiões. Em tal lei, são considerados crimes de discriminação ou preconceito contra religiões as práticas prescritas nos seguintes artigos: art 3º “Impedir ou obstar o acesso de alguém, devidamente habilitado, a qualquer cargo da Administração Direta ou Indireta, bem como das concessionárias de serviços públicos”, art. 4º “Negar ou obstar emprego em empresa privada”, art. 5º “Recusar ou impedir acesso a estabelecimento comercial, negando-se a servir, atender ou receber cliente ou comprador”, art. 6º “Recusar, negar ou impedir a inscrição ou ingresso de aluno em estabelecimento de ensino público ou privado de qualquer grau”, art. 7º “Impedir o acesso ou recusar hospedagem em hotel, pensão, estalagem, ou qualquer estabelecimento similar”, art. 8º “Impedir o acesso ou recusar atendimento em restaurantes, bares, confeitarias, ou locais semelhantes abertos ao público”, art. 9º “Impedir o acesso ou recusar atendimento em estabelecimentos esportivos, casas de diversões, ou clubes sociais abertos ao público”, art. 10º “Impedir o acesso ou recusar atendimento em salões de cabelereiros, barbearias, termas ou casas de massagem ou estabelecimento com as mesmas finalidades”, art. 11º “Impedir o acesso às entradas sociais em edifícios públicos ou residenciais e elevadores ou escada de acesso aos mesmos”, art. 12 “Impedir o acesso ou uso de transportes públicos, como aviões, navios barcas, barcos, ônibus, trens, metrô ou qualquer outro meio de transporte concedido”, art. 13 “Impedir ou obstar o acesso de alguém ao serviço em qualquer ramo das Forças Armadas”, art. 14 “Impedir ou obstar, por qualquer meio ou forma, o casamento ou convivência familiar e social”, art. 20 “Praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional”, e, art. 20, §1º, “Fabricar, comercializar, distribuir ou veicular símbolos, emblemas, ornamentos, distintivos ou propaganda que utilizem a cruz suástica ou gamada, para fins de divulgação do nazismo”.



Isso não significa que essas sejam as únicas condutas criminosas previstas na legislação brasileiras em relação a intolerância e perseguição religiosa. Punição a incitações a violência, como agressões ou até mesmo homicídios, por motivos religiosos ou não, estão previstos no Código Penal brasileiro. Essa legislação (lei nº 7.716/89) também não retira o direito à crítica que os seguidores de uma denominação religiosa (ou mesmo quem não segue uma) podem fazer aos de outra (ou mesmo a quem não segue uma). Isso está garantido na Constituição Federal do Brasil de 1988, pela Cláusula democrática, presente no art. 1º “A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito”, pelo art. 5º, IV “é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato”, pelo art. 5º, VI, “é inviolável a liberdade de consciência e de crença”, pelo art. 5º, VIII, “ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de convicção filosófica ou política, salvo se as invocar para eximir-se de obrigação legal a todos imposta e recusar-se a cumprir prestação alternativa, fixada em lei”, e pelo art. 5º, IX, “é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença”.



Como marco legal para discutir Estado e Religião a vigente Constituição Federal de 1988 traz em seu texto o artigo 19 “é vedado a União, aos Estados, ao Distrito Federal, e aos municípios: I – Estabelecer cultos religiosos subvencioná-los, embaraçar-lhes o funcionamento ou manter com eles ou seus representantes relações de dependência, aliança, ressalvada na forma da lei, a colaboração de interesse público.” Desde 1890 o país deixou de ter uma religião oficial para expressar-se livremente no contexto religioso, com a mais ampla liberdade de consciência e crença nos ideais outorgados pelo ilustre jurista Rui Barbosa. A partir da separação Igreja/Estado, o Brasil tornou-se laico, desamordaçando as demais religiões e credos que, até então, viviam mudos.



O Brasil estabeleceu-se sobre o princípio da laicidade, permitindo que expressões religiosas pudessem ter vez e, por conseguinte, expressar seus princípios e fundamentos ao povo brasileiro. Chantal Mouffe, cientista política inglesa, nos dá uma dica importante: uma coisa é a Igreja atrelar-se ao Estado que deve permanecer laico, isonômico e plural, outra, é a possibilidade dos religiosos exercerem o direito de fazer política na esfera publica. O Estado Democrático de Direito também permite esta compreensão da laicidade do Estado brasileiro e da isonomia do tratamento que deve ser dispensado às religiões de diversas matizes no país, no entanto o Brasil ainda deixa transparecer as marcas de uma presença secular colonizadora e autoritária, sobretudo, das religiões de origem cristã sobre os povos indígenas e negros, principalmente, que afetam seu processo de autoconhecimento com suas raízes históricas e identitárias.



Por força do art. 5º, § 2º, “Os direitos e garantias expressos nesta Constituição não excluem outros decorrentes do regime e dos princípios por ela adotados, ou dos tratados internacionais em que a República Federativa do Brasil seja parte”. Neste diapasão, Tratados e Convenções Internacionais através de seus enunciados preceituam a garantia do direito a liberdade de crença e culto religioso. A Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão de 1978 prescreve em seu art. 10 “ninguém deve ser molestado por suas opiniões, mesmo religiosas, desde que sua manifestação não perturbe a ordem pública estabelecida pela lei”; a Declaração Universal de Direitos Humanos, de 1948 preceitua no art. XVIII que “toda pessoa tem direito à liberdade de pensamento, consciência e religião; este direito inclui a liberdade de mudar de religião ou crença e a liberdade de manifestar essa religião ou crença, pelo ensino, pela prática, pelo culto e pela observância, isolada ou coletivamente, em público ou em particular”; O Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos, art. 18.1 “Toda pessoa terá direito à liberdade de pensamento, de consciência e de religião. Esse direito implicará a liberdade de ter ou adotar uma religião ou crença de sua escolha e a liberdade de professar sua religião ou crença, individual ou coletivamente, tanto publica quanto privadamente, por meio de culto, da celebração de ritos, de práticas do ensino; Ademais, ainda temos o Programa Nacional dos Direitos Humanos que através de sua proposta 110 visa prevenir e combater a intolerância religiosa no que diz respeito a religiões minoritárias cultos afro-brasileiros, o Pacto de São José da Costa Rica cuja redação é idêntica àquela do Pacto Internacional dos Direitos civis e Políticos, e a Declaração sobre a Eliminação de Todas as formas de Intolerância e Discriminação baseadas em Religião ou Crença.



Importante registrar o tratamento da legislação laboral brasileira à profissão de Ministro de Culto Religioso. Esta profissão pertence à categoria de Teólogos, Missionários e profissionais assemelhados, tendo o código específico na Classificação Brasileira de Ocupações (CBO) para a profissão sob o número T2631-05. Com tais prerrogativas os Ministros de Culto Religioso podem realizar liturgias, celebrações, cultos e ritos; dirigem e administram comunidades; formam pessoas segundo preceitos religiosos das diferentes tradições; orientam pessoas; realizam ação social junto à comunidade; pesquisam a doutrina religiosa; transmitem ensinamentos religiosos; praticam vida contemplativa e meditativa; preservam a tradição e, para isso, é essencial o exercício contínuo de competências pessoais específicas.



Segundo o estudo do teólogo Rogério Adriano Pinto possuem denominações, as mais diversas, o que compreende a natureza plural do conteúdo normativo fortalecendo a tese da diversidade religiosa em nosso país: Abade, Abadessa, Administrador apostólico, Administrador paroquial, Agaipi, Agbagigan, Agente de pastoral, Agonjaí, Alabê, Alapini, Alayan, Ancião, Apóstolo, Arcebispo, Arcipreste, Axogum, Babá de umbanda, Babakekerê, Babalawô, Babalorixá, Babalossain, Babaojé, Bikkhu, Bikkuni, Bispo, Bispo auxiliar, Bispo coadjutor, Bispo emérito, Cambono, Capelão, Cardeal, Catequista, Clérigo, Cônega, Cônego, Confessor, Cura, Curimbeiro, Dabôce, Dada voduno, Dáia, Daiosho, Deré, Diácono, Diácono permanente, Dirigente espiritual de umbanda, Dom, Doné, Doté, Egbonmi, Ekêdi, Episcopiza, Evangelista, Frade, Frei, Freira, Gaiaku, Gãtó, Gheshe, Humbono, Hunjaí, Huntó, Instrutor de curimba, Instrutor leigo de meditação budista, Irmã, Irmão, Iyakekerê, Iyalorixá, Iyamorô, Iyawo, Izadioncoé, Kambondo pokó, Kantoku (diretor de missão), Kunhã-karaí, Kyôshi (mestre), Lama budista tibetano, Madre superiora, Madrinha de umbanda, Mameto ndenge, Mameto nkisi, Mejitó, Meôncia, Metropolita, Ministro da eucaristia, Ministro das ezéquias, Monge, Monge budista, Monge oficial responsável por templo budista (Jushoku), Monsenhor, Mosoyoyó, Muézin, Muzenza, Nhanderú arandú, Nisosan, Nochê, Noviço, Oboosan, Olorixá, Osho, Padre, Padrinho de umbanda, Pagé, Pároco, Pastor evangélico, Pegigan, Pontífice, Pope, Prelado, Presbítero, Primaz, Prior, Prioressa, Rabino, Reitor, Religiosa, Religioso leigo, Reverendo, Rimban (reitor de templo provincial, Roshi, Sacerdote, Sacerdotisa, Seminarista, Sheikh, Sóchó (superior de missão), Sokan, Superintendente de culto religioso, Superior de culto religioso, Superior geral, Superiora de culto religioso, Swami, Tata kisaba, Tata nkisi, Tateto ndenge, Testemunha qualificada do matrimônio, Toy hunji, Toy vodunnon, Upasaka, Upasika, Vigário, Voduno (ministro de culto religioso), Vodunsi (ministro de culto religioso), Vodunsi poncilê (ministro de culto religioso), Xeramõe (ministro de culto religioso), Xondaria (ministro de culto religioso), Xondáro (ministro de culto religioso), Ywyrájá (ministro de culto religioso).



A necessidade que se tinha até a década de 70 de que os terreiros de candomblé, templos religiosos, obtivessem autorização mediante as delegacias do Estado da Bahia para realizar seus cultos religiosos demonstra a inconteste discriminação e criminalização do modo de vida dos afro-descendentes que eram religiosos. O tratamento diferente dispensado as religiões de matriz africana neste caso demonstra uma explícita forma de discriminação negativa, e uma aplicação lesiva do princípio da igualdade jurídica. Hoje, ainda permanecem as seqüelas desta privação dos direitos fundamentais, haja vista o preconceito advindo da opinião pública que transparece um entendimento ignorante sobre as religiões de matriz africana. Pode-se dizer que daí se multiplica os diversos casos de intolerância religiosa pelo país.



Alguns casos são emblemáticos na luta contra a tolerância religiosa em todo o país. No Estado da Bahia – que possui 1.236 Terreiros de Candomblé catalogados pela Secretaria Municipal da Reparação – tem-se registrado pela imprensa que em Salvador no ano de 1999, Mãe Gilda, a Iyalorixá do Terreiro Ilê Axé Abassá de Ogum, faleceu, ela tinha a saúde fragilizada e piorou quando viu a sua foto publicada no jornal da Igreja Universal do Reino de Deus vinculada a uma reportagem sobre charlatanismo que continha os seguintes dizeres “Macumbeiros charlatões lesam o bolso e a vida dos clientes”. No intuito de obter justiça a sua filha e atual Iyalorixá da casa, Jaciara Ribeiro dos Santos moveu uma ação fundada em danos morais e no uso indevido da imagem. Neste caso, a justiça dos homens prevaleceu na primeira e segunda instância na esfera do Poder Judiciário condenando a Igreja Universal do Reino de Deus, mas a condenada ainda recorre da decisão.



Ainda, relatando um caso em Salvador na Bahia, o terreiro Oyá Onipó Neto, da Iyalorixá Rosalice do Amor Divino, em fevereiro de 2008 foi demolido por um órgão municipal público, a Superintendência de Controle e Ordenamento do Uso do Solo do Município (SUCOM), por denúncia de moradores vizinhos do templo religioso baseados no fato de que a casa fora construída de forma irregular. Este fato mobilizou o prefeito da cidade e autoridades municipais que reconheceram em público ter cometido um ato administrativo ilegal, tendo-se em consideração os princípios constitucionais de liberdade de culto religioso e a Lei Municipal nº 7.216 de 16 de janeiro de 2007, que trata da preservação do patrimônio histórico e cultural de origem africana e afro-brasileira no Município de Salvador. Isto motivou a Câmara de Vereadores do Município de Salvador a legislar sobre a regularização fundiária dos templos religiosos de matriz africana.



O estado do Rio de Janeiro, assim como a cidade de Salvador, estabeleceram o dia 21 de janeiro – dia de falecimento da Iyalorixá Gilda - como o Dia do Combate à Intolerância Religiosa . Além de Salvador e do Rio de Janeiro, o município de Vitória e o Estado de Alagoas também tem um dia contra a intolerância religiosa e outras câmaras municipais possuem projetos de leis sobre o assunto em tramitação.



Na cidade do Rio de Janeiro no início do ano de 2000 o Babalorixá João foi retirado por traficantes do Terreiro que tinha na Zona Oeste deixando o labor de sete anos de sacerdócio dedicados a religião do candomblé, pois o território é um lugar considerado sagrado para a manutenção do culto religioso. Neste caso comentado, o que parece ser um caso de violência contra um cidadão comum, ultrapassa os limites quando atinge o sacerdotizio de uma religião.

Já no Rio Grande do Sul a existência de uma ação direta de inconstitucionalidade que contesta uma norma da lei que prevê a permissão do sacrifício de animais causaria grandes lesões às religiões de matriz africana caso fosse acolhida pelos desembargadores, pois alguns animais fazem parte do culto religioso como algo sagrado, assim como, a hóstia é sagrada para os cristãos, sem contar que culturalmente animais são diariamente sacrificados para diversos fins alimentares.



As estatísticas de crimes de intolerância religiosa vão além destes casos citados, elas estão ocultas, justamente pela invisibilidade e opressão histórica que sofreu os grupos étnicos sociais minoritários – negros, índios, povos ciganos, quilombolas, etc. – no que diz respeito à ocupação dos espaços de poder e decisão política, mas consideravelmente em grande número pela estatística populacional, muito embora o IBGE ainda não possua a classificação religiões de matriz africana nas pesquisas do CENSO.



A história da intolerância religiosa no Brasil é marcada não só por estes fatos e relatos, mas também por tantos outros tantos anônimos, basta citar alguns exemplos de outras minorias como o povo cigano e mulçumano. Há um pensamento cigano que diz “minha terra é o planeta, meu teto é o universo, minha religião é a liberdade”, a sua interpretação pode configurar as diferenças abismais de concepções de mundo e do modo de vida deste povo, também minoria, perseguida e discriminada pelo simples fato de existir e resistir. E como manifestar-se religiosamente a partir de suas crenças e cultos, se seu direito fundamental de ir e vir é lesado diariamente?



A partir de uma retrospectiva na história do Brasil, levantamos teorias racistas que tiveram ampla aceitação pela sociedade, no que tange à comunidade judaica, e também a população negra e indígena pelo fato de o país concentrar um grande contingente destas populações. A perseguição aos judeus, as limitações da política imigratória brasileira, as várias formas de manifestação do preconceito são exaustivamente narradas no livro “Anti-semitismo na Era Vargas (1930-1945)”, de Maria Luiza Tucci Carneiro - São Paulo, Brasiliense, 1988. Segundo a autora, parte da classe política aproveitava o ensejo para pôr em prática seus preconceitos e dessa maneira auxiliar o então presidente Getúlio Vargas na confecção de uma legislação imigratória nitidamente racista em relação ao judeu e ao japonês. Assim como ainda hoje, as religiões de matriz africana sofrem pala tarja de cultuar “magia negra”, o judaísmo era visto como um mal diabólico que desce sobre a humanidade para seduzi-la e vencê-la.

Os templos religiosos de matriz africana se constituem como territórios históricos com total presunção de resistência da ancestralidade afro-descendente, de tal modo que o Decreto Federal de nº 4.887/2003 trouxe o conceito de auto-atribuição para definir as comunidades remanescentes de quilombo, por exemplo. Estes argumentos aqui descritos contribuem para justificação da criação de um plano nacional de intolerância religiosa, haja vista que se trata do mesmo povo brasileiro que vem historicamente sendo perseguido pelo seu modo de existir e viver.



A cooperação entre os Estados da República Federativa do Brasil deve prevalecer nas esferas de gestão de modo a perseguir os princípios da administração pública nos meios de comunicação, na rede pública de ensino, na concepção do plano plurianual (PPA) e da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), no poder judiciário, e demais setores que dialogam com os casos de intolerância religiosa. Neste caminho deve ser construído um texto legal que venha contemplar aquilo já consagrado na carta constitucional em que assegura a laicidade, a isonomia e a pluralidade de tratamento entre as expressões de fé e consciência.



O direito á liberdade de consciência, de credo e o livre exercício dos cultos religiosos para que sejam efetivamente assegurados, necessita de proteção legal e de uma atitude do Estado ao reconhecer o caráter multicultural da sociedade brasileira. Não há como conceber o mundo da religião restrito ao mundo do privado. Do mesmo modo, não há como conceber o mundo da política sem as devidas unidades de interesses próprios de cada manifestação religiosa e entendê-las como depositárias de princípios, costumes e sistemas de crenças motivadores de sua condição coletiva.



Como o Estado Brasileiro deve lidar com os conflitos sociais que tem a religiosidade como pano de fundo? Através do debate inter-religioso e da luta pela preservação da cultura da paz, consoante a ressalva do artigo 19 da Constituição Federal no momento que prevê a hipótese de legislar sobre religião quando o assunto for colaborar com o interesse público.



A liberdade de manifestação religiosa inclui aspectos sociais de convivência com a diferença e com as normas que o Estado impõe para assegurar estas diferenças. Portanto, faz-se necessário uma política pública que colabore para concretizar a pluralidade de manifestações religiosas, a partir do princípio da isonomia e da justiça social.

Sérgio São Bernardo, advogado, mestre em Direito Público/UNB e professor da UNEB.

Gabriele Vieira, Bacharel em Direito, coordenadora jurídica do Instituto Pedra de Raio.

Postado por Associação do Culto Afro Itabunense às 08:

NOSSOS DIREITOS ( Acontecimentos políticos e culturais no candomblé ( Alaiandê Xirê )


Alaiandê Xirê






Ministro Gilberto Gil, Mãe Stella de Oxóssi e o Prefeito de Salvador, Antônio Imbassahy





Alaiandê Xirê é o Festival de Alabês (nagô), Xicarangomas (congo/angola) e
Runtós (jêje), é o encontro anual dos sacerdotes-músicos, de ritmos litúrgicos e cânticos dos terreiros de Candomblé
da Bahia,
das diferentes nações e de outros estados brasileiros e diásporas africanas, criado pelo Ogã de Ogum Roberval Marinho e pela Agbeni Xangô Cléo Martins, membros do Ilê Axé Opô Afonjá, em São Gonçalo do Retiro.

O primeiro festival aconteceu em 1998, no Axé Opô Afonjá, palco de todos os outros Alaiandês até 2006, a primeira edição itinerante: cada ano em uma comunidade diferente. Evento aberto ao público em geral, sem fins lucrativos. Xangô, o orixá do fogo, justiça e poder em exercício é o padroeiro do Alaiandê Xirê.



                                            Ministro Gilberto Gil e Mãe Stella de Oxossi








I- título e data do evento: Xangô dobra os couros para a velha guarda dos terreiros: de 17 a 18 de maio de 1998. Local: Axé Opô Afonjá.

O primeiro Alaiandê Xirê homenageou o pintor Carybé, então recentemente falecido em 1997, e Camafeu de Oxossi, figura lendária da Bahia, falecido em 1994. Participaram deste evento a "velha guarda" dos alabês de Salvador, dando-se destaque para Jorge Alabê

[1], como era conhecido o chefe dos tocadores da Casa Branca do Engenho Velho. Jorge viria a falecer exatos nove dias depois desta primeira edição do Festival, deixando farta produção e saudosa memória.



Cléo Martins - Numa entrevista feita por Jane Fernandes do Correio da Bahia: "Há muitos anos o Opô Afonjá promove discussões acadêmicas dentro do terreiro, o Alaiandê nasceu de um seminário chamado Irê Aió, que quer dizer caminho de alegria, um caminho divinatório de alegria. Roberval Marinho, que é um ogã do axé, me disse "é preciso fazer alguma coisa diferente daquela coisa fria da academia". A idéia dele era trazer uma visão acadêmica diferente, sem aquilo de todo mundo sentadinho. Então ele sugeriu um festival de tocadores de candomblé, talvez uma competição. Numa dessa, Mãe Stella entrou na jogada também e a gente entendeu que competição ficava chato, até porque todos são bons, mas festival era legal. Aí eu dei o nome. Na verdade primeiro foi Alaiandê Nilê, que seria o grande tocador na casa. Mas Roberval sugeriu Alaiandê Xirê, a brincadeira do grande tocador. Por isso, digo que ele é o pai e eu sou a mãe desse festival, que nasceu de uma vontade de trazer o acadêmico através do lúdico. Pois não tem coisa melhor que a brincadeira, você vê o mais verdadeiro da pessoa na brincadeira, na festa, quando ela se descontrai".




II - título e data do evento: O que Xangô quer toma e tomba: Xangô dobra os couros para o tombamento do Opô Afonjá, pelo Iphan: de 25 a 28 de novembro de 1999". Local: Axé Opô Afonjá.

Esta foi a primeira edição internacional do Alaiandê Xirê, o qual contou com a presença de sacerdotes cubanos, residentes em Miami e Nova Iorque. Nesta edição, o festival prestou homenagem a Jorge Alabê.



III - título e data do evento: O Bambá do terreiro na Roda de bamba - 2,3,4 de dezembro de 2000. Local: Axé Opô Afonjá.

Uma homenagem a Mãe Caetana Bangboshê: uma das maiores matriarcas do universo dos terreiros.



Ogans no Alaiandê Xirê

Ogans.jpg Ogans e atabaques2.jpg Ogans e atabaques1.jpg



IV - título e data do evento: Xangô dobra os couros para as mulheres de mercado": de 9 a 11 de dezembro de 2001. Local: Axé Opô Afonjá.

Uma homenagem a Oya-Iansã, a padroeira das mulheres de mercado.



V - título e data do evento: Xangô dobra os couros para a identidade e soberania: de 8 a 10 de dezembro de 2002. Local: Axé Opô Afonjá.

Índice

1 VI Alaiandê Xirê

2 VII Alaiandê Xirê

3 VIII Alaiandê Xirê

4 IX Alaiandê Xirê

5 X Alaiandê Xirê

6 Texto do convite do X Alaiandê Xirê

7 Referências



 VI Alaiandê Xirê

Semana de herança africana: Xangô dobra os couros para as aibás orixás femininos: realizado de 24 a 28 de agosto de 2003. Local: Pátio de Xangô, do Axé Opô Afonjá.



Mãe Olga de Alaketu, Ministro da Cultura Gilberto Gil e Mãe Stella de OxóssiO 6° Alaiandê Xirê reuniu em 28/08/2003 no terreiro do Ilê Axé Opô Afonjá, músicos-sacerdotes do candomblé de várias nações para discutir a herança africana e realizar o primeiro seminário 'Xangô na África e na diáspora'.



O Festival Internacional de Alabês, xicarangomas e runtós reúne os melhores músicos sacerdotes do Brasil e do exterior.



Teve a participação do Ministro da Cultura Gilberto Gil (iniciado no terreiro), palestra do antropólogo Vivaldo da Costa Lima, apresentação da Oficina de Frevos e Dobrados, do maestro Fred Dantas, e lançamento do livro Ao sabor de Oyá, de Cleo Martins, coordenadora geral do evento. Expressão em iorubá que significa algo como 'a festa do grande tocador', o Alaiandê Xirê é uma espécie de celebração da música sacra das diferentes nações do candomblé, participam terreiros como a Casa Branca, Gantois, Bate Folha, Bogum e Pilão de Prata, entre outras.





Ysamur Flores Pena da Universidade da Califórnia, Los Angeles, EUA.Os temas são variados, indo da própria mitologia dos orixás a questões mais contundentes como ética e intolerância religiosa. Ou ainda - um ponto sempre polêmico -, o momento do transe.




A primeira mesa, Xangô, Oxum, Oyá e Obá nas diferentes nações conta com professores estadunidenses, franceses e espanhóis. Nas demais, nomes ligados ao cinema e teatro (Chica Xavier, Clementino Kelé, Márcio Meirelles), literatura (Antonio Olinto e Ildásio Tavares), Ysamu Flores Peña da Universidade da Califórnia, Los Angeles, EUA, antropologia (Júlio Braga, Raul Lody, Angela Luhning), psicologia (Monique Augras, Antonio Moura, Jorge Alakija), direito (Itana Viana, Pedreira Lapa) e religião (monge Dom Anselmo, irmã Paola Pedri). Além, claro, de representantes do próprio candomblé, como o pai-de-santo gaúcho Walter Calixto, Pai Borel, que é ogã alabê e vai falar de sua resistência religiosa no Rio Grande do Sul.



 VII Alaiandê Xirê

Semana de herança africana: Xangô dobra os couros para Oxossi e Exu: Grande Senhor da Floresta e o Avesso do Avesso. Debate sobre ecumenismo ecológico realizado de 25 a 29 de Agosto de 2004. Local: Pátio de Xangô, do Axé Opô Afonjá.






Ricardo Bittencourt ator




Foi um encontro das nações de candomblé, que aconteceu de 25 a 29 de Agosto de 2004 no terreiro do Ilê Axé Opô Afonjá este ano, foi dedicado a Oxóssi (Odé) e Exú e homenageia as instituições e personalidades que se voltam à preservação, conservação e ampliação dos recursos naturais, do equilíbrio ecológico e da melhor qualidade de vida de todos os seres, homenageando também, o Teatro - o mensageiro ímpar da Natureza Viva. No Candomblé a preservação da Natureza é fundamental.



Na defesa do meio ambiente unem-se representantes de várias religiões no Debate sobre ecumenismo ecológico que aconteceu durante o festival 7º Alaiandê Xirê no terreiro de candomblé do Ilê Axé Opô Afonjá. Adriana Jacob - O Correio da Bahia.



Representantes do budismo, do Judaísmo, da Igreja Católica, da Igreja Baptista e do candomblé unidos em torno de um mesmo objetivo.



Uma mesa-redonda sobre o ecumenismo ecológico marcou, pela manhã, a programação do VII Festival Internacional de Alabês, Xicarangomas e Runtós. O encontro, que começou no dia 25 de agosto de 2004 homenageia os 65 anos de iniciação religiosa de mãe Stella de Oxóssi, prossegue até este domingo 29 de agosto no terreiro Ilê Axé Opô Afonjá, em São Gonçalo do Retiro, Salvador, Bahia.



No âmbito nacional, várias delegações a exemplo do Ilê Axé Baralejí Santo Antonio do Descoberto - Goiás, do Ilê Axé Opô Meregi São Paulo, Ilê Axé Asiuajú Santana de Parnaíba - São Paulo, Ilê Axé Oju Obá Ogô Odô Rio de Janeiro, Casa das Minas de Thoya Jarina São Luiz - Maranhão e São Paulo, Sítio de Pai Adão Recife - Pernambuco e Ilê Ijexá de Pai Borel Porto Alegre - Rio Grande do Sul).



A partir das 14 horas, o grande encontro entre as delegações baianas:

 Ilê Axé Iyá nassô Oká Obitiko Bamboxê (Casa Branca),
Ilê Iá Omin Axé Iamassê (Gantois),
Mansu Banduquenqué (Bate Folha),
Tumba Junçara,
Ilê Axé Odô Ogê (Pilão de Prata),
 Ilê Axé Maroialaje (Alaketu),
Zogodô Bogum Malê Rundó (Bogum),
Ilê Axé Ogum Alakayê,
 Ilê Axé Ibá Ogum (Muriçoca),
 Ilê Babá Agboulá, Ilê Axé Ayrá (Cobre),
Ibece Alaketu (Muritiba),
Ce Jaundê,
Ilê Axé Oxumarê,
Ilê Axé Kalê Bokun,
 Terreiro Atombency,
 Algi de Junçara.



Dia 28 de agosto de 2004 - sábado - Dia de Iemanjá e Oxum - Pátio do Alaiandê



Apresentação das delegações nacionais:

Ilê Axé Baralejí (Santo Antonio do Descoberto - GO),
Ilê Axé Opô Meregi (São Paulo),
Ilê Axé Asiuajú (Santana de Parnaíba - São Paulo),
Ilê Axé Oju Obá Ogô Odô (Rio de Janeiro),
Casa das Minas de Thoya Jarina (São Luiz do Maranhão/São Paulo),
Sitio do Pai Adão (Recife - Pernambuco) e
Ilê Ijexá de Pai Borel (Porto Alegre - RS).



14h00 - Apresentação das delegações baianas:


 Ilê Axé Iánasso Oká Obitiko Bamboxê (Casa Branca),
Ilê Iá Omin Axé Iamassê (Gantois),
 Mansu Banduquenqué (Bate Folha),
Tumba Junçara,
Ilê Axé Odô Ogê (Pilão de Prata),
 Ilê Axé Maroialaje (Alaketu),
Zogodô Bogum Malê Rundó (Bogum),
 Ilê Axé Ogum Alakayê,
Ilê Axé Ibá Ogum (Muriçoca),
Ilê Baba Agboula,
Ilê Axé Ayrá (Terreiro do Cobre),
 Ibece Alaketu (Muritiba),
Ce Jaundê,
Ilê Axé Oxumarê,
Ilê Axé Kalê Bokun,
Terreiro Atombency,
Algi de Junçara.



Aconteceu também uma apresentação de dois grupos de convidados internacionais sendo um deles o grupo cubano-americano Omi Odara, que tocaram ritmos e cantigas dos cultos afrocubanos para Exu, Ogun, Oxóssi e Xangô nos tambores batá.



Uma das participantes da mesa, a Lama Bhikkuni Zamba Chozom, adepta do budismo tibetano, afirmou considerar extremamente benéfica a discussão, já que, na opinião dela, as pessoas precisam se educar melhor quando o assunto é o meio ambiente. "Temos que aprender a respeitar a natureza como um dos principais valores da nossa vida. Caso isso não aconteça, teremos cada vez mais problemas, conflitos e escassez de recursos naturais", disse Bhikkuni Zamba. Ela cita como reflexo desse mau uso dos recursos naturais problemas de distribuição da água, períodos de seca, inundações e desmatamento em países como a China.



"Acho que os homens promovem ações tendo em vista apenas um benefício limitado, sem pensar em suas conseqüências. É o mesmo problema no mundo inteiro", opinou a religiosa. Ao lado de Bhikkuni Zamba, representantes de outras religiões, como o judaísmo. "Acho importante que nós tenhamos um lugar em comum para que cada religião possa deixar sua mensagem, especialmente num mundo com tantas agressões", afirmou o Rabino Ary Glikin. Ele ressaltou que o livro sagrado do Judaísmo, o Torah, faz referência ao ecumenismo e à consciência ecológica.





Sacerdote MiltinhoA idéia de realizar um debate sobre ecumenismo ecológico no Alaiandê Xirê foi possível, segundo a diretora de produção do encontro, Ana Rúbia de Melo, devido à postura de respeito às diferenças de mãe Stella. "Além disso, tanto o judeu, quanto o islâmico, o católico e o budista bebem água e respiram, então a ecologia por si só já é ecumênica", diz, destacando que este ano é de Oxóssi, orixá considerado o padroeiro da ecologia. "Oxóssi é o orixá essencialmente caçador, mas não predatório. Ele sabe que precisa oferecer algo à natureza para que ela possa consentir que ele retire algo dela. É um processo de interação subordinada a uma ética preservadora", afirmou o iperilodé e ogã de Oxóssi do Ilê Axé Opô Afonjá, Luís Austregésilo.

Sacerdote Miltinho



Para além de Oxóssi, o candomblé como um todo está ligado à ecologia, segundo Austregésilo. "O candomblé é indissociável da preservação da natureza porque o fundamental em sua essência é a compreensão do que há de sagrado em tudo aquilo que pertence à natureza. Muito antes da palavra ecologia existir, já cultuávamos o ar, o vento, as águas em sua diversidade, o fogo, os minerais e metais", explica.





                                                                    Sacerdote Miguel




Outro integrante da mesa-redonda, o padre Arnaldo Lima Dias, da Igreja Católica, também defendeu a importância do discussão. "Lutar pela ecologia é um dever de todo cristão", disse. Também participaram da mesa a iyalorixá Giselle Cossard (RJ), o babalorixá José Flávio Pessoa de Barros (RJ), a Irmã Judith Mayer (BA), um representante da Igreja Presbiteriana do Brasil: Edmilson Barbosa da Cunha (PR) e Djalma Torres (BA) e Ida Apor, da Confederação Israelita do Brasil.



A mesa sobre ecumenismo ecológico começou às 10h30. Mais cedo, às 9h, houve as conferências Exu, o Senhor das profundezas da alma e Oxóssi - o padroeiro da ecologia. À tarde, a programação incluiu uma mesa-redonda sobre Exu, o Senhor das Artes cênicas: o mensageiro que está acima do bem e do mal e Exu, o Dionísios africano e a arte como elemento purificador. Local: Pátio de Xangô, o Alaiandê, do Axé Opô Afonjá.



 VIII Alaiandê Xirê

Iyalorixás do Candomblé, ao centro Mãe Olga do Alaketu

As guardiãs da sabedoria: Xangô dobra os couros para os oitenta anos de vida das Ialorixás:


Mãe Stella de Oxóssi do Ilê Axé Opô Afonjá e Diretora Presidente do Alaiandê Xirê, Mãe Olga do Alaketu do Terreiro Ile Mariolaje e Mãe Olga (Gunaguacessy) do Terreiro Bate Folha, realizado de 31/08 a 04/09/2005. Local: Pátio de Xangô, o Alaiandê, do Axé Opô Afonjá.



31 de agosto de 2005 – 4ª feira - Dia de Xangô e Oyá Abertura solene com o Hino Nacional do Brasil pela Oficina de Frevos e Dobrados sob a regência do Maestro Fred Dantas.



Hino do Axé Opô Afonjá (letra e música de Eugênia Anna dos Santos, Mãe Aninha, e arranjo do Maestro Fred Dantas), Hino do Alaiandê Xirê (letra e música de Cléo Martins e arranjo do Maestro Fred Dantas e Coral Alaiandê Xirê.



Reverência aos Ancestrais



Toque em saudação aos Orixás Odé, Xangô e Oyá. Palestra: “As Guardiãs da Sabedoria”: As Iyás Olga de Alaketu, Stella de Oxossi e Nengua Guanguacessy do Terreiro Bate Folha proferida pelo Ministro de Estado da Cultura Gilberto Gil.



Apresentação da Oficina de Frevos e Dobrados, sob a regência do Maestro Antônio Jorge Freitas Ferreira.

Apresentação do Grupo Agô Allah

1º de setembro de 2005 – 5ª feira – Dia de Oxossi - Pátio do Alaiandê Seminário Oito e Oitenta: As guardiãs da sabedoria Palestra: O Estatuto da Igualdade Racial



Palestrante: Senador da República Rodolfo Tourinho (BA)

Debatedor: Luís Carlos Austregésilo Barbosa (BA)

Conferência: O papel dos Ogãs nas Casas de Axé de Liderança Feminina



Conferencista: Gilberto Antônio Ferreira (SP).

Mesa Redonda: Do Dito ao Escrito – As Guardiãs da Sabedoria



Coordenação: Maria das Graças Gaxi Freire de Menezes (BA)

Participantes: Ildásio Tavares (BA), Ubiratan Castro (BA/DF), Luís Carlos Austregésilo Barbosa (BA), Heitor Reis (BA), Paulo Dourado (BA).

Depoimento: A Mulher Negra no Rádio, Cinema, Teatro e Televisão.

Depoente: Chica Xavier (RJ)

Participação: Clementino Kelé (RJ)

Debatedores: Fred Dantas (BA) e Marta Passos (RJ)


                                           Criança assite palestra no Ilê Axé Opô Afonjá





                                              Filhas-de-santo do Terreiro Ilê Axé Opô Afonjá






                                                    Neide da Costa tecelã da Casa do Alalká







                                          Filhas-de-santo do Terreiro Ilê Axé Opô Afonjá





02 de setembro de 2005 – 6ª feira – Dia de Oxalá (traje branco) - Pátio do Alaiandê Mesa Redonda: A Face Feminina da Criação – Sexualidade e Cosmogonia



Coordenação: Germano Tabacof (BA)

Participantes: Júlio Braga (BA), Djalma Torres (BA), Arnaldo Lima Dias (BA).

Debatedor: Gilberto Antônio Ferreira (SP)

Conferência: A Liderança das Mulheres no Tambor de Mina do Maranhão

Conferencista: Sérgio Ferretti (MA)

Mesa Redonda: o Matriarcado na Bahia – Realidade ou Ilusão?



Coordenação: Lázaro Faria (BA)

Participantes: Josildete Consorte (SP), Mundicarmo Ferretti (MA), Maria José Lopes da Silva (RJ).

Debatedor: Luiz Nicolau Pares (Espanha)

03 de setembro de 2005 – Sábado – Dia de Iemanjá e Oxum - Pátio do Alaiandê



Festival Internacional de Alabês, Xicarangomas e Runtós.

04 de setembro de 2005 – Domingo – Dia de todos os Orixás - Pátio do Alaiandê



Festival Internacional de Alabês, Xicarangomas e Runtós.

Encerramento: Samba de Roda Maracangalha


 IX Alaiandê Xirê

O Fogo que Fica - realizado de 1 a 3/12/2006. Local: Terreiro Bate Folha - Mansu Banduquenqué








                                  Chica Xavier recebendo o prêmio Alaiandê Xirê Salvador Bahia





Em 2006, sob a denominação de "O Fogo que Fica", o 9° Festival foi no tradicional Bate Folha - Mansu Banduquenqué, na Mata Escura (Rua São Jorge, 65E) um dos mais antigos terreiros das nações Kongo/Angola do Brasil, fundado em 4 de dezembro de 1916. O Bate Folha é considerado o maior terreiro do Brasil, com uma área de 100.000 metros quadrados tombados pelo Iphan na celebração aos 90 anos deste terreiro congo/angola fundado por Táta Manoel Bernardino da Paixão, Ampumandezu.



O Bate Folha, sob a direção de Pai Eduarlindo, Tata Mulandê e Mãe Olga, foi tombado pelo IPHAN aos 10 de outubro de 2003. Pai William de Oliveira (Obashanan) representou a FTU e o CONUB, apresentando-se no segundo dia do evento, procurando trazer as palavras de Pai Arapiaga, de que os cultos de nação e a Umbanda formam uma grande e única família espiritual.



Abertura - 1 ° de dezembro:

Mostra de telas sobre Inquices de Suzana Duarte;

Depoimento da atriz Chica Xavier, show da Banda Canjerê de Sinhá; Exposição de Jóias de Orixás de Andréia Barbosa. 2 e 3 de dezembro: Seminário e exibição de delegações dos sacerdotes músicos do território nacional e diáspora.

 X Alaiandê Xirê

Ipadê-Lomi - Encontro das Águas na Avenida Vasco da Gama, a tradicional Casa Branca do Engenho Velho - Axé Iyá Nassô Oká. Xangô dobra os couros para o Engenho Velho: ética, religiosidade e tradição: realizado de 15 a 18/11/2007



15 de novembro de 2007 - 19h30m – Abertura



Dia de Oxossi, o Orixá provedor que usa azul do céu, atira com uma flecha só e tem uma só palavra.



Apresentação da Oficina de Frevos e Dobrados que comemora vinte e cinco anos de vida: regência do Maestro Fred Dantas.

Hino Nacional do Brasil: Oficina de Frevos e Dobrados, sob a regência do Maestro Fred Dantas.

Saudação aos Ancestrais pelo Corpo de Ojés do Ilê Axé Adeboulá, sob a direção do Alabê Edvaldo Papadinha e Corpo dos Alabês do Ilê Axé Iyá Nassó Oká: a Casa Branca do Engenho Velho.

Saudação aos Orixás, Voduns e Inquices pelo Corpo de Alabês do Ilê Axé Iyá Nassó Oká.

Saudação a Oxossi, o padroeiro da Casa Branca do Engenho Velho, pelo Corpo de Alabês do Ilê Axé Iá Nassó Oká.

Homenagem a Xangô, o padroeiro do Alaiandê Xirê: Festival de Alabês, Xicarangomas e Runtós: Alabês do Axé Opô Afonjá sob a direção de Adriano de Azevedo Santos Filho: Otun Obá Abiodum.

“Dez anos de Alaiandê Xirê”: pronunciamento de Luis Carlos Austregésilo Barbosa, Iperilodé do Ilê Axé Opô Afonjá, Amuixã do Ilê Babá Adeboula e Diretor do Instituto Alaiandê Xirê.

Hino do Alaiandê Xirê pela Oficina de Frevos e Dobrados, sob a regência do Maestro Fred Dantas.

Apresentação do Coral Juventude de São Bento, sob a regência do maestro Dilton César Ferreira.

Apresentação do cantor Ulisses e Titun Percussão.













16 de novembro de 2007 – Seminário Xangô dobra os couros para a Casa Branca do Engenho Velho, o Axé Iá Nassô Oká: Ética, Religiosidade e Tradição.



Dia de Oxalá, o Pai dos Orixás responsável pela vida no Aiê, a terra. Pede-se o uso obrigatório de trajes brancos no espaço sagrado do terreiro.



Ética nos Meios de Comunicação e Cultura, a respeito das religiões de matriz africana. Presidência: Florivaldo Cajé de Oliveira Filho. Expositores: Jary Cardoso (Jornalista; Editor de Opinião do Jornal A Tarde), José Carlos Capinan (Ogã do Axé Iyanassô Oká; Poeta/BA), Póla Ribeiro (Cineasta, Diretor do IRDEB), Lázaro Faria (Cineasta e Diretor da X Filmes da Bahia/BA); Chica Xavier (Chefe de Terreiro e atriz da Rede Globo/RJ), Clementino Kelé (Ogã e Ator) Debatedor: Gil Vicente Tavares (Ogã do Terreiro Bate Folha; Diretor teatral, dramaturgo e compositor/BA)



A Casa Branca do Engenho Velho, o Axé Ia Nassô Oká: Ética, Religiosidade e Tradição. Presidência:Prof.Dr Roberval José Marinho (Ogã Lojutogum do Axé Opô Afonjá; artista plástico/UCB/DF). Expositores: Prof. Dr Ordep Serra (Ogã do Axé Ia Nassô Oká; antropólogo; Pró Reitor da UFBa; Prof. Júlio Santana Braga (Babalorixá do Ilê Axéoyá, Antropólogo/UEFS/BA); Prof. Dr. Ângelo do Prado Pessanha (Babalaxé do Ilê Axé Ayrá Intile (Xangô Menino-Macaé); Antropólogo/UFF/Niteroi/RJ). Debatedor: Prof Mestre Luiz Carlos Austregésilo Barbosa (Iperilodé do Ilê Axé Opô Afonjá; Amuixã do Ilê Babá Adeboulá; Médico Psiquiatra/FTC/BA).



A sempre jovem velha guarda dos terreiros: “a roda de bamba”.



Presidência: Kátia Alexandria Barbosa (Makota Mubemquiá do Bate-Folha, Filósofa).

Expositor: Gilberto de Exú (Olosun Agba do Ilê Axé Oxum Muiuá/SP,

Assobá do Ilê Axé Asiuajú/SP;

Presidente do Institute of Orisa, culture and tradition;

Presidente do Afoxé Omon Dada/SP)

Participantes: Arielson Conceição Chaves (Ogã decano e Elemaxó do Ilê Axé Iyá Nassô Oká; Presidente da Sociedade Civil São Jorge do Engenho Velho); Edvaldo Papadinha Araújo (Alabê do Ilê Axé Iá Nassô Ocá; Presidente da Sociedade Beneficente Cultural, Civil e Religiosa Nossa Senhora da Conceição); Manuel (Papai) Nascimento Costa, Babalorixá do Sitio de Pai Adão (PE); Walter Calixto Ferreira -Pai Borel; (RS) João Antonio Ferreira dos Santos (Ogã e Presidente da Sociedade Santa Bárbara do Terreiro Bate Folha); Antonio Luís Figueiredo (Ogã do Ilê Axé Iá Nassô Ocá;, Vice-presidente da Sociedade Civil São Jorge do Engenho Velho); Babalorixá Air Jose souza de Jesus do Terreiro Pilão de Prata e Presidente da Sociedade de Preservação Cultural Axé Bamboxê Obiticu); Esmeraldo Hemetério Santa Filho- Xuxuxa do Terreiro Tumba junçara; Luciano Maurício Esteves Osterby (Bàlé Xangô do Ilê Axé Asiuaju/SP); Adriano de Azevedo Santos Filho (Obá de Xangô do Ilê Axé Opô Afonjá; Baloyá do Ilê Axé Asiuaju-SP; Ojé do Ilê Babá Adeboulá)

Exibição dos filmes:



Cidade das Mulheres, um filme de Lázaro Faria;

Axé do Acarajé, um filme de Póla Ribeiro.



                                                     Texto do convite do X Alaiandê Xirê





Engenho Velho, sempre o orgulho dos netos de São Gonçalo.



Cléo Martins



Revendo meus escritos encontrei “Engenho Velho, orgulho dos netos de São Gonçalo”, em “Faraimará, o Caçador traz alegria: Mãe Stella, 60 anos de iniciação”, da Editora Pallas do Rio de Janeiro: coletânea de artigos organizada por Cléo Martins e Raul Lody, em 1999, ano do tombamento do Axé Opô Afonjá pelo Iphan, o Instituto do Patrimônio Histórico, Artístico e Cultural.



As páginas que falam da inauguração da Praça de Oxum, em 1993, testemunham o orgulho e amor pelo Engenho Velho, a imponente Casa Branca no alto da colina, onde se contempla o movimento nervoso da Avenida Vasco da Gama.



No Engenho Velho tive a honra de dar os passos inaugurais e permanentes na religião dos Orixás, sustentada pela energia corajosa de Eunice de Xangô, “Touro”, minha primeira iniciadora; sacerdotisa retornada ao orum, no final dos mil novecentos e setenta.



Mãe Aninha do Axé Opô Afonjá- filha de Xangô de vanguarda, que obteve de Getúlio Vargas autorização para o uso de atabaques nos terreiros, nos anos trinta do século XX, fora feita na Casa Branca - o Axé Iya Nassô Oká - no final dos mil e oitocentos; a mesma Casa Branca onde vai acontecer o X Alaiandê Xirê: o Festival de Alabês, Xicarangomas e Runtós, de 15 a 18 de novembro deste 2007 que já apressa o passo de rumo ao eterno recomeço. Isso é motivo para tanta alegria que nem sei se consigo exprimir-me fora do silêncio que não reparto.



O Alaiandê Xirê nasceu no Axé de Eugenia Anna dos Santos - Aninha (a Donana) em São Gonçalo do Retiro; a Casa de Xangô consagrada em outubro de 1910. Até o oitavo ano a reunião dos músicos-sacerdotes das religiões de matriz africana do Brasil e de outras diásporas de África repetidamente aconteceu no Pátio de Xangô, o Alaiandê, inaugurado, em 2003, pelo Governo do Estado, pelo Ministro da Cultura, pelo Prefeito e minha ialorixá Stella de Oxóssi. Xangô é o padroeiro do evento que é a sua pequena e valente jangada.



Xangô abençoou a itinerância de seu Xirê, a festa de Afonjá. Em 2006 o festival realizou-se no Terreiro Bate Folha, o Mansu Banduquenqué, por ocasião do 90° aniversário desta importante Casa de culto aos Inquices.



Neste décimo ano de sua existência será no ponto de origem mais adiante; onde o senhor do fogo, poder em exercício e justiça gritara o nome Obá Biyi: “o Rei nasceu aqui”- pela boca da, então, futura ialorixá Aninha, a vanguardeira Iyániyá: mãe das mães.



Ao ser entrevistada no último dia do 9º Festival, -“O Fogo que Fica”, no Bate Folha, aos três de dezembro de 2006, enfatizei que Xangô escolheria as paragens do próximo Alaiandê, nos fatos da vida. Poucas horas depois, Edvaldo Araújo, o alabê Papadinha, acompanhado do Elemaxó Arielson, o decano do corpo dos Ogãs do Engenho Velho, sem nada saber de minha conversa com o jornalista, comunicou-me seriíssimo- a emoção traída pelos olhos feito brasas velozes: -Minha filha Cléo Martins, ano que vem o festival vai ser “lá em casa”. Não contive a torrente de lágrimas. Papadinha é filho de Afonjá e Ogã de Iansã de Cosma; prima de Eunice de Xangô.



Nada é por acaso. Pensando em minha gente- tantas pessoas que se foram mas permanecem: Mãe Eunice, Mãe Octacília, Tia Lindô, Mãe Nola, Pai Chico, Mãe Caetana, Mãe Pinguinho, Pai Renato, Mãe Noêmia, Mãe Cantu, Vovó Conceição, Tia Mariinha, Equede Jilu, Ogã Bel, Tio Bia, Tia Marota, Tia Morena, Ebame Elpídia Ialatoridé, Mãe Nila, meu inesquecível Moacyr de Ogum, Talambê, Valdemar Oderan, Vicente de Oxóssi, Ivalda Ode Bowá, etc, etc, etc- recordo-me, na associação caleidoscópica de idéias, de “Salvador Negro Amor”, de Sérgio Guerra, este moço brasileiro que também mora em Luanda; filho de Xangô, de pés no tempo presente e visão no que vem depois.



“Guerrinha” foi o realizador, em 2006, da exposição ‘Cá e lá” na Feira de São Joaquim: fotografias de gente da Bahia e África repensadas na Negro Amor, do início de 2007 onde fotos de gente bela eram vistas por toda a cidade; belezas de ébano que retornam à Praça de Oxum da Vasco da Gama, durante o X Alaiandê Xirê. Cito as palavras de Guerra que navegam no oceano das idéias ao lado da jangadinha Alaiandê: “Salvador Negro Amor é um apelo ao encontro. Uma recusa ao confronto. Levamos os retratos da periferia para o centro, pra dizer: essas pessoas, os outros, somos nós”.



O XI ALAIANDÊ XIRÊ



Será no tradicional Terreiro Pilão de Prata (odô Ogê), na Boca do Rio, sob a liderança do babalorixá Air José de Jesus, da família Bangboshê Obitikô, responsável pelas primeiras comunidades estruturadas de culto aos orixás da Bahia. tema: "Xangô dobra os couros para o centenário da imigração japonesa no Brasil".


Ministro Gilberto Gil no Ilê Axé Opô Afonjá